sexta-feira, 12 de maio de 2023

COLOCANDO ORDEM NA CASA

O bicampeão Max Verstappen lembrou quem é que manda na F-1 atualmente com uma performance irrepreensível em Miami, mesmo largando em 9º lugar.

           
Depois de um brochante GP em Baku, no Azerbaijão, a F-1 desembarcou em Miami com um pouco de expectativas mais animadoras, em que pese a FIA repetir na pista da cidade da Flórida o mesmo erro cometido na corrida anterior, de reduzir a zona de atuação do DRS, a fim de “dificultar” um pouco as ultrapassagens na pista. Sergio Pérez vinha em alta depois de vencer a prova Sprint e a corrida de Baku, colocando-se, em teoria, na luta pelo título, sob a “autorização” da Red Bull de que seus pilotos teriam liberdade para duelar na pista, acreditasse quem quisesse.

            Bem, posso dizer que a corrida em Miami não foi o mesmo fiasco de Baku, mas também não foi exatamente uma maravilha. Tivemos algumas boas disputas, mas a rigor mesmo, tudo acabou ofuscado pelo show de Max Verstappen, que mordido pelos resultados da etapa anterior, estava disposto a mostrar que o campeonato deste ano só tem UM FAVORITO: ele mesmo, e mais ninguém! E fez questão de mostrar isso na pista.

            Por ser um circuito de rua, ainda que suas características fossem diferentes de outros circuitos urbanos, ficava no ar o que Pérez poderia render nesta prova, até porque nunca o mexicano começou tão bem o campeonato desde que ganhou um carro vencedor, há dois anos atrás. Em quatro GPs disputados em 2023, venceu dois deles. Já tínhamos tido expectativas em relação a Sergio ser capaz ou não de disputar o título no ano passado, e a realidade continua igual: ele até é capaz de brigar pelo título com Max Verstappen, em uma luta direta, e livre de “interferências” por parte da Red Bull, mas as chances estão contra ele. Elas existem, mas tudo precisa convergir para que ele consiga tirar proveito disso, e mesmo assim, seja bem-sucedido.

            E, em Miami, não há como negar, a batida de Charles LeClerc na classificação, deu uma pequena ajuda ao mexicano, impossibilitando o atual bicampeão de lutar pela pole, e fazendo-o largar em 9º lugar. Com Pérez saindo na pole, eis uma chance de ouro para tentar repetir o que tinha feito em Baku uma semana antes, e quem sabe, tornar-se o primeiro piloto mexicano em décadas a liderar o campeonato de F-1. Mas, faltou combinar com o companheiro de equipe. E aqui, mesmo largando em 9º, ele veio para cima, com uma performance meteórica, passando todo mundo, até assumir a liderança. Com pneus mais macios na primeira metade da corrida, era a chance de Pérez disparar na frente, e tentar evitar o revide o companheiro, como havia feito em Jeddah. Mas o mexicano não conseguiu fazer isso, de modo que, diante do avanço inexorável de Max, com pneus duros, dando um show de performance na pista, não houve o que fazer. E mesmo assim, a ultrapassagem definitiva veio na parte final da corrida, quando todos já sabiam que seria mesmo inevitável. Max venceu, e a Pérez e seus torcedores, só restou mesmo se consolar com o 2º lugar, posição mais do que provável de Sergio ao fim do ano, nas hipóteses mais comuns.

            O campeonato não acabou, claro, mas o que vimos em Miami é uma amostra cabal que, dos times de ponta, a Red Bull não tem uma dupla equilibrada. Max Verstappen é um fora de série, e Pérez, um bom piloto, que nos seus bons dias, pode até complicar e vencer Verstappen. O problema é que seus bons dias são inversamente proporcionais aos do holandês, que mesmo quando tem de enfrentar percalços, parece vencer da mesma maneira. Vimos isso em vários momentos no ano passado, e em Miami, foi uma lembrança contundente disso. Como não há perspectivas da Red Bull ser ameaçada no campeonato, a Red Bull deve deixar a luta correr solta mesmo. Pérez não vai fazer besteira de provocar um acidente com Verstappen numa disputa de posição que acabe tirando um ou os dois de uma corrida. Está no melhor carro da categoria, e sabe que, se aproveitar bem as chances que surgirem, pode até sonhar com o título, e deve manter a mais alta performance que puder. É isso que a cúpula da escuderia espera dele. Em condições normais, Verstappen tende a disparar na frente, e tudo vai ficar por isso mesmo.

