quarta-feira, 25 de maio de 2011

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – MAIO DE 2011

            Cá estamos nós com mais um mês chegando ao fim, e novamente eis aqui minha Cotação Automobilística deste mês. Sintam-se à vontade para concordar/discordar, dar opiniões, sobre as avaliações apresentadas, que serão apresentadas de forma sucinta, em três níveis: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Então, vamos à avaliação de maio, e até a próxima avaliação, em junho...



EM ALTA:

Sebastian Vettel: É dizer o óbvio, mas o jovem piloto alemão caminha a passos largos para se tornar o mais jovem bicampeão da história da F-1. Mas o caminho não será tão fácil como se esperava, pois a concorrência pode apresentar algumas surpresas. Se na China Vettel teve sua primeira derrota no ano, na Espanha, ele só garantiu seu triunfo devido ao circuito de Barcelona não dar muita chance a ultrapassagens, pois nas voltas finais foi fortemente pressionado por Lewis Hamilton. Por outro lado, Vettel mostrou poder de reação na corrida espanhola, pois soube manter a calma, após perder a pole, e atacou no momento certo da troca de pneus para assumir a liderança e garantir mais uma vitória. Está deixando Mark Webber na sobra este ano.

Grupo Red Bull: Dietrich Mateschitz continua mostrando a que veio no mundo do automobilismo, e reinaugurou este mês o novo complexo automobilístico de Zeltweg, antigo palco da F-1 na Áustria. O velho circuito foi totalmente reformado e restaurado, da pista às instalações, e transformado em um complexo da velocidade, com diversas opções de traçados e pistas para competições das mais variadas. A festa de inauguração contou até mesmo com a presença de Bernie Ecclestone, e a nova pista tem classificação máxima da FIA, o que significa que a F-1 poderá voltar para lá a qualquer momento. Talvez o único ponto negativo é que o traçado principal tenha resgatado apenas a pista utilizada pela F-1 em suas últimas provas disputadas por lá, e não tenham recuperado o traçado original utilizado pela categoria até 1987, que colocava a pista austríaca entre as mais velozes já visitadas pela Fórmula 1.

Fernando Alonso: o piloto asturiano mostra do que é capaz na Fórmula 1, especialmente fora da pista. Alonso acertou a renovação de seu contrato com a escuderia Ferrari por mais 4 anos, por algo em torno de uns US$ 25 milhões por ano, fora adicionais não revelados no novo acordo, que vai até 2016. E está garantindo para si também, se não em contrato expressamente, a atenção central do time para si, o que significa que a escuderia deve retomar sua postura de apostar em apenas um piloto a tempo integral, como acontecia na época de Michael Schumacher. O pódio conquistado por Alonso na Turquia deve ter sido decisivo para a renovação, uma vez que Felipe Massa, apesar de ter conseguido alguns resultados razoáveis para o atual momento da Ferrari, não parece conseguir levar o carro além de suas possibilidades, algo que o espanhol parece conseguir com mais freqüência. Alonso repete no time italiano sua postura na Renault, de ter o time voltado para si, o que deve minar qualquer possibilidade de sofrer oposição interna do outro piloto da escuderia, que se começar a andar “demais”, pode ser “enquadrado” de acordo com as conveniências do espanhol.

Lewis Hamilton: o piloto da McLaren vem despontando no campeonato como o mais provável rival de Sebastian Vettel. O duelo entre ambos em Barcelona foi implacável e o piloto da McLaren por pouco não conseguiu seu segundo triunfo no ano. Se tiver um carro um pouco melhor, com certeza vai dar muita dor de cabeça ao pessoal da Red Bull. Os torcedores só precisam mesmo ter esperança de que Lewis não cometa os mesmos erros que o deixaram de fora da luta pelo título no ano passado, quando o inglês cometeu erros desnecessários em pelo menos duas corridas em momento crucial do campeonato, levando a dois abandonos consecutivos.

Valentino Rossi: o “Doutor” começa a mostrar um pouco a que veio, ao conquistar, em Le Mans, onde foi disputado o GP da França da MotoGP, o primeiro pódio com a Ducati, sua nova escuderia este ano. Rossi admite que ainda há muito trabalho a ser feito, e não se considera no momento com capacidade para lutar pelo título, mas que ninguém se engane: o italiano vai mostrar suas garras e lembrar a todos porque ainda é considerado o maior nome do motociclismo mundial no momento. Tanto Rossi quanto a Ducati estão firmemente empenhados em diminuir sua desvantagem para os times da Yamaha e Honda, e os resultados deste trabalho aos poucos estão começando a aparecer. Talvez não neste ano, mas em 2012, podem apostar que Rossi voltará a constar na lista de vencedores das provas da categoria.



