quarta-feira, 4 de setembro de 2024

FLYING LAPS – AGOSTO DE 2024

            Já chegamos ao mês de setembro, e um terço do segundo semestre de 2024 já se foi, e seguimos firme com vários campeonatos do mundo da velocidade ocorrendo mundo afora, com várias disputas entre os seus pilotos e times. E, todo início de mês é hora de mais uma edição da Flying Laps, recapitulando alguns dos acontecimentos ocorridos neste mês de agosto, com menção especial à Formula-E e à Indycar, com comentários rápidos a respeito dos tópicos, como de costume. Uma boa leitura para todos, e até a próxima edição da Flying Laps, no início de outubro, já iniciando o último trimestre do ano, com um relato de alguns dos acontecimentos deste mês de setembro, com muita água ainda prometendo rolar por baixo da ponte em se tratando de acontecimentos no mundo das corridas...

Nico Muller, que defendeu a equipe ABT nas duas últimas temporadas da Fomrula-E, já foi confirmado como novo companheiro de Jake Dennis no time da Andretti para a próxima temporada, que terá início em dezembro, aqui em São Paulo. O piloto alemão, aliás, era cotado para ir para o time de fábrica da Porsche, fornecedora do trem de força da equipe norte-americana, mas as vitórias do português Antonio Felix da Costa garantiram ao piloto a manutenção de sua posição de titular na escuderia germânica. Mas nem por isso a Porsche tem menos planos para Muller: ele já foi alçado à condição de piloto “da fábrica”, indicando que está emprestado ao time de Michael Andretti, e na melhor das hipóteses, deve ocupar sim a vaga de Antonio Felix da Costa no time para a temporada 2026/2027, como companheiro de Pascal Wehrlein, a menos que Da Costa faça uma temporada irrepreensível no próximo ano, o que dificultaria a troca da dupla titular, até porque Pascal, recém coroado campeão da categoria de carros elétricos defendendo a Porsche, não perderia o seu lugar assim tão fácil. Mas a intenção da Porsche é também aproveitar Muller em outras categorias onde está presente, como no Mundial de Endurance. Muller, aliás, já participa do WEC este ano, defendendo a equipe da Peugeot, mas ele encerrará esta participação ao fim do certame, ficando então livre para defender o time da Penske/Porsche no próximo ano conforme a vontade da montadora alemã. Muller teve uma temporada considerada excelente na F-E diante dos problemas de competitividade da ABT com os fracos trens de força da Mahindra, conseguindo, nos poucos momentos em que o carro conseguiu mostrar um pouco de competitividade, marcar vários pontos, sobressaindo-se sobre o companheiro de equipe, o brasileiro Lucas di Grassi, que não conseguiu repetir o mesmo feito, e amargou sua pior temporada na competição. O futuro parece promissor para Nico, mas ele vai ter que mostrar do que é capaz já na Andretti, onde terá a tarefa de superar Jake Dennis, que foi campeão da temporada do ano passado do certame de carros elétricos, e não será um oponente fácil de vencer. Mas, se conseguir dobrar Dennis, já terá feito sua parte, e a Porsche certamente estará mais do que feliz na sua contratação para seus projetos esportivos no mundo do automobilismo.

 

 

Quem também fecha sua dupla para a próxima temporada dos carros monopostos elétricos é a McLaren, que confirmou Taylor Barnard como companheiro de Sam Bird. O jovem inglês impressionou a escuderia nas etapas em que precisou substituir Bird, lesionado na mão, chegando a superar Jake Hughes. Hughes, aliás, não ficará a pé, e já está acertado com a Maserati para o próximo campeonato. A McLaren também mantém sua parceria com a Nissan para utilização do trem de força nipônico para as próximas duas temporadas da competição, com o modelo Gen3EVO. Na Nissan, aliás, o time tinha se pronunciado pela manutenção de sua dupla titular para o próximo campeonato, Oliver Rowland e Sacha Fenestraz, mas parece que o time japonês estaria mudando de idéia, e novamente propenso a dispensar o franco-argentino, devido à má temporada realizada pelo piloto em 2024. A equipe deve se pronunciar em breve a respeito de sua dupla titular para o próximo campeonato em breve.

