Em seu quarto ano na Ganassi, Álex Palou já chegou ao tricampeonato. O espanhol é a grande sensação da Indycar, e reforçou essa impressão em 2024. |
A temporada 2024 da Indycar não foi das mais inspiradas, mas deu para o gasto, e principalmente, para Álex Palou, que conquistou o seu terceiro título na categoria de monopostos dos Estados Unidos onde seu principal mérito foi errar e se complicar menos que os adversários na pista.
Certo, o espanhol da equipe de Chip Ganassi venceu duas corridas na temporada, no GP de Indianápolis, e em Laguna Seca, mas se valeu de uma grande constância e regularidade na competição, tendo apenas 4 etapas em que ficou de fora do TOP-10, sendo que uma destas foi justo na decisão do título, no oval de Nashville, que fechou o ano como um bom substituto para a prova de rua que era realizada dentro da cidade da música. Alguns rivais venceram mais provas, mas suas campanhas no ano foram mais irregulares, com mais baixos que altos. Foi o caso de Scott McLaughlin e Will Power, na Penske, que poderiam ter chegado lá se tivessem um pouco mais de sorte, e também não se envolvessem em confusões durante o ano.
Neste caso, o recado é certo para Power, que até chegar a Nashville era o melhor representante da Penske na competição, mas que poderia ter até invertido as posições na última corrida se não tivesse errado sozinho na segunda corrida de Milwaukee, onde tinha boas chances de vencer a prova, e rodou sozinho, perdendo não só as chances de vitória, como até de assumir a liderança da classificação, uma vez que Palou, com um desempenho sofrível, caso raro no ano, terminou apenas em 19º lugar. Tivesse vencido, a pressão que Palou teria enfrentado na última corrida seria bem maior, e talvez tivesse até perdido o certame. O australiano errou quando não poderia, e ali sofreu um duro golpe na briga pelo título, que apesar de não estar matematicamente decidido, ficou quase nas mãos de Álex.
O problema é que Will já tinha feito besteira algumas corridas antes. Em Toronto, foi com tudo para cima do próprio companheiro McLaughlin, acabando por tocar no carro do neozelandês, que abandonou após bater no muro diante do enrosco com o australiano. Isso rendeu uma punição a Power, que perdeu várias posições, e claro, a chance de diminuir sobremaneira a vantagem de Palou na classificação. E estes pontos fizeram falta na decisão na prova final.
Mas, se Power também errou, ele também teve alguns azares fora de seu controle. Em Gateway, numa relargada, a partida lenta de Josef Newgarden comandando o grid acabou fazendo com que Alexander Rossi, da McLaren, abalroasse Power, obrigando ao abandono de ambos, e com mais uma perda de pontos cruciais para o australiano. Mas, e o que dizer do que vimos no oval de Charlotte, onde o piloto da Penske tinha chances de vencer a prova, e logo na parte inicial da prova, se deparou com seu cinto de segurança praticamente soltando dentro do carro? Na ida ao box, perdeu cinco voltas até que o mecânico conseguisse reatar o dispositivo adequadamente, e com isso, todas as esperanças foram para o brejo. Uma falha capital em um time que preza pelo perfeccionismo como a Penske. Este golpe, aliás, não apenas fez Power perder a disputa pelo título, mas até o vice-campeonato, caindo para a 4ª colocação ao encerramento do certame. Neste ponto, ter vencido três corridas no ano foi um magro consolo, mas ao menos demonstrou que o australiano ainda tem lenha para queimar, em um momento onde, devido à fraca temporada de 2023, diante das preocupações com a saúde da esposa, começaram a circular rumores sobre uma possível aposentadoria, ou no mínimo, sua perda de titularidade no time de Roger Penske, onde está desde 2009.
Assim como Power, Scott McLaughlin também venceu três corridas, mas também teve sua cota de azares, alguns fora de seu controle, outros por erros próprios. Diante do entrevero ocorrido entre ele e Power em Toronto, duvido muito que Scott tenha lamentado o azar do parceiro em Nashville, que o derrubou na classificação da prova, enquanto o neozelandês, com o 5º posto, finalizou o ano em 3º lugar, 7 pontos à frente de Will, colocando-se como o piloto da Penske melhor classificado na temporada. Ao vencer a 2ª corrida em Milwaukee, McLaughlin ainda se colocou com chances matemáticas de chegar ao título, mas na prática, precisava de um milagre para que Palou perdesse a disputa, o que obviamente não aconteceu.
Desde que estreou na Indycar na temporada de 2020, Palou mostrou que poderia ser um piloto diferenciado, tendo conquistado pela modesta escuderia um pódio já em sua terceira prova, na pista de Road America. O desempenho do jovem espanhol chamou a atenção de Chip Ganassi, que garantiu seu passe para sua escuderia já no ano seguinte, o que significou para Álex uma tremenda promoção, pois foi alçado como titular de um dos principais times da categoria. Mas ele resistiria à pressão de defender a escuderia, que já tinha vitimado outros talentos em potencial?
