quarta-feira, 22 de novembro de 2023

FÓRMULA 1 – 1.100 GPS

A corrida de Las Vegas foi a 1.100ª corrida da história da F-1.

Categoria máxima do automobilismo mundial completou mais um número centenário este ano

 

Adriano de Avance Moreno

 

          O Grande Prêmio de Las Vegas dividiu opiniões a respeito de sua realização, considerado por muitos faraônico demais devido aos shows do fim de semana que ameaçavam eclipsar a corrida, desviando o foco do que é efetivamente a Fórmula 1, que se pretende a maior competição de carros do planeta. No fim, a corrida saiu até melhor do que a encomenda, salvando o fim de semana, e por tabela, a própria reputação da categoria em si, depois de um início desastroso no final de semana, quando o primeiro treino livre acabou cancelado após o carro de Carlos Sainz sugar um bueiro, que se soltou e atingiu violentamente o assoalho da Ferrari do espanhol, que por pouco não sofreu um acidente de grandes proporções, e obrigou a direção de prova a vistoriar todos os demais bueiros, especialmente na Las Vegas Boulevard, a fim de se certificar de que algo similar não voltasse a ocorrer. Isso acabou por atrasar a realização do segundo treino livre, que acabou realizado sem público, devido a ter extrapolado o horário de serviço das equipes de segurança, motivando a proibição do público nas arquibancadas.

          Se acabou sendo uma aposta de risco que, felizmente, deu certo, a prova de Las Vegas tem a registrar em seu currículo outra marca, esta histórica, para os anais da F-1: foi a 1.100 corrida realizada da categoria máxima do automobilismo, desde seu início, no já distante dia 13 de maio de 1950, quando foi disputado o primeiro grande prêmio, em Silverstone, na Inglaterra. A nova categoria nascente era uma intenção da Federação Internacional de Automobilismo de criar um campeonato unificado reunindo o que seriam as maiores corridas do mundo até então, pois os chamados “Grandes Prêmios” já existiam há muitos anos, sendo anteriores até mesmo à Segunda Guerra Mundial. Mas eram provas isoladas, sem relação umas com as outras. Com a criação da Fórmula 1, a FIA reuniu estas provas, dando-lhe a chancela de um campeonato mundial, de modo a valorizar sua disputa e unificar seus participantes. E assim foi feito. E a F-1 criaria uma sua grande história.

          Então, de lá para cá, já vão mais de sete décadas de competições, sempre com alguns altos e baixos, períodos de grandes disputas, e outros momentos de hegemonias de um time e/ou piloto, como o momento atual, comandado pela Red Bull e pelo holandês Max Verstappen, tricampeão consecutivo das temporadas de 2021, 2022, e deste ano, 2023. E coube ao mais novo tricampeão da categoria o mérito de vencer a prova 1.100 da história da F-1, inscrevendo seu nome em mais uma das estatísticas históricas da competição.

          Curiosamente, todas as provas centenárias da Fórmula 1 tiveram suas histórias, e foram vencidas por grandes nomes da história da competição, em sua maioria. Vamos recordar agora como se deu cada uma destas corridas centenárias vividas pela categoria máxima do automobilismo em sua longa história...

 

Corrida Nº 100 – Grande Prêmio da Alemanha de 1961

 

          Com poucos GPs disputados por ano, demorou mais de uma década até que a F-1 chegasse à sua 100ª corrida, número que alcançou apenas em 1961, por ocasião do Grande Prêmio da Alemanha, disputado à época no “Inferno Verde” de Nurburgring, como era conhecido o traçado de mais de 20 Km de extensão do circuito germânico. E coube a Stirling Moss, considerado pelos ingleses o "campeão mundial sem título" (foi quatro vezes vice-campeão consecutivo, entre as temporadas de 1955 e 1958), a honra do triunfo, que seria também sua última vitória na F-1. Naquela prova, Moss estava em clara desvantagem contra as Ferraris de Wolfgang von Trips e Phil Hill, carros muito mais potentes e competitivos do que sua leve e ágil Lotus-Climax. Mas eis aí choveu antes da prova, e o inglês arriscou largar com pneus de chuva, enquanto os rivais, não. O inglês disparou na frente no começo da corrida, e claro, quando a pista secou, ele perdeu a vantagem perante os rivais, mas voltou a chover, e isso ajudou Moss a manter a dianteira e resistir a qualquer tentativa de Hill e Von Trips para vencer o GP 100, recebendo a bandeirada de chegada com pouco mais de 20s de vantagem sobre a dupla ferrarista. Moss penduraria o capacete na F-1 ao fim daquela temporada, após 68 GPs disputados, e 11 temporadas, acumulando 16 vitórias e 16 pole-positions.

