quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

FLYING LAPS – JANEIRO DE 2021

            E cá estamos nós já entrando em fevereiro, o segundo mês do ano. A situação mundial continua complicada, devido à pandemia, mesmo que se vislumbre a esperança de tudo melhorar, com o início da vacinação contra a Covid-19 em vários países. Só que é preciso paciência, pois os efeitos só devem começar a ser sentidos em alguns meses, e até lá, nada de marcar bobeira com relação à pandemia. Enquanto isso, é hora de vermos alguns acontecimentos do mundo do esporte a motor ocorridos neste mês de janeiro, onde tivemos alguns fatos interessantes do mundo da velocidade para reportarmos em tópicos rápidos com breves comentários, antes de adentrarmos os acontecimentos do mês de fevereiro. Portanto, boa leitura a todos, e até a próxima coluna Flying Laps do próximo mês...

James Hinchcliffe está de volta ao grid da Indycar em tempo integral. O piloto canadense, que ficou a pé no ano passado depois que a McLaren assumiu o controle da Schmidt-Peterson em seu programa de participação da categoria norte-americana, e resolveu dispensá-lo, ainda encontrou um refúgio na equipe de Michael Andretti, onde disputaria três corridas, que acabaram se ampliando para seis no final da temporada, com a dispensa de Zach Veach. E é com a Andretti Autosports que Hinchcliffe está voltando à competição, tendo conseguido firmar contrato para disputar toda a temporada 2021 da competição. James tem 6 vitórias no currículo na categoria, sendo que metade delas foi obtida em 2013, quando justamente defendia o time de Michael Andretti. Depois, conseguiu vencer mais três provas pela Schmidt-Peterson, entre 2015 e 2018. Tendo estreado em 2011 pela antiga Newmann-Hass, Hinchcliffe tem até o presente momento 145 provas disputadas na competição. Suas melhores classificações foram nas temporadas de 2012 e 2013, quando terminou a temporada em 8º lugar.

 

 

Enquanto um piloto volta à Indycar para competir toda a temporada, outro piloto começa a planejar um distanciamento. Marco Andretti, da terceira geração da família Andretti a competir nas categorias Indy, anunciou que não irá disputar toda a temporada 2021. O piloto alegou que tem tido maiores dificuldades para conduzir o atual carro da categoria, que tem uma traseira mais solta que não combina com o seu estilo de pilotar, como forma de justificar a fase de poucos resultados vista recentemente nos últimos dois anos. Uma das opções, segundo ele, seriam as corridas de carros esportivos, mencionando até desejo de competir no IMSA Weather Tech, o campeonato de Endurance dos Estados Unidos. Mas Marco reafirmou que manterá seus compromissos com a Andretti Autosport, time de seu pai, por onde sempre competiu na categoria. Para muitos, essa é a única razão da longevidade de Marco até agora na competição, já que seus resultados não são exatamente empolgantes, se comparado ao que conquistaram seu pai e seu avô Mario. Sua melhor temporada foi em 2013, quando terminou o campeonato numa bela 5ª posição. No ano passado, terminou o ano em 20º lugar. Mas ele parece reconhecer que talvez seja a hora de procurar ares mais adequados ao seu estilo de pilotagem, ao admitir que os carros atuais não casam muito com seu estilo de condução, embora isso não possa justificar a falta de resultados em outros momentos de temporadas passadas. Se ele deixar a Indycar, será um momento crucial, onde as categorias Indy ficarão sem um representante da família Andretti no campeonato pela primeira vez em muitas décadas, desde que Mario Andretti alinhou pela primeira vez numa prova na temporada de 1964, e desde então, todos os anos sempre houve um piloto do clã Andretti participando das corridas.

 

 

