Lando Norris tem a dura missão de alcançar Max Verstappen na pontuação do campeonato, mas não tem conseguido avançar como deveria, e poderia.
Neste final de semana,
a Fórmula 1 entra em sua reta final da temporada de 2024. Daqui até o fim do
ano, serão 6 corridas, em duas trincas, além de três provas sprints, e o duelo
entre Lando Norris e Max Verstappen entra em seus momentos decisivos. E com o
holandês ainda muito favorito para levar o tetracampeonato, apesar da McLaren
estar em seu melhor momento em quase duas décadas, com o melhor carro da
competição.
A razão é óbvia. Verstappen tem 52 pontos de vantagem para Norris, e apesar de tudo, tem conseguido minimizar os prejuízos das últimas corridas, além de contar com a sorte de ver rivais potenciais nas corridas ou irem mal, ou terem azares dos mais variados. Em Singapura, por exemplo, o holandês capitalizou ao ver Ferrari e Mercedes andarem abaixo do que se esperava, apesar de terem tido treinos onde parecia serem capazes de dar mais luta. O holandês só não conseguiu superar mesmo foi Lando Norris, que não desperdiçou a vantagem da pole-position, e comandou a corrida a seu bel prazer do início ao fim. Mas, com o piloto da Red Bull terminando em 2º, e ainda vendo a presepada para que Daniel Ricciardo “roubasse” a volta mais rápida do inglês da McLaren, a título de “homenagem” (acredite quem quiser na história), eis que Norris tirou apenas 7 pontos da vantagem de Verstappen. E assim vem sendo praticamente desde o retorno das férias de agosto.
Diante da vantagem do holandês na classificação, vem sendo pouco esse desmanche da dianteira por parte de Lando. É preciso que a McLaren saiba otimizar o seu potencial para conseguir diminuir mais velozmente essa desvantagem, e isso passa por fazer Oscar Piastri também andar bem, o que o australiano até tem feito, mas com o prejuízo disso acontecer tirando melhores chances de Norris em alguns GPs. Agora, Oscar ainda vem falar que, para ajudar Norris na luta pelo título, isso precisará fazer sentido na pista, dando a entender que não entregará esforços de sua parte a troco de nada. Até aí, nada de mais, mas fica a dúvida se ele irá de fato se empenhar nesse papel, que no atual momento do campeonato, é justificável, a ponto de muitos já condenarem o papelão perpetrado pela escuderia na Hungria, onde fizeram Lando devolver a Piastri a posição de vencer, quando ele nada teve a ver com os erros do time que fizeram o australiano perder a liderança da corrida. Mas o próprio Norris também se embananou ao demorar demais para efetuar a troca de posição, o que poderia ter feito rapidamente, e depois voltar à luta direta onde poderia ter recuperado a liderança e vencido sem maiores atropelos.
Isso já daria 7 pontos a menos na desvantagem do inglês para Verstappen, e nesta altura, onde a vantagem tem se reduzido de forma muito mais lenta do que poderia ser feita, as críticas ao modo como a McLaren tem gerido a situação são realmente válidas, ainda mais se lembrarmos do histórico do time de Woking em disputa de títulos, quando contava com gigantes na pista como Niki Lauda, Alain Prost, e Ayrton Senna. O time precisa reaprender como se portar nestes momentos. E conforme o número de corridas diminui, e vantagem não cai na proporção esperada, Norris agora vai precisar de um azar por parte de Max Verstappen, se quiser mesmo ter chances de disputar o título roda a roda com o holandês, pois no ritmo em que a vantagem vai sendo reduzida, o holandês será campeão sem muitos sustos. A McLaren, a bem ou mal, não vai poder dividir a preferência de seus pilotos, e tem de priorizar Norris se de fato quiser ser campeã de pilotos este ano.
A bela pista do Circuito das Américas inicia a fase final da temporada, e a disputa na pista promete, e com um excelente público nas arquibancadas.
