quarta-feira, 3 de março de 2021

FLYING LAPS – FEVEREIRO DE 2021

            E estamos iniciando o mês de março de 2021. A situação mundial continua complicada, devido à pandemia, e mesmo que se vislumbre a esperança de melhoras, com o início da vacinação contra a Covid-19 em vários países, as perspectivas para o Brasil são sombrias, pelo descalabro de nossas autoridades, em especial a de Brasília, mas também pela falta de responsabilidade e insensibilidade de muitas pessoas que teimam em ignorar o perigo ainda existente. E infelizmente, nossa vacinação vai demorar, de modo que será preciso muita paciência, com os efeitos só começando a aparecer depois de vários meses. Não dá para marcar bobeira com relação à pandemia. Enquanto isso, é hora de vermos alguns acontecimentos do mundo do esporte a motor ocorridos neste mês de fevereiro, onde tivemos algumas novidades interessantes do mundo da velocidade para reportarmos em tópicos rápidos com breves comentários, em mais uma sessão da Flying Laps. E neste mês de março deveremos ter o início de vários campeonatos do mundo do esporte a motor, os quais esperamos que possam ocorrer tomando os maiores cuidados ante a pandemia. Portanto, boa leitura a todos, e até a próxima coluna Flying Laps do próximo mês...

Romain Grosjean irá participar da temporada 2021 da Indycar, tendo firmado contrato para correr pela Dale Coyne, depois de encerrar definitivamente sua carreira na Fórmula 1 ao fim da temporada de 2020. Mas o piloto abriu mão de competir nas etapas em circuitos ovais do calendário, como Texas e Indianápolis. O piloto, contudo, estaria analisando correr na etapa de Gateway, dependendo das circunstâncias. E Grosjean já fez sua estréia na nova categoria, ao participar do teste coletivo dos times na pista de Barber, no Alabama. E, bem... O ex-F-1 ainda precisa desencanar um pouco, já que acabou terminando com o último tempo entre os que treinaram, e ainda por cima, bateu com seu novo carro, no último dia 23 de fevereiro, após rodar e escapar da pista na curva 1 do circuito do Alabama. Felizmente, foi um acidente leve, e Grosjean fez questão de elogiar o estilo de pilotagem exigido do carro, completamente diferente dos F-1 que conduziu nos últimos anos. Romain afirmou que o carro permite ao piloto impor melhor sua pilotagem pessoal, e o fato de possuir maior aderência mecânica em relação aos F-1 o deixa empolgado com as maiores possibilidades de conseguir fazer uma boa corrida. O piloto ainda se recupera do forte acidente sofrido na pista de Sakhir, no Bahrein, onde seu carro saiu da pista e colidiu com o guard-rail, desencadeando uma bola de fogo com o rompimento do tanque de combustível no impacto. Sua mão esquerda, que sofreu queimaduras, ainda não está completamente recuperada. Sobre não disputar as etapas nos ovais do Texas e em Indianápolis, ele fez questão de frisar que é um pai de família, com três filhos, e preferiu minimizar um pouco os riscos, especialmente depois do forte acidente que sofreu no fim do ano passado, que deixou todo mundo na expectativa se ele escaparia ou não ileso. O forte acidente, aliás, fez com que Gene Haas, dono da escuderia de F-1 onde o piloto competia, desistisse de lhe dar apoio para competir na Indy este ano, alegando que não queria ver o piloto tentar se matar com seu apoio. Bom, se o medo de Haas era que Romain sofresse um novo acidente, a escapada em Barber pode ter deixado seu ex-patrão com a pulga atrás da orelha, mas agora é torcer para que nada pior aconteça. Grosjean não é o primeiro piloto a preferir não se arriscar nos circuitos ovais: nos últimos tempos, alguns pilotos egressos da Europa que tentaram competir na Indycar fizeram preferência parecida. Mas, se o temor é de sofrer novos acidentes, os circuitos mistos e de rua também tem lá seus perigos, e não é pela velocidade ser menor que ele pode relaxar muito. Mas fica a expectativa de quem estiver a seu lado na pista, considerando o seu currículo recente de confusões na F-1...

