Depois de disputar suas primeiras provas na F-E, na rodada dupla de Berlim, pela Mahindra, Felipe Drugovich enfim vai se tornar titular na competição na próxima temporada, pela equipe Andretti.
E saiu a confirmação:
Felipe Drugovich está na Formula-E. O piloto brasileiro foi anunciado
oficialmente como um dos titulares do time da Andretti para a próxima temporada
da competição, que começa no primeiro final de semana de dezembro, aqui mesmo
em São Paulo. Drugovich se juntará a Lucas Di Grassi como representante do
Brasil no grid, e enfim, dá um passo definitivo para retomar sua carreira de
piloto profissional, que muitos viam com o risco de estagnar, se continuasse
exercendo o papel de piloto de testes e reserva da Aston Martin na F-1. Felipe
corria o risco de ficar empacado, da mesma maneira como Pietro Fittipaldi ficou
anos ligado à equipe Haas, para nunca ser efetivado como titular, tendo disputado
apenas as duas últimas corridas da temporada de 2020 no lugar do acidentado
Romain Grosejan, e só.
Depois de anos, Pietro retomou de fato a carreira, no ano passado, indo para a Indycar, onde não conseguiu boas apresentações com uma equipe problemática como a Rahal/Leterman/Lanigan, resultando em sua dispensa para este ano, e migrando para outra competição. Mas Pietro poderia ter aproveitado oportunidades melhores durante estes anos em que ficou atrelado ao time de Gene Haas onde nunca teve uma chance de fato de virar titular, diante da postura da escuderia, que chegou a escolher pilotos unicamente por patrocínio e não por talento, ao nem apostar “na prata da casa”. Drugovich corria o risco de seguir o mesmo rumo, pois após conquistar o título da F-2 em 2022, literalmente ficou “preso” à Aston Martin, confiando em assumir uma vaga de titular que nunca se materializou, e nem iria surgir. Lance Stroll, filho do dono da escuderia, parece garantido até o final dos tempos na equipe, e Fernando Alonso, claro, não seria alguém que se poderia dispensar. E com o time visando a chance de tentar contratar Max Verstappen, talvez em 2027, quaisquer esperanças do brasileiro virariam fumaça, mesmo na mais otimista das perspectivas.
Lógico de Drugovich não ficou exatamente parado, e disputou algumas corridas no WEC e no ELMS, mas corridas pontuais, não o campeonato inteiro, e isso não levaria a lugar nenhum sem um compromisso mais sério e duradouro. O brasileiro chegou a fazer testes na Formula-E e até na Indycar, e impressionou, mas as portas não se abriram, até porque Felipe ainda se mantinha fiel ao sonho de enfim adentrar a F-1. Mas o tempo foi passando, e as oportunidades não surgiam. Pior, ainda viu um compatriota, Gabriel Bortoleto, agarrar uma oportunidade talvez ruim a princípio, mas com a recompensa de virar titular, na Sauber, no último ano do time, antes de sua transformação na equipe oficial da Audi na F-1. Tudo apontava que a temporada de Gabriel poderia ser o ocaso de sua carreira de piloto, e não sua ascensão, já que a Sauber começou o ano como pior time da competição. Mas a equipe evoluiu, e Bortoleto, antes a caminho de uma possível crucificação por parte de torcedores impacientes e ignorantes de sua situação contratual, agora é um dos destaques da temporada, e com vislumbres bem mais positivos do que se poderá esperar dele para o próximo ano.