Stirling Moss, em sua última vitória na F-1, venceu a 100ª corrida da categoria com seu Lotus/Climax.
 

Corrida Nº 200 – Grande Prêmio de Mônaco de 1971

 

Com o calendário começando a ganhar mais provas por ano, demorou apenas uma década para que a F-1 alcançasse sua 200ª corrida, e o palco não poderia ser mais glamuroso: o Grande Prêmio de Mônaco, em 1971. E quem deu show aqui foi o grande nome da categoria na época, o escocês Jackie Stewart, que conseguiu no já tradicional GP o que se convencionou chamar no automobilismo de "grand chelem", quando se faz a corrida perfeita, onde o piloto faz a pole-position, e lidera a corrida de ponta a ponta para uma vitória incontestável. E foi o que fez Stewart, ao volante de sua Tyrrell 003, onde o escocês não deu chances a ninguém e conquistou a vitória em Monte Carlo, recebendo a bandeirada com cerca de 23s de folga para o segundo colocado, um piloto sueco chamado Ronnie Peterson, da equipe March, que conquistava ali seu primeiro pódio na F-1, e ainda iria inscrever seu nome nos anais dos GPs centenários da categoria máxima do automobilismo mundial.

Prova mais charmosa da F-1, Mônaco teve a honra de sediar a 200ª corrida, vencida de forma magistral por Jackie Stewart com a Tyrrel/Ford.

Corrida Nº 300 – Grande Prêmio da África do Sul de 1978

 

          Com o calendário ganhando cada vez mais corridas, a F-1 chegou à sua 300ª prova ainda nos anos 1970, por volta do Grande Prêmio da África do Sul, e foi uma corrida marcada por vários imprevistos e reviravoltas. No começo, Mario Andretti liderava com sua Lotus, mas acabou sendo ultrapassado por Jody Scheckter. Mas o sul-africano acabaria superado pela Arrows de Riccardo Patrese, no que era apenas a terceira corrida da história da escuderia, estreante naquela temporada. Mas o motor do italiano quebrou, após liderar de forma convincente, quando restavam 15 voltas para encerrar a corrida. Patrick Depailler, da Tyrrel, herdou a ponta, mas o francês teve problemas de consumo de gasolina no fim e acabou perdendo a vitória para o sueco Ronnie Peterson na última volta, por meros 0s466, em plena linha de chegada, um resultado de tirar o fôlego dos torcedores. Seria a penúltima vitória de Peterson na F-1, que ainda venceria a corrida da Áustria naquele mesmo ano, antes de falecer após sofrer um forte acidente na prova da Itália. O sueco disputou 123 GPs de F-1, obtendo 10 vitórias e 14 pole-positions em nove temporadas.

Ronnie Peterson tirou a vitória de Patrick Depailler nos metros finais da 300ª prova da F-1, em Kaylami, na África do Sul.

Corrida Nº 400 – Grande Prêmio da Áustria de 1984

 

A McLaren/Porsche era a grande força do campeonato de 1984, sem dar chances para a concorrência, e no GP 400 da história da Fórmula 1, na pista de Zeltweg, na Áustria, a equipe de Woking era mais favorita do que nunca para levar mais uma. Havia, no entanto, um Nelson Piquet com sua potente Brabham/BMW determinado a incomodar e quem sabe, estragar a festa da dupla do time comandado por Ron Dennis. O brasileiro fez a pole position, e liderou a prova desde o começo apesar de fortemente pressionado por Alain Prost, que abandonou após rodar no óleo do motor Renault estourado de Elio de Angelis e bater. Niki Lauda, colega de Prost na McLaren, herdou o segundo lugar, e no momento apropriado, partiu para cima de Piquet, e assumiu a ponta. Mas o austríaco quase parou no final, quando ficou sem a quarta marcha, mas ainda assim conseguiu garantir a vitória em casa, cruzando a linha de chegada com uma vantagem de mais de 20s na frente do brasileiro, para alegria da torcida, no ano em que Lauda conquistou o tricampeonato na F-1.

Vitória "caseira" no 400º GP da história, com Niki Lauda a fazer a festa na corrida de seu país.
 

Corrida Nº 500 – Grande Prêmio da Austrália de 1990

 

Em 1990, a F1 chegou para o histórico GP de número 500 da história, na Austrália. Era um momento muito especial, não apenas por mais uma corrida centenária, mas emblemática de fechar uma temporada, e com 500 provas realizadas. Mas o ambiente festivo estava meio tumultuado, devido à da polêmica decisão do título na etapa anterior, no Japão, quando Ayrton Senna, da McLaren, bateu em Alain Prost, da Ferrari, na largada da prova em Suzuka, e se sagrou bicampeão. Irritado com o ocorrido, o francês estava com um mau humor feroz, e se recusou a posar para uma foto com outros campeões como Juan Manuel Frangio, Jack Brabham, Denny Hulme, Jackie Stewart, James Hunt, Nelson Piquet e Ayrton Senna. Senna, aliás, fez a pole e liderava a prova com autoridade até que o câmbio de seu carro travou numa curva e fez Ayrton bater na proteção de pneus, e abandonar. Nélson Piquet, da Benetton, herdou a ponta e a segurou com unhas e dentes mesmo após um ataque feroz de Nigel Mansell, da Ferrari, nas voltas finais, numa disputa de tirar o fôlego, e pelo menos, dando um final honroso à corrida centenária. O inglês quase conseguiu ultrapassar Piquet na freada da Brabham Straigh na volta final, mas o brasileiro fechou a porta com estilo e garantiu a vitória, recebendo a bandeirada de chegada com cerca de 3s de folga para o piloto da Ferrari, reprisando os duelos que ambos haviam travado alguns anos antes quando dividiam a equipe Williams. Foi a última grande exibição de Piquet na F-1, e sua penúltima vitória na competição, antes de deixar a categoria, ao fim da temporada do ano seguinte.

Piquet foi derrotado na briga pela vitória da 400ª prova, mas levou o caneco na 500ª corrida, na Austrália, em 1990.

 

Corrida Nº Nº 600 – Grande Prêmio da Argentina de 1997

 

Pode não parecer nos dias de hoje, mas já houve um tempo na história da F-1 em que a Williams era equipe de ponta, com períodos de supremacia, e em 1997 o canadense Jacques Villeneuve chegou à etapa da Argentina para o GP 600 da história como grande favorito, diante do desempenho superior dos carros de Frank Williams. O canadense fez a pole position e liderou praticamente toda a corrida de ponta a ponta, mas no fim sofreu um forte ataque do irlandês Eddie Irvine, da Ferrari, que por pouco não surrupiou o triunfo do piloto da Williams e alcançava sua primeira vitória na F-1. Além da pressão inesperada sofrida na parte final do GP, Villeneuve ainda teve de superar problemas intestinais para completar a corrida com uma vantagem de apenas 0s979 na bandeirada. Ao final da temporada, o canadense conquistaria seu primeiro e único título na F-1, naquela que seria também a última temporada da Williams campeã na competição, tanto de pilotos quanto de construtores.

Jacques Villeneuve venceu a 600ª corrida da F-1, em Buenos Aires, na Argentina, sob forte pressão de Eddie Irvinne, que teria de esperar mais alguns anos para vencer pela primeira vez na F-1.

 

Corrida Nº 700 – Grande Prêmio do Brasil de 2003

 

Quis o destino que o Brasil entrasse para a galeria dos GPs centenários da F-1, em 2003, e a prova tupiniquim não poderia ter sido mais confusa. Choveu muito em Interlagos naquele dia, de modo que a largada foi dada atrás do safety car. Rubens Barrichello, que largava na pole-position, e era um dos favoritos da corrida, sofreu com a menor eficácia dos pneus Bridgestone em piso molhado, mas conforme a pista foi secando, ele se recuperou na prova. Mas, após ultrapassar David Coulthard e recuperar a ponta da corrida, o brasileiro parou por falta de gasolina devido a um erro suspeito de cálculo da Ferrari no reabastecimento. Na dança posterior dos pit stops, Giancarlo Fisichella, da Jordan, passou o então líder Kimi Raikkonen, da McLaren, assumindo a liderança da corrida. Mas, em seguida, Mark Webber, da Jaguar, e Fernando Alonso, da Renault bateram forte, deixando a pista parcialmente bloqueada com seus carros destroçados, e a corrida foi encerrada prematuramente. A direção de prova se equivocou ao declarar Raikkonen vencedor, mas consertou o erro, e o italiano ficou com a vitória, que foi confirmada dias depois. Foi o primeiro triunfo do italiano na F-1, e também a última vitória do time de Eddie Jordan na categoria.

Num final bagunçado devido a dois fortes acidentes, Giancarlo Fisichella levou a vitória no 700º GP da história, disputado no Brasil em 2003.

