sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

UM CALENDÁRIO PARA A FÓRMULA-E EM 2021

A F-E anunciou novas provas para tentar montar seu calendário de 2021 em meio à pandemia da Covid-19, que já obrigou a descartar provas e adiar corridas.

            Assim como a Fórmula 1, a Fórmula-E tenta se organizar para conduzir o seu campeonato neste ano conturbado de 2021, ainda dominado pela pandemia da Covid-19, que já provocou o adiamento da prova inaugural da temporada, que deveria ter sido realizada neste mês de janeiro, aqui na América do Sul, em Santiago, capital do Chile. Infelizmente, a realidade é que a situação da pandemia, ainda forte, e com tendência a piorar no curto prazo, enquanto a vacinação não começar a surtir efeito, obrigou a mudança de planos. Mesmo assim, a direção da categoria de carros de competição monopostos 100% elétricos ainda se mantém otimista para conseguir fazer uma boa temporada, e talvez até a maior de sua curta história.

            Daqui a três semanas, a categoria inicia a competição, com a etapa em Diriah, na Arábia Saudita, que será uma rodada dupla, a ser realizada nos dias 26 e 27 de fevereiro. O destaque é que as duas provas serão realizadas à noite, marcando as primeiras provas noturnas da história da F-E. Será realmente muito interessante ver os carros de competição elétricos correrem à noite, com a categoria seguindo um caminho já apresentado pela MotoGP, Indycar, e F-1, entre outros certames, que contam com corridas noturnas em seu histórico.

            No final de janeiro, a organização da F-E divulgou um novo calendário com mais 6 provas, buscando dar seguimento à competição. Teremos o mês de março inteiro para esperar, e no dia 10 de abril, os carros voltam à pista, agora para o ePrix de Roma, na Itália, em uma nova pista montada nas ruas da capital italiana. Será preciso ver, contudo, como estará a situação da pandemia: a F-E quer ter público em suas provas, tanto quanto possível, e a prova de Roma, em circuito urbano, deverá ser complicada de realizar, pelos trabalhos necessários à montagem da pista. O novo traçado apresentado para a corrida romana tem 19 curvas, e 3,385 Km de extensão. A pista anterior possuía 21 curvas, e uma extensão de 2,84 Km. Se a vacinação em território italiano avançar, é possível que isso ajude a diminuir os riscos. Do contrário, o mais correto será ao menos fazer a prova ocorrer sem público, por mais que a direção da F-E não queira isso. Podemos ter também o adiamento da prova, ou o seu cancelamento, dependendo das circunstâncias.

O novo traçado para o ePrix de Roma.

            Na busca por alternativas, a F-E vai finalmente realizar uma corrida em circuito permanente, com o autódromo Ricardo Tormo, em Valência, na Espanha, recebendo a competição no dia 24 de abril. A F-E já teve corridas disputadas no circuito permanente Hermanos Rodriguez, na Cidade do México, mas em um traçado adaptado no circuito. E o palco das corridas disputadas em Marrakesh, no Marrocos, é uma pista temporária, não sendo considerado um traçado permanente. Não é um palco desconhecido para a F-E, que já realizou testes de pré-temporada em várias ocasiões no circuito valenciano. O que não se sabe, e a direção da categoria avisou que só será divulgado cerca de duas semanas antes da corrida, é qual traçado a F-E utilizará, dentre as opções oferecidas pelo autódromo. Muito provavelmente será a versão “National” da pista, que conta com cerca de 3,1 Km de extensão, e bons trechos de retas. A versão “Grand Prix” tem 4,0 Km de extensão, e é utilizada pela MotoGP, que lá compete todos os anos. Isso, contudo, ainda não foi confirmado, sendo apenas anunciado que estão estudando um traçado que atenda às necessidades da competição na F-E, e que irão surpreender quando divulgarem.

            No dia 8 de maio, é a vez do Principado de Mônaco receber a competição, e a novidade aqui é que finalmente deverão utilizar o circuito total, usado pela F-1. A corrida nas ruas de Mônaco tinha ficado em suspense, pelas dificuldades naturais de uma pista de rua, e pelo risco de aglomeração em um local que já é tradicionalmente apertado como Monte Carlo, mas o Automóvel Clube de Mônaco reafirmou seu compromisso de realizar tanto as provas da F-E, como o GP de carros históricos, e a prova da F-1. Torçamos para que a situação melhore, a ponto de ser possível a realização de todas estas provas, para felicidade dos fãs da velocidade. E, com um pouco de sorte, até maio, quem sabe os efeitos da vacinação comecem a se mostrar, e a dar esperanças de que a pandemia poderá em breve ser vencida...

Depois de sediar testes nas pré-temporadas, o circuito de Valência será palco de um ePrix no campeonato da categoria de carros elétricos.

