quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

FLYING LAPS – DEZEMBRO DE 2022

            E chegamos a 2023. Espero que seja um ano muito melhor do que 2022, que teve lá seus pontos positivos, mas ainda ficou devendo em muitos aspectos, e em se tratando de vida pessoal, espero que as coisas melhorem, porque os últimos tempos foram realmente dose. Mas a vida segue, e antes de adentrarmos com tudo neste novo ano, hora de fazer a última sessão Flying Laps de 2022, relatando alguns dos acontecimentos do mundo da velocidade neste mês de dezembro que se encerrou há poucos dias. E não é porque os campeonatos acabaram que o mundo da velocidade parou, não. Ele continua a toda, portanto, vamos ver um pouco do que aconteceu em dezembro passado, e daqui em diante nos focarmos neste ano de 2023 que se inicia. Uma boa leitura a todos, e feliz ano novo para todo mundo...

No dia 4 de dezembro veio a notícia do falecimento de Patrick Tambay, ex-piloto que participou de 9 temporadas na Fórmula 1, entre os anos de 1977 e 1986. Aos 73 anos, Tambay sofria de Mal de Parkinson, e também de diabetes, ainda que a família não tenha divulgado a causa da morte do ex-piloto. Nascido em Paris, em 25 de junho de 1949, Tambay chegou à F-1 em 1977, fazendo sua estréia no GP da França, com a equipe Surtess, e em seguida defendendo a equipe Theodore, terminando o ano em 18º lugar, com 5 pontos marcados. No mesmo ano, contudo, ele participou também do campeonato Can-Am nos Estados Unidos, pela equipe de Carl Haas, com a qual foi campeão da competição. Em 1978 e 1979, Tambay defendeu a equipe McLaren, e em 1980, retornou à Can-Am, mais uma vez defendendo o time de Carl Haas, sendo novamente campeão da categoria. Em 1981, ele retornou à F-1, depois da ausência no ano anterior, agora pilotando para a Ligier, além de ter defendido também a Theodore em parte do campeonato. Sua grande chance na F-1, contudo, viria em 1982, devido ao trágico acidente que vitimou Gilles Villeneuve na etapa da Bélgica, em Zolder. Tambay foi chamado para assumir o carro que era do canadense, e o francês venceu pela primeira vez na categoria máxima do automobilismo, chegando em 1º lugar na prova da Alemanha, em Hockenhein. Ele terminaria o ano em 7º lugar, com 25 pontos marcados. Mas 1983 foi sua melhor temporada: ainda defendendo a Ferrari, ele marcou 4 pole-positions, e venceu seu segundo GP, em Ímola, depois da batida de Riccardo Patrese no fim da corrida na curva Acqua Mineralli, levando a torcida ferrarista ao delírio. Ele terminou o ano em 4º lugar, com 40 pontos, atrás apenas do companheiro de equipe René Arnoux, de Alain Prost, da Renault, e do campeão daquele ano, Nélson Piquet, da Brabham. O bom desempenho, entretanto, não garantiu sua manutenção no time italiano, e com a saída de Prost da Renault para a McLaren, Patrick assumiu o lugar do compatriota no time francês, que logicamente não era tão competitivo quanto a Ferrari em 1984. Ainda assim, ele marcou uma pole pela nova equipe, a sua última na F-1, e terminou o ano em 11º lugar, com 11 pontos. Em 1985, ele permaneceu na Renault, terminando o ano com poucos momentos de brilho, fechando em 12º lugar, com 11 pontos novamente. Em 1986, ele defendeu o time de seu velho parceiro Carl Haas, que tentou se aventurar na F-1, naquela que foi sua última temporada na F-1, terminando em 15º lugar, com apenas 2 pontos marcados. No total, ele disputou 114 Gps, marcando um total de 103 pontos, com 5 poles e 2 vitórias. Em 1987, Tambay formou sua própria empresa de promoção esportiva na Suíça, voltando a competir esporadicamente dali em diante. Participou do antigo Mundial de Endurance com a Jaguar em 1989, tendo terminado em quarto lugar nas 24 Horas de Le Mans daquele ano. Disputou também o rali Dakar, entre outras provas. Depois de se aposentar das corridas em tempo integral, Tambay trabalhou como comentarista da televisão francesa por vários anos, tendo se aventurado também na política, tendo sido vice-prefeito de Le Cannet, um subúrbio de Cannes. Ele também foi o padrinho do campeão mundial de 1997, Jacques Villeneuve. O comunicado de sua morte foi feito por seu filho Adrien, que também se aventurou por um tempo na carreira de piloto, tendo disputado o campeonato DTM entre 2012 e 2016.