 

Corrida Nº 800 – Grande Prêmio de Singapura de 2008

 

A próxima corrida centenária da F-1 foi marcante por ter sido a primeira corrida noturna da história da competição, realizada na cidade-estado de Singapura, no sudeste asiático. Mas, tempos depois, a corrida ficou marcada por um dos maiores escândalos da história da categoria máxima do automobilismo, quando se revelou que Nelsinho Piquet, piloto da Renault, foi coagido a bater de propósito para favorecer a estratégia de Fernando Alonso na corrida. O esquema deu certo, e o espanhol venceu a prova. Quase um ano depois, entretanto, o brasileiro foi demitido pela equipe e então denunciou a farsa à Federação Internacional de Automobilismo. Reginaldo Leme, então comentarista da Rede Globo na cobertura da F-1, foi quem descobriu a armação por intermédio de Nelson Piquet e revelou a notícia em primeira mão durante o GP da Bélgica de 2009. Como resultado, Flavio Braitore e Pat Symmonds, que faziam parte da cúpula do time francês, foram banidos por vários anos da categoria, e Nelsinho nunca mais participou de nenhuma corrida. Recentemente, depois que Bernie Ecclestone alegou que a FIA sabia da mutreta ainda em 2008, motivou uma ação de Felipe Massa, que teve problemas na corrida com um pit stop desastroso de sua equipe, por perdas e danos, além de discutir a propriedade do título mundial daquela temporada, vencido por Lewis Hamilton, para si, alegando que foi prejudicado intencionalmente pela manobra, um processo do qual ainda não se sabe como terminará.

Fernando Alonso: vitória do espanhol no 800º GP foi garantida graças a uma mutreta arquitetada pela equipe Renault com a batida proposital de Nelsinho Piquet.
  

Corrida Nº 900 – Grande Prêmio do Bahrein de 2014

 

A corrida 900 da F-1 foi uma ótima prova, que embora marcada pelo domínio da equipe Mercedes, que iniciava naquele ano o maior período de hegemonia de uma escuderia na história, mostrou uma grande disputa entre Lewis Hamilton e Nico Rosberg, que daria início a uma das maiores rivalidades na competição dos últimos anos. A prova foi vencida por Lewis Hamilton, por uma diferença de apenas 1s para Rosberg, que conquistaria naquele ano o bicampeonato mundial, dando sua arrancada para se tornar um dos pilotos mais vitoriosos de todos os tempos, e o fim de uma amizade que tinha com Rosberg desde a infância, destruída pelas brigas na pista em busca do título mundial. Essa rivalidade durou até 2016, quando Nico conquistou o título e, surpreendentemente, anunciou sua aposentadoria das competições.

O duelo titânico entre os pilotos da Mercedes marcou a 900ª prova da F-1, que acabou vencida por Lewis Hamilton.
 

Corrida Nº 1.000 – Grande Prêmio da China de 2019

 

          A milésima prova da F-1 chegou apenas cinco anos após a última prova centenária, e foi realizada na China, no belo autódromo de Shanghai, que sediava a prova do país. E com a hegemonia da Mercedes ainda forte, eis que Lewis Hamilton se tornou o primeiro, e até o primeiro momento, único piloto a vencer mais de uma vez uma corrida centenária, ao triunfar no GP, que teve dobradinha do time alemão, com Valtteri Bottas, companheiro de Hamilton na Mercedes, terminando em 2º lugar. Tal qual a histórica corrida de número 500, a prova do milésimo GP foi muito comemorada, mostrando aonde a F-1 chegou após sua criação em 1950, percorrendo quase sete décadas de competição até aquele momento, e chegado a todos os cantos do mundo, tendo disputado até então provas em todos os continentes ao longo de sua história. O crescimento do número de provas por temporada foi encurtando cada vez mais a distância entre cada prova centenária e a outra, de modo que não demoraria muito até a F-1 chegar à sua prova de número 1.100. E ela não tardaria muito a chegar.

No 1.000º GP, nova dobradinha da Mercedes, a exemplo da corrida centenária anterior, e nova vitória de Lewis Hamilton.

Corrida Nº 1.100 – Grande Prêmio de Las Vegas de 2023

 

          Las Vegas foi planejada para ser a mais portentosa etapa do campeonato da F-1 em sua campanha para conquistar o mercado dos Estados Unidos, em uma temporada onde a categoria disputou três provas em solo ianque. A Liberty Media, nova proprietária comercial da categoria, fez um grande investimento, e a princípio, temeu-se que os shows em demasia planejados para o fim de semana da corrida acabassem por desviar o foco do que era realmente importante ali, que deveria ser a corrida. E de início, com os problemas nos treinos livres na sexta-feira, temeu-se que a F-1 acabaria enrolada em sua megalomania de tentar criar um evento faraônico. Felizmente, tivemos uma boa corrida, uma das melhores da temporada 2023, com uma boa briga pela vitória, apesar de mais um triunfo de Max Verstappen na competição.

