E cá estou novamente com um de meus antigos textos, no caso, a coluna que foi publicada no dia 02 de junho de 2000, e o assunto era, obviamente, o favoritismo que Michael Schumacher já estava desfrutando na temporada da F-1 daquele ano, frustrando as esperanças de quem esperava ver uma temporada mais disputada. O time da McLaren, favorito na pré-temporada, não vinha correspondendo ao seu potencial, tendo vários problemas que, aliados à melhor forma da Ferrari, e ao talento de Schumacher, já colocavam o alemão como grande favorito para levar o tricampeonato, e tirar o time italiano de uma longa fila de espera, o que acabou acontecendo no fim da temporada. De quebra, vários tópicos rápidos a respeito de acontecimentos no mundo da velocidade, em especial com a boa forma de Roberto Moreno na temporada da F-Indy, podendo mostrar todo o seu talento, enquanto outros potenciais talentos nacionais tentavam seguir em frente. Uma boa leitura a todos, e em breve trago mais colunas antigas por aqui...
SCHUMACHER PARA O TRI
Com 4 vitórias em seis etapas, Michael Schumacher é, no atual momento, o líder disparado do campeonato da F-1 2000. O que se previa de uma dura luta entre a Ferrari e a McLaren pelo título da categoria, no momento está parecendo mais uma corrida de apenas um piloto rumo ao título. No caso, Schumacher corre para juntar-se ao seleto grupo de pilotos que fazem parte da galeria dos tricampeões, como Ayrton Senna, Nélson Piquet, Niki Lauda, Jack Brabham e Jackie Stewart.
A McLaren, favorita destacada na pré-temporada, até o presente momento não conseguiu mostrar a força dos últimos anos. Com exceção de Barcelona, onde os carros prateados venceram sem nenhum problema mais grave, mesmo com o problema de Schumacher com um de seus pneus, em nenhum outro momento Mika Hakkinen e David Coulthard puderam usufruir de tranquilidade nas corridas deste ano. Enquanto isso, a Ferrari, que já tinha mostrado força nos testes, vêm surpreendendo, pelo menos com Michael Schumacher.
O piloto alemão deu um show em Nurburgring, a segunda corrida até agora ganha pelo alemão em condições de combate real com a McLaren. As outras duas vitórias do bicampeão, em Interlagos e Melbourne, foram mais devido a problemas com a McLaren, que acabou quebrando muito, do que propriamente à pilotagem arrojada de Schumacher, mas essa situação parece agora estar mais estável, com o time de Ron Dennis a mostrar finalmente a fiabilidade de se esperar do time de Woking.
E a perda de duas vitórias potenciais para Schumacher pode custar muito caro. Praticamente 18 pontos separam o piloto alemão da Ferrari de Mika Hakkinen, o primeiro piloto da McLaren, na classificação do campeonato. Com 6 etapas disputadas, Michael Schumacher já tem 46 pontos na classificação, pontuou em todas as corridas, tendo como pior resultado o 5º lugar de Barcelona. Enquanto isso, seus adversários na corrida ao título, Mika Hakkinen e David Coulthard, tiveram problemas de fiabilidade com seus carros, além de uma desclassificação por irregularidades na asa dianteira. A regularidade de Schumacher até este momento do campeonato, por si só já é uma tremenda vantagem contra a McLaren.
A coisa fica ainda mais complicada para Hakkinen e Coulthard se levarmos em conta que, nos últimos dois anos, a McLaren iniciou o campeonato de forma arrasadora, e a Ferrari, mesmo em desvantagem, ainda conseguiu esboçar uma reação com Michael Schumacher, a ponto de levar a decisão, que deveria ser apenas entre os pilotos dos carros prateados, para o final do campeonato, embolando a disputa. Resumindo: se em desvantagem, o alemão já significava problemas, mesmo quando a McLaren dispunha de um cacife técnico superior, imagine agora que a Ferrari está, na pior das hipóteses, no mesmo nível da McLaren? Nesse contexto, o talento de Michael Schumacher é o fator de desequilíbrio, assim como Ayrton Senna metia medo nos adversários, mesmo quando estava ao volante de um carro menos competitivo, pois todos sabiam do que o brasileiro era capaz.
Para piorar a situação na McLaren, a Ferrari praticamente só tem um de seus pilotos na luta pelo título. Rubens Barrichello vem fazendo uma boa temporada, levando-se em conta que esta é a primeira vez em que dispõe de um carro de ponta. Contudo, o brasileiro tem ficado à sombra de Michael Schumacher no time italiano. Quando se esperava uma reação mais forte do piloto brasileiro, como em Silverstone, onde Rubens deu a primeira pole-position do ano para a Ferrari, um problema mecânico fez Barrichello abandonar a prova, que liderava com certo controle, e ver a vitória da prova britânica cair no colo do time inglês. Com um certo equilíbrio de resultados na McLaren, apesar de uma melhor performance de Mika Hakkinen, é notório e até óbvio afirmar que a Ferrari centraliza suas forças em apenas um piloto, Schumacher.