A ameaça da Covid-19 continua mexendo com os calendários das categorias do esporte a motor em todo o mundo. No caso da Indycar, por enquanto nenhuma prova da competição deste ano foi cancelada, mas já tivemos algumas alterações no planejamento inicial. Tradicional palco de início da competição nos últimos anos, a prova de São Petesburgo teve de ser adiada novamente, agora para o fim do mês de abril. Desse modo, a corrida do Alabama, no circuito misto de Barber, abrirá a temporada, no dia 18 de abril. E apenas uma semana depois, teremos então a corrida no circuito citadino da Flórida. Outra corrida que deveria ocorrer em abril seria o GP de Long Beach, mas a prova também mudou de data, e agora irá encerrar o campeonato, em setembro, perfazendo uma trinca de corridas em três fins de semana consecutivos, onde teremos a corrida de Portland no dia 12 de setembro, Laguna Seca no dia 19, e então Long Beach no dia 26, fechando a competição. Mais do que ajudar na logística de transporte das equipes e pessoal, a mudança também visa resguardar a segurança de todos frente à pandemia, uma vez que Long Beach, sendo um circuito de rua, geralmente causa mais aglomerações do que um circuito permanente, e a prova no balneário californiano ao sul de Los Angeles é uma das mais badaladas da competição. Se a vacinação conseguir avançar a contento até lá, pode ser que seja possível ter o público de sempre presente à corrida, o que não deixaria de ser uma boa notícia, e um fechamento mais condigno para a temporada. Esperemos que tudo ocorra bem para que isso possa acontecer...

 

 

Por enquanto, a temporada 2021 da Indycar segue tendo 17 provas planejadas, sendo pelo menos duas rodadas duplas, no oval do Texas, e em Detroit. O GP de Indianápolis terá duas provas, mas disputadas em meses diferentes: uma prova será no dia 15 de maio, e a outra no dia 14 de agosto. Uma semana antes, no dia 8, teremos a única novidade do ano, o GP de Nashville, a ser disputado na cidade. O governo dos Estados Unidos quer acelerar a vacinação de modo a atingir 100 milhões de pessoas até o final de abril, de modo a começar a controlar a escalada da pandemia da Covid-19. Por enquanto, o ritmo da vacinação não permite sentir mudanças para melhor nos números de casos e mortes da doença, sendo necessário paciência para se colher os resultados da imunização, vista como a única forma de se recuperar a normalidade de antes.

 

 

O brasileiro Gil de Ferran não é mais integrante da McLaren. O ex-piloto havia se juntado ao time de Woking em 2018, trabalhando na escuderia voltado à F-1, mas quando o time resolveu retornar em tempo integral à Indycar, assumindo parceria com a equipe Schmidt-Peterson, Gil acabou comandando o projeto em sua primeira temporada no ano passado, tendo tido bons resultados na pista. Mas o contrato de Ferran acabou não sendo renovado para 2021, e ele deixou o time. Gil foi bicampeão da antiga F-Indy em 2000 e 2001 pela equipe Penske, além de ter vencido as 500 Milhas de Indianápolis em 2003.

 

 

O Brasil viu um brasileiro vencer de novo as 24 Horas de Daytona. Foi o 8º triunfo de um brasileiro na equipe de pilotos vencedora de uma das mais tradicionais corridas do automobilismo norte-americano e do mundo. Desta vez a honra coube a Hélio Castro Neves, um dos atuais campeões do IMSA Weather Tech Sportscar, categoria de endurance do qual a prova de Daytona deu a largada para a temporada de 2021. O piloto brasileiro competiu pela equipe da WTR (Wayne Taylor Racing), tendo como colegas de cockpit o português Felipe Albuquerque, e os norte-americanos Alexander Rossi, e Ricky Taylor. O carro Nº 10 conduzido pelo quarteto de pilotos andou sempre entre os primeiros colocados, mas a disputa foi acirrada durante toda a corrida, em especial com a Ganassi e com a JDC-Miller. Mas esta acabou ficando fora de combate durante a prova, assim como o carro de outros dois brasileiros, Felipe Nasr e Pipo Derani, também teve problemas de câmbio, e perdeu mais de 20 voltas no box com os reparos. Na parte final da corrida, o duelo entre o carro Nº 01 da Chip Ganassi e o Nº 10 da WTR estava prenunciando um final de prova eletrizante, com Felipe Albuquerque tendo de se defender dos ataques de Renger van den Zande no carro da Ganassi, que também fora pilotado por Kevin Magnussem, ex-F-1, e Scott Dixon, hexacampeão da Indycar. Mas com uma pilotagem precisa, o piloto português ia conseguindo usar o tráfego a seu favor para impedir um ataque mais incisivo do piloto da Ganassi. Só que, a menos de 10 minutos para o final da corrida, o carro 01 teve um pneu furado, precisando ir aos boxes para trocar o composto. Isso facilitou o triunfo da WTR, já que o colocado seguinte estava mais de 5s atrás, e não teria como descontar isso nas poucas voltas que restavam do tempo da corrida. Um triunfo que, apesar do azar dos rivais, foi conquistado na pista por seus pilotos, que sempre andaram muito forte em seus turnos de pilotagem. O carro da Ganassi acabou finalizando em 5º lugar. A Action Express, com seu carro Nº 48, com o quarteto Kamui Kobayashi/Simon Pagenaud/Mike Rockenfeller/Jimmie Johnson ficou com a 2ª colocação. Fechando o pódio em 3º lugar, o trio Oliver Jarvis/Harry Tincknell/Jonathan Bomarito no carro Nº 55 da Mazda Motorsports ganhou um belo prêmio de consolação, uma vez que não tinham conseguido acompanhar o ritmo dos rivais. Foram 807 voltas, e cerca de 4.623,52 km percorridos pelos vencedores, nesta 59ª edição da prova.

