Já chegamos ao mês de outubro, e praticamente metade do segundo semestre de 2024 já se foi, e entramos na reta final do ano, seguimos firme com vários campeonatos do mundo da velocidade ocorrendo mundo afora, com várias disputas entre os seus pilotos e times. E, todo início de mês é hora de mais uma edição da Flying Laps, recapitulando alguns dos acontecimentos ocorridos neste mês de setembro, com menção especial à MotoGP, cujo campeonato segue pegando fogo, com comentários rápidos a respeito dos tópicos, como é de costume neste espaço. Uma boa leitura para todos, e até a próxima edição da Flying Laps, no início de novembro, seguindo firme no último trimestre do ano, com um relato de alguns dos acontecimentos deste mês de outubro, com muita água ainda prometendo rolar por baixo da ponte em se tratando de acontecimentos no mundo das corridas...
A MotoGP oficializou o seu calendário para a temporada de 2025. Serão 22 etapas, todas com corridas sprints, a exemplo do que tem sido feito desde o ano passado. Entre as confirmações, a etapa da Índia realmente não voltará a competição, pelo menos no próximo ano. Ameaçado, Portugal conseguiu se manter no calendário, mas ficará para o fim do ano, antecedendo a etapa final da competição, em Valência, otimizando o deslocamento do pessoal. Várias etapas tiveram suas datas alteradas, de forma a deixar o encaixe entre as corridas mais fluido e menos desgastante. Entre as novidades, a volta da etapa da República Tcheca, na pista de Brno, e a entrada, enfim da nova pista da Hungria na competição, no circuito de Balaton. Quem também retorna é a etapa da Argentina, que acabou cancelada este ano diante dos percalços junto ao novo governo, mas que está garantido no próximo ano. Confiram as datas e etapas da temporada 2025 da classe rainha do motociclismo: 02.03 – Tailândia (Circuito Internacional de Chang); 16.03 – Argentina (Termas de Río Hondo); 30.03 – Estados Unidos (Circuito das Américas); 13.04 – Qatar (Circuito Internacional de Lusail); 27.04 - Espanha (Circuito de Jerez de La Frontera); 11.05 – França (Le Mans); 25.05 - Grã-Bretanha (Circuito de Silverstone); 08.06 - Aragón (MotorLand Aragón); 22.06 – Itália (Autódromo Internacional de Mugello); 29.06 – Holanda (Circuito de Assen); 13.07 – Alemanha (Sachsenring); 20.07 - República Tcheca (Automotodrom Brno); 17.08 – Áustria (Red Bull Ring-Spielberg); 24.08 – Hungria (Circuito de Balaton Park); 07.09 – Catalunha (Circuito de Barcelona); 14.09 - San Marino e Riviera de Rimini (Circuito Mundial de Misano); 28.09 – Japão (Twin Ring Motegi); 05.10 – Indonésia (Circuito Internacional Pertamina Mandalika); 19.10 – Austrália (Circuito de Phillip Island); 26.10 – Malásia (Circuito Internacional de Sepang); 09.11 – Portugal (Autódromo Internacional do Algarve); 16.11 - Comunidade Valenciana (Circuito Ricardo Tormo).
A classe rainha do motociclismo também fechou o seu grid para a próxima temporada. Faltava apenas um lugar ainda vago, na Pramac, que já tinha acertado com Miguel Oliveira, e agora fechou sua dupla titular com o australiano Jack Miller, ex-KTM, que assim, se manteve no grid da MotoGP para 2025. Quem dá adeus ao grid é Takaaki Nakagami, que vinha defendendo a equipe LCR, satélite da Honda nos últimos anos. O time continuará com Johaan Zarco, mas para o lugar do japonês terá a estréia do tailandês Somkiat Chantra. Nakagami ficará como piloto de testes da escuderia. Já Chantra vem de uma carreira até demasiado longa da Moto2, onde já disputou seis temporadas, sem exibir grande destaque na competição. Quem também fechou sua formação para o próximo ano é a Gresini, que terá a estréia de Fermín Aldeguer. A Trackhouse também definiu seus pilotos, e além de continuar com Raul Fernandez, terá a estréia do japonês Ai Ogura, depois de 4 temporadas disputando a Moto2, onde é o líder do campeonato no presente momento, mantendo a presença de um piloto japonês no grid da competição. Entre as novas formações do grid, destaque para a Tech3, time satélite da KTM, que contará com dois pilotos que já venceram corridas, e estiveram em times de fábrica oficiais: Maverick Vinalez, que já defendeu Suzuki, Yamaha, e Aprilia; e Enea Bastianini, que correu os dois últimos anos no time oficial da Ducati. Yamaha e Honda mantiveram suas atuais duplas para a próxima temporada.
