quarta-feira, 18 de maio de 2011

ARQUIVO PISTA & BOX – ABRIL DE 1994

          Eis mais uma de minhas antigas colunas. Esta é do final de abril de 1994, com algumas considerações a respeito do início do campeonato de 94, que como já mencionei na seção ARQUIVO anterior, começou de uma maneira bem diferente do que todos imaginavam. Seria também a minha última coluna antes dos eventos fatídicos que ocorreriam dias depois, e que deixaram todos marcados na época. Então, vamos a mais um texto daqueles dias...

BALANÇO INICIAL

Adriano de Avance Moreno


          A F-1 saiu do GP do Pacifíco com sua sobrevivência garantida até o meio da temporada. Isso porque, sem marcar pontos nas duas primeiras etapas, o panorama vivido por Ayrton Senna no campeonato é bem diferente do que todos esperavam. Senna era o primeiro a admitir que este ano a Williams não teria a mesma vantagem vista em 92 e 93, e estava certo. Agora, tem de correr atrás do prejuízo, que se apresenta maior do que imaginava, e impedir que Michael Schumacher, seu maior rival no ano, dispare na classificação. A missão parece difícil, já que a Benetton mostrou ter o conjunto ideal para a temporada. Com o motor Ford V-8 tendo menor consumo, a Benetton leva vantagem nos reabastecimentos, perdendo menos tempo nos boxes, e com isso, compensando algumas desvantagens na pista. Foi o que se viu em Interlagos. Mas a Williams também errou na concepção de seu carro, esquecendo de certos estudos que eram necessários quando os carros não usavam tanta ajuda eletrônica. Não significa que o FW16 não seja um carro de ponta: ele é, mas vai ser preciso corrigir algumas de suas deficiências de projeto, e desenvolver o bólido mais do que se pensava inicialmente.
          O problema maior do FW16 é sua hipersensibilidade às ondulações da pista, o que faz com que o carro salte muito, comprometendo a estabilidade, e torna sua condução muito desconfortável. A suspensão ativa eliminava esse problema, mas agora, com as velhas suspensões convencionais, torna-se obrigatório encontrar uma solução para ele logo, antes que o campeonato mude de mãos totalmente.
Enquanto Benetton e Williams se engalfinham, as outras equipes de ponta, McLaren e Ferrari, mostram que estão evoluindo rápido: Berger foi o 2° colocado em Ainda, graças aos abandonos dos demais, mas mostrou que o novo projeto de John Barnard já começa a mostrar durabilidade, requisito essencial para se partir à procura de melhores performances. Já a McLaren mostrou que sua evolução está mesmo rápida, e que possivelmente em breve já estará novamente disputando o pódio. Mika Hakkinem e Martin Brundle com certeza estariam nele em Aida se os carros não tivessem apresentado problemas.
          Nas equipes médias, o panorama está melhor do que nunca: as novas regras trouxeram um maior equilíbrio entre as escuderias médias e fracas, ficando difícil distinguir agora qual escuderia, fora as estreantes Simtek e Pacific, pode ser considerada equipe fraca. A Lótus, que está tendo performances decepcionantes em relação a 93, não pode ser incluída neste parâmetro, em virtude de ainda estar usando o chassi do ano passado adaptado a um novo motor, o Honda-Mugen V-10. A equipe promete para maio a estréia de seu novo chassi 109T, preparado especialmente para o novo motor, e com inúmeras melhorias, inclusive uma aerodinâmica muito superior à atual.
          Outro ponto de atratividade é o fato de que, nas duas etapas disputadas até agora, pontuaram pilotos de 6 equipes diferentes nas duas ocasiões. Ao todo, 8 escuderias diferentes já marcaram pontos, com 10 pilotos diferentes a marcarem pontos. Esse número deverá crescer a partir das próximas corridas, com as etapas européias, onde vários pilotos se sentem mais à vontade nas pistas e poderão render mais do que mostraram até agora.

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