quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

FLYING LAPS – DEZEMBRO DE 2020

             Ano novo, vida velha. Depois de um ano conturbado como 2020 foi, infelizmente a situação não anda muito melhor neste início de 2021, por mais que algumas boas notícias se apresentem. É preciso um pouco de paciência para ver como a situação se desenvolverá, e não adianta ter pressa para comemorar vitória. Continuemos com todos os cuidados necessários, e vamos tentar tocar a vida, sem irresponsabilidades e com mais bom senso, o que parece ser muito difícil para algumas pessoas, que lamentavelmente continuam a se comportar como imbecis e retardadas, e simplesmente reafirmando isso com todas as letras. Deixando esse assunto de lado, vamos à primeira sessão da Flying Laps deste ano, mas relatando alguns acontecimentos do último mês de dezembro, onde tivemos algumas notas interessantes do mundo da velocidade para reportarmos, antes de adentrarmos definitivamente em 2021. Portanto, boa leitura a todos, e até a próxima coluna Flying Laps do próximo mês...

O ano de 2021 nem havia começado, mas os problemas de 2020 continuam a persistir, no que tange à pandemia da Covid-19, que bagunçou o dia-a-dia das competições automobilísticas em todo o planeta, assim como inúmeras outras atividades, e que mostra que tão cedo não vamos voltar à normalidade desejada. E a primeira consequência já surgiu, na Formula-E, cuja nova temporada começaria neste mês de janeiro. A rodada dupla que abriria a nova temporada, marcada para os dias 16 e 17 de janeiro, seria realizada na cidade de Santiago, no Chile, aqui na América do Sul. Mas infelizmente, o recrudescimento dos casos do coronavírus na Europa, prejudicados ainda mais pela descoberta de uma variante do vírus que ninguém sabe se é mais letal, mas já se descobriu ser muito mais contagiosa, provocou o adiamento da etapa em solo chileno pela direção da categoria, em conjunto com as autoridades da capital do Chile, que deverá ser disputada ainda neste primeiro semestre, mas ainda sem data definida. Com vários times sediados na Inglaterra, país que agora está enfrenando um novo lockdown e diversas medidas restritivas para conter a nova variante do coronavírus, não seria possível às escuderias viajarem para o exterior, sem mencionar que o Chile fechou novamente suas fronteiras, em especial para vôos procedentes do Reino Unido. Com o adiamento da etapa de Santiago, o campeonato deverá começar na Arábia Saudita, em outra rodada dupla, marcada para os dias 26 e 27 de fevereiro, em Diriyah, nos subúrbios da capital Riad. Mas todo o restante do calendário fica em suspenso praticamente, à espera de como se dará a evolução da pandemia. Com vários países europeus começando em breve seus esquemas de vacinação com os imunizantes desenvolvidos contra a Covid-19, pode haver esperança de uma normalização de parte da situação no Velho Continente, mas ainda é cedo para afirmar isso. Por enquanto, será necessário aguardar e ver como a situação estará até lá, caso contrário, até mesmo a rodada dupla de Diriyah pode vir a ser adiada, como ocorreu com a rodada de Santiago...

 

 

Com um crescimento contínuo desde que estreou seu primeiro campeonato, em 2014, a Formula-E veio colecionando mais e mais times, pilotos, e fabricantes neste período, chegando a contar com um grid maior e com maior número de fabricantes engajados do que a Fórmula 1, que inclusive irá perder a Honda ao fim da temporada desde ano de 2021. Mas, uma hora teria de acontecer, e a primeira debandada da categoria de carros monopostos totalmente elétricos finalmente vai acontecer. Audi e BMW anunciaram no mês de dezembro que a nova temporada deste ano será o último em que estarão presentes como times oficiais na competição. É algo diferente do que ocorreu com a saída da Renault há algum tempo atrás, quando o grupo nipo-francês simplesmente substituiu a marca francesa pela Nissan na F-E, continuando a parceria com o time da e.dams. Audi e BMW apenas declararam que seus objetivos no certame já foram alcançados, e que agora pretendem partir para novos desafios em outras áreas. No caso da Audi, a marca das quatro argolas afirmou ter planos de disputar o rali Dakar no próximo ano, e a volta ao Mundial de Endurance (WEC) também está sendo cogitada, com a implantação do novo regulamento dos hipercarros. Em tese, isso significaria que o grid da categoria perderia dois times, e ficaria com quatro carros a menos, mas não deve ser exatamente assim. A Andretti, time associado à BMW, já declarou que deve continuar na competição, mesmo sem o apoio da marca alemã. E nada impede que a Audi/ABT, time oficial da Audi no certame, também siga adiante de forma independente, como era no seu primeiro ano de competição, quando todos os times competiam com carros e um pacote padrão de equipamento. A Audi ainda fornece o seu trem de força para a equipe Virgin, e deve manter o fornecimento para as temporadas de 2022 e 2023, o que indica que a equipe ABT poderia muito bem seguir adiante, usando os trens de força alemães. Lucas Di Grassi, piloto da escuderia, que está presente na competição desde a primeira corrida, já declarou que quer continuar competindo na F-E. Ainda não está certo, porém, se a escuderia voltará ao status de time independente, mesmo que siga utilizando o equipamento da marca alemã, mas a possibilidade não está descartada.