No ano em que conquistou o tricampeonato de forma esmagadora, Max Verstappen inscreveu seu nome no rol dos vencedores dos GPs centenários da história da F-1.

 

          O 1.100º GP de F-1 teria sido a etapa brasileira, não fosse o cancelamento do GP da Emilia-Romanha no primeiro semestre, motivado pelas fortes chuvas que atingiram aquela região da Itália, que colocaram em risco milhares de habitantes e chegou até a ameaçar o autódromo de Ímola. Não fosse isso, a etapa brasileira inclusive teria tido o privilégio de ser a única corrida a sediar mais de uma corrida centenária da competição, já que a prova brasileira foi sede da 700ª prova da F-1, há vinte anos atrás.

          E agora, quando chegaremos à 1.200ª corrida? A cada ano, com o engrossamento do calendário da competição, o intervalo entre estas provas tem sido cada vez mais curto. E a tendência é chegar ao limite em 2024, quando a temporada já anunciada prevê 24 corridas, o que deve fazer com que a próxima corrida centenária, caso seja mantido este número de provas por temporada, sem problemas adversos de percurso, se dê em 2028, nas primeiras etapas da temporada. Mesmo que o número de provas diminua um pouco, ainda é quase certo de que a próxima prova centenária ocorra neste ano, vindo mais tarde na temporada. Quem sabe?

          Dentre os pilotos, Lewis Hamilton é o único piloto a ter vencido duas provas centenárias, ao triunfar na corrida Nº 900, e depois na corrida Nº 1.000. Dos vencedores destes GPs históricos, Stirling Moss, Ronnie Peterson e Giancarlo Fisichella foram os únicos que nunca chegaram a conquistar um título. Mas Moss e Peterson tinham pleno potencial para terem chegado lá, se tivessem tido um pouco mais de sorte. O inglês bateu na trave quatro vezes, enquanto Peterson infelizmente perdeu a vida em consequência do acidente sofrido na largada do GP da Itália de 1978, no último ano de destaque da equipe Lotus na competição, quando dominou a temporada. Tanto que o piloto sueco, mesmo sem ter feito pontos nas últimas três provas da temporada, ainda terminou como vice-campeão póstumo. Já Fisichella, contudo, apesar do talento, nunca chegou a ser considerado um candidato a campeão na F-1, sendo que sua melhor temporada foi em 2006, quando terminou o ano em 4º lugar, enquanto seu companheiro de equipe, Fernando Alonso, foi bicampeão.

          Mesmo assim, houve grandes campeões mundial da história da F-1 que passaram em branco na chance de vencerem estas provas centenárias. Juan Manuel Fangio, primeiro pentacampeão mundial da categoria, deixou as pistas antes que a competição chegasse a realizar sua primeira prova centenária. Jim Clark faleceu antes de ter a chance de disputar uma prova dessas. Alain Prost não deu sorte, assim como Ayrton Senna, e Michael Schumacher. Max Verstappen é o mais novo nome a engrossar a lista de vencedores de GPs entre os grandes nomes da história da categoria máxima do automobilismo. E quem poderá ter a honra de vencer a 1.200ª prova, daqui a alguns anos? Não há como saber. Poderá ser um dos pilotos que já participa do campeonato, ou um nome inteiramente novo que ainda não fez sua estréia na competição?

          Entre as escuderias que venceram provas centenárias, por uma ironia do destino, a Ferrari, o time mais icônico da história, nunca conseguiu vencer uma corrida destas. A Lotus, time que já não mais existe, conseguiu dois triunfos, mesma marca alcançada pela Mercedes. Tyrrel, Williams, Benetton, McLaren, Jordan, Renault e Red Bull ficaram com apenas um triunfo nas estatísticas. Com o número de equipes capazes de vencer se reduziu muito na F-1, é bem provável que tenhamos um novo triunfo de Red Bull na próxima corrida, ou de Mercedes, ou quem sabe a Ferrari finalmente desencante, mas da mesma maneira como é prematuro pensar em qual piloto poderá vencer esta próxima corrida, o mesmo vale para as escuderias, não se podendo prever quem estará em boa forma daqui a cinco anos.

          Mas, de uma coisa temos certeza: a Fórmula 1 segue firme, e em frente, apesar de tudo, já tendo passado por várias décadas, onde vimos de tudo, e rumando para a sua 2.000ª corrida. Mas, até lá, ainda temos muito chão pela frente, e a próxima “etapa” é a corrida de número 1.200. Que possamos nos ver por lá, então...

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