 

 

A temporada de 2025 da Formula-E, aliás, já terá novidades: a etapa da Arábia Saudita, que vinha sendo realizada em Diriyah, nos arredores da zona metropolitana da capital, Riad, está fora da competição, devido a obras que estarão sendo feitas no local, e que portanto, inviabilizariam a realização da corrida. Isso já vinha sendo inclusive discutido pela direção da categoria, e a mudança de pista era para outro circuito urbano ainda na região da capital, mas eis que a F-E resolveu por Jeddah, utilizando parte do circuito desenvolvido para a F-1. O traçado usado pela categoria máxima do automobilismo tem 6,1 Km de extensão, mas a F-E trabalha com um traçado de 3,4 Km, que ainda será anunciado oficialmente. A etapa da Arábia Saudita será novamente uma rodada dupla em 2025, marcada para os dias 14 e 15 de fevereiro. Será uma mudança certamente benéfica para a F-E, uma vez que a pista de Diriyah já não vinha sendo um palco apropriado para as corridas dos carros elétricos depois da estréia dos carros Gen3, muito mais velozes, e que não podem mostrar toda a sua performance no traçado projetado na época dos carros Gen2. Tanto que as últimas corridas no local mostraram poucas disputas de posição efetivas, diante dos trechos de reta muito curtos e curvas muito fechadas. Certamente o traçado de Jeddah tem tudo para oferecer aos novos carros Gen3EVO condições superiores de mostrarem sua performance, sem comprometer as chances de disputas por posições.

 

 

Enquanto isso, outra expectativa a respeito do calendário por parte da direção da F-E é sobre o novo palco da categoria nos Estados Unidos, o circuito de Homestead, na Flórida. A pista de Portland, infelizmente, não foi mantida para o próximo ano, e mesmo com a escolha do circuito de Homestead, a direção da competição visa buscar um novo palco para a categoria de carros elétricos nos EUA. A intenção, inclusive com a opção de realizar mais de uma corrida no país mais rico do mundo, é aproveitar o seu enorme potencial, e tentar um engajamento maior dos fãs do automobilismo. Diante disso, Homestead pode estrear na competição em 2025, e já dar adeus para 2026, se for encontrada uma pista mais atrativa. A F-E já correu em Long Beach, em um circuito de rua em Miami, em Nova Iorque, e em Portland, e a exemplo da F-1, quer conquistar também o público dos Estados Unidos com suas corridas. Resta saber se saberão acertar na escolha de novas pistas.

 

 

Enquanto isso, na Indycar, depois de ter um resultado catastrófico no fim da prova em Gateway, e perder a chance de cortar pela metade a desvantagem para Álex Palou na liderança do campeonato, Will Power foi ao ataque na etapa de Portland, última corrida da temporada de 2024 em circuito misto, onde o espanhol da Ganassi costuma andar muito forte, e poderia ampliar ainda mais sua vantagem na briga pelo título. O piloto australiano da Penske conseguiu seu intento: Partiu para assumir a liderança da corrida logo na primeira curva do circuito, ponto sensível para confusões entre disputas de posição, e dali em diante, só perdeu a liderança durante as paradas de box, mas comandou a corrida com autoridade, sem dar chances para o azar, vencendo a prova na capital do Estado do Oregon, averbando seu 3º triunfo em 2024, e conseguindo diminuir um pouco a desvantagem para Palou. Mas Álex também fez sua parte, e terminou a corrida na 2ª posição, minimizando os prejuízos, e ainda levando uma vantagem de mais de 50 pontos para as três corridas finais do campeonato. Se é verdade que nos ovais o desempenho de Palou não tem sido tão impressionante quanto nas pistas mistas e/ou de rua, por outro lado ele também não é nenhum braço-duro, e tem conseguido manter uma média de resultados que, sem não é a melhor, tem conseguido estar no nível, ou pouca coisa pior que os adversários. E tirar 54 pontos de desvantagem em 3 corridas vai ser uma tarefa complicada, que exige não apenas competência por parte de Power, mas também azar pelo lado de Palou. O problema é que em pistas ovais os riscos costumam ser potencializados pelo tipo de circuito, onde os acidentes podem ser muito mais frequentes do que nos demais tipos de circuitos, e problemas podem surgir a qualquer momento, pegando os pilotos, se não de surpresa, levando-os juntos no meio da confusão. É o tipo de imprevisibilidade que tira qualquer favoritismo que Will Power possa ter em relação a Álex Palou nestas etapas finais da temporada. Na busca pelo terceiro título, podemos dizer que Palou está bem mais próximo do tricampeonato do que Power, mas mesmo assim, não dá para garantir que o espanhol vai vencer a parada.

