sexta-feira, 26 de março de 2021

SINAL VERDE

Hora de acelerar fundo, com o início da Fórmula 1 (acima), e da MotoGP (abaixo), com as disputas em altíssima velocidade na pista.


            Hora de encerrar a abstinência da alta velocidade. A Fórmula 1 está de volta, e não está sozinha. Além da categoria de acesso, a F-2, teremos também a largada da MotoGP, e suas categorias de acesso, a Moto2 e a Moto3. E todos estarão bem próximos, no Oriente Médio. Enquanto a turma das quatro rodas dá início oficial às suas atividades no autódromo de Sakhir, no Bahrein, o pessoal das duas rodas acelera no autódromo de Losail, no Qatar, bem ali ao lado. E, para felicidade dos brasileiros, todas as corridas terão transmissão ao vivo para o Brasil. A F-1 e a F-2 estarão com transmissão pela Bandeirantes e Bandsports, enquanto a MotoGP e suas classes menores seguem firmes no FoxSports, e teremos novidades nas transmissões.

            Na F-1, a novidade já é óbvia: a Bandeirantes assumiu as transmissões depois da negativa da Globo em seguir com a categoria máxima do automobilismo. E apesar de contar com um grupo de profissionais na transmissão majoritariamente vindo da Globo, deveremos ter uma transmissão bem mais engajada e ampla das atividades da pista. O esquema de transmissão da Bandeirantes para a temporada é ter os treinos livres e a classificação com transmissão ao vivo no canal pago Bandsports, enquanto as corridas serão vistas ao vivo no canal aberto Bandeirantes, enquanto os campeonatos da F-2 e F-3 serão transmitidos na íntegra pelo Bandsports. Mas, para este final de semana, as coisas serão um pouco diferentes: o treino de classificação da F-1 será exibido na TV aberta, ao vivo, a partir do meio-dia de amanhã, sábado. No domingo, por volta das 7:30 Hrs., a Bandeirantes irá exibir a corrida 3 da F-2, ao vivo. A partir das 9 da manhã, começará o Show do Esporte, com destaque para o automobilismo, com transmissão apenas para São Paulo, e a partir das 10 horas, começará o pré-GP, que se estenderá até a hora da largada, às 12 horas, onde serão apresentadas diversas matérias para situar os telespectadores e fãs a respeito da competição. E não podemos esquecer da mais nova opção dos fãs brasileiros da F-1: o serviço de streaming oficial da categoria, o F1TV, que permitirá a todos acompanhar as disputas ao vivo no pacote Pro, podendo conferir o belo trabalho da Sky Sports britânica.

            Sem dúvida, uma bela programação para começar com o pé direito as transmissões em 2021. E com a Bandeirantes prometendo mais respeito para com o torcedor, prometendo transmitir a cerimônia do pódio, limada das transmissões da Globo nos últimos tempos. E, apesar de termos os mesmos profissionais de transmissão da Globo, não há porque achar que o estilo de apresentação será o mesmo da emissora carioca. A bem da verdade, a Globo desmereceu a F-1 nos últimos tempos, e na Bandeirantes, a ordem é recuperar o respeito e a estima do telespectador e torcedor com uma maior dedicação à qualidade da transmissão. E, neste caso, contar com os mesmos profissionais que há anos já faziam isso na Globo, não é um sinal de continuísmo, mas uma garantia de que tudo será feito com conhecimento do que estará sendo visto na pista.

            Afinal, como desdenhar do conhecimento de Reginaldo Leme sobre automobilismo? Ele acompanha a F-1 desde 1972, e edita um dos livros mais primorosos sobre o assunto no mercado editorial, o Automotor Esporte, e sabe ser extremamente comunicativo. Sergio Mauricio já transmitia os treinos, e vez por outra, as corridas que a Globo não exibia por não querer conflitar com o futebol, e não tem os excessos que Galvão Bueno vinha cometendo nos últimos tempos, especialmente, não ter o ego inflado do narrador famoso. Felipe Giaffone, além de ex-piloto de monopostos, também foi comissário da FIA, e há anos comenta automobilismo, primeiro com a IRL/Indycar, e mais recentemente a F-1. Max Wilson tem currículo similar, e dá conta do recado. E, nos autódromos, a experiência e conhecimento de mais de uma década trabalhando na função, exercida por Mariana Becker, e com o suporte por trás de Jayme Brito, que está no meio desde os anos 1980, tem tudo para seguir dando certo. Some-se a isso o reforço de Juliane Cesarolli, que já atuava nas transmissões da Rádio Bandeirantes, e outros profissionais da casa, como Celso Miranda, e poderemos ter muitas razões para ficarmos satisfeitos durante a temporada de 2021.

