Eis aqui novamente mais uma de minhas antigas colunas. Esta saiu em dezembro de 1993, e afinal, tínhamos muitas esperanças para 94. Esperávamos voltar a disputar efetivamente o título da F-1, onde Senna, nosso maior astro, não conseguia chegar novamente desde 1991, quando foi tricampeão. Prost, não querendo repetir o desgaste que sofreu em 1988 e 1989, dividindo um time com o brasileiro, preferiu se retirar. Tudo parecia indicar que Senna ficaria sem rivais à altura, e até aquele momento, Michael Schumacher não inspirava respeito. Claro, não tinha um carro à altura, mas todos sabiam que quando isso acontecesse, o pau iria comer bonito. E esta perspectiva de duelo, todos queriam em parte, afinal, Senna não poderia ser campeão se não tivesse ninguém a enfrentar. Mas 94 iria mudar definitivamente a maneira como os brasileiros encaravam a F-1...
E vamos ao texto daqueles últimos dias alegres e festivos de 1993. Como tempo voou de lá para cá...
QUE VENHA 94...
Adriano de Avance Moreno
Mais um ano se vai, e com ele, a esperança de melhores dias em 1994. Isso também vale para o automobilismo, e em especial para a F-1, que apesar de viver mais um ano de franco domínio da equipe Williams, voltou a apresentar uma saudável competição em algumas provas, ao contrário do que aconteceu em 1992.
A temporada de 1993 foi muito movimentada até o GP da França. Até então a briga pelo campeonato estava muito disputada, com Ayrton Senna a desafiar o poderio da escuderia de Alain Prost com vitórias memoráveis em Interlagos, Donington Park e Monte Carlo. As provas de San Marino e Montreal, onde Senna abandonou, mostraram que o piloto brasileiro estava firme na briga, pois em ambas as ocasiões, ficou fora da prova quando ostentava a segunda posição.
No campo das equipes, a McLaren continuou a mostrar a sua capacidade técnica. Sem a força dos potentes motores Honda, Ron Dennis apostou nos Ford V-8. Apesar da falta de potência dos propulsores, a McLaren finalmente apresentou um excelente chassi, o MP4/8, sua melhor criação desde o MP4/4 de 1988. E com a habilidade de Senna, mostraram-se árduos adversários dos Williams. A Benetton mostrou o mesmo nível de 1992, decepcionando um pouco, pois prometia vôos mais ousados, uma postura que foi exaltada por Michael Schumacher que no início da temporada faria Senna ver “quem era mais rápido”. A Sauber foi uma agradável novidade, e a Jordan confirma melhores apresentações para 94, confiante no talento da nova revelação da F-1, o brasileiro Rubens Barrichello, e nos novos motores da Peugeot.
A temporada teve, além de Barrichello, outras confirmações de bons pilotos, como Christian Fittipaldi, a atingir um nível muito mais técnico do que em 92; e Mika Hakkinem, que confirmou no fim do ano ao volante da McLaren todas as qualidades que mostrara como piloto da Lótus em 92. Luca Badoer e Pedro Lamy, outras estrelas que se mostraram para a F-1 em 93, acabaram não conseguindo nada, devido aos problemas que enfrentaram em seus carros, mas mostraram talento, e devem estar lá em 94 para confirmá-lo com melhores carros.
A temporada apresentou alguns pontos negativos, como o fracasso do chassi Lola, que praticamente acabou extinguindo a Scuderia Itália, mais uma equipe que acabou como tantas outras desde 1989. Outro grande desaire em 93 foi o piloto Michael Andretti, cujas habilidades que o fizeram um dos mais venerados pilotos da F-Indy parecem não terem sido suficientes para capacitá-lo ao sucesso na F-1; fez apenas uma excelente corrida, por ironia, a sua última na categoria, em Monza, na Itália. Dias depois anunciava, definitivamente, sua saída prematura da categoria. Se continuasse, com certeza em 94, já com mais experiência, talvez conseguisse firmar-se na F-1, mas ele decidiu não se arriscar...
O ano, em particular, teve muita politicam a meio da temporada, como de costume. Desta vez o motivo foram as limitações eletrônicas para 94, o que causou uma tremenda queda de braço entre os construtores e a FIA, sendo que esta última ganhou a parada, como sempre, mas não sem antes causar muita controvérsia sobre o assunto.
O ano de 93 também deve deixar um sabor de saudade. Alain Prost decidiu deixar a F-1, depois de saber que sua equipe cotratara Ayrton Senna para 94. Outros pilotos veteranos também deixam a F-1, e embora menos famosos, sua falta vai tirar parte do carisma que a F-1 deu a eles todos esses anos. São os casos de Michele Alboreto, Riccardo Patrese, Derek Warwick, e possivelmente, Phillipe Alliot, Andrea De Cesaris, e Martin Brundle.
Mas a renovação da F-1 segue em frente: novos talentos surgem, como Pedro Lamy, Rubens Barrichello, Luca Badoer, Mika Hakkinem, Christian Fittipaldi, etc. Pois é, a F-1 não pára...Feliz 1994!
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