 

 

Em uma coluna recente mencionei que, além de grande competência durante as corridas da temporada, Álex Palou vem tendo também a chamada “sorte de campeão”, por conseguir se manter livre da grande maioria de problemas que outros pilotos tem tido que lidar nas corridas. Que o diga Scott Dixon, que é tido como um dos mais talentosos e capazes pilotos do grid da história das categorias Indy, que poderia ainda estar brigando pelo título, mas com chances reduzidas por ter tido o infortúnio de não escapar de alguns problemas, e com isso perder contato na pontuação com seu colega de time na Ganassi. E em Portland, o neozelandês voltou a ter azar: numa disputa logo na primeira volta com Kyle Kirkwood, Dixon saiu levemente da pista, perdendo velocidade, e os pilotos que vinham atrás trataram de aproveitar a oportunidade e superar o hexacampeão. Dixon, contudo, voltou para o traçado no momento em que Pietro Fittipaldi também tentava superá-lo, e isso fez o brasileiro passar com seu carro por cima da zebra, dando uma encostada no carro de Dixon, que acabou saindo da pista e atingindo a barreira de proteção. Fim de corrida para Scott, sem chance de fazer mais nada, e isso tudo ainda na primeira volta da corrida. E um inferno astral para o piloto brasileiro, que foi culpado da manobra, e teve de pagar uma punição de drive trhough nos boxes, arruinando completamente sua corrida em Portland. Tem dias em que realmente nada dá certo.

 

 

Para Pietro, aliás, Portland foi mesmo um dia para esquecer. Com as poucas chances de um bom resultado na corrida já tendo ido para o brejo por conta da punição injusta de ter sido considerado o culpado no acidente com Dixon, do qual o próprio neozelandês isentou Fittipaldi de culpa, o brasileiro ainda foi se enroscar com outro piloto na freada da primeira curva, resultando em um toque, que aí sim, merecido, fez tomar mais um drive throught, perdendo ainda mais terreno diante dos demais competidores, e finalizando a corrida em uma irrisória 25ª posição, em um ano em que definitivamente, não está nada saindo como Pietro esperava, ainda mais diante da iniciativa de retomar de vez a carreira como piloto, deixando de ser unicamente piloto de testes da equipe Haas na F-1, posição que não o estava levando a lugar nenhum. Pietro está em negociação para permanecer na Indycar em 2025, mas as condições da equipe Rahal/Leterman/Lanigan não parecem ser as melhores em termos de poder contar com um carro minimamente competitivo, além do fato de precisar se livrar do azar que vem marcando a maior parte de sua temporada na competição.

 

 

A Stock Car Brasil deu uma grande mostra de cretinice neste mês de agosto, em relação a como responde a críticas da imprensa, ao simplesmente “descredenciar” a reportagem do site Grande Prêmio da cobertura que faria um loco na etapa de Belo Horizonte, por ter ficado irritada com uma matéria do site que apenas relatava as dificuldades que a etapa estava tendo para realizar a prova na capital mineira, inclusive com ações na justiça de uma faculdade que fica ali perto de onde foi realizada a prova. Um texto que não fez juízo se a Stock estava errada ou não, mas a direção da categoria se doeu, e tomou esta atitude mais do que ridícula, demonstrando uma mesquinhez e falta de caráter que não há como relativizar. Um ato de baixaria, foi o que foi, e nem me darei ao trabalho de relatar por aqui... Quem quiser maiores detalhes pode conferir as matérias no próprio site do Grande Prêmio, com tudo documentado.

 

 

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