 

 

Mas, mesmo perdendo duas marcas de renome, o campeonato da F-E não deve ficar enfraquecido como se imagina, e já tem novos interessados em fazer parte da competição em um futuro breve. Com 12 times, e 24 carros, o grid da categoria está fechado no momento, uma vez que impuseram essa ridícula limitação de participantes. Se a F-1 tinha até 26 carros largando em seus bons tempos, com 13 times, bem que poderiam ter estabelecido esse limite, ao invés de 12 times e 24 carros. Mas, caso acabe perdendo um time, pelo menos um grupo já tem planos de ocupar essa eventual vaga: a McLaren. Sim, o time de Woking, que na temporada passada retornou oficialmente à uma categoria Indy, em associação com o time de Sam Schmidt, anunciou que tem interesse em fazer parte da categoria de carros monopostos elétricos. O plano, porém, é para o futuro próximo, devido a dois empecilhos. Um deles é que no momento não há vaga para um 13º time no grid. Mas, a se confirmar a saída de um dos times oficiais da Audi ou da BMW, a organização sediada em Woking deve ocupar a vaga. O outro problema é que, no atual momento, por ser a fornecedora oficial dos sistemas de baterias utilizados por todos os times da competição, a McLaren não pode participar das corridas como equipe. Mas a categoria já fez sua licitação para fornecimento de novas baterias para o novo carro a ser adotado a partir de 2022/2023, o Gen3, escolhendo o Departamento de Tecnologia da Williams como nova fornecedora. Assim, a McLaren poderá ingressar no grid, tão logo deixe de ser a fornecedora das baterias. Os custos bem mais acessíveis de competição na F-E também são atrativos para a McLaren se envolver na disputa, como já faz a Mercedes, que volta a ser parceira do time na F-1 a partir desta temporada. Com isso, é muito provável que o grid da categoria continue a contar com 12 times e 24 pilotos, o que seria muito bom para todos os envolvidos. Aguardemos o que irá acontecer.

 

 

Marc Márquez precisou passar efetivamente por uma nova cirurgia no braço direito, fraturado em um acidente logo na primeira corrida disputada na temporada 2020, em Jerez de La Fronteira. A recuperação do piloto, muito mais lenta do que o esperado, estava deixando todo mundo preocupado. Márquez forçou um retorno às pistas menos de uma semana após a cirurgia feita para corrigir o osso fraturado com uma placa de titânio, chegando até a fazer exercícios. Mas a dor forte no membro o fez desistir da empreitada. Porém, o stress sofrido pela placa certamente contribuiu para sua ruptura dias depois, obrigando o hexacampeão a passar por uma nova intervenção cirúrgica e deixando-o definitivamente fora da temporada 2020, procurando concentrar forças em sua recuperação. Porém, a nova cirurgia revelou uma infecção no local lesionado, o que complicou o novo procedimento médico, que apesar de ter sido bem sucedido, necessitou até da implantação de um pedaço de osso de seu quadril no local da fratura. E, para uma recuperação completa, são estimados pelo menos seis meses, o que já coloca em dúvida uma eventual participação da “Formiga Atômica” no campeonato de 2021. Afinal, se tudo correr como o planejado, a temporada deve começar em 28 de março no Qatar, apenas cerca de quatro meses após a operação, o que o levaria a ficar pelo menos mais dois meses de molho, antes de poder retornar. E, depois do percalço sofrido ao tentar apressar o seu retorno, a Honda não vai querer arriscar que seu piloto force a barra novamente, e se complique mais uma vez. Sem Marc Márquez, a escuderia nipônica virou coadjuvante na temporada 2020, mostrando-se não apenas incapaz de vencer, como de disputar o título, mostrando como estava dependente de seu principal piloto. E eles não vão querer que Marc faça novas estripulias, de modo que seu período de recuperação terá de ser cumprido integralmente. Caso contrário, outro passo em falso, e Márquez poderia ficar de fora também de toda a temporada 2021, ou no caso pior, ter até de encerrar a carreira, se os danos ao braço se revelarem um limitador decisivo para que Marc volte a pilotar no alto nível exigido pela categoria. E isso é algo que precisa ser evitado a qualquer custo, tanto por parte da Honda, como por parte de Márquez, que precisa criar juízo, e manter a paciência, até que esteja em condições plenas de retorno.

