Trazendo novamente mais uma de minhas antigas colunas, esta foi publicada no dia 16 de junho de 2.000, e o assunto era o Grande Prêmio do Canadá, que se realizava naquele final de semana, assunto do texto principal da coluna, que dissertava um pouco sobre a história da F-1 no Canadá, onde a categoria sempre desfrutou de muita popularidade, até hoje, graças em parte a seu grande “mito” da velocidade, o saudoso Gilles Villeneuve, que inclusive dá nome ao circuito da Ilha de Notre Dame, em Montreal, palco da corrida desde fins dos anos 1970. De resto, alguns tópicos rápidos de outros acontecimentos naquele momento no mundo da velocidade. Uma boa leitura a todos, e curtam o texto...
A F-1 NO CANADÁ
A Fórmula 1 dá uma pequena pausa nas corridas na Europa e vem para a América do Norte, para a disputa do muito aguardado Grande Prêmio do Canadá, um dos países que mais abraçam o seu GP durante todo o calendário. Durante a semana da corrida, a cidade de Montreal se volta para a corrida, e oferece muitos atrativos para os turistas que vêm de fora para assistir ao GP. E são atrativos para fazer um passeio muito bom e capitalizar com a viagem.
Diferente dos Estados Unidos, o GP canadense sempre atraiu mais atenções da população do que a prova americana em relação aos estadunidenses. Isso se acentuou ainda mais nos últimos anos, quando os EUA ficaram praticamente sem corrida no calendário, enquanto os canadenses, desde que estrearam na F-1, ainda nos anos 1960, ficaram sem corrida em apenas duas oportunidades.
O primeiro GP foi disputado em 1967, no circuito do Mosport International Raceway, pista de aproximadamente 4 km de extensão, em Bowmanville, Estado de Ontário. Traçado de curvas suaves e com apenas uma curva em cotovelo mais apertada, a pista permitia aos carros atingirem altas velocidades. Jim Clark largou na pole-position, mas um problema de ignição fez o piloto da Lotus ficar fora de combate, assistindo à vitória de Jack Brabham ao volante de seu próprio carro equipado com o motor Repco. Foi uma vitória em dobradinha para a Brabham, com Denny Hulme chegando em 2° lugar, sendo o único piloto a terminar na mesma volta do vencedor, embora com mais de 1 minuto de desvantagem. Em 3° ficou Dan Gurney, da Eagle.
Em 1968, a corrida mudaria para o circuito de Mont Tremblant, circuito de 4,26 Km localizado ao sul da vila de mesmo nome no Estado do Quebec. Uma pista mais sinuosa do que Mosport, tinha dois trechos de alta velocidade morro acima que com certeza faziam a alegria de boa parte do público e o pesadelo de alguns pilotos que deviam sentir seus estômagos largados lá na base da reta. Jochen Rindt foi o pole, mas a exemplo de Clark no ano anterior, também abandonou com problemas mecânicos. Denny Hulme, agora com McLaren, venceu a corrida, secundado por Bruce McLaren, com 1 volta de atraso, mas fazendo dobradinha da McLaren na prova, a exemplo do feito obtido pela Brabham um ano antes. Pedro Rodriguez, da BRM, foi o terceiro.
Em 1969, a corrida voltaria a Mosport, e em 1970, a pista de Mont Tremblant sediaria pela última vez uma prova de F-1. De 1971 a 1977, Mosport passaria a ser a sede da corrida canadense, com exceção de 1975, quando o Canadá esteve ausente do calendário da categoria pela primeira vez desde que ingressara no campeonato da F-1. Para os brasileiros, em 1974, Émerson Fittipaldi conquistaria sua primeira e única vitória em terras canadenses, pilotando a McLaren no ano em que conquistaria o bicampeonato na F-1.
A partir de 1978, a corrida canadense encontraria a sua casa "definitiva": o circuito de Montreal. Montado nas ruas do Parc Jean-Drapeau, o circuito está localizado na Ilha de Notre Dame, uma ilha artificial criada no Rio São Lourenço, que corta a cidade de Montreal, a maior do Canadá. E aqui ficaria em definitivo, com exceção da temporada de 1987, quando a prova acabou cancelada, retornando em 1988.
E o novo circuito estreou na F-1 com o melhor resultado de todos: vitória de ninguém menos do que Gilles Villeneuve, o canadense prodígio, que conquistava nesta pista justamente sua primeira vitória na F-1, pilotando a mítica Ferrari. Nenhum exagero dizer que o "mito" Villeneuve praticamente começou neste circuito. Gilles ainda venceria 3 corridas em 1979, quando foi vice-campeão com a Ferrari, e ainda teria mais 2 vitórias em 1981, mas nunca teve chance de repetir a vitória de 1978.
Suas performances arrojadas ao volante do carro vermelho, como a corrida em que andou nesta pista debaixo de forte chuva, e com o bico do carro tampando parte de sua visão, só imortalizaram o piloto canadense na mente dos fãs da velocidade. Em sua homenagem, o circuito foi renomeado como "Circuito Gilles Villeneuve". Uma homenagem mais do que justa ao maior ídolo canadense do esporte a motor, morto em um trágico acidente em 1982, na pista de Zolder, na Bélgica.
Jacques, filho de Gilles, conseguiu ir mais longe do que o pai: foi campeão da F-Indy (atual F-CART) em 1995, quando também ganhou as 500 Milhas de Indianápolis. E foi campeão da F-1 em 1997, com a Williams, um feito que o pai infelizmente nunca conseguiu. Mas, por uma dessas ironias do destino, Jacques não empolga tanto como seu pai levantava a torcida. Jacques tem um estilo mais centrado e cerebral de pilotagem. Seu pai Gilles, por outro lado, era arrojo puro, mais até do que recomendável, mas são os pilotos arrojados que levantam a galera.
Jacques, entretanto, nunca venceu aqui. Nas duas ocasiões em que tinha o melhor carro nas mãos, a Williams, em 1996 e 1997, acabou derrotado, vendo o triunfo em 96 ficar com seu companheiro de equipe Damon Hill; em 1997, a vitória foi de Michael Schumacher. A partir de 1998, com carros menos competitivos, o canadense nunca teve chance de discutir a vitória.
Para os brasileiros, a pista canadense teve alguns bons momentos. Nélson Piquet venceu 3 vezes aqui, a primeira em 1982, e a segunda em 1984, correndo pela Brabham. Em 1991, Nélson venceria aqui pela última vez, tanto nesta pista quanto na própria F-1, em uma vitória que entrou para o folclore da categoria, pelo fato de Nigel Mansell, que vinha dominando a prova com praticamente uma volta de vantagem sobre todos, exceto o brasileiro, ter enfrentado uma pane em seu carro a menos de meia volta para bandeirada de chegada. Nélson agradeceu e rumou para cruzar a linha de chegada em primeiro lugar, correndo pela equipe Benetton.
Ayrton Senna venceu aqui em duas ocasiões: em 1988, e em 1990, ambas correndo pela McLaren. Neste último ano, fez dobradinha brasileira no pódio, com Nélson Piquet em 2° lugar, numa prova marcada pela chuva, ainda que em proporções menores do que a de 1989.
Ao lado de Piquet, com 3 vitórias, Michael Schumacher venceu aqui em 1994, 1997, e 1998. A primeira vitória veio ainda pela Benetton, enquanto as outras duas foram já pela Ferrari. Hoje começam os treinos oficiais, e a possibilidade de Schumacher vir a ser o maior vencedor desta corrida, com um 4° triunfo neste domingo, são bem plausíveis. Esta prova costuma ser bem agitada, e apesar de não ser um traçado de rua exatamente, as dificuldades são quase idênticas: os guard-rails estão bem próximos na grande maioria do traçado, e erros de pilotagem não costumam ser perdoados. E as chances de haver um forte acidente também aumentam, ocasionando a intervenção do Safety Car, o que pode embaralhar a corrida, dependendo do momento.
Isso quando a chuva não resolve dar as caras, e isso sempre dá um tempero extra à corrida. Que o diga Thierry Boutsen, que aqui venceu pela primeira vez na F-1, em 1989, debaixo do temporal que caiu nesta pista. Era a ocasião propícia para Ayrton Senna conquistar mais uma de suas vitórias debaixo d'água, mas o carro do brasileiro quebrou, e a vitória caiu nas mãos do belga, que à época corria pela Williams. Em segundo lugar chegou Riccardo Patrese, fazendo dobradinha pela Williams. Foi a primeira vitória da parceria Williams/Renault.
Mas, com ou sem chuva, a prova canadense sempre é interessante. Vejamos o que acontecerá este ano...
A F-CART entra hoje na pista de Detroit para mais uma etapa de seu campeonato. Na última corrida, disputada semana passada, em Milwaukee, a vitória ficou com Juan Pablo Montoya, o primeiro triunfo da Chip Ganassi com o motor Toyota, que substituiu os motores Honda utilizados desde 1996 pelo time, que foi campeão por 4 anos consecutivos. Não foi uma vitória fácil: Michael Andretti, da Newmann-Hass, foi um páreo duro para o colombiano, e chegou logo atrás de Montoya. Patrick Carpentier, da Forsythe, também foi um adversário perigoso, e completou o pódio em 3° lugar.
Os brasileiros tiveram uma corrida complicada em Milwaukee: Roberto Moreno foi quem se saiu melhor, terminando em 5° lugar, e continuando a ser uma boa surpresa no campeonato deste ano. Christian Fittipaldi foi o 9°, seguido por seus compatriotas Tony Kanaan, Maurício Gugelmim e Gil de Ferran. Cristiano da Matta foi o 14°, Hélio Castro Neves o 16°, Tarso Marques foi o 20°, e Luiz Garcia Junior o 21°. O dia não foi mesmo dos melhores. Detroit pode trazer melhores ares...
A IRL também entra na pista este fim de semana, com a prova de Pikes Peak, a ser disputada no Pikes Peak international Raceway, circuito oval de 1 milha, para uma corrida de 200 voltas. Na corrida anterior, disputada em Forth Worth, Scott Sharp foi o vencedor, seguido por Robby McGehee e Al Unser Jr. Airton Daré é o único brasileiro disputando o campeonato.
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