E a MotoGP segue assistindo ao duelo entre Jorge Martin e Francesco Bagnaia. Na segunda prova realizada em Misano, Bagnaia levou a melhor na corrida Sprint, enquanto o espanhol da Pramac ficou em 2º lugar. Enea Bastianini fechou com o 3º lugar, enquanto Marc Márquez foi o 4º colocado. Já na corrida principal, Bagnaia infelizmente sofreu uma queda a poucas voltas do final, e abandonou a prova, oferecendo a Martin a chance de deslanchar ainda mais na liderança do campeonato da classe rainha. Mas o piloto da Pramac viu seu triunfo ser arrancado no final da prova com uma ultrapassagem agressiva de Bastianini, que com isso garantiu mais um triunfo para o time de fábrica da marca italiana, que aliás, foi a 100ª vitória da Ducati na MotoGP, o que deu um significado todo especial por ter sido conquistada em uma pista italiana, e ainda por cima, com um piloto italiano, e com o time oficial de fábrica, algo que não teria o mesmo efeito se tivesse vindo por um de seus times satélites. Mas, diante deste momento de festa, Jorge Martin disparou contra Bastianini, uma vez que na ultrapassagem, o italiano do time oficial acabou se encontrando com Martin, que tentou retomar a trajetória quando Enea já havia ocupado espaço. O encontro de ambos acabou fazendo com que Martin fosse para fora da pista, como tentativa de evitar de cair. Com isso, Jorge terminou em 2º lugar, e o pódio foi completado por Marc Márquez, da Gresini, em mais uma excelente corrida da “Formiga Atômica”. Mas Martin disparou também contra a MotoGP, por ter deixado a ultrapassagem sem uma punição, que na opinião dele foi forçada demais. Mas a direção de prova tratou como simples incidente de corrida. Martin abriu uma brecha, e Enea, que vinha embutido na traseira do espanhol, simplesmente entrou por dentro. Martin tentou fechar a porta, e aí ambos se tocaram, no que o piloto da Pramac precisou abrir a trajetória e sair da pista para não cair, enquanto Bastianini seguiu firme para vencer a corrida. A decisão foi correta, a meu ver. Curiosamente, um dos que apoiaram a visão de Jorge Martin foi justamente Marc Márquez, que cansou de fazer ultrapassagens neste mesmo estilo, atirando-se contra os oponentes, e forçando-os a sair da frente para evitar uma colisão. De qualquer forma, com o resultado da segunda etapa em Misano, Jorge Martin abriu nada menos que 24 pontos para Francesco Bagnaia na disputa pelo título, em um momento onde o bicampeão não pode se dar ao luxo de jogar resultados fora como ocorreu nesta prova. Ele tinha tudo para fechar o pódio, mas a queda, segundo ele, foi estranha, por não ter feito nada de anormal na pilotagem.
Curiosamente, sobre a performance de Francesco Bagnaia na segunda prova em Misano, a meio da corrida seu desempenho caiu estranhamente, para depois ele recuperar o ritmo, mas meio que já sem chances de alcançar Jorge Martin, ou mesmo Enea Bastianini. A Michelin, fornecedora dos pneus, também não conseguiu achar algo que justificasse a queda de rendimento do italiano, que estranhou o comportamento dos pneus de sua moto em determinado momento da corrida. Não é a primeira vez que algo assim acontece, mas Bagnaia preferiu apenas apontar que as coisas ficaram estranhas, precisando ser estudada a situação. Já Jorge Martin, quando passou por situação parecida no ano passado, saiu acusando a fabricante de pneus de jogar a favor do time de fábrica da Ducati, insinuando que a fornecedora de pneus esta tomando partido de Bagnaia na disputa pelo título. Nada de estranho foi encontrado na época, e a própria fabricante alegou que podem haver situações estranhas de vez em quando na performance dos pneus, a depender do ajuste da moto, e das condições de pista e de corrida, algo que pode ter acontecido desta vez com Bagnaia. Mas o italiano preferiu não polemizar sobre o assunto, preferindo tocar a vida a seguir.
Mas, nada como uma no cravo, outra na ferradura. E na chegada da MotoGP à Ásia, no GP da Indonésia, eis que foi Jorge Martin a errar feio logo na primeira volta da prova Sprint na pista de Mandalika. O espanhol da Pramac começou o fim de semana disposto a mandar ver para abrir ainda mais na liderança do campeonato, e para isso, marcou a pole-position na etapa, com um novo tempo recorde para a pista. Francesco Bagnaia parecia incapaz de fazer frente ao rival, mas fez uma boa largada, e já se posicionou logo atrás de Martin na briga pela liderança da corrida, até que o piloto da Pramac caiu sozinho na curva 16. Ele ainda deu sorte, e conseguiu voltar à prova, ainda que em último lugar, mas perdeu a chance de controlar a vantagem para o bicampeão, que venceu a corrida curta, e reduziu pela metade sua desvantagem na pontuação. Enea Bastianini fechou a dobradinha do time oficial da Ducati, enquanto Marc Márquez fez mais uma vez uma boa prova, largando a meio do grid, para terminar em 3º lugar. Na corrida principal, contudo, os ventos foram mais favoráveis a Jorge Martin, que largou na frente, e desta vez por lá ficou. Bagnaia fez uma largada ruim e precisou recuperar terreno com um desempenho que não era dos melhores. E pelo menos, conseguiu minimizar o prejuízo, com o 3º lugar do pódio, o que fez com que sua desvantagem aumentasse para 21 pontos. Pedro Acosta, depois de várias corridas com resultados ruins, voltou ao pódio com uma bela 2º colocação. E desta vez, quem caiu sozinho durante a corrida foi Enea Bastianini, que ainda tentava uma aproximação à dupla de postulantes ao título. A corrida da Indonésia, aliás, foi uma prova de sobrevivência, onde apenas 12 pilotos receberam a bandeirada. Logo na largada, quatro competidores ficaram fora da prova numa carambola, e durante a corrida, mais alguns pilotos ficaram pelo meio do caminho. Marc Márquez, por exemplo, viu sua Ducati pegar fogo, e teve de abandonar a corrida vendo o clima esquentar feio para o seu lado. A próxima corrida da MotoGP é no dia 6 de outubro, com a etapa do Japão, na pista de Motegi, e seguiremos vendo os próximos rounds do duelo na briga pelo título da temporada entre Jorge Martin e Francesco Bagnaia. Erros de um lado e de outro, vencerá quem conseguir errar menos. E o páreo está complicado, e sem favoritismo de nenhum dos lados. E A Ducati também já avisa: não irá interferir na luta, de modo a favorecer seu time de fábrica, de modo que a Pramac e Jorge Martin lutarão com as mesmas armas que Francesco Bagnaia no time oficial da Ducati. O que pode favorecer Bagnaia é o fato de ter um companheiro de time, Enea Bastianini, que está andando muito mais forte do que o companheiro de Martin na Pramac, o ítalo-brasileiro Franco Morbidelli, que apesar de estar crescendo de produção nas provas mais recentes, não tem conseguido ficar próximo de Jorge para poder ajuda-lo na pista. Por outro lado, o papel de Bastianini pode ser relativizado, já que ele está de saída da Ducati, e portanto, pode não ser tão suscetível a auxiliar Bagnaia numa eventual briga pelo título com Martin. Em outras palavras, o duelo deve continuar sendo homem a homem, entre Martin e Bagnaia. E que vença o melhor...
Na Formula-E, a equipe ABT fechou a contratação de Zane Maloney para ser o companheiro do brasileiro Lucas Di Grassi na próxima temporada da categoria de carros monopostos 100% elétricos. Maloney entra no lugar de Nico Muller, que foi para o time da Andretti. Agora, resta apenas a ERT que ainda não confirmou sua dupla titular para o próximo campeonato, mas há boas chances de manter seus pilotos das últimas duas temporadas, Dan Ticktum, e o brasileiro Sergio Sette Câmara, ainda mais agora que o time chinês firmou acordo para receber os trens de força da Porsche, ainda que em versão mais antiga do que a que será utilizada pela Andretti e pelo time oficial da marca. Mesmo assim, os equipamentos defasados da marca alemã deverão proporcionar mais competitividade do que o trem de força usado pela equipe nos últimos anos, que foi um dos mais fracos e ineficientes do grid da competição. Curiosamente, a Porsche já tinha se manifestado pela recusa em fornecer seu trem de força a mais de dois times na competição, quando a ABT tentou negociar o uso do equipamento da marca alemã. A Porsche aparentemente voltou atrás, mas mesmo assim, apenas para fornecer uma versão anterior de seu trem de força, provavelmente a usada para fazer Pascal Wehrlein ser campeão este ano, o que não deixa de ser um equipamento a ser desprezado.
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