quarta-feira, 14 de novembro de 2012

ARQUIVO PISTA & BOX – MARÇO DE 1996 – 01.03.1996


            Voltando com a seção Arquivo, trago hoje a primeira coluna do mês de março de 1996. O assunto era o início do campeonato da F-Indy, que teria uma presença maciça de pilotos brasileiros naquele ano, a maioria deles com condições de vencer corridas, e boa parte até de entrar na luta pelo título. Claro que, infelizmente, a expectativa não acabou sendo correspondida, mas é um sinal de como diminuiu o número de nossos representantes hoje em categorias TOP pelo mundo. Nem dá para comparar com a IRL, que está muito abaixo do que a F-Indy era naqueles tempos. Foi a última temporada de Émerson Fittipaldi como piloto profissional também. Émerson, que abriu as portas para nossos pilotos na F-1, fez o mesmo na F-Indy. Fiquem agora com o texto, e boa leitura. Semana que vem, tem mais uma coluna das antigas...


VAI SER DADA A LARGADA


Neste domingo começa pra valer a temporada 96 do automobilismo. Mais precisamente às 15h30min, os motores irão roncar em plena aceleração na pista do Homestead Motorsport Complex, próximo à Miami, abrindo oficialmente a temporada da F-Indy de 1996. Na pista, diversos pilotos darão por iniciada a luta pelo título da categoria, que promete ser uma das mais equilibradas de todos os tempos.
E, no meio de todos eles, teremos 8 pilotos brasileiros, um recorde na categoria. Com exceção de 2 deles, Roberto Moreno e Marco Greco, todos os demais são candidatos a vitórias e até mesmo ao título da F-Indy.
Encabeçando a lista de nossos pretendentes ao título, Émerson Fittipaldi dispensa apresentações. Émerson terá nas mãos o eficiente conjunto Penske/Mercedes e toda a estrutura da Penske, o maior time da categoria. Oficialmente, Émerson corre na equipe Hogan-Penske, onde terá todo um esquema voltado para si, mas a equipe é uma “filial” da Penske, e o piloto brasileiro terá todo o apoio da fábrica para si, e toda a troca de informações técnicas com os pilotos e engenheiros da Penske “oficial”, Paul Tracy e Al Unser Jr.. Nos testes, o chassi Penske 96 parece ter sanado os defeitos apresentados pelo carro de 95, sendo que Paul Tracy conseguiu o maior número de voltas rápidas nos testes de Homestead há 2 semanas. O novo motor Mercedes também dá mostras de poder encarar o poderio dos Ford e Honda.
Logo depois de Émerson, Christian Fittipaldi é o mais cotado por dispor da excelente estrutura da equipe Newmann-Hass, o segundo melhor time da F-Indy, só perdendo para a Penske. Christian terá o eficiente chassi Lola T9600, sem falar na mais evoluída versão XD V-8 do motor Ford turbo. Nos testes feitos no oval de Texas World, o brasileiro atingiu a incrível marca de 377,72 km/h, recorde do circuito, que não faz parte do calendário da Indy. O time também costuma primar pela fiabilidade mecânica, e os testes mostraram poucos problemas técnicos, o que só aumenta as expectativas de Christian.
Raul Boesel vem a seguir, defendo a equipe Brahma Sports Team, antiga Green, campeã de 95 com Jacques Villeneuve. Boesel vem impressionando a equipe com sua rapidez e profissionalismo, e a equipe também impressionou Raul pela sua eficiência. Boesel terá o bom chassi Reynard aliado ao motor Ford XD última série. Com talento e competência de sobra nas mãos, a equipe tem tudo para entrar firme na briga pelo título.
Gil de Ferran também está no páreo: piloto exclusivo da Hall Racing, Gil terá como equipamento o poderoso motor Honda turbo, o mais potente da categoria, impulsionando o seu chassi Reynard. Gil foi o “estreante do ano” em 95, e agora que já não é mais um “calouro” na categoria, a meta é disputar o título. Para ajudar, a Hall tem uma equipe muito competente e seu proprietário, Jim Hall, não é de ser desprezado. Os testes foram animadores e que ninguém duvide que as metas traçadas por Gil e pela equipe sejam mais do que possíveis.
André Ribeiro é o brasileiro que, a nível técnico, é o mais favorecido. Tem nas mãos o poderoso motor Honda, os pneus Firestone, que mostraram ligeira superioridade sobre os Goodyear; e o eficaz chassi Lola T9600. Em 95, os objetivos da Tasman era ganhar experiência, e com sorte, ganhar uma corrida. Estes objetivos foram atingidos e agora em 96, eles querem o título. Pelo suporte técnico que possuem, a Tasman não está sonhando alto demais.
Maurício Gugelmim completa a lista de brasileiros favoritos. Liderando a equipe PacWest, Gugelmim elevou o nível da escuderia em 95 com seus desempenhos na pista. A temporada foi muito irregular, mas a PacWest aprendeu muito com isso. Para 96, as condições são ainda melhores, devido ao maior investimento na equipe. Maurício corre com o chassi Reynard e o motor Ford XD versão 95. Apesar de ser uma versão mais antiga do motor Ford, Gugelmim aposta na sua confiabilidade para desafiar a nova versão mais potente.
Todos os pilotos brasileiros mencionados dão mostras de estarem em igualdade de condições, apesar de um indício ou outro de alguma primazia técnica. Talento não lhes falta, e com a sorte e a estrutura de seus times, irão disputar o título, com toda a certeza.
Já os dois últimos brasileiros, Marco Greco e Roberto Moreno, deverão ficar de fora da briga pela falta de suporte técnico de suas escuderias atuais. Greco correrá pela Scandia, antiga Dick Simon, que costuma ficar apenas disputando posições no pelotão intermediário. Já a Payton-Coyne, equipe de Moreno, em 95 frequentou sempre as últimas posições do grid e não deve melhorar muito este ano. Ambos irão correr com carros Lola/Ford de série. Devem marcar pontos apenas.
Bem, todas as apostas na mão, é esperar pelo resultado, assim que for dada a bandeira verde aos corredores e for dada a largada de mais um campeonato da F-Indy. É hora de torcer por nossos pilotos e que vença o melhor.



A Forti Corse finalmente definiu seus pilotos para a temporada 96 da F-1: serão os italianos Andrea Montermini e Luca Badoer. A Forti até agora não fez praticamente nenhum teste e só vai estrear o novo carro possivelmente em San Marino. Até lá, vai usar o modelo 95 adaptado ao novo regulamento e ao motor Ford Zetec-R V-8 da Ford.


 

O Brasil vai ter um número recorde de pilotos também no campeonato da Indy Lights deste ano. Vão disputar a temporada de 96 os pilotos Hélio Castro Neves, José Córdova, Gualter Salles Júnior, Tony Kanaan, Felipe Giaffone, e Zequinha Giaffone. O caso dos irmãos Giaffone é o mais curioso: com pouco patrocínio, eles vão se revezar nas corridas durante a temporada. Em Miami, Felipe corre; já em Long Beach, vai ser a vez de Zequinha, e assim por diante.



Mika Hakkinem fez o melhor tempo nos testes da F-1 no circuito de Estoril semana passada. Mika cravou o excelente tempo de 1min19s65, à frente da Williams, Benetton e Jordan, e a McLaren-Mercedes mostra que tem potencial para o mundial deste ano. A fiabilidade, entretanto, ainda não é lá essas coisas: cerca de 6 motores da Mercedes quebraram durante os testes...

Nenhum comentário: