Sebastian Vettel e seu novo visual para a temporada 2021 na Aston Martin. |
A praticamente dois meses do início da temporada deste ano, as peças da Fórmula 1 começam a se assentar para a disputa do campeonato, apesar das incertezas que pairam sobre a competição, diante da pandemia da Covid-19, o que pode complicar muitas coisas, mesmo com a vacinação em andamento em vários países, uma vez que novas variantes do coronavírus têm demonstrado serem muito mais contagiosas, o que pode fazer com que os esforços de imunização precisem de mais tempo e esforço para surtirem efeito e promover um retorno à normalidade.
Mesmo assim, a temporada segue cheia de expectativas, como é de praxe a cada ano. E fica a dúvida se a relação de forças vista no ano passado se manterá este ano. Apesar da manutenção dos chassis de 2020, as partes que sofreram mudanças no regulamento técnico, como as novas dimensões dos assoalhos dos carros, entre outros detalhes, podem influir no desempenho dos carros, de modo que a competitividade de alguns modelos poderá diferir do que foi visto no ano passado. A Mercedes, por exemplo, afirmou que as mudanças podem fazer com que seu carro “regrida” à performance exibida em 2019, indicando que ele perderá parte de sua competitividade. Mas será mesmo? O carro do time alemão não será o único afetado, e como as regras são para todos, certamente os demais times também terão de lidar com uma performance diferente da que exibiram em 2020. Só que ninguém sabe dizer quem será mais ou menos afetado por estas mudanças, então, fica a expectativa de quem se sairá melhor, ou talvez pior, em relação à temporada passada.
Por isso mesmo, uma resposta mais clara só deverá ser vista nos testes coletivos da pré-temporada, que este ano serão ainda mais exíguos, com apenas 3 dias, a serem realizados na pista de Sakhir, onde a temporada começa no dia 28 de março. Com tão pouco tempo de pista, muito provavelmente ninguém vá esconder o jogo, pois todos precisam saber exatamente suas condições de competição. Seria também uma boa hora para se revogar a regra esdrúxula de terem apenas um carro na pista de cada vez, e deixarem os dois pilotos de cada time rodarem o que for possível, a fim de todo mundo acumular quilometragem e dados com os carros. Mas como a ordem é tentar conter gastos, acho difícil adotarem novamente essa postura, que a meu ver só deixou os testes de pré-temporada dos últimos anos extremamente maçantes.
Assim como já está ficando chata também a “novela” da renovação de Lewis Hamilton com a Mercedes. O novo heptacampeão mundial sabe plenamente que a maior parte de seu sucesso se deve a estar no melhor time da categoria nos últimos anos, e essa lenga-lenga da renovação não deveria se estender tanto assim. Comenta-se que um dos detalhes a serem acertados são os valores a serem recebidos pelo piloto, que estaria querendo não apenas manter, mas até aumentar seus ganhos. Quando lembramos do momento complicado que nosso mundo está vivendo por causa da Covid-19, que impactou inúmeros setores econômicos, e também o mundo do esporte a motor, sendo que alguns times tiveram que precisar de auxílios governamentais para pagar seus funcionários, Hamilton poderia dar mais um exemplo de boa atitude, e aceitar uma redução salarial de seu já astronômico salário, a fim de mostrar solidariedade e sintonia com as necessidades dos tempos atuais. Não se trata de desmerecer seus ganhos, mas quando vemos exemplo de pilotos, como a dupla da McLaren, que aceitou ganhar menos no ano passado para ajudar o time a superar o momento difícil que todos viviam, o piloto inglês, que tanto se engajou em causas sociais no último ano, em especial o combate contra o racismo, poderia mostrar a mesma empatia.
Lewis Hamilton ainda não renovou com a Mercedes para a temporada deste ano.