Neste quesito, Verstappen
leva ampla vantagem: Sergio Perez nunca foi um companheiro que desse trabalho,
salvo em alguns momentos raros onde o mexicano chegou a andar melhor que o
holandês. Só que no atual momento, Perez tem sofrido ainda mais com a queda de
performance do modelo RB20, a ponto de o time cobrar mais empenho por parte de
Sergio para ajudar o time e Verstappen. Já na McLaren, o time tem visto os
esforços de seus pilotos se dividirem em determinados momentos, com Piastri a
exibir melhores resultados que Norris. E em outros momentos, o australiano não
colaborou como poderia, ou até mesmo deveria, seja por erro próprio, alheio, ou
por suposições de terceiros de que o australiano faz certo corpo mole nesse
objetivo. Neste último, o lance é de que o australiano, que luta para colocar o
papel de Norris em dúvida como líder do time, não teria interesse em ver o
inglês ser campeão, pois isso poderia pender as atenções da McLaren para o lado
de Norris, e relega-lo a papel secundário na escuderia, algo que ele quer evitar
a todo custo. Mas o fato é que a McLaren poderia ter feito dobradinhas em
algumas corridas, mas não conseguiu capitalizar sua vantagem para obter este
tipo de resultado, o que maximizaria a demolição da vantagem de pontos de
Verstappen. E detalhes podem fazer toda a diferença nesta briga, especialmente
no comportamento dos postulantes ao título na pista.
E as provocações neste sentido já começaram, com Helmut Marko, logicamente, desprezando as capacidades de Norris como piloto, em favor de seu queridinho Verstappen, alegando que o inglês não tem o mesmo controle mental do holandês, e outros detalhes comparativos onde ele perderia um duelo direto na pista. É a guerra psicológica, e Norris, a bem ou mal, precisa se livrar de algumas lembranças ruins neste quesito, que claramente jogam contra ele, se quiser de fato duelar a fundo. Não há como negar que, na briga roda a roda, Max tem um histórico muito mais agressivo aqui, pelas divididas que já deu inclusive com Lewis Hamilton. Não significa que Lando não consiga, mas ele vai ter de provar que pode, enquanto Verstappen já mostrou que sabe fazer isso.
E há outro problema potencial, que vai depender do que pudermos ver neste final de semana em Austin: as atualizações dos carros. É o momento dos times mostrarem seus últimos pacotes de novidades, antes de se concentrarem nos carros de 2025. E o intervalo de quase um mês desde Singapura deu um tempo mais do que razoável dos departamentos técnicos se concentrarem nos projetos de seus carros, prometendo seus esforços derradeiros para a fase final da temporada, numa tentativa de manter, ou reverter o status quo atual.
E aqui temos a dúvida: a Red Bull conseguirá reverter a queda da performance do modelo RB20, ou o McLaren MCL38 continuará exibindo sua primorosa performance dominante, com atualizações que o time de Woking também promete trazer? Se a Red Bull conseguir recuperar um pouco da performance de seu carro, Norris poderia dar adeus às chances de título, se Verstappen conseguir equilibrar a disputa na pista.
Em meio a essa disputa, é preciso ver também como ficarão Ferrari e Mercedes. O time italiano pareceu recuperar um pouco da forma nas últimas corridas, embora em Singapura tenha ficado a dever, diante dos problemas da classificação de seus pilotos, mas que não conseguiram recuperar na corrida, ficando sem conseguir ameaçar tanto Norris quanto Verstappen. Já a Mercedes, que parecia ter encontrado o caminho antes das férias de verão, parece ter ficado novamente à deriva desde então. Mas ambas as escuderias também estão trazendo grandes atualizações para o Texas, e ambos querem terminar o ano tão em alta quanto possível, e farão suas disputas, não importando de quem ficarão à frente. Diante do perigo potencial de o time italiano e o alemão acertarem um melhor desempenho, fica ainda mais premente a Red Bull conseguir acertar o seu rumo, a fim de garantir a Verstappen poder impedir que Norris assuma o controle total da situação nesta reta final. Do contrário, se o holandês tiver que duelar também com as duplas ferrarista e mercêdicas, as chances da McLaren se sobressair sobre a Red Bull aumentam exponencialmente, as possibilidades de Norris tirar a desvantagem mais rapidamente também cresce, a depender das circunstâncias.