E Drugovich? Parecia
cada vez mais atado à Aston Martin, e sem saber para onde ir. Mas novamente a
F-E ofereceu uma oportunidade, quando na rodada dupla de Berlim o brasileiro
ocupou o carro de Nyck De Vries, comprometido no mesmo fim de semana com a
etapa das 6 Horas de São Paulo no WEC, e conseguiu dar o seu recado, obtendo um
resultado sólido na segunda prova do fim de semana na capital alemã, e
reforçando as excelentes impressões que todos já tinham dele quando participou
de testes com a Maserati. Tendo até então participado apenas de testes,
Drugovich pode enfim sentir como é a competição na categoria dos carros
monopostos totalmente elétricos. Ele não conseguiu obter um bom resultado na
primeira corrida em Berlin, até porque seu carro carregava uma punição, e
depois na corrida também teve seus percalços que dificultaram uma recuperação
efetiva, em uma prova já complicada pela chuva que havia caído no dia, e tornado
a corrida bem mais difícil do que seria inicialmente. Fora outro detalhe
crucial: Felipe havia testado com os carros Gen3 originais, enquanto agora
precisou lidar com o modelo Gen3 EVO, que possuía diferenças significativas,
como o sistema de tração integral, que potencializa o Modo Ataque, além do
recurso do pit boost, que exigiam uma abordagem nova em relação à condução do
carro.
Por estes detalhes é que Drugovich impressionou mais. Até mesmo Sergio Sette Câmara, que substituiu Norman Nato na Nissan, e que teoricamente conhecia o modelo Gen3EVO por ser piloto reserva e de testes do time japonês, deu azar e mesmo fazendo uma performance consistente, acabou não sendo levado em conta pela escuderia, que preferiu manter Nato por mais uma temporada, mesmo diante da falta de resultados apresentada neste ano. Por menos, a Nissan dispensou Sacha Fenestraz no ano passado. Se Câmara deu azar neste quesito, Drugovich pelo menos não desperdiçou a chance que se apresentou: com a saída de Nico Muller provavelmente para a Porsche, no lugar de Antônio Felix da Costa, apesar da temporada errática do piloto, abriu-se uma vaga interessante, e a Andretti, que já tinha estado de olho no brasileiro desde os testes com a Maserati, e reforçado sua impressão com a performance de Felipe em Tempelhoff, bateu o martelo, fechando sua dupla de pilotos para a próxima temporada.
Felipe chega a um time que, apesar dos percalços enfrentados, possui um equipamento competitivo, usando trens de força da Porsche, um dos melhores do grid da F-E. O time também já foi campeão de pilotos com Jake Dennis, quando a escuderia fez um trabalho melhor do que o da própria Porsche, dois anos atrás. É verdade que desde então a Andretti decaiu de performance, mas o time oferece boas oportunidades de competição, e para a nova era do carro Gen4, a Andretti já firmou parceria com a Nissan, deixando de ser cliente da Porsche. Isso não significa que Drugovich vá chegar disputando vitórias e o título na competição, mas tampouco significará brigar por maus resultados. O equipamento é competitivo, bastando à Andretti saber trabalhar melhor, como ela mesma já fez quando Jake Dennis foi campeão, desbancando a própria Porsche, no mesmo ano onde a Envision, time cliente da Jaguar, também desbancou o próprio time de fábrica e quase foi campeã de pilotos. Se a Andretti voltar a fazer um bom trabalho, terá sim condições de brigar por vitórias, e quem sabe, novamente o título. E Felipe, caso isso aconteça, precisa estar preparado para capitalizar o momento. Mas a tarefa não será fácil.
Nos testes feitos pela Maserati, Drugovich impressionou, chamando a atenção das equipes, conquistando excelentes tempos.