Duração de contrato,
condições aqui e ali, tudo isso, convenhamos, poderia ser resolvido mais
rapidamente. Ou a Mercedes está impondo condições normais, ou Hamilton está
ficando exigente ou chato demais... Já vi isso em 1993, quando Ayrton Senna,
inconformado por não ter um carro tão competitivo quanto o da Williams, ficou
numa rinha de renovação corrida a corrida com a McLaren por metade do
campeonato daquele ano que só serviu para o piloto brasileiro arrancar mais
dinheiro do time inglês, que sim, precisava muito de Ayrton. A Mercedes sabe do
valor de Hamilton, mas se ele começar a se comportar demais como prima dona,
pode exagerar na dose, e ficando a pé. Exagero? Talvez, mas com o melhor carro
da categoria nas mãos, o que aconteceria se o time alemão resolvesse bater o pé
e deixar Lewis falando sozinho? Pode ser uma possibilidade remota de ocorrer, e
parte do sucesso da Mercedes hoje também é devido a Lewis, que conquistou seis
títulos nos últimos sete anos, com Nico Rosberg a garantir mais um, na maior
hegemonia de uma escuderia em toda a história da F-1, que desde 2014 vem
ganhando praticamente tudo na competição, sendo mais eficiente e competente que
todos os rivais, apesar do empenho destes.
Ou tudo pode ser apenas jogo de cena, para deixar fãs e imprensa ouriçados, com Hamilton já plenamente acertado para correr, e deixando a situação parecer incerta só para atrair a atenção de todos. Já se fala que tudo está acertado, e Lewis continua onde está, o que faria dele mais uma vez o grande favorito ao título, com chances de alcançar o octacampeonato, e se tornar o maior piloto da F-1 de todos os tempos, deixando Michael Schumacher para trás definitivamente nos anais da categoria. E Hamilton precisa aproveitar, pois com o novo regulamento técnico que entra em vigor em 2022, tudo pode mudar, com a Mercedes a não ter mais tanta vantagem sobre os demais times, ou nada mudar efetivamente.
Mas, no caso de o time alemão passar a ter uma disputa mais ferrenha com os times rivais, Hamilton teria muito mais trabalho para continuar vencendo, então, se ele quer ampliar suas marcas, que faça bom uso desta temporada, onde apesar dos pesares, a Mercedes ainda tem tudo para dominar a temporada, ou pelo menos, boas chances, a serem confirmadas quando a disputa começar no Bahrein.
Sergio Pérez: reforço da Red Bull para 2021, assim como um novo motor da Honda.
Enquanto isso, a Red
Bull anunciou que chegou a um acordo com a Honda para continuar usando de forma
independente as unidades de potência nipônicas em 2022 para seus dois times na
categoria máxima do automobilismo. Os japoneses, aliás, estão fazendo um grande
esforço para deixarem a F-1 por cima, tanto que adiantaram o projeto de 2022
para esta temporada, como cartada para tentar bater a Mercedes. Será que vai
funcionar? É preciso lembrar que o carro da Red Bull em 2020 não foi aquilo
tudo que eles imaginaram que seria, de modo que não foi apenas no motor que o
time dos energéticos ficou devendo na disputa, que se imaginava que seria bem
mais apertada. E nem se pode dizer que o carro da equipe austríaca alcançou a
Mercedes em Abu Dhabi porque todos sabiam que o time alemão estava cumprindo
tabela ali, já tendo parado de desenvolver o modelo 2020 há várias corridas,
quando viam que sua situação estava plenamente encaminhada para garantir tanto
os títulos de pilotos como de construtores. Nas últimas temporadas a Red Bull
tem falado bastante, e até dado trabalho, mas apenas em provas esporádicas, sem
conseguir disputar efetivamente o título. Será que desta vez será diferente?
Um importante reforço é a chegada de Sergio Pérez, que todos esperam possa andar próximo de Max Verstappen como Daniel Ricciardo fazia e até superava o holandês. Pérez sabe que está tendo a oportunidade de sua carreira, e que não pode desperdiçá-la. Se andar no nível do holandês, pode ajudar a engrossar a luta da Red Bull contra a Mercedes, e complicar uma eventual recuperação da Ferrari, que vem com um motor totalmente novo para esta temporada, tentando se redimir do péssimo ano de 2020. Claro, fica a torcida para que os italianos tenham conseguido também resolver os problemas do carro, que também teve boa parcela de culpa na queda de competitividade do time de Maranello na temporada passada.