Neste caso, a torcida do time dos energéticos é que tanto Ferrari quanto Mercedes consigam complicar também a posição da dupla da McLaren, a exemplo do que vimos na Bélgica, onde Lando Norris teve um resultado muito aquém do que poderia obter, e terminou tirando muitos poucos pontos do tricampeão da Red Bull. Para alguns, o desempenho que os times mostrarão no Circuito das Américas será uma medição das forças que cada um terá até o fim da temporada. Daqui do Texas, a F-1 segue para o México, e logo a seguir, para São Paulo. Depois, uma volta aos Estados Unidos, para o GP de Las Vegas, e em seguida o fim do campeonato no Oriente Médio, com as etapas do Qatar e de Abu Dhabi.
E a disputa do fim de semana em Austin já começa bem apertada, uma vez que teremos novamente corrida Sprint, com os times tendo apenas o treino livre desta sexta-feira para acharem seus melhores acertos para o fim de semana. Porque logo após teremos o treino de classificação para a corrida curta de sábado, e depois, após esta, iremos direto para a classificação da corrida de domingo. A pressão potencializa as chances de erros por parte de times e pilotos, mas será sentida preferencialmente por Red Bull e McLaren, já que Ferrari e Mercedes estão praticamente fora da briga pelo título, e lutam para se recuperarem no campeonato, mas podendo interferir na briga dos contendores ao título.
Para alguns, a McLaren já desperdiçou suas chances de realmente ser campeã com Norris, e vai apenas conseguir dificultar o tetracampeonato de Max Verstappen. No campeonato de construtores, o time de Woking parece bem mais sólido, e seria ainda uma grande conquista para a escuderia, cujo último título de construtores foi conquistado em 1998, quando Mika Hakkinen conquistou seu primeiro título. De lá para cá, o time só teve um título, conquistado em 2008, quando Lewis Hamilton venceu seu primeiro campeonato. E precisando que Verstappen tenha um fim de semana catastrófico para reequilibrar as chances dá uma idéia de como Lando não depende mais de si mesmo para ser campeão. Mas Verstappen botou a cabeça no lugar depois da corrida da Hungria, onde cometeu várias estripulias mostrando estar afetado pela pressão da ascenção da McLaren, e desde então, não tem cometido mais desatinos dentro da pista, o que diminui as chances de ele se enroscar novamente com outros pilotos em disputas tresloucadas nas corridas. Mesmo assim, nunca se sabe, e pode ser que o azar bata à porta do holandês em algum momento, o que poderia apimentar a situação. Por outro lado, o azar também pode atingir a McLaren e Norris, e aí, precipitar o fim da disputa.
O que irá acontecer, então? Serão seis rounds onde cada passo será decisivo. Fiquem ligados nos acontecimentos...
A Visa RB inicia neste final de semana o teste decisivo com Liam Lawson, que assume o carro que até Singapura era de Daniel Ricciardo. Lawson terá estas seis corridas para provar que merece estar no grid em 2025, e a briga vai ser por qual cockpit. Os rumores de que Sergio Perez será dispensado ao fim do ano continuam, e salvo uma mudança drástica de atitude, o novo companheiro de Max Verstappen no time principal dos energéticos está em disputa aberta não apenas entre Lawson como também Yuki Tsunoda. Lawson, contudo, já começa a disputa com um revés: seu carro terá o motor trocado para a corrida de domingo, e isso o fará sofrer punição por troca de motor de seu carro, que já estourou a cota ridícula de propulsores por temporada. O time, claro, avisa que isso fará bem ao piloto, pois ele já estará menos pressionado por um bom resultado, largando bem mais atrás, mas pode ocorrer justamente o contrário. De qualquer forma, Liam estará sob o olhar cerrado de Helmut Marko, que quer retomar a sua parcela de poder na Red Bull, e precisa que seus escolhidos no programa de formação de pilotos andem bem se quiser desafiar a chefia de Christian Horner, responsável pela manutenção de Perez no time para este ano, bem como de Ricciardo na Visa RB. Marko se valia de sua amizade com Dietrich Mateschitz, fundador do império Red Bull, para fazer valer sua posição no que tange ao programa de pilotos e aos pilotos titulares na F-1, nos dois times. Mas desde a morte do fundador, Horner tem acumulado mais poder de mando, desequilibrando o poder a seu favor, algo que Helmut Marko quer reverter.
