quarta-feira, 11 de maio de 2011

ARQUIVO PISTA & BOX – MARÇO DE 1994

            Prosseguindo com o meu acervo de antigas colunas, trago agora a escrita em março de 1994. O campeonato daquele ano havia acabado de começar, com o Grande Prêmio do Brasil, e os temores de um massacre por parte da Williams, tida como favorita indiscutível, em decorrência de seu retrospecto nos dois anos anteriores, e agora ainda contando com o melhor piloto da categoria, Ayrton Senna, felizmente não se concretizaram. Teríamos competição na luta pela vitória, em que pese, inicialmente, ser apenas Michael Schumacher a desafiar a Williams. O temor de um massacre, de certa forma, se concretizou, mas não da forma como todos esperavam. Mas vamos ao texto daqueles dias, e boa leitura a todos...

TEREMOS COMPETIÇÃO

Adriano de Avance Moreno

            Começou a temporada! E, ao contrário do que muitos esperavam, a Williams, como Ayrton Senna já alertava, não é a favorita absoluta para o campeonato deste ano. Michael Schumacher, todos já sabiam, seria o grande rival de Senna, e que a Benetton poderia andar perto da Williams em 94, pelos tempos mostrados nos testes. Dito e feito: a Benetton não só andou perto da Williams como a superou, e numa pista onde carro e motor são muito exigidos. O novo motor Ford Zetec-R mostrou força em Interlagos e levou a Benetton finalmente ao status de equipe de ponta. O chassi projetado por Rory Byrne e Ross Brawn mostrou grande estabilidade, e deverá ser um carro difícil de se alcançar.
            Fica, claro, a pergunta no ar: Se Senna não tivesse rodado, Schumacher venceria a corrida? É uma boa pergunta. Nas últimas voltas antes de rodar, Ayrton vinha tirando rapidamente a vantagem do alemão, e com certeza em mais umas 5 voltas (faltavam 15 para o final) o brasileiro estaria no vácuo da Benetton. Um ponto que atesta a força da Williams é o fato de que o FW16 só foi testado praticamente duas vezes desde que foi finalizado à cerca de 1 mês, enquanto o novo Benetton B194 foi concluído em janeiro e já rodou mais de 2.000 Km em testes. Quando a Williams conseguir desenvolver adequadamente o seu carro, sua vantagem frente à concorrência deve voltar a aparecer. Mas a Benetton, e Schumacher, surpreenderam pelo seu ritmo, e tudo indica que teremos uma competição mais acirrada do que se esperava.
            A McLaren fez uma péssima atuação em Interlagos, mas mostrou que daqui a algum tempo deve voltar a incomodar os favoritos. Mika Hakkinen andou sempre entre os primeiros, e perto de abandonar, estava perseguindo Damon Hill incansavelmente.
            A Ferrari ainda tem muito o que desenvolver em seu novo 412T. Jean Alesi andou sem conseguir acompanhar o ritmo de Senna e Schumacher. Gerhard Berger estava mais rápido que seu companheiro, mas o motor de seu carro o deixou a pé logo no início da corrida.
            A Tyrrel deu um grande salto de performance. Seus dois carros foram os primeiros do pelotão intermediário e Ukyo Katayama marcou seus primeiros pontos. A Sauber mostrou sua força nos treinos e, com um pouco de sorte, deverá mostrar isso também nas corridas.
            O reabastecimento não provocou nenhuma confusão nos boxes, e felizmente também não houve nenhum acidente na utilização deste novo recurso na competição. Mas a F-1 ganhou em emoção, pois as diferentes estratégias agora podem decidir uma corrida. Foi o que aconteceu com Schumacher. Ele mesmo admitiu que só conseguiu passar à frente de Senna nos pit stops, pois na pista seria praticamente impossível. São esses detalhes que agora fazem diferença na F-1. A falta de vários aparatos eletrônicos utilizados até 93 também nivelou algumas equipes. Num mesmo patamar de performance podemos ver que Arrows, Jordan, Tyrrel, Larrousse, McLaren e até Minardi estão meio igualadas, ficando a diferença por conta do piloto, exclusivamente.
            É esse tipo de emoção que estava faltando na F-1. As desigualdades ainda existem, mas agora parecem estar bem menores do que nas últimas temporadas. Teremos enfim mais competição. Viva a nova F-1...

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