Por enquanto, os italianos já apresentaram Carlos Sainz Jr. como piloto da escuderia, com o espanhol a treinar nesta semana com o carro de 2018 na Itália. As maiores fichas continuam apostadas em Charles LeClerc, que em 2020 deixou Sebastian Vettel completamente na sobra em Maranello. O tetracampeão alemão, por sua vez, também já foi apresentado esta semana como piloto da nova Aston Martin, ex-Racing Point, com direito até a um novo visual, meio careca, que surpreendeu os fãs, e que se espera, marque um momento de virada na descendente que Vettel vem enfrentando desde 2019. A Aston Martin, aliás, pretende dar mais um passo à frente, depois da boa temporada do ano passado, e se intrometer na luta das grandes.
Carlos Sainz estreou oficialmente pela Ferrari em um teste com o carro de 2018 realizado esta semana na Itália.
E quem também quer
continuar seu crescimento é a McLaren, que volta a usar as unidades de potência
da Mercedes. O time prevê que este ano será de certa adaptação, e a meta é se
manter no TOP-3 da competição, para tentar dar o salto em 2022, com o novo
regulamento técnico. E tem em seu novo contratado Daniel Ricciardo a pessoa
ideal para guiar o time dentro e fora da pista, contando também com o talento
de Lando Norris, que ainda tem muito potencial para crescer.
Com tudo isso, e mais a expectativa do que poderá render Fernando Alonso em seu retorno à F-1, agora com a Renault denominada Alpine, ficamos na ansiedade para vermos o que podemos esperar da nova temporada. Hora de começar a exercitar a paciência, mais uma vez. E que venha a temporada de 2021...
Pipo Derani e Felipe Nasr lutarão pela vitória nas 24 Horas de Daytona.
O campeonato de endurance dos Estados Unidos, o IMSA Wheather Tech Sportscar Championship dá sua largada neste final de semana com uma das provas mais tradicionais e famosas do automobilismo mundial, as 24 Horas de Le Mans, com a participação de 49 carros, divididos nas classes DPi, LMP2, LMP3, GTLM, e GTD. E os brasileiros largam na pole-position da corrida. O carro Nº 31 da Action Express sai em primeiro, posição conquistada pela dupla Pipo Derani/Felipe Nasr na corrida de classificação, disputada no último final de semana. Os brasileiros terão a companhia de Mike Conway e Chase Elliot no carro, e ambos lutarão pela vitória na corrida. Pipo Derani já venceu a prova em 2016, e Felipe Nasr busca seu primeiro triunfo na prova, que chega à sua 59ª edição, desde que passou a ser disputada. Na segunda posição vem o carro Nº 55, da Mazda Motorsports, com os pilotos Oliver Jarvis, Harry Tincknell, e Jonathan Bomarito. O Brasil terá seis pilotos competindo na edição deste ano. Além de Nasr e Derani, teremos também na classe DPi Hélio Castro Neves, atual campeão da categoria, estará presente defendendo a equipe Wayne Taylor, ao lado dos pilotos Ricky Taylor, Filipe Albuquerque, e Alexander Rossi. Mas essa participação é apenas para as 24 Horas de Daytona. Dirani e Nasr competirão com um modelo Cadillac, enquanto Hélio usará o Acura, modelo com o qual foi campeão no ano passado defendendo a Penske, que encerrou sua participação na competição. Na classe GTLM, Augusto Farfus segue defendendo o time oficial da BMW, com um modelo M8 GTE tendo como companheiros John Edwards, Jesse Krohn, e Marco Wittmann. Nossos outros representantes estão na classe GTD: Daniel Serra mais uma vez defenderá a AF Corse, pilotando uma Ferrari 488 GT3, junto com os pilotos Simon Mann, Nicklas Nielsen, e Matteo Cressoni; e Marcos Gomes competirá também com uma Ferrari 488 GT3, mas pela Scuderia Corsa, tendo como colegas de carro Ed Jones, Bret Curtis, e Ryan Briscoe. Felipe Fraga estava escalado para participar da corrida, mas devido às restrições de viagem decorrentes da pandemia da Covid-19, ele não conseguiu chegar aos Estados Unidos a tempo para participar da corrida, onde defenderia a equipe Riley Motorsports, na classe LMP3, que o substituiu por Spencer Pigot devido a esse problema. Deverão ser 24 horas de muita emoção na pista do Daytona International Speedway, e podemos ver muitas disputas pela vitória nas respectivas classes. Na DPi, a principal, a expectativa é se poderemos ver os brasileiros mais uma vez no topo do pódio, o que já aconteceu em sete ocasiões na história da corrida disputada em Daytona Beach, no Estado da Flórida, Estados Unidos.