Liam Lawson e Yuki Tsunoda: a nova dupla da Visa RB inicia hoje uma disputa entre si pela atenção da Red Bull para 2025.
A disputa pelo segundo cockpit da Sauber em 2025 continua indefinida, e com cada vez mais nomes no páreo, dando impressão de que vai haver um verdadeiro leilão pela última vaga remanescente do grid no próximo ano na F-1. Além de Gabriel Bortoletto, agora ainda estariam na jogada Franco Colapinto, e também Mick Schumacher, além claro, dos dois pilotos da dupla titular atual, Guanyou Zhou e Valtteri Bottas, sendo que o finlandês levaria vantagem sobre o chinês. Mas a próxima temporada promete ser uma verdadeira incógnita no time sediado em Hinwill, que em 2026 será o time oficial da Audi na competição, pelas perspectivas de apresentar um carro competitivo, diante do péssimo ano que a escuderia vem apresentando este ano, sendo até aqui o pior carro do grid, com o time sendo o único que não conseguiu marcar um ponto sequer, e sem perspectivas de conseguir fazê-lo nas condições que tem apresentado. Esperava-se uma arrumação da casa por parte da Audi, visando preparar o time para a transição em 2026, mas ninguém imaginava que o desempenho da escuderia estaria tão ruim, dando a impressão de que só deveremos ver alguma novidade realmente apenas em 2026, com outro ano, o de 2025, apenas marcando passo no grid da competição. A Sauber, contudo, diz que ainda não desistiu de pelo menos sair do zero este ano, e assim como os demais times do grid, também chegou com várias atualizações ao Circuito das Américas. Resta saber se serão realmente efetivas, ou o time fundado décadas atrás por Peter Sauber passará o ano completamente em branco.
A MotoGP chega a Phillip Island para a disputa do GP da Austrália, onde deveremos ver um novo round na luta entre “Pecco” Bagnaia e Jorge Martin na luta pelo título. A Ducati, aliás, suspendeu as atualizações das motos, sob o pretexto de não querer interferir na luta pelo título, uma vez que as novidades poderiam desbalancear a briga, caso elas fossem bem melhor assimiladas por um dos postulantes do que pelo outro. Até aí, por mais que o argumento seja coerente, o título já é da casa de Bolonha, portanto, nada demais estancar o desenvolvimento da GP24, e preferir guardar forças e recursos para a próxima GP25, a moto da próxima temporada. A Ducati já afirmou que não fará diferença quem vença, se for Bagnaia, o piloto de seu time oficial de fábrica, ou Martin, piloto do time satélite Pramac. Esportivamente falando, contudo, uma derrota do time oficial para o satélite não deixa de ter uma imagem um pouco negativa para a competência da equipe oficial da marca, mas felizmente a Ducati está se mantendo isenta na disputa, que deve ficar somente na pista, e não fora dela. Bagnaia e Martin monopolizaram as atenções da temporada 2024, onde os rivais infelizmente não conseguiram dar luta à marca italiana, oferecendo apenas brilharecos ocasionais, lembrando que após a dupla da briga pelo título temos Enea Bastianini, do time oficial da Ducati, e Marc Márquez, da Gresini, outro time satélite da marca italiana. Por mais que o panorama geral da temporada possa sugerir um domínio até monótono da Ducati, as corridas tem sido disputadas e a margem de vitória tem sido sempre das mais apertadas entre os pilotos. A corrida Sprint tem largada programada para as 01:00 Hrs. da madrugada deste sábado, enquanto a corrida terá largada à meia-noite de sábado para domingo, pelo horário de Brasília, ambas com transmissão pela ESPN4, e pelo Disney+.
O primeiro treino livre da MotoGP acabou cancelado pela forte chuva que caiu em Phillip Island. |
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