NA MESMA:

Carros da Indy Racing League: a categoria mostrou neste mês os novos monopostos que irá adotar a partir de 2012, em substituição aos atuais carros fabricados pela Dallara, que já são usados há praticamente uma década. Tirando o lance da proteção das rodas traseiras, uma medida de segurança muito bem-vinda para evitar acidentes perigosos de decolagem dos carros em cima dos outros, o visual dos novos carros, também fabricados pela Dallara, aparentemente não mostram grande evolução aos modelos utilizados atualmente, e parecem até mais feios, para alguns. Foi-se a oportunidade de se recuperar o visual charmoso que a F-Indy tinha há vinte anos atrás, e parece que ainda não será desta vez que a IRL conseguirá dar uma modernizada em seu visual. A esperança vai ser os kits aerodinâmicos que poderão ser desenvolvidos por terceiros e/ou pelos próprios times. Uma boa novidade, pelo menos, é a volta de novos fabricantes de motores, ajudando a deixar a categoria um pouco menos monomarca, o que deve ajudar a aumentar o interesse dos torcedores.

Circuito de Barcelona: a pista da Catalunha, que há anos oferece corridas monótonas na F-1 pela dificuldade de se conseguir ultrapassar devido à excessiva dependência aerodinâmica, mostrou que, mesmo com as novas regras técnicas adotadas pela categoria este ano, continua uma pista ainda muito difícil de se proporcionar ultrapassagens entre os carros. A corrida deste ano não foi tão chata como a dos últimos anos, mas também não foi tão empolgante quanto outros GPs desta temporada. Coube aos pneus da Pirelli oferecerem alguma incerteza na corrida, pois o kers e a asa móvel traseira não conseguiram suplantar as dificuldades oferecidas pela pista. E joga contra o fato de ser o circuito que os times mais conhecem, o que ajuda a evitar surpresas inesperadas nas corridas disputadas em Barcelona.

Disputa política na F-1: Lucca de Montezemolo, descontente com o formato atual da F-1 e as regras atuais, pra não mencionar a adoção de motores turbos em 2013, voltou a falar em criar um novo campeonato, coordenado e dirigido pelos times, como se aventou há pouco tempo atrás, quando a categoria quase viveu um racha. Por sua vez, Bernie Ecclestone ameaça os times de que se o Pacto de Concórdia, que rege a situação geral da F-1, e que encerra sua atual renovação no ano que vem, não for acertado um novo período, pretende impor às escuderias uma nova taxação para permitir que elas façam parte do campeonato. Os times, por sua vez, querem rediscutir os acordos do Pacto, em especial na distribuição dos lucros da FOM, que hoje guarda para si mais de 50% de toda a receita auferida pelos direitos comerciais da categoria, restando aos times algo em torno de 40 a 45% de todo o lucro. Eles querem algo próximo de 70% da fatia do bolo, um percentual que Ecclestone não quer nem saber de cogitar. Parece que a F-1 não consegue viver mesmo em paz...

Equipe Williams: O time mais vitorioso da década de 1990 parece não conseguir sair do lugar nesta temporada. De um carro razoavelmente promissor nos testes de inverno, o FW33 parece não se emendar com nenhuma das atualizações que são empregadas no monoposto, que está deixando o time de Frank Williams sem pontos no ano até o momento. Rubens Barrichello parece viver novamente os dias sombrios da equipe Honda, onde se arrastou por dois anos consecutivos sem ter chance de bons resultados. O carro não apenas não oferece velocidade confiável nas qualificações como também não tem ritmo na corrida. Patrick Head e Sam Michael deixarão o time no fim do ano – o primeiro se aposenta e o segundo vai procurar outro serviço, e a equipe precisará de uma profunda reestruturação para tentar reencontrar seu rumo.