A resposta foi sim. E que resposta: em seu primeiro ano em um time de ponta na Indycar, Palou foi campeão da competição, derrotando Josef Newgarden em uma forte disputa. Com três vitórias no ano, ele logo de cara foi o principal nome da Ganassi na temporada, deixando até Scott Dixon na sobra, com o neozelandês terminando o ano em 4º lugar na tabela, tendo vencido apenas uma corrida. E por pouco Palou não faturou também as 500 Milhas de Indianápolis, não fosse uma performance inspirada de Hélio Castro Neves, que em sua primeira prova na Meyer Shank, levou seu quarto triunfo na Brickyard numa disputa eletrizante com o espanhol nas voltas finais.
Will Power bem que tentou, mas não deu para chegar ao tri em 2024.
Seu desempenho
impressionante eclipsou até outros jovens pilotos que eram candidatos a
potenciais campeões e estrelas da categoria, como Colton Herta, da Andretti, e
Patricio O’Ward, da McLaren. Palou mostrou uma pilotagem centrada, veloz, e um
grande senso tático de corrida que combinaram perfeitamente com o time de Chip
Ganassi, que há algum tempo já procurava um piloto com potencial para uma
eventual aposentadoria de Scott Dixon, a grande estrela de seu time nas últimas
duas décadas.
Mas, se dentro das pistas Palou se mostrou um talento de raras qualidades, fora dela a situação não foi tão elogiosa. Visado pelos outros times, tratou de acertar um acordo com a McLaren para a temporada de 2022, arrumando uma bela briga com a própria Ganassi, que por contrato tinha a preferência de renovação de seu passe, iniciando uma briga nos tribunais pela manutenção de seu piloto, que teve ganho de causa válida para o time de Chip, que teria direito a contar com o piloto em 2023, e apenas em 2024 ele iria para o time concorrente. Isso teve reflexo em seu desempenho no ano, não conseguindo repetir a bela campanha de 2021, e terminando aquela temporada apenas em 5º lugar, que só não passou em braço pela vitória na prova final, em Laguna Seca.
Scott McLaughlin tentou dar uma de azarão na decisão do título, mas foi só isso mesmo: um azarão. Melhor sorte em 2025...
Esse imbróglio
jurídico se repetiria em 2023, agora com o piloto resolvendo fincar pé na
Ganassi, o que irritou a McLaren, que novamente foi aos tribunais, mas desta
vez em uma ação de perdas e danos contra o espanhol, diante de elevados
investimentos feitos para sua chegada no time, além de adiantamentos
financeiros do contrato, e deixar uma forte impressão negativa nos demais times
pelos modos como Álex negocia seus contratos. Mas, como que dando uma banana
para eles, Palou fez uma temporada irrepreensível na pista, melhor até do que
quando foi campeão em 2021, e conquistou o bicampeonato, desta vez em um duelo
particular com ninguém menos que o próprio companheiro de time Scott Dixon,
conquistando 5 vitórias no ano, contra 3 do hexacampeão, e firmando-se
definitivamente como uma das estrelas da Indycar.
E, neste ano, não demorou para Palou novamente se impor, ainda que não de forma tão contundente como fizera no ano anterior. Mas deu para o gasto, e num duelo onde o principal rival, em parte da temporada, foi Will Power, que também buscava seu terceiro título na competição, levou a melhor quem errou menos, e que também contou com um pouco mais de sorte, o que de forma alguma desmerece o empenho que Palou teve nas corridas durante todo o ano. E chegando ao tricampeonato, além de continuar deixando rivais como Herta e O’Ward para trás, ele também supera Josef Newgarden, principal estrela da Penske, que vem batendo na trave em tempos recentes em sua busca pelo tricampeonato, sendo que neste ano ele nem conseguiu entrar na briga pelo título, diante da campanha mais do que irregular que teve, mesmo defendendo a poderosa Penske.
E agora, qual o limite de Álex Palou? Ninguém sabe, mas os rivais que se preparem, porque continuando a defender a Ganassi, um dos melhores times da competição, eles precisarão ser mais do que perfeitos se quiserem destronar o piloto espanhol. E nem precisa ser dos outros times: Scott Dixon, que na última década praticamente reinou sozinho na escuderia, e que visava igualar o número de títulos de A. J. Foyt nas categorias Indy, vai ter de malhar bastante para superar seu companheiro de equipe, em um duelo que promete ser uma das atrações do próximo campeonato, só para começar. E a parada vai ser dura, afinal, já foi superado por Palou em 3 das quatro temporadas que dividiram juntos a Ganassi.
Como diziam nos tempos de Alessandro Zanardi, segura o espanhol...
Depois de um GP do Azerbaijão que até rendeu mais emoções do que o esperado, a F-1 não descansa e hoje já inicia seus primeiros treinos em Marina Bay, em Singapura, Cidade-Estado que em 2008 estreou as corridas noturnas na categoria máxima do automobilismo. Entre as novidades na prova deste ano, está uma nova zona para acionamento da asa móvel, o DRS, que ficará no novo trecho de reta formado ano passado, com a supressão de algumas curvas junto à área do porto. Com isso, o circuito urbano de Singapura terá nada menos do que 4 zonas de DRS, sendo que as três outras zonas continuam a ser as mesmas vistas na prova do ano passado. A medida de introdução da nova zona já tinha sido pensada em 2023, mas a FIA resolveu optar pela prudência. Este ano, contudo, a entidade que comanda o automobilismo confirmou a introdução da nova zona de DRS no novo trecho de reta, o que deve aumentar as disputas entre os pilotos no citado trecho.
Nesta sexta-feira, os treinos livres em Marina Bay apontam para uma repetição do duelo Ferrari X McLaren visto domingo passado em Baku. Charles LeClerc foi o mais rápido no primeiro treino livre, mas Lando Norris deu o troco liderando o segundo treino livre. A Mercedes, que confessou não ter tido em Baku o desempenho esperado, também não se achou nesta sexta-feira, indicando que não deve conseguir se meter no duelo esperado entre o time italiano e a escuderia de Woking. Se a corrida de Singapura já não foi tão positiva para a Red Bull no ano passado, este ano a situação está ainda mais complicada, com Max Verstappen reclamando de total falta de aderência no carro, sendo mais uma vez superado por Sergio Perez no segundo treino livre, indicando que o time dos energéticos vai ter um fim de semana duro pela frente. Tanto que resolveu até não utilizar uma pintura especial nos carros, como programado inicialmente, procurando não aumentar o peso do carro. O holandês ainda tem uma grande vantagem na classificação, mas precisa conseguir administrar os resultados, diante da possibilidade dos rivais ficarem todos na frente em Singapura. Pelas marcas estabelecidas nos treinos livres desta sexta, a parada será difícil, e a perspectiva vai ser tentar brigar para ficar entre os seis primeiros. A VISA RB até que impressionou hoje, mas na corrida, certamente seus pilotos terão de abrir caminho para Verstappen na briga pelo título. Mas vamos ver o que o último treino livre, neste sábado, pode nos apresentar. A corrida tem largada às 09:00 Hrs. neste domingo, pelo horário de Brasília.
Derrotado por Oscar Piatri em Baku, Charles LeClerc começou forte os treinos em Singapura. A Ferrari pretende repetir o triunfo de 2023, e tem condições para isso.
A MotoGP continua em Misano, no segundo fim de semana de corrida que será realizado na pista italiana. A razão para dois fins de semana em Misano foi o cancelamento da prova do Cazaquistão, e na impossibilidade de arrumar uma outra prova substituta, optou-se por realizar um segundo GP em Misano. Na semana retrasada, Marc Márquez mostrou sua competência para vencer a corrida que acabou embaralhada a meio dela por uma pequena garoa, que fez com que alguns pilotos fossem aos boxes trocar de moto, no que se revelou uma aposta furada, já que a chuva esperada não veio, e a garoa, que apesar de ter apertado em determinado momento, foi muito breve. Pior para Jorge Martin, que foi um dos que apostou que a chuva ia engrossar, e perdeu qualquer chance de um bom resultado, vendo Francesco Bagnaia ser o 2º colocado, e reduzindo drasticamente sua desvantagem para o piloto da Pramac. Agora, o panorama é similar, mas o duelo deve seguir entre Marc Márquez, Jorge Martin, e Francesco Bagnaia, sendo que este está completamente recuperado do tombo sofrido no GP de Aragón, onde se enroscou com Álex Márquez. Bagnaia correu semana retrasada com limitações, ainda sentindo as dores do tombo de uma semana antes, mas ele garante que já está de novo 100%, e a resposta foi ter terminado a sexta-feira com a melhor marca em Misano, à frente dos rivais Martin e Márquez. A prova promete ser renhida entre eles neste domingo, com largada programada para as 08:00 Hrs., com transmissão ao vivo pelo Disney+ e pela ESPN, no horário de Brasília. Já a corrida Sprint amanhã, sábado, tem largada às 10:00 Hrs.
Disposto a recuperar a liderança, Francesco Bagnaia terminou a sexta-feira em Misanocom o melhor tempo dos treinos. Mas a disputa com Jorge Martin promete ser dura como sempre.
Felipe Drugovich enfim fará um teste pela equipe de Chip Ganassi da Indycar. O local será no circuito de Barber, no Alabama, e deve ocorrer no fim deste mês. A Ganassi já havia prometido o teste a Felipe no ano passado, mas o brasileiro acabou não realizando a experiência. Diante de possíveis boatos que passaram a colocar o brasileiro como candidato a piloto do time na Indycar no próximo ano, a Ganassi já avisou que o teste não tem essa intenção, sendo mais o cumprimento de uma promessa feita ao piloto brasileiro no ano passado. A Ganassi terá apenas 3 carros no próximo ano na Indycar, e já estão confirmados Álex Palou e Scott Dixon. Marcus Armstrong, que defendeu a escuderia este ano, já firmou acordo para correr pela Meyer Shank no próximo ano, de modo que Linus Lundqvist é o favorito a seguir na escuderia neste terceiro carro do time. Mas, se fizer um bom trabalho, Drugovich pode passar a ser considerado pelo time para uma vaga futura, talvez mesmo já em 2025, apesar das negativas da escuderia.
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