 

 

O Brasil também teve mais um representante no pódio em Daytona. Na classe GTLM, o brasileiro Augusto Farfus conseguiu um destacado 3º lugar para a equipe oficial da BMW, em companhia dos pilotos Marco Wittmann, John Edwards, e Jesse Krohn. A equipe Corvette fez dobradinha em sua classe, mas em vários momentos na parte final da prova, Farfus deu uma bela canseira na dupla da marca da Chevrolet, chegando a liderar em sua categoria. Mas apesar do esforço, o ritmo superior dos corvettes amarelos se impôs, faturando o triunfo em sua categoria, o que não desmerece a performance exibida pelo piloto brasileiro. Na classe DPi, depois de largarem na pole, Pipo Derani e Felipe Nasr, junto dos pilotos Mike Conway e Chase Elliott, da Action Express, terminaram em 8º lugar, cerca de 24 voltas atrás dos vencedores. Na classe GTD, Daniel Serra e seu carro da AF Corse terminaram em 8º lugar em sua categoria, e 29º na classificação geral. Marcos Gomes, da Scuderia Corsa, foi o 39º colocado geral, e 14º colocado na classe GTD. Todos competiram dando o melhor de si, embora nem sempre os esforços tenham sido recompensados. Mas assim é o mundo do automobilismo. Mas todos tiveram comportamentos dignos enquanto estiveram na pista, e certamente batalharão para estarem presentes no próximo ano, procurando sempre dar tudo de si, e lutarem pelos melhores lugares ao seu alcance.

 

 

O Mundial de Rali de 2021 começou, e a sensação é bem familiar à de outros anos mais recentes: Sébastien Ogier venceu de novo na estréia da competição, faturando o Rali de Montecarlo, e marcando seu nome nos anais do esporte a motor. Foi nada menos que a oitava vitória do piloto francês no rali de Monte Carlo, que o torna o novo recordista de triunfos da prova na competição off-road. O piloto fez uma comparação, ainda que indireta, com as seis vitórias obtidas por Ayrton Senna em Monte Carlo no GP de Mônaco de F-1, por colocar o seu nome como recordista de vitórias na etapa, assim como o brasileiro fez na F-1. Mas a nova vitória de Ogier faz com que ele tenha vencido a prova em nada menos do que três décadas diferentes, sendo a primeira ainda em 2009, quando o campeonato ainda se chamava Intercontinental Rally Challenge. Depois, todas as sete vitórias foram no atual World Rally Championship (WRC), com mais seis triunfos na década de 2011 a 2020, completadas agora por esta vitória em 2021, que abre outra década. E o francês também se destacou por vencer a etapa por nada menos do que cinco marcas diferentes, tendo obtido triunfos competindo com a Peugeot, Volkswagen, Ford, Citröen e Toyota. Não são marcas de se desprezar. Para a Toyota, foi uma vitória em dobradinha, já que Elfyn Evans terminou em 2º lugar, com 32s6 de desvantagem para seu colega de time francês. O belga Thierry Neuville fechou o pódio com a 3º colocação. Ogier, que já tem sete títulos no WRC, reafirmou que esta é sua última temporada, e tudo indica que ele quer encerrar sua participação na categoria com chave de ouro, obtendo um oitavo título, o que seria um grande feito, ficando abaixo somente dos nove títulos alcançados por seu compatriota Sebastien Loeb. Ou será que ele muda de idéia, e vai tentar igualar a marca? Os fãs torcem para isso acontecer, quem sabe, em 2022...

 

 

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