Na parte final da corrida, Verstappen chegou, e passou, sem a menor cerimônia, para vencer a corrida, para desilusão de Pérez, que até teve sua chance de vencer, mas não conseguiu aproveitar.

           
Se Pérez se supera em pistas urbanas, terá alguma chance em Mônaco, podendo evitar que o parceiro escape demais na dianteira, e quem sabe, proporcionar alguma ilusão de disputa pelo título. O problema é que, dali em diante, as pistas de rua escasseiam. Resta ter a esperança de que o mexicano consiga surpreender em algum outro circuito, ou aproveite quando Verstappen tiver algum azar mais contundente, algo difícil, mas não impossível, para se manter firme na briga. Vai conseguir? Em condições normais, não, mas, quem sabe o que pode acontecer. O maior risco que a Red Bull corre é Verstappen realmente dar algum azar, perder a liderança para o mexicano, e desembestar para tentar dar o troco, correndo o risco de fazer alguma besteira e complicar a situação. Ele esteve no controle da situação em Miami, e alcançou a liderança definitiva sem fazer nada mais arriscado que o normal. Mas, ainda estávamos na 5ª corrida do ano, e sabedor da vantagem que seu time tem na temporada, e de sua capacidade perante o companheiro de time, havia tranquilidade para não fazer estripulias. Mas, e se a situação complicar realmente? Como ele irá reagir? Todo mundo fica na expectativa disso ocorrer, até para que o campeonato tenha alguma relevância, da mesma maneira que todo mundo torcia para Valtteri Bottas, quando defendia a Mercedes, dar mais luta a Lewis Hamilton na briga pelo título, como Nico Rosberg havia feito, até com sucesso em uma temporada, mas com o finlandês nunca conseguindo corresponder como todos gostariam, para desilusão de quem esperava melhores emoções.

Fernando Alonso (acima) voltou a subir ao pódio, com mais um 3º lugar. Já George Russell (abaixo) fez uma corrida combativa, mas terminou em 4º lugar.


            É um panorama igual ao atual. Pelo desejo de uma disputa melhor, a torcida é por Sergio Pérez surpreender, e bagunçar o coreto do holandês no time dos energéticos, e quem sabe, até ser realmente campeão da temporada. É um desejo legítimo, assim como era com Bottas na Mercedes. Mas, do sonho à realidade, vai uma grande distância, e por mais que todo mundo ficasse mais esperançoso após a prova do Azerbaijão, como todos tinham ficado após Sergio vencer em Mônaco no ano passado, ele tem uma luta inglória pela frente contra um adversário muito superior. Para alguns, até Don Quixote lutava um combate mais equilibrado quando enfrentava seus moinhos de vento do que o mexicano vencer Max na luta pelo título.

            Mas é o que temos para o momento. Verstappen não vai, e nem pretende deixar que a situação escape a seu controle. E pelo que demonstrou em Miami, tem totais condições de fazer isso. E não precisa de subterfúgios do time para garantir sua posição na pista, como ocorreu em parte do ano passado, quando o desenvolvimento do carro rubrotaurino minou parte do desempenho do mexicano em algumas etapas, fazendo-o decair em performance, enquanto em outras, foi o próprio Pérez quem caiu de produção, até se reerguer no fim da temporada, pelo menos a tempo de terminar o ano na 3ª colocação. Claro que surgiram teorias da conspiração a respeito do desempenho do mexicano em Miami, mas foram histórias furadas, sem maiores fundamentos críveis. O holandês não é invencível, mas em seus melhores dias, faz isso virar realidade com uma facilidade por vezes assustadora, como Hamilton também fazia em seus melhores dias.

