Álex Palou comemora a conquista do tetracampeonato na Indycar, com o 3º lugar na etapa de Portland. Piloto da Ganassi praticamente esnobou todos os rivais na pista este ano, sem dar chance a ninguém.
OBS: Devido a problemas variados, duas colunas regulares ficaram sem ser publicadas no mês de agosto. Eis que faço aqui a publicação da primeira delas, esta, que deveria ter sido publicada no dia 15 de agosto de 2025, e que agora está disponível para todos. Boa leitura...
E aconteceu o que todo mundo já esperava: Álex Palou conquistou o título da temporada 2025 da Indycar, fechando a disputa na etapa de Portland. Não foi nem preciso que o espanhol vencesse mais uma corrida, bastou um terceiro lugar para fechar a fatura e correr para o abraço, até porque o único piloto que ainda poderia apenas postergar a liquidação da conta, Patrício O’Ward, da McLaren, ficou pelo caminho logo de cara, entregando o ouro mais fácil do que se esperava. Mas isso não era problema para o piloto da equipe Chip Ganassi que após o pódio foi correr para a foto do troféu de campeão, e deixando os rivais chupando o dedo. Eles que façam melhor no próximo ano, se não quiserem tomar outra lavada de Palou. O recado foi bem dado nesta temporada, e ninguém foi pego de supresa.
Aliás, foi um ano onde muitos pilotos bateram cabeça, com desempenhos sofríveis, azares a rodo, problemas inesperados, e todo tipo de confusão onde vários nomes potenciais acabaram simplesmente se enrolando e vendo o espanhol pedir passagem para levar o título com a campanha mais dominante dos últimos tempos na Indycar. Foram nada menos que oito vitórias de Álex Palou na competição, e por incrível que pareça, até a prova de Road America, a nona etapa, apenas Palou e Kyle Kirkwood, da Andretti, haviam vencido corridas no ano. Kirkwood, contudo, não conseguia ser ameaça para Palou, por ter uma campanha mais irregular, se comparada com o piloto da Ganassi. Felizmente, a partir dali, os vencedores começaram a aumentar, o que não se traduziu numa melhoria na disputa, já que os pilotos a vencerem não conseguiam alcançar o espanhol, apenas ficarem menos longe na tabela de classificação, o que era muito pouco diante do necessário para vermos a competição ficar mais acirrada.
Como desgraça pouca é bobagem, Palou já começou o ano na liderança, vencendo logo no início, em São Petesburgo, e de lá não mais saiu. Muito pelo contrário: até as 500 Milhas de Indianápolis, já eram 5 vitórias em 6 etapas, além de um segundo lugar em Long Beach, numa das campanhas mais arrasadoras de um piloto na primeira parte da temporada de que há memória. A etapa seguinte, em Detroit, onde Palou ficou pelo caminho, tendo seu primeiro revés na temporada, deu um certo alento à disputa, mas foi mero fogo de palha: na corrida seguinte, em Gateway, Álex até deu esperanças de que a disputa poderia vir a ficar mais equilibrada, mas em Road America veio nova vitória do tricampeão, que por pouco não venceu também em Mid-Ohio, voltando a largar brasa nos olhos dos rivais. Novo triunfo numa das provas da rodada dupla de Iowa, e mais um triunfo em Laguna Seca sacramentaram o domínio demonstrado por Palou, que já podia correr para fechar a conta do título em Portland, dependendo do que os rivais conseguissem. E claro, eles não conseguiram, e deu no que deu...