Michael Schumacher: ainda não parece ser desta vez que o heptacampeão vai desencantar em seu retorna à F-1. Apesar do bom desempenho no Grande Prêmio da Espanha, o maior vencedor da categoria vem levando uma bela sova de Nico Rosberg na temporada, exatamente como se viu no ano anterior. Michael disse que pretendo cumprir o seu contrato até o fim, em 2012, o que é louvável. Mas desconfio de que aquele papo de “estar se divertindo” soa cada vez mais inverossímel a cada nova corrida com resultado abaixo das expectativas. Certo que a Mercedes também não tem dado um carro mais à altura, mas nos velhos tempos, Schumacher conseguia dar seu show mesmo com um carro menos competitivo. O que não está se vendo agora. Pior, o alemão ainda se acha um piloto excepcional, conforme visto em uma recente entrevista a Lívio Oricchio no Estado de São Paulo. Um pouco mais de humildade, e reconhecer expressamente que não é mais o mesmo de antes, faria bem...



EM BAIXA:

Brasileiros na Indy Racing League: Nossos representantes nacionais não estão tendo um bom começo de campeonato no certame de monopostos americano. Tony Kanaan é a única exceção, tendo um desempenho até bem satisfatório em seu novo time, que é apenas médio, mas os demais, mesmo aqueles em times sem muita estrutura, estão enfrentando mais problemas do que o esperado. O que se viu na etapa brasileira do campeonato, então, nem se fala: nossos pilotos tiveram um desempenho pífio em casa, e nem conseguiram dar alguma satisfação maior aos torcedores.

Regras das 500 Milhas de Indianápolis: Tudo bem, está na regra: quem se classifica é o carro, e não o piloto. Mas o acordo perpetrado por Michael Andretti e A. J. Foyt que rifou a vaga de Bruno Junqueira, permitindo que Ryan Hunter-Reay corra no domingo foi pra lá de indecorosa e antiética. O papo de Foyt, de que não poderia deixar um rival e amigo na mão, é pura conversa pra inglês ver, ainda mais depois de se saber que Andretti pagou US$ 500 mil pelo “favor”. Até então, manobras de substituir um piloto por outro, pelo menos, eram feitas dentro das próprias equipes, como o ocorrido com o próprio Bruno Junqueira em 2009 na Conquest, que tirou o brasileiro para colocar Alex Tagliani, que era o piloto regular do time para todo o campeonato.

Felipe Massa: Depois de mostrar alguma melhoria de sua performance em corrida, o piloto brasileiro teve um mês complicado nas últimas etapas da F-1, em que voltou a ser amplamente superado por Fernando Alonso, e pior, viu seu companheiro de equipe ter o contrato renovado até 2016, com amplas indicações de que o asturiano passará a ser o foco central dos esforços da escuderia. Se alguém ainda tinha esperanças de ver Felipe conseguir reverter, ou até mesmo reconquistar seu espaço em Maranello, pode tirar o cavalo da chuva. Pelo sim, pelo não, Massa finalmente admite a idéia de trocar de ares em breve, pois na Ferrari, talvez tenha finalmente aceitado a realidade de que já foi deixado de constar nas prioridades da escuderia.

Mark Webber: O piloto australiano contava em iniciar sua reação no campeonato a partir da fase européia, mas o que se viu até aqui, especialmente na Espanha, foi que Mark não parece estar conseguindo repetir o impressionando desempenho visto no ano passado, quando também começou atrás de Vettel no certame, mas iniciou uma reação fulminante nas corridas de Espanha e Mônaco, passando a ser até o mais cotado ao título. Além de não conseguir repetir o mesmo desempenho, Webber ainda está tendo o desprazer de ver Vettel pilotar sem cometer os mesmos erros do ano passado, o que diminui ainda mais suas chances de virar o jogo na luta interna na equipe Red Bull. A aposentadoria do australiano pode estar próxima, e a Red Bull tem vários pilotos de seu programa de desenvolvimento na fila de espera por uma vaga que no momento, é a mais cobiçada da F-1.

Equipe Ferrari: o time italiano, depois de tomar uma volta no Grande Prêmio da Espanha, já iniciou sua caça aos culpados em seu staff técnico. O primeiro a ser “crucificado” foi Aldo Costa, que não é mais diretor técnico da escuderia. Outros nomes estão na alça de mira, e pode-se dizer que ninguém na escuderia está a salvo. Nikolas Tombazis e até mesmo Stefano Domenicalli, chefe do time, podem ser os próximos a dançarem. Outro resultado ruim em Mônaco pode precipitar o processo de reformulação que o time italiano prometeu cumprir. E a paciência de Luca de Montezemolo está se esgotando...


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