            O campeonato não acabou, mas ficou a sensação de que é questão de tempo até Verstappen abocanhar o tricampeonato. Não diria que é prematuro afirmar isso. Não é uma questão se o holandês vai ser campeão este ano, é quando ele vai liquidar a fatura, pura e simplesmente. E a Pérez vai caber o vice-campeonato, que não deixaria de ser o seu melhor resultado na F-1, e deixando a Red Bull totalmente satisfeita com isso, por cumprir com o seu papel. Fica a imaginação do que aconteceria se o contrário ocorresse, e Sergio acabasse campeão, para ver como o time e Verstappen reagiriam a isso. Mas, caiamos na realidade, não é o que vai ocorrer. Em Miami, Verstappen já vinha dando o ar da graça nos treinos, e o percalço na classificação apenas nos impediu de ver o holandês largar na frente e fazer a corrida ficar completamente brochante, pois ninguém o ameaçaria de fato. Certamente teria largado na frente e ido embora sem a menor cerimônia. Era o seu objetivo, para arrasar de vez com as perspectivas de seu companheiro de equipe “criar asas”. Não foi como ele planejava, mas o resultado foi o mesmo...

A McLaren (acima) fez uma apresentação medíocre em Miami, largando entre os últimos e por lá ficando. Já a Ferrari (abaixo) chamou mais atenção pelas batidas de Charles LeClerc do que pelo desempenho na corrida.


           
Então, diante da expectativa de já termos campeão e vice-campeão definidos, mesmo ainda faltando tantas corridas, o que deve animar mesmo a temporada é a disputa do “melhor do resto”, e neste ponto, podemos dizer que a briga é bem mais animada, assim como pela posição de escuderia vice-campeã de 2023. Mercedes, Ferrari e Aston Martin brigam pela primazia, com as duplas de pilotos do time de Maranello e de Brackley na briga, ao lado de um renascido Fernando Alonso. Uma briga que, ao contrário do que devemos ver na Red Bull, é bem mais imprevisível e emocionante. Quem vai levar essa?

            Podem criticar minha afirmação de que a disputa já acabou, mas no ano passado, quando afirmava isso, tudo mais do que se confirmou na prática. E este ano, a dominância está ainda maior, o que reduz consideravelmente as esperanças. Não é questão de ser pessimista, é só de render-se à realidade mesmo...

 

 

Fernando Alonsao voltou a fazer uma prova combativa, e subiu novamente ao pódio no GP de Miami, atrás apenas da dupla da imbatível Red Bull, e reforçando sua posição no campeonato de “melhor do resto”. O asturiano ficou de fora do pódio em Baku, onde terminou em 4º lugar, atrás de Charles LeClerc, que fechou o pódio na 3ª posição, mas com o monegasco em sua alça de mira, aproximando-se perigosamente do piloto da Ferrari, de modo que, se a corrida tivesse mais algumas voltas, muito provavelmente teria conseguido a ultrapassagem necessária para manter intacto seu score de pódios na temporada. A Aston Martin continua mostrando ter um bom carro, mas é inegável que é Alonso quem vem tirando tudo o que o carro pode oferecer. O espanhol tem sido preciso nos boxes e na pista, evitando erros como o que acometeu Lance Stroll em Miami, quando o time acreditou que ele tinha margem de segurança suficiente para passar para o Q2 com pneus usados, e fazendo o canadense empacar no Q1, obrigando-o a largar apenas em 18º, enquanto Fernando partiu da primeira fila do grid, em 2º lugar. Como resultado, Lance terminou apenas em 12º, sem marcar pontos pela primeira vez na temporada em uma prova onde recebeu a bandeirada de chegada. Stroll já tinha ficado zerado em Jeddah, na Arábia Saudita, mas lá ele abandonou por problemas mecânicos alheios a seu controle. Com 4 pódios em 5 corridas, Alonso fala que a meta agora é conseguir mais. Todos os pódios foram de 3ºs lugares, então agora é batalhar para pelo menos ser 2º em alguma corrida, ou até mesmo vencer, objetivo que, infelizmente, só deverá ocorrer se algo inesperado acontecer com a dupla da Red Bull, que em condições normais, tem tudo para manter-se nos dois primeiros lugares ao fim dos GPs. Mas o importante é manter a performance, para estar no lugar certo, na hora certa, quando isso acontecer, e capitalizar com a oportunidade. Fernando Alonso ocupa a 3ª posição no campeonato, com 75 pontos, enquanto Lance Stroll é o 8º, com 27 pontos, e a Aston Martin é a vice-líder no campeonato de construtores, com 102 pontos, atrás apenas da Red Bull.