A trajetória de Álex Palou na Indycar é ímpar até o presente momento. Com 96 corridas disputadas desde sua estréia na competição, na temporada de 2020, ele já acumula 19 vitórias, 42 vitórias e 11 pole-positions, além de quatro títulos na categoria, o que já o coloca entre os gigantes da história nas categorias Indy, perdendo unicamente, nos dias atuais, entre os atuais pilotos do grid, apenas para Scott Dixon, que tem seis títulos, e é o piloto com mais vitórias no grid, além de ser companheiro de equipe do próprio Palou na equipe Chip Ganassi. Dixon, aliás, era o “rei” na escuderia, até a chegada do piloto espanhol, que desde que passou a defender a escuderia, conseguiu colocar até mesmo o neozelandês na sombra de seu desempenho. Dixon, aliás, não faz exatamente uma temporada ruim, mas enquanto Palou já venceu oito provas no ano, Scott venceu apenas uma corrida, e isso diante de um erro do espanhol, em Mid-Ohio, onde ambos até chegaram a travar um duelo pela vitória, que ficou com o neozelandês, que vai ter de esperar mais um ano, se quiser tentar a façanha de igualar o recorde de títulos em categorias Indy, que é de A. J. Foyt, com seus sete títulos. O problema é que Palou tem outras idéias, e no andar da carruagem atual, as chances do piloto espanhol chegar lá parecem até maiores do que as do próprio Scott Dixon.
Álex Palou estreou na Indycar na temporada de 2020, pela equipe Dale Coyne, por onde havia feito um teste no ano anterior, quando disputou as categorias Super Formula e Super GT no Japão, obtendo resultados modestos. Ele fez uma temporada bem razoável com a Dale Coyne, terminando seu ano de estréia na 16ª posição no campeonato, e chamando a atenção de Chip Ganassi, que buscava um piloto para conseguir fazer frente a Scott Dixon em seu time, de forma a reforçar sua escuderia, já que ninguém conseguia acompanhar o ritmo do neozelandês, que naquele ano enfileirou seu sexto e último título até então na competição. E o novato, recém-chegado em uma escuderia de ponta, não deixou por menos: foi campeão em 2021, em sua temporada inaugural na Ganassi, com 3 vitórias, 1 pole-position, e nada menos do que oito pódios, um deles após uma batalha épica contra Hélio Castro Neves nas 500 Milhas de Indianápolis, vencida pelo piloto brasileiro, que conquistava ali sua 4ª vitória na Brickyard Line, igualando-se aos demais recordistas de vitórias na Indy500, Al Unser, A. J. Foyt, e Rick Mears. Mas isso não tirou o brilho da conquista de Palou na competição, que chegava ao título já em sua segunda temporada completa na categoria de monopostos dos Estados Unidos. E tornando o piloto um alvo cobiçado pelos outros times.
E aí foi que Palou deu a maior derrapada de sua até então impecável carreira na Indycar: ele assinou para defender a McLaren em 2023, mas deixando a Ganassi, que tinha a preferência na manutenção do contrato, prometendo ir aos tribunais para fazer valer os seus direitos. Desnecessário dizer que essa disputa tirou a concentração do espanhol na temporada de 2022, de modo que Palou terminou o ano apenas em 5º lugar, vencendo apenas uma corrida, e sendo obrigado a cumprir com seu contrato com a Ganassi. Mas, a meio de 2023, eis que o espanhol, voltando à boa forma, declarou que não mais deixaria o time que defendia, o que deixou agora a McLaren prometendo ir aos tribunais pela quebra de contrato. Apesar dessa nova querela judicial, Palou conseguiu manter o controle da situação na pista, e conquistou o bicampeonato, e com uma campanha melhor do que a do primeiro título, com cinco vitórias, duas poles, e dez pódios. O sucesso dentro da pista, porém, corria o risco de ser queimado pelas atitudes do piloto fora da pista, tendo assinado contrato com um time, e voltado atrás no desejo de seu cumprimento, uma vez que a McLaren fizera grandes investimentos para preparar o time para a chegada do espanhol, além de ter adiantado parte do salário contratual. Isso poderia fazer de Palou um piloto sem palavra, que dava para trás nos compromissos firmados, dependendo de seu humor, o que poderia prejudicar sua reputação na hora de negociar uma mudança de time.
