quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

ARQUIVO PISTA & BOX – SETEMBRO DE 1999 – 17.09.1999

            E cá estamos com mais um de meus antigos textos. Este foi publicado no dia 17 de setembro de 1999, e o assunto em questão eram acidentes que vinham ocorrendo nas categorias Indy, com vítimas fatais ocorrendo em tempos recentes, e de como a luta para melhorar a segurança, tanto de carros quanto de pistas, sempre era uma batalha que poderia terminar de forma inglória, pois apesar dos esforços, sempre poderia haver algum elemento fortuito, ou simplesmente, azar, a jogar por terra as melhores condições de segurança. É uma luta travada até hoje, onde os carros e as pistas continuam sempre aprimorando suas condições de segurança, procurando antecipar todo e qualquer problema que possa vir a ocorrer, e torcer para, no caso de um acidente, as providências e medidas aplicadas para minimizar ao máximo as consequências do sinistro sejam eficientes e bem-sucedidas.

            A F-1 incluiu o halo em seus monopostos, medida que se seguiu também nas categorias de acesso. Nos Estados Unidos, a atual Indycar adotou outro tipo de proteção, o aeroscreen, e tanto um quanto outro dispositivo vieram para ficar e já colaboraram para evitar o pior em alguns momentos ruins que ocorreram. Assim é a evolução da tecnologia de segurança dos carros de competição, e que esperemos consiga sempre dar conta do recado quando a necessidade se apresentar. Uma boa leitura a todos, e espero que apreciem o texto...

FATALIDADES NAS CATEGORIAS INDY

            A morte voltou a assombrar o meio automobilístico mundial no último sábado, quando o piloto uruguaio Gonzalo Rodriguez faleceu vítima de um acidente bisonho no circuito de Laguna seca, durante os treinos para uma etapa válida pela F-CART. Rodriguez iria disputar a sua segunda corrida pela categoria, pilotando para a Penske. Em sua primeira participação, em Detroit, o uruguaio acabou terminando a prova em 12º lugar, marcando seu primeiro e único ponto na categoria.

            Ultimamente as categorias Indy têm sido palco de alguns acidentes muito pouco felizes, com vítimas fatais tanto dentro quanto fora da pista. Só este ano já tivemos mortes nas arquibancadas da etapa de Charlotte, válida pelo campeonato da Indy Racing League. Naquela etapa, um forte acidente envolvendo os carros de Scott Harington, John Paul, e Stan Wattles, lançou uma das rodas na arquibancada, caindo sobre inúmeros torcedores. O resultado foram 3 mortos e outros 7 torcedores feridos. No ano passado houve acidente parecido na F-CART, durante a US500, no circuito de Michigan, quando uma roda também voou de um acidente na pista e foi cair nas arquibancadas, matando e ferindo torcedores.

            Estas foram fatalidades fora da pista. Dentro dela, as coisas também não andaram muito boas: tivemos as mortes de Jeff Krosnoff e de fiscais de pista durante a prova de Toronto, há poucos anos atrás. E a IRL também viu a morte de Scott Brayton durante os treinos para as 500 Milhas de Indianápolis, após conquistar a pole para a corrida.

            Sinceramente, não são boas lembranças. Apesar de toda a evolução da segurança no automobilismo, nunca parece se conseguir 100% de segurança, mas por outro lado, é difícil prever todas as possibilidades dos resultados de um acidente.

            A Fórmula 1 teve o seu ano traumático de 1994, e de lá para cá, a segurança dos monopostos aumentou consideravelmente. Ao mesmo tempo em que os carros sofriam modificações em prol da segurança, os circuitos passaram a ser melhor vistoriados em alguns aspectos, sofrendo também melhorias e adaptações para ficarem mais seguros, embora algumas modificações tenham sido exageradas em alguns circuitos, tirando parte do charme e atratividade da pista.

            No caso das categorias Indy as mudanças em prol da segurança já são coisa rotineira. Ao final de cada ano os regulamentos são revistos e itens são levantados para serem efetuadas mudanças que elevem a segurança dos monopostos da categoria, especialmente quando se anda a mais de 300 Km/h em circuitos ovais. Mas, mesmo com toda esta evolução, ainda há eventos inesperados que surpreendem a todos, gerando fatalidades que nunca esperamos assistir.

            No quesito de circuitos, entretanto, a CART teria algumas coisas a aprender com a F-1. Os circuitos mistos do calendário da categoria podem ser muito bonitos, como Laguna Seca e Elkhart Lake, mas precisam de algumas melhorias em pontos chave. No caso de Laguna Seca, as barreiras de pneus precisavam ser maiores e mais próximas à pista em alguns locais, como na Curva do Saca-Rolha, justamente o local onde Rodriguez morreu ao seguir reto e escapar dos pneus, capotando. O Penske do uruguaio bateu na barreira de pneus, um pouco longe da pista, e sem caixa de brita para desacelerar no caminho, e acabou capotando ao atingir os pneus, indo parar do outro lado, onde praticamente há uma pequena ribanceira, onde o carro despencou caindo de cabeça para baixo. Na corrida, o local foi mais bem protegido com uma barreira de pneus adicional, mais próxima da pista. Mas, ainda assim, várias curvas do Laguna Seca Raceway não possuem caixas de brita dignas do nome, sendo meras caixas de areia, que pouco seguram o carro em uma escapada mais forte.

            Gonzalo Rodriguez tentava um lugar na F-CART para 2000, seguindo os passos de Juan Pablo Montoya. Assim como o colombiano, Rodriguez também veio da F-3000 Internacional, onde disputava o campeonato deste ano pela equipe Astromega e ocupava a 3ª posição na classificação. Gonzalo foi enterrado com honras em Montevidéu, capital do Uruguai, que tinha no piloto a sua maior esperança de produzir um grande nome no automobilismo. Todos sentiram a perda em Laguna Seca, e diversos colegas da F-3000, incluindo alguns brasileiros, como Rubens Barrichello, lamentaram profundamente o ocorrido.

            Fica agora a espanca de que se possa aprender com este infeliz acontecimento, e que novas medidas de segurança possam ser criadas para prevenir estas fatalidades. Acidentes sempre vão fazer parte da história do automobilismo, mas nada diz que as mortes devem fazer parte disso também...

 

 

O campeonato de F-1, quem diria, pode embolar de vez, especialmente depois do que aconteceu no GP da Itália. A vitória de Heinz-Harald Frentzen colocou o piloto alemão na possibilidade de disputar o título. Frentzen conta com 50 pontos, enquanto os líderes do campeonato, Mika Hakkinen e Eddie Irvinne, têm 60 pontos cada. E, faltando 3 etapas para o final do campeonato, tudo pode acontecer, ainda mais que o escocês David Coulthard tem 48 pontos, 12 a menos do que os líderes. E, pela primeira vez em muitos anos, a F-1 pode ter nada menos do que 4 pilotos disputando o título na reta final, nada mal para um certame que parecia predestinado a ser mais um passeio da McLaren.

 

 

A F-1 tem visto algumas cenas inusitadas. A cena do desespero de Mika Hakkinen, após errar e abandonar o GP da Itália quanto liderava a corrida sozinho, foi captada pelas câmeras de TV e transmitida para meio mundo. Do jeito que as coisas estão, Hakkinen sabe que este é o tipo de erro que pode fazê-lo perder o bicampeonato. E David Coulthard, depois da convincente vitória em Spa-Francorchamps, agora está reivindicando também o direito de disputar o título. Se Hakkinen não mantiver a cabeça no lugar, o escocês pode virar uma ameaça muito séria. E se isso acontecer, quem pode se beneficiar é Eddie Irvinne, que está, quem diria, lutando palmo a palmo pelo título da temporada.

 

 

O alemão Michael Schumacher acabou queimando a língua semana passada. Ao comentar a contratação de seu novo companheiro de equipe para a próxima temporada, Schumacher disse simplesmente que Eddie Irvinne era muito mais rápido do que Rubens Barrichello. A performance de Rubinho nos treinos e corrida de Monza deram um banho de água fria nas declarações do alemão. Barrichello não só largou à frente do irlandês com um carro tecnicamente inferior como terminou a corrida melhor classificado do que Eddie, e ainda por cima segurando um carro da McLaren atrás de si, façanha nada desprezível e que encheu os olhos da torcida italiana no autódromo.

 

 

Ralf Schumacher, quem diria, pode acabar superando o seu irmão na classificação do mundial. “Little” Schummy já tem 30 pontos, enquanto seu irmão mais velho tem 32. Se Michael voltar apenas na Malásia, como alegou, pode perder mais uma posição no campeonato. Ralf está conseguindo, felizmente, sair da sombra de seu irmão. E a Williams, com o 2º lugar do alemão em Monza, mostra que parece estar no caminho certo para recuperar sua competitividade...

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