 

 

Quem também faleceu neste mês de dezembro, no dia 23, foi Philippe Streiff, outro piloto francês que participou da Fórmula 1 nos anos 1980. Ele estreou na temporada de 1984, participando de uma corrida com a equipe Renault. No ano seguinte, disputou apenas 5 provas, sendo uma delas pela Tyrrel, e as demais pela Ligier, onde conquistou seu único pódio na categoria máxima do automobilismo, com o 3º lugar no GP da Austrália, em Adelaide. Disputou as temporadas de 1986, 1987 e 1988, defendendo as equipes Tyrrel (em 1986 e 1987) e AGS (1988), obtendo poucos resultados devido à pouca competitividade dos times. No início de 1989, enquanto efetuava testes de pneus da pré-temporada na pista de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, ele escapou na Curva do Cheirinho, acertando o muro a mais de 200 Km/h. O atendimento médico ao piloto foi caótico, já que naquela época não havia uma infraestrutura de apoio médico em testes da F-1. Streiff foi removido do carro sem os devidos cuidados, e levado a um hospital do Rio de Janeiro, onde recebeu cuidados médicos que foram considerados insatisfatórios pela família do piloto, que chamou um médico direto da França para cuidar do então piloto da AGS. Infelizmente, os ferimentos na coluna o deixaram tetraplégico, encerrando sua carreira de piloto. O circuito de Jacarepaguá ainda sediou o GP do Brasil naquele ano, pouco mais de uma semana depois do acidente, mas acabaria banido da F-1, que só voltou ao Brasil no ano seguinte porque a corrida mudou-se para um reformado e restaurado Circuito de Interlagos, em São Paulo, que passou a receber o GP, que é realizado lá até hoje. Mas, além das más condições de segurança no teste, o próprio carro da AGS não tinha a devida proteção necessária para segurança do piloto, já que a barra do santantônio, que tinha a função de proteger a cabeça do piloto em caso de acidente de capotagem, era afixada no chassi por parafusos, e não parte integrante do mesmo, e ela se partiu no acidente, fazendo com que a coluna de Streiff fosse duramente atingida no impacto, o que causou as lesões que resultaram em sua tetraplegia. No total, Streiff disputou 53 GPs, marcando um total de 11 pontos, e 1 pódio em sua curta carreira na F-1. Depois do acidente, Streiff dedicou parte da vida à política, desempenhando várias funções de consultoria técnica para promover segurança nas estradas e melhorar a situação das pessoas com deficiência. Ele faleceu aos 67 anos, e a causa da morte não foi divulgada pela família do ex-piloto.

 

 

Sem ter lugar no grid na temporada 2023 da Formula-E, Oliver Turvey acertou para ocupar o posto de piloto reserva na equipe DS Penske. O piloto inglês defendeu o time da NIO nas últimas temporadas, mas teve seu lugar ocupado pelo brasileiro Sérgio Sette Câmara, enquanto a equipe manteve Dan Ticktum como titular. Curiosamente, Sérgio havia ficado sem espaço no time da Penske, que se reformulou completamente para esta temporada, dispensando seus pilotos do último ano para a chegada de Stoffel Vandoorne, o atual campeão, e de Jean-Éric Vergne, bicampeão da categoria. O time também passará a usar o trem de força da Citroen, em substituição ao trem de força fabricando pela própria Penske, que nunca se mostrou competitivo na F-E.

 

 

Adiados várias vezes por motivos variados, a introdução dos novos motores turbo na Indycar, previsto para 2024, não deverá mais acontecer tão cedo. A idéia era introduzir novas unidades V-6 biturbos de 2,4 litros de capacidade, com um sistema de recuperação de energia similar ao utilizado na F-1, mas muito mais simples. Devido aos altos custos de desenvolvimento das novas unidades V-6, optou-se pela introdução apenas do sistema ERS, já que as atuais fabricantes envolvidas na competição, Chevrolet e Honda, tem planos de eletrificação de sua linha de carros, e a tecnologia desenvolvida na Indycar serviria para os propósitos de ambas as marcas neste sentido. Portanto, em 2024, a idéia é manter as atuais unidades V-6 de 2,2 litros já conhecidas desde 2012, e estrear os novos sistemas de recuperação de energia. Os testes do novo sistema devem começar já neste mês de janeiro, e deverão ocorrer durante boa parte do ano, entre as corridas, a fim de estar plenamente aprovado para uso na temporada de 2024. Já as novas unidades V-6 biturbos, que chegaram até a serem testadas em um breve momento, continuarão sendo desenvolvidas para implantação no futuro, mas sem data específica para isso. E, pelo atual cenário, também parece improvável a entrada de um novo fornecedor de motores na Indycar em futuro próximo, apesar de que a categoria não sente necessidade disso no presente momento, afirmando que as atuais unidades de motores utilizadas são mais do que suficientes para que a Indycar apresente um campeonato de alta competitividade e disputa nas pistas.

 

 

Fim de casamento à vista? Marc Márquez está de volta, aparentemente totalmente recuperado da lesão que tanto o atormentou desde meados de 2020, e agora, o foco é voltar à lutar por vitórias, e pelo título na MotoGP. Porém, a “Formiga Atômica” não gostou da forma atual da sua equipe, a Honda, que na temporada passada, esteve incapaz de disputar os primeiros lugares, mesmo que ele estivesse em sua plena forma e capacidade de pilotar. Márquez defendeu o time da Honda desde que chegou à classe rainha do motociclismo, e desde então, conquistou seis títulos com a marca nipônica. Mas a Honda ficou dependente demais de seu grande piloto, de forma que o desenvolvimento da moto nunca ficou muito a contento, gerando reclamações nos outros pilotos da marca, que não conseguiam se entender com um equipamento temperamental, e que só Marc Márquez conseguia levar a extremos, disputando vitórias e títulos, o que fez a Honda superestimar a capacidade de seu equipamento, que sem o hexacampeão, ficou muito aquém das possibilidades. Mas agora, com Marc recuperado, é ele quem dá o alerta de que o nível de competitividade da Honda precisa melhorar. Afinal, a Honda ficou em 9º lugar na classificação de equipes, e em último na classificação de construtores. Márquez avisa que tem todo o respeito pela sua equipe, e reconhece o seu esforço e empenho, mas quer novamente disputar vitórias e o título, e por isso mesmo, o desempenho da temporada de 2023 será crucial para o piloto avaliar se continuará defendendo o time japonês, ou se poderá procurar outra equipe para defender no futuro, o que já causaria um frisson na concorrência, especialmente na Ducati, onde alguns apostam que poderia ser a nova casa do hexacampeão. Será? O time tem sua dupla fechada para 2023 e teoricamente, para 2024, mas no caso de Marc Márquez ficar disponível, o que poderia acontecer? Não apenas na Ducati, mas também na Yamaha, onde o time revela certo descontentamento com Franco Morbidelli, e certamente ficaria sedento com a possibilidade de contar com a “Formiga Atômica”, para desespero de Fabio Quartararo, que no momento domina as atenções da equipe dos três diapasões. Tudo indica que 2023 vai ser um ano decisivo para a Honda mostrar se consegue voltar a ter um equipamento competitivo para dar chances de vitória e/ou título a seu principal piloto, sob risco de perdê-lo caso as coisas não funcionem a contento. Isso vai dar muita fofoca durante toda a temporada de 2023, podem apostar...

 

 

Se numa eventual possibilidade de Marc Márquez ir para a Yamaha colocaria Franco Morbidelli a pé, e dificultaria a vida de Fabio Quartararo no time, no caso da Ducati, as especulações poderiam colocar Francesco Bagnaia, o atual campeão mundial, na corda bamba. O italiano fez uma segunda metade de campeonato espetacular em 2022, e reverteu uma desvantagem de mais de 90 pontos para se sagrar campeão, mas também cometeu vários deslizes durante o ano que poderiam ter comprometido a conquista por parte da Ducati. Com Enea Bastianini chegando, e portanto, ainda precisando ser avaliado com cuidado no time de fábrica, imagine se a chance de contar com o hexacampeão vir a ser realidade, o que eles fariam? Para a Ducati, Bagnaia ainda tem o que melhorar se quiser ser um campeão marcante na MotoGP, e por isso mesmo, ele precisa se aprimorar para evitar cometer os erros vistos em 2022, que poderiam ser cruciais em uma disputa mais acirrada pelo campeonato. Mas mesmo reconhecendo o talento da “prata a casa”, a chance de poder ter Marc Márquez em suas garagens faria qualquer time balançar e cair em tentação. E olhe que ainda não podemos nem esquecer das chances da Aprilia, que cresceu muito em 2022, e que pode vir a ser um nome potencial para Márquez se mantiver o crescimento em 2023... 

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