Na pista de Laguna Seca, Álex Palou foi impecável, e averbou a oitava vitória na temporada, uma marca que há muito tempo um piloto não conquistava em um único campeonato numa categoria Indy.
Não fosse a conquista
do bicampeonato, o clima poderia ficar mais pesado para o espanhol na Ganassi,
além da imagem do piloto na categoria. Mas como a mostrar que, apesar dos
pesares, estava tomando a decisão correta, a temporada de 2024 também seria de
consagração, com mais um título, com duas vitórias, três poles, e seis pódios,
coroando a consagração definitiva do piloto, que já caminhava para ser o grande
nome da competição nesta década da Indycar. Mas, claro, ninguém imaginava que
neste ano Palou iria literalmente arrebentar com a concorrência, que
praticamente incapaz de oferecer uma resistência adequada, simplesmente capitulou
perante o piloto e a boa forma da equipe de Chip Ganassi, que atingiram um
nível de sinergia raro entre time e piloto, para dominar a competição de modo
que não era visto desde os tempos da mesma Ganassi na antiga F-Indy, nos anos
1990, quando o italiano Alessandro Zanardi arrepiava a concorrência nas pistas
norte-americanas. E com direito a grande cereja do bolo: Palou também venceu as
500 Milhas de Indianápolis, a prova mais famosa do continente americano, e uma
das mais famosas corridas do mundo do automobilismo mundial. Praticamente Palou
ganhou tudo a que tinha direito em 2025.
Tudo isso já faz todos se perguntarem até onde Palou pode ir na Indycar. Contando com um time de primeira linha como a Ganassi, que conseguiu acertar nas estratégias de corrida como poucos times lograram tamanho sucesso nesta temporada, e onde mesmo onde não era um dos favoritos para vencer Álex foi lá e venceu, quando não terminou no pódio, difícil imaginar que ele não vai parar por aí, muito menos a Ganassi, o time mais bem-sucedido na última década na Indycar, deixando até mesmo a arquirrival Penske no chinelo. Ainda mais quando vemos como o time do “capitão” vem fazendo uma temporada quase medíocre, não fosse a vigorosa atuação de Will Power que deu à escuderia sua primeira, e talvez única vitória na atual temporada na pista mista de Portland, em um ano onde nada vinha dando certo para o trio de pilotos de Roger Penske, que amargou ver seu time ainda tendo problemas com peças consideradas irregulares em Indianápolis, que fez com que a principal cúpula diretiva do time, incluindo até mesmo Tim Cindric, braço-direito de Roger por muitos anos, fosse demitida para dar satisfação aos críticos de que a escuderia não estava jogando de forma desonesta na competição, num dos momentos mais constrangedores da história da Penske nas competições esportivas.
Claro que Palou já vira, desde já, o homem a ser batido na temporada de 2026, onde claramente irá em busca do pentacampeonato, um feito que, se atingido, deixará o espanhol em posição de destaque na história das categorias Indy, com tamanho número de títulos em tão pouco tempo de competição. Afinal, Palou chegou ao tetracampeonato em apenas seis temporadas disputadas, onde na qual a primeira ele não tinha um time competitivo por trás, a Dale Coyne, mas desde então, tendo perdido apenas uma temporada, em 2022, e muito por conta da confusão contratual em que se envolveu quando tentou firmar um acordo com a McLaren com a Ganassi ainda tendo prioridade na decisão de tal acordo. Desde então, Palou tem sido praticamente imbatível na Indycar. E virando alvo de cobiça e boatos dos mais variados.