No ano passado, o alemão ficou fora da competição devido ao acidente sofrido na Inglaterra, onde quebrou uma perna e perdeu várias corrias, mas em 98 deu um certo trabalho aos pilotos prateados em algumas corridas, e até mesmo na prova decisiva da temporada, em Suzuka. Agora, com a melhor performance do carro italiano, os ingleses que se cuidem, pois Schumacher provavelmente não deverá deixar escapar a melhor oportunidade que está se apresentando para finalmente tirar o time italiano da fila de campeonatos de pilotos que já se arrasta desde 1979, quando Jody Scheckter foi o último campeão pela escuderia rossa.
Mais um piloto brasileiro irá correr na F-CART em 2001. Max Wilson já acertou contrato para competir pela nova equipe Sigma, que irá disputar o campeonato da categoria no próximo ano. Com isso, Wilson é mais um piloto brasileiro que troca a Europa pelos Estados Unidos. Se tudo permanecer nesse patamar, o Brasil poderá ter um novo recorde de pilotos no próximo campeonato da categoria.
O brasileiro Bruno Junqueira está com tudo na F-3000. Duas vitórias consecutivas e a liderança do campeonato com uma folga razoável para o segundo colocado credenciam o piloto a ser o mais novo integrante brasileiro na F-1 no ano que vem. As duas vitórias de Bruno na F-3000, uma categoria marcada por equilíbrio e dificuldades nas disputas, foram muito boas, o que apenas comprova o talento do jovem brasileiro.
Flavio Briatore voltou a dirigir uma equipe de F-1 e mostra novamente os velhos hábitos. Na negociação dos testes com o brasileiro Antonio Pizzonia, Briatore tentou enfiar o brasileiro em um daqueles seus famosos contratos de 5 anos, onde prende o piloto e não lhe dá garantias nenhuma de ser efetivado em algum cockpit. Pois Pizzonia mostrou-se duro na queda nas negociações, para desgosto de Briatore, que chegou a ameaçar o brasileiro de fechar-lhe as portas para a F-1 se não assinasse o contrato. Pizzonia venceu a parada e assinou um contrato para apenas um teste. Muito bom da parte do “Jungle Boy”, já que o contrato de Briatore, cuja fama em explorar e se desfazer de seus pilotos é notória, poderia comprometer seriamente o futuro de Pizzonia no automobilismo. Enquanto isso, a fama de Pizzonia vem aumentando, com suas espetaculares atuações no campeonato inglês de F-3. O futuro na F-1 não está muito longe e, como o próprio Pizzonia declarou, ao encarar Briatore, ele poderá ser um grande piloto na categoria. Os chefões da F-1 já estão de olho nele, e não são poucos...
Outra de Briatore: ele “roubou” da Jordan o seu projetista-chefe, Mike Gascgoyne, e já começou a colocar suas manguinhas de fora na direção da Benetton, agora equipe da Renault, que irá assumir oficialmente o nome da fábrica francesa a partir de 2002. Dizem que o próximo alvo de Briatore é Alexander Wurz, que não está rendendo nada no time e que pode dançar antes do fim do ano. Briatore, famoso pôr despedir pilotos a torto e a direito, é bem capaz de fazer isso. Ética nunca foi palavra de ordem na F-1, mas decididamente, Flávio Briatore dá uma nova dimensão à expressão “jogo sujo” na categoria. E muita gente não gosta de radicalizar como ele faz. A F-1, que ultimamente anda meio insossa, poderia passar sem as tramóias de Briatore...
Roberto Moreno vem sendo a sensação do campeonato da F-CART nesta temporada. Pela primeira vez correndo com um carro decente e tendo uma estrutura estável atrás de si, o piloto carioca já está entre os primeiros colocados no campeonato da categoria. Moreno, fazendo uso da regularidade, vem pontuando em todas as provas e dando mostras de todo o seu talento. Uma resposta clara a quem vinha dizendo que os “velhinhos” não tinham mais vez na categoria, depois que ela foi invadida pôr dezenas de pilotos mais jovens. Moreno, aos 41 anos, é o mais velho entre os pilotos do campeonato, mas isso não quer dizer nada, muito pelo contrário, o seu talento, unido à sua grande experiência em diversas categorias, está dando frutos mais do que óbvios. E, como ele mesmo disse, a disputa do título é mais do que possível.
O motor Toyota vem finalmente mostrando evolução na F-CART. A fábrica japonesa, que prepara seu ingresso à F-1 em 2002, deu mostras de finalmente conseguir fazer um motor capaz de rivalizar com seus tradicionais rivais da Honda. Nas etapas mostradas até aqui, o motor japonês já conseguiu 2 pole-positions e conseguiu liderar várias corridas. A fiabilidade do V-8 japonês, entretanto, têm deixado os pilotos na mão, em especial o atual campeão da categoria, Juan Pablo Montoya, que está tendo uma atuação pífia até o presente momento no campeonato em termos de pontuação. Montoya tem pilotado com a garra de sempre, mas a fiabilidade de seu motor já o deixou na mão em diversas etapas. Enquanto isso, seu companheiro de equipe, Jimmy Vasser, com um pouco mais de sorte, vem mantendo-se entre os primeiros colocados no campeonato, posição até então inédita para a Toyota. E um mérito também à equipe Chip Ganassi, que ninguém esperava que estivesse lutando pelo título este ano, depois de mudar todo o seu pacote técnico de 99 para cá, e ainda por cima perder o seu principal engenheiro, Morris Nunn.
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