            Uma temporada que promete emoções na pista, em especial uma provável batalha entre a favorita dos últimos anos, a Mercedes, e a Red Bull, que parece estar em sua melhor forma desde 2013, quando conquistou seu último título. O time dos energéticos terminou a pré-temporada com as melhores marcas e um desempenho sólido e constante, sem ter nenhum problema mecânico, enquanto a arquirrival Mercedes teve problemas de confiabilidade e de comportamento instável com a traseira do seu novo carro, no que pode ser considerada a pré-temporada mais complicada vivida pelo time alemão em muitos anos. O nervosismo nos boxes da esquadra germânica pode sugerir que o favoritismo mudou de endereço para este ano, mas é preciso esperar para ver. O carro campeão dos últimos anos não deixou de ser rápido a ponto de ser considerado uma “zebra”, e a Red Bull pode ter se saído melhor nos testes, mas quanto realmente melhor ela foi? Seguindo a máxima de treino é treino, e corrida é corrida, chegou a hora de sabermos onde cada um destes times está realmente na relação de forças do grid.

Será que o duelo ferrenho entre Max Verstappen e Lewis Hamilton se tornará realidade? Todo mundo na torcida para que sim.

           
E, claro, já começaram as picuinhas, com a Red Bull acusando a Mercedes de jogar o favoritismo para eles, com claros objetivos de pressão psicológica. Os rubrotaurinos repudiam a condição de favoritos, e preferem manter a prudência, até para evitar uma decepção inesperada. Lewis Hamilton procura demonstrar tranquilidade, como forma de confiar no seu time, que não ficou parado vendo os percalços sofridos e trabalhou duro para encontrar uma maneira de resolvê-los, ou pelo menos, minimizá-los. Se conseguiu ou não, chegou a hora de conferirmos. Mas é claro que, para o bem da competição, todo mundo torce para que finalmente a Mercedes, depois de ganhar a maioria dos títulos desde 2014 quase correndo sozinha, tenha enfim que se debater com um rival à altura nas corridas, e que Lewis Hamilton, em busca de mais um título, prove definitivamente o grande piloto que é, duelando com um adversário que tenha condições mais parelhas de enfrenta-lo em termos de equipamento competitivo. Mais do que um duelo épico, os fãs querem mesmo é ver o circo pegar fogo, e com o maior número de pilotos possível.

A Renault traz sua marca Alpine para a F-1, e promove o retorno do bicampeão Fernando Alonso à categoria, depois de dois anos ausente.

           
E olha que poderemos ver isso, pois além do potencial duelo entre Mercedes e Red Bull, a turma que vem logo atrás parece estar mais embolada do que nunca. McLaren, Alpine, Ferrari, Aston Martin, e Alpha Tauri, tem tudo para travarem uma briga das boas pelo posto de “melhor do resto”, talvez até mais do que o que pudemos ver no ano passado. Se na Mercedes e Red Bull tivemos o reforço desta com a chegada de Sergio Perez, no segundo pelotão temos o retorno de Fernando Alonso na Alpine; a mudança de Daniel Ricciardo para a McLaren, enquanto Carlos Sainz Jr. foi para a Ferrari; e a ida de Sebastian Vettel para a Aston Martin. E ainda temos um novato que pode dar o que falar, o japonês Yuki Tsunoda, que pode fazer das suas com um carro que parece bem nascido na Alpha Tauri. Se a Aston Martin resolver os seus problemas, e o time “B” da Red Bull confirmar sua evolução, o bicho promete pegar firme entre estas cinco escuderias. E quanto mais brigas, melhor.

            E veremos também como a “turma do fundão” se comportará esse ano. Se Alfa Romeo parece pronta para se desgarrar e tentar chegar nos outros times à frente, Haas e Williams, que preferiram guardar seus recursos para 2022, deverão ter um duelo particular pela posição nada honrosa de últimos do grid. Com um piloto mais calejado como George Russel, a Williams sai em vantagem nesse duelo, uma vez que o time de Gene Haas vem com uma dupla de novatos na categoria, sendo um deles Mick Schumacher, filho do heptacampeão Michael Schumacher, que tentará mostrar seu talento, o que será difícil com o carro limitado da escuderia norte-americana. Já Nikita Mazepin causou mais estardalhaço pelo que fez fora da pista do que dentro dela, o que nunca é algo muito encorajador. Mas como infelizmente a Haas se rendeu aos dólares do pai de Mazepin, que se virem com ele, e que não se arrependam depois...

            E as expectativas não são menores na competição das duas rodas. Depois de um ano complicado como foi 2020, onde Marc Márquez acabou ficando de fora depois de se acidentar na primeira corrida, e se complicar em sua tentativa de recuperação rápida demais, tivemos um ano onde vários pilotos conseguiram se destacar, sem um favorito que destoasse dos demais, como vinha acontecendo nos anos anteriores com a presença do piloto da equipe oficial da Honda. O título acabou indo para quem acabou fazendo um melhor trabalho e melhor performance na pista, no caso, Joan Mir e a equipe Suzuki. Foi também um ano onde o time SRT, satélite da Yamaha, andou muito melhor do que o próprio time de fábrica, ajudando a embaralhar as oportunidades na disputa.

            E o melhor de tudo é que pelos indícios da pré-temporada de 2021, a nova temporada que começa neste final de semana tem tudo para apresentar novamente um duelo equilibrado. Marc Márquez, cujo retorno podia até acontecer neste GP, preferiu seguir a ordem dos médicos e não forçar a barra como acabou fazendo no ano passado. A “Formiga Atômica” já voltou a treinar, inclusive pilotando motos, e parece estar bem recuperado. Sua ausência na rodada dupla que abre a temporada na pista de Losail não é um prejuízo como muitos afirmam, muito pelo contrário. Se a disputa se mostrar mesmo parelha entre vários times e pilotos, as chances de alguém desgarrar na frente são bem menores, e as três semanas adicionais que Márquez ganhará significarão uma recuperação mais completa para o piloto da Honda, que poderá contar com o retorno de sua grande estrela em condições bem mais completas do que agora, voltando à competição no GP de Portugal, no dia 18 de abril, em Portimão. E, para felicidade da Honda, os trabalhos feitos para deixar seu protótipo mais “pilotável” parece ter rendido bons frutos, com Stefan Bradl e seu novo contratado Pol Spargaro a mostrarem competitividade na pré-temporada. Imaginem então o que Márquez poderá fazer, quando estiver plenamente recuperado... Um pouco mais de paciência renderá frutos positivos neste caso.

            A Suzuki, campeã com Mir em 2020, não parece muito favorita para a nova temporada, mas confia em fazer o seu trabalho, e dar ao atual campeão a chance de defender seu título e repetir a dose. Na Yamaha, muito trabalho para corrigir, tanto quanto possível, as falhas observadas no ano passado, e tentar evitar ser novamente deixada para trás por sua filial SRT. Para melhorar suas chances, a marca dos três diapasões promoveu Fabio Quartararo para o time oficial, enquanto rebaixou Valentino Rossi para o time satélite, mas com garantia do apoio total da fábrica na competição. Quartararo, contudo, de prodígio no início da temporada passada, terminou o ano em baixa, e procura agora se reencontrar. Já o “Doutor” teve sua pior temporada na competição, tendo vários problemas, além de ter perdido duas provas por ter contraído Covid-19, e agora busca recuperar-se na competição, antes de decidir se aposentará ou não o capacete na competição das duas rodas. E o clima é muito mais positivo na SRT, já que Rossi terá a companhia de Franco Morbidelli, que é um amigo e pupilo do multicampeão italiano, e começou a temporada 2020 na sombra de Quartararo, mas terminou o ano com o vice-campeonato, e a moral em alta. Já na Yamaha, além de Quartararo procurando retomar sua performance, Maverick Viñalez ainda não conseguiu empolgar na escuderia como fazia na rival Suzuki, e isso certamente tem incomodado o piloto, que passou por situações curiosas e desagradáveis no ano passado. Sem poder desenvolver o motor com as limitações técnicas impostas pelo regulamento para contenção de gastos, tanto a Yamaha oficial quanto a filial SRT tiveram que trabalhar nas demais áreas a fim de contrabalançar a falta de velocidade em reta para alguns rivais. Os resultados parecem animadores, mas quão melhores de fato foram? É preciso conferir isso na pista, e mesmo assim, torcer para o desempenho não ser novamente a montanha russa vista na temporada passada, com boas performances em algumas pistas, e momentos ruins em outras. E constância sempre é alto crucial se você quer disputar o título.

Campeã com Joan Mir em 2020 (Nº 36), a Suzuki pretende trabalhar duro para repetir o feito em 2021.

           
E o que dizer da Ducati, que de principal adversária da Honda nos anos recentes, perdeu-se na pista e nos boxes em 2020, desperdiçando a oportunidade de ser campeã. Despediu sua dupla titular e arrumou uma nova, onde Jack Miller parece bem determinado a aproveitar a chance. De positivo, o time italiano confirma que ainda tem um verdadeiro canhão nas retas, com o melhor tempo da pré-temporada obtido por Miller na mesma pista de Losail, e com o novo recorde de velocidade alcançado por Johaan Zarco com a Desmosédici do time satélite Pramac. Se eles não se enrolarem novamente fora da pista, a escuderia de Bolonha deve engrossar a luta pelo título, com maiores chances do time oficial, e alguns brilhos da satélite Pramac, onde se espera que Zarco volte a mostrar toda a capacidade com a qual encantou os torcedores e foi considerado um piloto em potencial para ser um dos astros da classe rainha do motociclismo, até desandar na KTM.

            O time austríaco, aliás, parece ter andado para trás, não tendo apresentado resultados muito animadores na pré-temporada. Depois do bom desempenho e momento vivido em 2020, era de se imaginar que a KTM pudesse continuar evoluindo e engrossasse o rol dos times que pudessem brigar pelo título, ou pelo menos bagunçar a disputa com os demais. Não parece ter conseguido atingir os resultados almejados nos testes. Espera-se, claro, que eles tenham conseguido estudar os dados e encontrar respostas para melhorarem suas expectativas, e quem sabe, retomar o rumo ascendente visto na última temporada. E temos a boa surpresa da Aprilia, que teve liberdade para mexer mais no seu equipamento, e parece ter conseguido dar um salto de performance muito encorajador, tanto que conseguiram até fazer com que Andrea Dovizioso aceitasse testar a moto. Com o italiano dando sopa por estar em time para defender este ano, quem sabe ele não pode reforçar a escuderia, que tem em Aleix Spargaro sua única arma, já que não se espera muito de Lorenzo Savadori. E seria também um alento para o time, que perdeu seu fundador em fevereiro, após lutar contra a Covid-19.

            O Fox Sports continuará a mostrar tanto a classe rainha como a Moto2 e Moto3 na íntegra, e ao vivo, e garantiu um reforço em seu time de transmissão, com a contratação de Fausto Macieira para comentar as corridas, função que desempenhou por muito tempo nas transmissões do SporTV da MotoGP, o que é um bom sinal para garantir uma melhor transmissão das corridas, que muito provavelmente se encarregarão de demonstrar bons duelos e pegas entre os competidores, como vimos no ano passado. Portanto, nada de choramingos. Acabou a longa espera. F-1 e MotoGP a postos, e que todo mundo possa acompanhar de novo as disputas e brigas em alta velocidade. Sinal verde para a competição destas duas modalidades em 2021!!

Marc Márquez está fora das duas provas no Qatar. Maior prudência para evitar nova precipitação, e melhorar sua recuperação para voltar com tudo, possivelmente na terceira etapa, em Portugal.

 

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