Surgiram fofocas de
que o espanhol estaria sendo sondado pela Red Bull para ser o novo companheiro
de Max Verstappen na F-1 na próxima temporada, mas Palou e a Ganassi negaram
ter havido tal contato, e a grosso modo, não é difícil de avaliar que é muito
mais negócio para Palou seguir onde está, do que arriscar tudo o que conquistou
numa aventura sem garantias na F-1, ainda mais lembrando que em 2026 a
categoria máxima do automobilismo estréia um novo regulamento técnico, com
novas unidades de potência, e ninguém sabe ainda afirmar qual será a relação de
forças na competição. Isso para não mencionar que a Red Bull no momento é um
time que luta para se manter competitiva, uma vez que até mesmo Max Verstappen
vem tendo dificuldades para obter bons resultados, e seus companheiros de
equipe tem sofrido com o carro complicado que é a Red Bull no atual momento,
não havendo garantias de que a escuderia será mais competitiva no próximo ano,
quando também estréia um novo propulsor, agora desenvolvido pela própria Red
Bull em parceria com a Ford, que volta à F-1 após mais de vinte anos de
ausência. Palou não trocaria o certo, a garantia de ter um carro e um time
competitivo, em um certame onde ele pode efetivamente brigar pelo campeonato,
pela aventura de entrar na categoria máxima do automobilismo mundial, só pelo
prestígio que a F-1 tem, ainda mais em um momento onde a Red Bull precisa se
reafirmar, ainda que tenha sido desmentido ter tido tal interesse. Mas, claro,
talvez pela negativa que possa ter recebido do piloto em embarcar nessa
aventura, prefira a versão de que não houve contato algum neste sentido entre
as partes.
Bom, pior para o pessoal da Indycar, que vai continuar tendo que aturar Álex Palou, e o que mais ele for capaz de aprontar nas pistas da categoria nos próximos anos, onde tem tudo para continuar reinando. Os concorrentes que se virem para impedir isso, o problema é deles, se resolveram facilitar tanto as coisas. E Palou rumo ao penta em 2026 é um pesadelo que nada tem de improvável, a menos que tratem de arrumar suas casas e trabalhar duro para evitar que isso ocorra...
Will Power conseguiu impedir que a Penske passasse em branco completo na atual temporada da Indycar, ao finalmente vencer uma corrida, o que fez na pista de Portland, o que não serve muito de alento para aliviar a barra da péssima temporada que a equipe de Roger Penske vem fazendo este ano. O australiano, que é o melhor piloto da escuderia na classificação do campeonato, inclusive, vejam só, está sem contrato para o ano que vem, com a Penske ainda não resolvendo se irá manter o australiano no time, onde está desde 2009, ou se trará David Malukas, atualmente na Foyt, para o seu lugar na próxima temporada. Pode-se dizer que é um tremendo desrespeito para com Power, que inclusive foi o último campeão pela Penske, tendo faturado o bicampeonato em 2022. Will não fez uma boa defesa de seu título em 2023, é verdade, mas problemas de saúde de sua esposa o tiraram do foco da competição, e ele próprio admitiu que esse problema familiar prejudicou sua temporada naquele ano, mas no ano passado ele se recompôs na pista, terminando o ano em 4º lugar, perdendo por pouco a 3ª colocação no campeonato para o colega de time Scott McLaughlin, que terminou apenas 7 pontos à sua frente na classificação. É verdade que Power também teve alguns perrengues e desentendimentos com o neozelandês durante o ano passado, que deixou o ambiente meio turvo na Penske, mas a verdade é que neste ano o trio de pilotos da escuderia tem alternado mais baixos que altos, em especial Josef Newgarden, que até conseguiu andar forte em algumas provas, mas o azar baixou forte em cima dele, impedindo-o não apenas de vencer, mas de obter resultados mais promissores, e fazendo uma temporada medíocre, considerando o histórico da Penske em si. McLaughlin também não está lá essas coisas, reforçando o fato desta ser a pior temporada da equipe de Roger Penske nas categorias Indy de que há memória. Melhor sorte em 2026...
![]() |
Will Power enfim tirou a Penske da fila de espera por vitórias em 2025, com uma vitória irretocável na pista de Portland. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário