quarta-feira, 26 de junho de 2013

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – JUNHO DE 2013



            Já estamos chegando ao fim do mês de junho, e como sempre, é hora de fazer um balanço de alguns dos acontecimentos que agitaram o mundo do esporte a motor nas últimas semanas, em mais uma edição da COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA. EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro), e fiquem agora com as minhas avaliações deste mês. E no final de julho, tem nova cotação. Até lá então, e boa leitura...



EM ALTA:

Equipe Audi nas 24 Horas de Le Mans: Em 15 participações na principal corrida de longa duração do mundo, a Audi conquistou este ano sua 12ª vitória na prova, e contou com dois de seus carros no pódio da tradicional corrida disputada em Sarthe. O terceiro carro da escuderia, após enfrentar problemas, ainda terminou em 5º lugar. A Porshe ainda é a maior vencedora em Le Mans, com 16 triunfos, e no ano que vem estará de volta oficialmente para contestar o domínio da rival alemã, que diz estar pronta para encarar o desafio à sua supremacia. Para completar a boa forma, a escuderia ainda está invicta no campeonato de endurance, com 3 vitórias no certame de 2013, e não dá indicação de que vá deixar de fazer a concorrência comer poeira.

Tom Kristensen: O piloto dinamarquês de 45 anos aumentou ainda mais seu currículo de vitórias nas 24 Horas de Le Mans, ao obter seu 9º triunfo na etapa deste ano, em 17 participações na prova, e inscrevendo seu nome cada vez mais em definitivo na galeria dos grandes campeões do automobilismo. Mas Tom teve menos motivos para comemorar este ano, devido à morte de seu compatriota Allan Simonsen, que bateu logo no início da corrida, competindo pela Aston Martin, e não resistiu aos ferimentos sofridos. E ele promete que em 2014 continuará firme na luta por mais uma vitória, e quem sabe, obter seu 10º triunfo na corrida francesa. E se depender da Audi, as probabilidades do dinamarquês faturar mais uma vitória são grandes.

Equipe Andretti: a escuderia de Michael Andretti continua tendo um excelente campeonato este ano na Indy Racing League: O time já conseguiu nada menos do que 5 vitórias na competição. James Hinchcliffe é o piloto que mais vitórias já teve no ano, com 3 triunfos, obtidos em São Petesburgo, São Paulo, e Iowa, enquanto Ryan Hunter-Reay, o atual campeão, venceu no Alabama e em Milawukee. A escuderia ocupa as 2º, 3º, e 4º colocações no campeonato, respectivamente com Ryan Hunter-Reay, Marco Andretti, e James Hinchcliffe, na perseguição ao líder Hélio Castro Neves, da Penske, único piloto que tem conseguido manter a constância no certame e desafiar o poderio da escuderia. Quem destoa no time é o venezuelano Ernesto Viso, que ocupa apenas a 11ª posição no campeonato, sem conseguir exibir a mesma performance dos demais companheiros de equipe. O time é o principal favorito na luta pelo título, enquanto os concorrentes se debatem com desempenhos irregulares em sua maior parte do tempo.

Hélio Castro Neves: o brasileiro da equipe Penske vem fazendo um campeonato com muita constância de resultados, e lidera a competição, apesar do forte assédio dos rivais, principalmente da equipe Andretti. O brasileiro, contudo, precisa melhorar a qualidade de sua performance, tendo até agora apenas 1 vitória e uma pole-position como resultados de monta. O ponto positivo é que Hélio está deixando o companheiro de equipe Will Power para trás no atual campeonato, como nunca conseguiu fazer nos últimos 3 anos. Mas apesar da boa fase no campeonato, o brasileiro não pode abaixar a guarda, e precisa manter o foco no restante do campeonato, que ainda está praticamente na metade. E com o equilíbrio de performance apresentado pelos rivais mais próximos, um passo em falso pode ser fatal para suas aspirações ao título. É também um momento decisivo para Helinho, que desde que chegou à Penske já viu dois companheiros de equipe serem campeões: Gil de Ferran, bicampeão da F-Indy em 2000 e 2001; e Sam Hornish Jr., campeão da Indy Racing League em 2006.

Sebastian Vettel: O atual tricampeão mundial de F-1 vem fazendo um campeonato combinando garra com constância. Com 3 vitórias no atual campeonato, Vettel tem procurado se manter longe de encrencas e sempre terminar entre os primeiros colocados, não tendo terminando nenhuma prova no ano fora dos 4 primeiros lugares. No Canadá, andou sempre no ataque, partindo da pole-position e distanciando-se dos adversários para controlar a corrida como melhor lhe conviesse, mostrando uma grande domínio. E começa a se tornar o principal favorito para o título da temporada, o que seria seu 4º campeonato consecutivo, igualando os feitos de Juan Manuel Fangio e Michael Schumacher. E começa a assustar os concorrentes, já tendo aberto 36 pontos de vantagem para seu perseguidor mais próximo, o espanhol Fernando Alonso, que pode começar a se preparar para a hipótese de aguardar mais um ano na fila para tentar o seu tricampeonato. Mas o atual campeonato ainda está em aberto, com a possibilidade de tudo mudar na relação de forças. Mesmo assim, a vantagem de Sebastian já lhe permitiria administrar parte dos resultados na hipótese da concorrência se aproximar, ou até ultrapassar seu time, por um bom número de corridas.



NA MESMA:

Toyota no Mundial de Endurance: o time japonês continua lutando para tentar destronar a Audi nas provas de longa duração, mas a parada está difícil. Em Le Mans, onde o time nipônico estreou no ano passado, causando até um furor pela ofensiva contra o domínio dos carros alemães, o time esperava poder desafiar abertamente a rival germânica, mas teve de se contentar com o 2º lugar no pódio, com praticamente 1 volta de desvantagem para o carro vencedor. Para piorar, o outro carro do time ainda bateu na parte final da prova, e numa demonstração de determinação e esportividade, foi consertado e retomou a corrida, terminando ainda na 4ª posição. A Audi pode estar na dianteira, e contando com um carro mais competitivo, mas os japoneses estão firmes em continuar na caça aos bólidos da rival, e uma hora, esta perseverança deverá dar frutos. Mas, no momento, os carros japoneses estão um pouco atrás, e a Audi não pretende dormir sobre seus louros, permitindo uma reação da concorrente nipônica, como aconteceu no campeonato do ano passado, quando a Toyota assumiu a dianteira nas provas finais da competição, mesmo que não tenha podido tirar o título da rival.

Valentino Rossi: O “Doutor” retornou ao time onde foi campeão pela última vez, mas parece que não consegue demonstrar mais a mesma garra de antes. Enquanto seu companheiro, o bicampeão Jorge Lorenzo vai à luta e disputa ferozmente a liderança da competição com seu conterrâneo Dani Pedrosa, Rossi até agora não conseguiu sequer retornar ao pódio, onde começou com um belo 2º lugar na prova de abertura da temporada. O resultado é que, com 6 etapas disputadas até agora, Valentino tem apenas 60 pontos, pouco mais da metade de Lorenzo, vice-líder do certame, com 116, e que já contabiliza 3 vitórias na temporada. Ainda há tempo para reagir e reabilitar sua imagem, mas pelo visto, a reputação de Rossi como grande campeão que só não venceu na Ducati por falta de equipamento, vai ficar em dúvida.

Felipe Nasr: O piloto brasileiro tem sido um dos destaques do campeonato da GP2 nesta temporada, e sua ida para a F-1 é mais do que esperada para o próximo ano, mas Nars diz que essa será uma ponte a ser cruzada no momento certo. E tem razão: neste momento, sua disputa é pelo título da GP2, que certamente aumentaria seu prestígio e cacife para negociar com os times da categoria máxima do automobilismo. Mas Felipe está vendo que Stefano Coletti, com que disputa o título, está sendo um páreo duro. O monegasco lidera a competição, com 118 pontos, contra 96 do brasileiro. Felipe tem sido inteligente e procura manter constância nos resultados para ficar firme na luta pelo título, mas vai ter de suar o macacão para descontar a vantagem aberta pelo rival na classificação. Ainda tem 7 etapas em rodadas duplas até o fim do certame, mas Nasr tem de evitar perder contato com Coletti. A disputa promete ficar entre os dois pilotos, até porque os demais competidores estão bem pra trás, com o 3º colocado, o inglês Sam Bird, tendo apenas 58 pontos até o momento.

Equipe Chip Ganassi: O time do velho Chip Ganassi parece que ainda não conseguiu se entender com o novo chassi DW12 da Dallara, adotado a partir do ano passado como carro padrão do campeonato da Indy Racing League. Se no ano passado a escuderia ainda conseguiu 3 vitórias, uma delas na Indy500, este ano a situação não parece muito mais promissora. E o panorama de 2012 parece estar se repetindo no atual campeonato: enquanto o neozelandês Scott Dixon está conseguindo alguns resultados mais razoáveis, embora não tenha vencido nenhuma prova e acumule apenas 1 pódio até o momento, Dario Franchiti está ainda pior. Desde 1995, quando disputava a F-Indy, a Ganassi não sabe o que é passar um ano sem vencer, seja na antiga F-Indy, seja na Indy Racing League. Será que vai conseguir reagir? Enquanto isso, os principais concorrentes vão deixando o time de Chip comendo poeira no campeonato...

Equipe Mercedes: o time alemão sediado em Brackley, na Inglaterra, acabou sendo levado ao banco dos réus do Tribunal Internacional da FIA, por violação do regulamento ao efetuar o teste secreto para a Pirelli no mês de maio, quando testaram com o modelo atual e os pilotos titulares. No fim, o time recebeu uma reprimenda, e uma pena que não fará diferença alguma à escuderia, que é ficar de fora dos 3 dias de testes que haverá depois do GP da Inglaterra, na pista de Silverstone, dedicado aos pilotos novatos. Entre treinar com novatos e com os pilotos titulares, não há dúvida de que a Mercedes não vai se lamentar ficar fora dos testes dos novatos, tendo aceitado a “punição” com muito boa vontade. Na prática, o time saiu ileso da enrascada, promovia em boa parte pela FIA quando deu autorização para o teste, quando foi consultada, e que saiu como a verdadeira perdedora do episódio, por dar o dito pelo não dito, ao mudar de idéia depois do consumado. O time alemão de fato conseguiu promover algumas melhorias no modelo W04, mas ainda precisa evoluir para desafiar abertamente os carros da Red Bull e Ferrari em igualdade de condições, e sem depender do tipo de circuito, ou interpéries.



EM BAIXA:

Federação Internacional de Automobilismo: a FIA meteu os pés pelas mãos ao querer levar a equipe Mercedes ao Tribunal Independente, alegando quebra das regras pelo teste de pneus com a Pirelli que a própria entidade autorizou no início de maio. O julgamento do tribunal, que foi considerado brando por concorrentes que reclamam de não terem tido a mesma oportunidade, só evidencia que a entidade que comanda o esporte a motor simplesmente deu um tiro em sua própria credibilidade, ao autorizar o teste, e depois mudar de idéia, quando não poderia fazê-lo. A punição foi coerente pelo fato de que, se a entidade autorizou o teste, não tinha justificativa que querer aplicar uma punição firme à escuderia alemã. O problema agora é os outros times reivindicarem o direito de testar e a FIA, querendo botar ordem na casa, proibir. Durma-se com um barulho desses...

Dario Franchiti: o tetracampeão escocês, maior vencedor da Indy Racing League em número de títulos, vem fazendo seu pior campeonato de que há memória. O piloto da equipe Chip Ganassi vem tendo um ano pior do que se imaginava. Dario ocupa apenas a 12ª posição na competição, e vem perdendo a briga para o companheiro Scott Dixon, que mesmo fazendo um campeonato fraco, já conseguiu pelo menos um pódio, e é o 7º colocado na tabela. Dario teve o azar de abandonar as duas primeiras corridas, e mesmo depois disso, seus resultados não melhoraram muita coisa: sua melhor prova foi em Long Beach, onde terminou em 4º lugar. Depois disso, conseguiu um 6º lugar na primeira prova de Detroit. Nas outras provas, os resultados foram ainda piores. Para alguém que contabiliza 4 títulos na categoria, já começam a se perguntar se Dario perdeu a motivação, ou se está começando a decair. Qualquer que seja o motivo, não é nada bom para Franchiti, que vai passar mais um ano sem disputar o título, e talvez, ficar até sem vencer, no ritmo em que a coisa vai.

Equipe Williams: o terceiro time mais antigo da F-1, perdendo apenas para Ferrari e McLaren (e descontando-se a atual Lotus, que não é o time original de Colin Chapman) continua seu calvário em 2013. O treino embaralhado pela chuva no Canadá permitiu um brilho momentâneo de Valtteri Bottas, que largou em 3º lugar, lembrando um pouco os bons dias da escuderia. Mas a corrida tratou de colocar as coisas em seu devido lugar, e Bottas terminou num melancólico 14º lugar, sem ritmo para se defender dos carros mais velozes, e mostrando como o time vem se arrastando na pista neste ano. Na próxima corrida, na Inglaterra, quando a escuderia planeja comemorar 600 corridas com atual denominação, o clima da comemoração vai estar longe dos melhores dias que o time já teve oportunidade de viver no passado. A escuderia não conseguiu pontuar no atual campeonato, e do jeito que as coisas estão, mesmo com motor garantido para o próximo ano, quando usará os novos Mercedes V-6 turbo, fica a dúvida se o time terá patrocínio garantido para a próxima temporada. O mal ano de Maldonado pode colocar em risco o patrocínio da PDVSA, ainda mais pelo atual momento de turbulência do governo chavista na Venezuela, que pode dar novos rumos à verba da petrolífera nacional.

Automobilismo brasileiro: Se o automobilismo no Brasil já não tem mais a força e o vigor de antes, acaba de surgir mais uma má notícia para quem curte corridas em nosso país: o autódromo de Curitiba deverá ser fechado em breve, pois a propriedade tem uma dívida pendente de débitos trabalhistas de seu dono original em uma empresa da qual era sócio. Como a empresa que arrenda o autódromo não tem recursos para adqurir a área, ela deve ir a leilão, e segundo dizem, seu futuro destino já estaria traçado, virar loteamento de condomínios. Por se tratar de um problema de propriedade privada, e não de órgão público, dificilmente se achará alguém que resolva a situação, uma vez que o governo do estado do Paraná não deve se meter no assunto. Infelizmente, como a Confederação Paranaense de Automobilismo também parece não se mobilizar sobre o problema, em breve o país perderá outro de seus autódromos, assim como aconteceu com Jacarepaguá, engolido pelas picaretagens de políticos e especuladores imobiliários. A desativação deve ocorrer até 2015.

Bernie Ecclestone: O dirigente máximo da F-1 está enrolado com um processo de acusação de corrupção e suborno na justiça alemã, e apesar de se dizer inocente, já começa a afirmar que precisará encarar a realidade, caso acabe preso. O processo deve ter uma decisão em breve, e pipocam hipóteses sobre o que pode acontecer à F-1 se seu principal dirigente acabar atrás das grades. Se há quem defenda Ecclestone pelo conjunto de sua obra, por outro lado, Bernie atrai a ira dos fãs do esporte a motor com algumas de suas declarações sobre como tem planos para a categoria, como nesta semana, ao afirmar que, em busca de estabelecer GPs em “novos mercados”, entenda-se países que aceitem pagar as taxas exorbitantes sobradas pela FOM, entidade que dirige os interesses comerciais da F-1, e que é presidida por Ecclestone, pode tirar o circuito de Monza do calendário da categoria. Sede do GP da Itália e uma das mais tradicionais do mundo do automobilismo, muita gente já ficou irada com a declaração, e embora muitos achem que o dirigente inglês está apenas blefando, é bom lembrar que ele já tirou Spa-Francorchamps do calendário em tempos recentes. Ou seja, pode não estar nada certo nesse sentido, mas não achem que ele não teria coragem de rifar Monza do calendário se surgir uma proposta que valha a pena...

 

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