 

 

A MotoGP está em Le Mans, onde disputa o GP da França neste final de semana, no traçado Bugati da famosa pista que no mês que vem sediará as 24 Horas mais famosas do mundo do automobilismo. A corrida de domingo, aliás, marcará a milésima prova do Mundial de Motovelocidade, criado em 1949, alcançando uma marca histórica nos anais do esporte a motor. E a prova de domingo marca o retorno de Marc Márquez, já tendo sido liberado pelos médicos para retornar à competição depois de ter fraturado uma das mãos em um acidente na corrida inaugural da temporada, em Portimão. O hexacampeão também acabou tendo anulada a sua penalidade de volta longa, aplicada inicialmente pelo acidente provocado pelo piloto da Honda que atingiu Miguel Oliveira, após recurso na Corte de Apelações, que entendeu que as corridas ausentes de Márquez pelas consequências do acidente já tinham sido punição suficiente. Mas, se a “Formiga Atômica” está de volta, novas ausências se confirmam. Depois de tentar retornar na etapa da Espanha, em Jerez, Enea Bastianini teve de desistir de correr, devido às dores que sentiu diante das sequelas do acidente sofrido em Portimão, e vai desfalcar o time de fábrica da Ducati mais uma vez, que escalou Danilo Petrucci para substitui-lo em Le Mans. E Miguel Oliveira também ficará de fora, uma vez que o português acabou atingido por Fabio Quartararo em Jerez, e além de deslocamento do ombro, teve uma fratura no úmero, o que vai exigir um bom tempo de repouso do piloto, obrigando seu time, a RNF, a escalar Lorenzo Savadori para substitui-lo. Quem continua fora de combate é Pol Spargaró, que ainda se encontra em recuperação, depois do forte acidente sofrido nos treinos da primeira corrida da temporada. Jonas Folger segue substituindo o piloto na equipe Tech3.

 

 

Com a vitória em Jerez de La Fronteira, além de um 2º lugar na prova Sprint, Francesco Bagnaia retomou a liderança do campeonato para a Ducati, e seu objetivo é seguir na posição neste final de semana. O tempo frio e instável, porém, pode complicar os planos do atual campeão, que precisa se policiar para evitar novos erros, que já comprometeram resultados em duas etapas da temporada, evitáveis na opinião da maioria. A sorte de “Pecco” é que a concorrência não conseguiu capitalizar o potencial destes desaires, de modo que o italiano ainda é o franco favorito para o bicampeonato. Mas, com tempo instável na pista, tudo pode acontecer, e a concorrência quer usar isso para aumentar suas chances de competição, em especial Fabio Quartararo, que até aqui vem tendo um desempenho pífio no ano, ocupando apenas a 11ª colocação no campeonato. Quem também precisa recuperar o tempo perdido é Marc Márquez, de volta à competição depois de ficar de fora nas últimas provas pelo percalço de Portimão. As provas do fim de semana terão transmissão ao vivo do canal ESPN4, além do serviço Star+, com a prova Sprint tendo largada às 10:00 Hrs. neste sábado, e a corrida de domingo a partir das 09:00 Hrs., pelo horário de Brasília.

 

 

Quem também dá a largada neste final de semana é o campeonato da Moto-E, o certame de motos elétricas, que realizará suas primeiras duas corridas neste sábado, também na pista de Le Mans. Eric Granado, piloto brasileiro que participa da modalidade, infelizmente estará ausente, depois de ter se acidentado na última etapa do Mundial de Superbike, tendo de ficar em repouso por pelo menos duas semanas, quando irá passar por nova avaliação para ver as condições de retorno às competições. A primeira corrida da Moto-E tem largada às 07:10 Hrs., e a segunda prova, às 11:10 Hrs., ambas com transmissão pelo canal ESPN4, e pelo sistema Star+.

 

 

E a Indycar disputa neste sábado o GP de Indianápolis, no traçado misto dentro do Indianapolis Motor Speedway, abrindo oficialmente as atividades de pista do mês de maio, que culminarão na disputa das 500 Milhas de Indianápolis, no dia 28, último domingo do mês de maio. Hoje tivemos os dois treinos livres, e a classificação para a corrida, que terá transmissão ao vivo a partir das 16:30 Hrs. amanhã, pelos canais ESPN4, TV Cultura, e pelo Star+. O dinamarquês Christian Lundgaard, da Rahal/Letterman/Lannigan larga na pole-position. Hélio Castro Neves, com problemas técnicos no seu carro, larga em 26º lugar, na última fila.

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