Como bem observou a
imprensa especializada, nos últimos anos a Andretti tem sido território marcado
por Jake Dennis, até hoje o único piloto a ser campeão pelo time. E o inglês
não deixa isso ser à toa: todos os seus companheiros de equipe, desde que se
tornou titular da Andretti, não duraram mais do que uma temporada no embate com
Jake, que sempre superou amplamente seus colegas de time, o que obviamente se
refletiu no campeonato de equipes, já que a pontuação da dupla era
desbalanceada, de modo não tão radical quando o que acontece na Red Bull entre
Max Verstappen e seus companheiros de time, mas na mesma toada. Drugovich terá
um companheiro de equipe duríssimo, e precisará garantir o seu espaço, e
mostrar que estará pronto para o desafio. O acordo, como vem sendo anunciado de
praxe nos contratos de pilotos nos meios automobilísticos, é “plurianual”,
podendo ser tanto renovado quanto não. Caberá unicamente a Felipe se mostrar
páreo para Dennis, ou no mínimo, garantir resultados próximos, a fim de fincar
sua permanência no time, o que já seria um grande feito. E, se conseguir andar
à frente, melhor ainda, pois mostrará de fato o seu talento e capacidade.
O desafio não será fácil. Dennis conhece o time como ninguém, e todo mundo já sabe do que ele é capaz, e pode produzir na pista. Mas não impossível: na corrida em que pontou em Berlim, Drugovich conseguiu chegar à frente de Edoardo Mortara, piloto titular da Mahindra, e o suíço já chegou a disputar um título na F-E. Ou seja: Felipe tem condições de andar bem, e até de surpreender, só falta combinar com os concorrentes, e claro, com Jake Dennis, mas se conseguir promover bons resultados, já terá dado meio passo para se garantir por mais uma temporada, e por tabela, começar a construir uma carreira sólida no certame de carros monopostos totalmente elétricos.
A Andretti já foi campeã de pilotos na F-E, com o inglês Jake Dennis, que deixou todos os companheiros de equipe na sobra. Drugovich vai precisar dar duro para não ser o próximo da lista.
Felipe demonstrou
maturidade ao mudar de foco. Não que o desejo da F-1 tenha sido errado, mas não
se pode deixar de considerar outras categorias. Ficar parado é o pior que pode
acontecer com um piloto, pois ele vai perdendo a visibilidade, e boas
oportunidades não surgem sempre. Drugovich soube evitar a armadilha em que
Pietro Fittipaldi caiu, ficando tanto tempo vinculado a uma equipe de F-1 sem
perspectivas reais de um futuro promissor. É verdade que, nestes dois anos,
Felipe pode ter desprezado outras oportunidades viáveis, mas ao menos, não
deixou que a coisa se estendesse por mais tempo. Uma porta potencial se abriu
na F-E, e ele não titubeou desta vez. Cabe a ele agora fazer o melhor trabalho
possível, que já começa praticamente daqui a um mês, quando a F-E iniciará os
testes da pré-temporada, na Europa. Drugovich tem contrato com a Aston Martin
até o fim do ano, e certamente acompanhará o time nas etapas da F-1 que não conflitarem
com os compromissos da F-E. Sobre ainda continuar vinculado ao time inglês em
2026, isso ainda será definido. Felipe diz que o foco agora não será mais na
F-1, mas isso não significa fechar as portas para a categoria máxima do
automobilismo. Se eles ainda acharem proveitoso contar com os trabalhos do
brasileiro, mesmo com seu novo compromisso na F-E, Drugovich ainda poderá estar
presente nos paddocks da F-1 quando for possível. Se futuramente o bom trabalho
eventualmente apresentado na F-E lhe abrir alguma porta na F-1, ele poderá até
aceitar, a depender do tipo de oportunidade. Caso não, ele estará trilhando sua
carreira em uma categoria que, por mais que muitos chiem, já não é mais vista
como algo excêntrico, mas um campeonato estável, com muitas fábricas envolvidas,
e que sempre apresenta boas disputas, até melhores do que as da F-1 na pista, e
segue se desenvolvendo sempre e mais.
Só posso desejar boa sorte a Felipe em seu novo passo na carreira. E que possa colher bons frutos de sua nova escolha. Os brasileiros, por sua vez, terão mais um motivo para continuar torcendo no certame, como já fazem desde a primeira temporada, onde sempre tivemos um representante firme no grid, e onde já fomos duas vezes campeões. Resta esperar para ver se Drugovich dará prosseguimento a esta história, e se inscreverá seu nome com respeito na Formula-E...