O primeiro brasileiro a vencer as 24 Horas de Daytona foi Raul Boesel, em 1988, competindo pela Jaguar, com o modelo Jaguar XJR-9. A vitória seguinte viria em 2004, com Christian Fittipaldi, com a equipe Bell Motorsports, com um modelo Doran JE4-Pontiac. O filho de Wilsinho Fittipaldi repetiria o triunfo nas edições de 2014 e 2018 (esta, nossa última vitória), defendendo a Action Express, correndo com um modelo Coyote-Corvette DP e Cadillac DPi-VR, respectivamente. Oswaldo Negri venceria a prova em 2012, pela equipe Michael Shank, com um modelo Riley MkXXVI-Ford. Tony Kanaan faturaria a vitória em 2015, pela Chip Ganassi, também com um modelo Riley MkXXVI-Ford. E a última vitória brasileira a relacionar foi em 2016, com Pipo Derani, pela Tequila Patron, com um Ligier JS P2-Honda. Nossos três representantes na classe DPi estão em bons times, e podem lutar pela vitória este ano. Mas, diante de uma corrida tão longa, será preciso ter velocidade, confiabilidade, e acima de tudo, uma boa dose de sorte, já que tudo pode acontecer em uma corrida tão longa, e é preciso ter cuidado para não se meter em confusões, especialmente na disputa com alguns pilotos que são mais propensos a se estranhar com os outros na pista. Pipo Derani é sucinto ao afirmar que a pole não garante nada na corrida, e prefere manter os pés no chão, evitando expectativas mais entusiasmadas. E a corrida já acontece em um momento complicado, onde a pandemia da Covid-19 vem apresentando números assustadores, obrigando a corrida a ser realizada sob rígidos protocolos de segurança, uma vez que o número de casos e mortes diárias pela doença vem batendo recordes indesejáveis, e a vacinação ainda segue a passos lentos, diante do número de doses das mais avançadas vacinas disponibilizadas até o presente momento ainda se mostrar incipiente neste momento. A prova deve ter transmissão para o Brasil, ao vivo, pelo que sobrou do canal pago Fox Sports 2, a partir das 17h40min deste sábado, pelo fuso horário de Brasília. A emissora deve transmitir também a parte final da corrida no domingo.
Mais um nome de ex-piloto da Fórmula 1 se foi nesta semana. O espanhol Adrian Campos, que defendeu o time da Minardi nas temporadas de 1987 e 1988, morreu na Espanha, aos 60 anos, vítima de um aneurisma da artéria aorta. Sem ter obtido resultados que pudessem mantê-lo na categoria máxima do automobilismo, onde nunca conseguiu marcar um ponto sequer, Campos enveredou por outras categorias do mundo do automobilismo, e depois de pendurar o capacete, tornou-se chefe e dono de equipe, e também empresário de pilotos, tendo cuidado da carreira de Fernando Alonso, antes dele passar a ser agenciado por Flavio Briatore. Tentou por duas vezes ingressar na F-1 como equipe, mas não teve sucesso, e continuou a participar das categorias de acesso, como a F-3, e mais recentemente, a F-2.
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