 

 

O carro de Romain Grosjean, aliás, já tem dono para as etapas nos circuitos ovais onde o ex-F1 não irá estar presente. E é um nome conhecido dos brasileiros, e do próprio Grosjean: Pietro Fittipaldi fez um acerto coma Dale Coyne para assumir o carro nas provas em pistas ovais, e com isso, marcará presença em algumas corridas na Indycar, como fez há alguns anos atrás, antes de se tornar piloto reserva da equipe Haas na F-1. Aliás, Pietro substituiu Grosjean nas duas corridas finais da temporada passada após o acidente do piloto em Sakhir, e agora, irá novamente rendê-lo nas etapas onde ele optou por não correr no campeonato Indycar, entre elas as 500 Milhas de Indianápolis, a prova mais importante do calendário. Paralelamente a isso, o neto de Émerson Fittipaldi continuará a exercer sua função de piloto de testes e piloto reserva da escuderia de Gene Haas na F-1, estando de prontidão para substituir algum piloto do time se necessário. A Haas terá como dupla titular o alemão Mick Schumacher e o russo Nikita Mazepin, uma dupla de novatos na competição.

 

 

Pietro não é o único Fittipaldi que volta a olhar para os Estados Unidos como opção de carreira este ano. Seu irmão Enzo, que disputou no ano passado a F-3 com a equipe HWA Racelab, tendo terminado a competição em 15º lugar, resolveu mudar de ares, e vai disputar o campeonato da Indy Pro 2000, uma das categorias de acesso da Indycar nos Estados Unidos. Ele irá competir pela RP Motorsport, com apoio do time da Andretti, sendo que a primeira corrida da competição é em abril, como prova preliminar da Indycar no circuito de Barber, no Alabama. Enzo fez questão de frisar que, apesar de ir competir nos Estados Unidos este ano, ele ainda tem como meta chegar à F-1. Com este objetivo em vista, o piloto, que fez parte da Academia de Pilotos da Ferrari, foi campeão da F-4 italiana em 2018, e vice-campeão da Formula Regional Européia em 2019. Sua passagem pela F-3, contudo, foi um pouco mais complicada, sem obter os mesmos resultados. Por isso, uma mudança de ares pareceu bem-vinda, para ter um ano melhor aproveitado. Que seja um ano de melhores possibilidades profissionais para a carreira de mais um neto de Émerson Fittipaldi.

 

 

Ainda não será desta vez que a Ferrari irá se aventurar na Indycar. Nos últimos meses, o nome da tradicional marca de carros esporte foi ventilada como um dos novos reforços que a categoria de monopostos dos Estados Unidos estaria tentando atrair para dar maior diversidade de conjunto técnico e apoio à competição. Mas Mattia Binotto, chefe da tradicional escuderia de F-1, declarou que neste momento a equipe de competição está focada em recuperar sua competitividade na categoria máxima do automobilismo, e por isso, não seria prudente dividir as atenções com uma participação no certame dos Estados Unidos. Nos anos 1980, desgostoso com algumas políticas da F-1, e vendo seu time perder parte da importância que já teve na competição, Enzo Ferrari ameaçou retirar seu time da F-1, e mudar-se para a antiga F-Indy. Um carro com as especificações dos monopostos da categoria norte-americana até foi construído, mas no final, a ameaça não se concretizou, com a Ferrari permanecendo na F-1, onde está até hoje. Binotto admitiu que, para o futuro, tudo ainda é possível, abrindo uma esperança de que em algum momento a Ferrari possa considerar participar da Indycar, mas não tão já. O jeito é esperar...

 

 

Enquanto isso, a escuderia de Maranello anunciou que irá disputar as 24 Horas de Le Mans a partir de 2023, bem como participar do Mundial de Endurance (WEC) na nova categoria dos hipercarros, que estréiam na competição este ano, em substituição aos antigos protótipos LMP1. Nos últimos anos, a Ferrari se manteve presente na competição do Mundial de Endurance, mas na categoria GT. A nova empreitada levaria a fábrica italiana a voltar a competir na principal divisão, sendo que a Ferrari possui 9 vitórias nas 24 Horas de Le Mans. O projeto está sendo desenvolvido, e por enquanto, a Ferrari não divulgou os nomes que farão parte do projeto na pista.