 

 

Com um retorno de Marc Márquez adiado, e até o presente momento, sem data certa para retornar, ganha força a possibilidade de Andrea Dovizioso, que foi três vezes vice-campeão pela Ducati, ser o substituto da “Formiga Atômica” no time oficial da Honda na temporada 2021. Dovizioso não renovou com a fábrica italiana, preferindo tirar um ano sabático em 2021, mas possivelmente já prevendo que seu rival nas temporadas de 2017 a 2019 não conseguiria retornar tão já às competições como gostaria. A Honda só tem confirmado Pol Spargaró, que defendeu a KTM em 2020, e esperava poder contar novamente com sua grande estrela, tanto que, antes mesmo da temporada 2020 começar efetivamente, já rebaixara seu irmão Alex para o time da LCR. De fato, o irmão caçula de Marc começou a temporada devendo, mas cresceu na reta final, a ponto de conseguir dois pódios, depois que a marca introduziu mudanças na moto que a deixaram com melhor dirigibilidade, uma queixa que já vinha dos demais pilotos da marca nos últimos anos, mas que era praticamente ignorada diante do sucesso de Márquez, vencendo corridas e títulos. O time japonês irá precisar de um nome confiável para iniciar não apenas a disputa do campeonato, mas também participar dos testes da pré-temporada. Para Dovizioso, seria lucro de pelo menos poder correr, mesmo que parte da competição, em um time de fábrica e de ponta, do que ficar completamente parado. E com a expectativa, otimista, de talvez ficar a temporada inteira, caso a recuperação de Marc Márquez exija mais do que o esperado. Mas, o problema é se Dovizioso realmente aceitaria a posição de “piloto-tampão” na Honda, que seria imediatamente sacado, tão logo Marc Márquez se mostrasse recuperado e pronto para voltar à competição. Não seria possível para a Honda alinhas três motos no grid, se quisesse manter os três pilotos, e a Dorna, em comunicado, já adiantou que não daria permissão para o time japonês contar com três pilotos no grid. Em outras palavras, a escuderia teria de optar entre Dovizioso e Márquez para o restante do campeonato. E aí, fica a dúvida: e se numa provável situação, Dovizioso vencesse as corridas presentes na Honda, e se lançasse na luta pelo título? O time iria tirá-lo para a volta de Márquez, que teria de recuperar o terreno porventura perdido na competição, ou o espanhol teria de ficar de fora, para não comprometer a situação? Ou, se fosse o caso, a Honda tirasse Pol Spargaró da outra moto, para permitir o retorno de Márquez, sem comprometer a posição de Dovizioso? Dúvidas que certamente passam pela cabeça da direção da Honda, quanto às possibilidades que podem ocorrer, e que certamente eles desejam evitar, embora não possam ignorar a situação vivida pelo time, que caso não possa contar com Márquez, precisa de outro piloto para completar o time na pista. Ou será que eles considerariam um retorno de Jorge Lorenzo, depois do que aconteceu na temporada de 2019, quando o tricampeão foi um dos maiores vexames da temporada, defendendo o time nipônico?

 

 

Juan Pablo Montoya estará de volta à equipe McLaren em 2021, mas nas 500 Milhas de Indianápolis. O colombiano correrá pelo terceiro carro do time na Indycar na mítica corrida, ao lado dos pilotos regulares da escuderia, Patrício O’Ward e Felix Rosenqvist, que irão defender o time nas demais corridas da temporada, que deve começar em março, e terminar em setembro, se tudo correr bem. Na F-1, Montoya defendeu a McLaren nas temporadas de 2005 e 2006, antes de ser despedido por Ron Dennis, e deixar a categoria máxima do automobilismo em definitivo.

 

 

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