Max Verstappen deu outro show em Baku, e com a segunda vitória consecutiva no ano, o tetracampeão holandês já começa a assombrar a McLaren, que embora não corra riscos no que tange ao campeonato de construtores, pode começar a sentir arrepios com a possibilidade do piloto da Red Bull complicar uma situação que, até poucas semanas atrás, eram favas contadas, bastando apenas correr para o abraço, mais cedo ou mais tarde. A diferença de pontos de Verstappen ainda é considerável, mas já foram duas etapas onde a McLaren não saiu como se esperava, e no Azerbaijão, teve o seu pior momento na temporada, com um desempenho apenas mediano de Lando Norris, e um desastre completo para Oscar Piastri, que enfrentou seu primeiro abandono na temporada, e por erro próprio, ao bater logo na primeira volta da corrida, e só não se prejudicando ainda mais porque o colega de equipe perdeu uma chance de ouro de pulverizar a desvantagem que possuía, diante do resultado morno obtido. E fica a pergunta: a Red Bull conseguiu realmente melhorar o seu carro a este nível, como se presume, ou as pistas de Monza e Baku apenas foram favoráveis ao carro, bastando a Verstappen fazer o que sempre sabe? A resposta poderá ser comprovada na semana que vem, em Singapura… Ou talvez não…
A McLaren teve um fim de semana para esquecer no Azerbaijão: viu seus pilotos baterem nos treinos, e ainda viu Piastri, o líder do campeonato, fazer uma largada pífia, e tentando recuperar terreno ainda na primeira volta, bateu sozinho. O time tinha tudo para fechar matematicamente a conta do título de construtores em Baku, o que deve acontecer agora em Singapura, pelo menos, se eles não se enrolarem de novo sozinhos. Piastri, que até aqui vinha fazendo uma excelente temporada, teria sentido a pressão em Baku? Ele deu sorte de Norris não ter capitalizado como poderia o seu abandono, mas agora a pressão por um bom resultado em Marina Bay torna-se cada vez mais crucial para o time inglês retomar as rédeas da competição, que vinha controlando com notável eficiência em 2025…
Se a corrida em Baku não foi das mais emocionantes, os treinos foram bem mais agitados, com muitos pilotos se desentendendo com os muros do circuito, algo corriqueiro em pistas de rua, com direito até a um incidente inusitado: uma maçã caiu de uma das árvores nas ruas bem no carro de Lance Stroll, em momento que acabou flagrado pelas câmeras on-board. Ouvi muitas críticas a respeito da pista de Baku, mas para mim, a grande maioria é completamente descabida. Se os pilotos sofreram muitos percalços com os muros e a sujeira da pista, o problema é deles, por não serem cuidadosos como se exige em pistas urbanas, onde os guard-rails estão muito próximos, e são raros os espaços onde os pilotos podem errar sem baterem. A pista de Baku é bem interessante, e para uma pista de rua, tem boa largura, e o maior trecho de reta do calendário, com quase 2 Km de extensão onde os pilotos pisam fundo no acelerador. O único trecho mais complicado é junto ao castelinho, por onde a pista passa em um local bem estreito, que exige mais cuidados do que o restante do traçado, mas nada tão comprometedor assim, desde que os pilotos saibam encarar os limites do trecho. Já vi circuitos realmente muito mais complicados, mas Baku tem seus méritos, não sendo exatamente um circuito “condenável” só porque os pilotos acabaram se complicando e batendo mais do que o normal. E, convenhamos, a corrida té que foi bem sossegada, pois tivemos apenas uma intervenção do Safety Car, e logo na primeira volta, com a barbeiragem de Oscar Piastri, e depois disso, nada de mais relevante aconteceu, tanto que a corrida foi até meio sem graça no seu restante..
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