 

 

E a Stock Car Brasil terá um novo astro internacional em seu grid nesta temporada. Tony Kanaan, campeão da Indy Racing League em 2004, irá disputar a competição de forma integral. O piloto, que resolveu adiar a sua aposentadoria da Indycar para este ano, onde disputará apenas 4 provas pela Ganassi, todas em circuitos ovais, firmou contrato com a equipe Texaco Racing, em parceria com a Fulltime, equipe onde está Rubens Barrichello. Ambos foram companheiros de equipe na Indycar na temporada de 2012, quando correram pela KV Racing no certame dos Estados Unidos, após Rubinho ficar sem lugar na F-1. A parceria só não continuou em 2013 porque Barrichello precisava levar patrocínio, mas tendo recebido proposta para competir na Stock, e ganhando para isso, Rubens resolveu se estabelecer por aqui, onde está competindo até hoje, e já tendo um título no currículo. E agora terá novamente a companhia de Kanaan, que desde que foi competir na Europa no início dos anos 1990 não corria no Brasil, tendo participado como convidado de apenas duas provas da Stock na temporada de 2012. Aos 46 anos, e tendo uma situação bem confortável após anos de carreira competindo nos Estados Unidos, Kanaan revelou que foi uma surpresa o convite para correr na Stock, e que tudo se acertou em poucos minutos, e não escondeu o entusiasmo do novo desafio que o espera em seu retorno profissional em terras brasilis: “É uma fase nova da minha vida. A Stock Car, nunca foi segredo pra ninguém, era uma categoria que eu gostaria de disputar. As expectativas são grandes. Vamos chegar numa das melhores equipes da Stock Car, com a Texaco, um patrocinador lendário na categoria, então eu espero aprender bastante. Das pistas da Stock, tem quatro ou cinco que eu não conheço. Vou ter de aprender as pistas, o carro e como funciona a dinâmica da categoria. Mas a expectativa é muito boa”, declarou o piloto.

 

 

Kanaan não será o único nome de destaque do automobilismo internacional a estrear em tempo integral na Stock Car este ano. Felipe Massa, depois de participar das últimas duas temporadas da Formula-E, é outro piloto que fará sua estréia como piloto integral da competição, defendendo o time da R. Matheis. Assim como Tony, Felipe também já havia participado de duas provas da competição, em 2018, de modo que não será, assim como seu compatriota, um total novato no certame. Mas, competindo como convidado é uma história, e como piloto efetivo é outra, de modo que os desafios que ambos enfrentarão serão grandes, especialmente com os nomes já estabelecidos na competição, entre eles Rubens Barrichello, que está lá desde 2013, e hoje é uma das estrelas da competição. O campeonato da Stock Car Brasil 2021 começa no dia 28 de março, na pista do Velopark, e estão previstas 12 provas em 10 finais de semana, mas o andamento do campeonato dependerá das condições sanitárias e do comportamento da pandemia da Covid-19. A Bandeirantes transmitirá todas as corridas ao vivo na TV aberta, enquanto o SporTV fará a transmissão em TV fechada.

 

 

O mundo da MotoGP sentiu neste mês de fevereiro a perda de Fausto Gresini, ex-piloto e atualmente dono da equipe que leva seu nome. Ele estava internado desde o dia 27 de dezembro, em decorrência da Covid-19, e infelizmente, não teve muita sorte na luta com o coronavírus que já ceifou a vida de inúmeras pessoas no mundo inteiro. Internado desde então na UTI do hospital Maggiore, em Bolonha, seu estado de saúde até apresentou alguma melhora, mas insuficiente para fazê-lo vencer a luta pela vida, falecendo no último dia 23 de fevereiro. Gresini competiu por 12 temporadas na classe 125cc, entre 1983 e 1994, tendo sido bicampeão nas temporadas de 1985 e 1987, acumulando um total de 21 vitórias, 47 pódios e 17 pole-positions durante este período. Em 1997, ele fundou sua equipe, competindo na então categoria 500cc, antiga classe rainha da atual MotoGP, onde chegou a ser vice-campeã três vezes, duas com Sete Gibernau e uma com Marco Melandri. Mas foi na última categoria de acesso que seu time conquistou o título: em 2001 com o japonês Daijiro Kato, na antiga categoria 250cc; em 2010, já na Moto2, com o espanhol Toni Elias; depois em 2018 na Moto3, com o espanhol Jorge Martín; e pela última vez em 2019, na MotoE, com o italiano Matteo Ferrari. Na classe rainha, a Gresini competia com equipamento da Honda, até que em 2015, começou a correr com motos da Aprillia. A Gresini também participava das categorias Moto2 e Moto3, além de ter participado do certame da MotoE, de motos de competição elétricas. Todos sentiram a perda de Fausto Gresini, após sua família e a escuderia confirmarem sua morte. Entre 1997 e 1998, o brasileiro Alexandre Barros defendeu o time de Gresini na classe 500cc do Mundial de Motovelocidade, tendo conquistado três pódios e marcado duas voltas mais rápidas.

 

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