            Ainda em maio, no dia 22, é a vez do ePrix de Marrakesh, no Marrocos. E no início de junho, nos dias 5 e 6, enfim teremos a etapa de Santiago, em rodada dupla. Com isso, já serão 8 provas, o que em tese já daria para se fechar um campeonato mínimo. No ano passado, a F-1 também começou anunciando poucas provas de início, para só mais adiante ir confirmando outras corridas, a fim de montar o calendário, diante das dificuldades impostas pela pandemia. E é o que a F-E está fazendo agora, ainda que, para muitos, até mesmo a realização destas corridas ainda é posta em dúvida, pelo momento de recrudescimento da pandemia, que está fazendo com que muitos países voltem a impor lockdowns, e fechar fronteiras e proibir viagens internacionais. Destas 8 provas marcadas, a Arábia Saudita deve abrir a competição, uma vez que o país sediou o Dakar no início de janeiro, tendo conseguido montar junto à organização da competição uma estrutura de suporte e apoio que permitiu a realização da competição, apesar das rígidas restrições sanitárias, o que deve ser feito também com relação ao pessoal da F-E. Já na Europa a situação tende a ficar mais complicada, a se manter o panorama atual, com casos e mortes disparando no Velho Continente.

            Mesmo assim, a direção da F-E ainda tem planos ousados para completar o seu calendário de competição deste ano. A intenção da categoria é conseguir realizar pelo menos mais 7 corridas, o que levaria a temporada a contar com 15 provas, o que seria o maior já realizado até aqui. A intenção é estender a possibilidade de correr até o mês de setembro, contando que, com o andamento da vacinação nos países, a pandemia comece a ser contida o suficiente para permitir as viagens da categoria, mesmo com os protocolos de segurança sanitários. O objetivo é tentar voltar aos conhecidos palcos de Berlim, Nova Iorque, e Londres, além de finalmente estrear o ePrix de Seul, na Coréia do Sul, e tentar retornar a Sanya, na China, sendo que esta última corrida deve ser mais complicada de ser realizada, uma vez que o país asiático proibiu eventos esportivos até o final deste ano, e o país permanece com suas fronteiras praticamente fechadas por causa da Covid-19.

            O plano de novas corridas, porém, não é fixo. A direção da F-E afirma que eles precisam ser flexíveis, e estar prontos para tentar criar novas rodadas duplas, ou tentar novas pistas, a fim de conseguirem mais provas. Segundo Alberto Longo, co-fundador da F-E, ainda há outras opções na mesa que estão sendo analisadas. Ele afirmou que as pistas anunciadas até aqui tem a firme intenção de permitir público para a realização da corrida, mesmo sabendo que isso não está garantido, admitindo que haverá provas em que os fãs terão de acompanhar mesmo só pela TV. De fato, é preciso ser realista para não prometer demais neste momento. Se conseguirmos ter um campeonato, diante de todas as dificuldades, como a F-1, MotoGP, e Indycar demonstraram no ano passado, já estaremos no lucro.

            O grid da categoria já está fechado. Teremos 12 equipes e 24 pilotos, a saber:

 

# Envision Virgin Racing: Robin Frijns e Nick Cassidy.

# Mercedes-Benz EQ Formula E Team: Stoffel Vandoorne e Nyck de Vries.

# Dragon/Penske Autosport: Nico Müller e Sérgio Sette Câmara.

# NIO 333 FE Team: Oliver Turvey e Tom Blomqvist.

# Jaguar Racing: Sam Bird e Mitch Evans.

# Audi Sport ABT Schaeffler: Lucas di Grassi e René Rast.

# DS Techeetah: António Félix da Costa e Jean-Éric Vergne.

# Nissan e.dams: Oliver Rowland e Sébastien Buemi.

# BMW i Andretti Motorsport: Jake Dennis e Maximilian Günther.

# Mahindra Racing: Alexander Sims e Alex Lynn.

# TAG Heuer Porsche Formula E Team: André Lotterer e Pascal Wehrlein.

# ROKiT Venturi Racing: Edoardo Mortara e Norman Nato[28]

Lucas Di Grassi está com a Audi desde a primeira corrida, e fará sua última temporada pelo time da fábrica, que anunciou sua retirada da competição.

 

            Teremos Lucas Di Grassi defendendo o time oficial da Audi, em sua última temporada na categoria dos carros elétricos, já que a marca alemã anunciou sua retirada ao final do ano, e Sérgio Sette Câmara no time de Jay Penske como representantes brasileiros no grid. Aliás, teremos mudanças também na transmissão do certame em território nacional. O Fox Sports, que até agora havia transmitido todas as corridas da categoria desde sua primeira temporada, passa por um processo de desmonte que reduziu o canal a quase nada, após a aquisição do grupo Fox pela Disney, que já tem os canais esportivos ESPN. Mas os fãs da velocidade continuarão a poder acompanhar as corridas pela TV, uma vez que a TV Cultura adquiriu os direitos de transmissão da F-E, e deverá mostrar todas as corridas ao vivo em sua programação. A emissora ainda está montando o seu time de transmissão, e até o presente momento não anunciou nenhum nome para as funções de narrador e/ou comentarista, ou até mesmo de repórter, uma vez que poderia tentar ter a presença de um repórter in loco nos ePrixs. Deveremos ter novidades em breve, até porque temos menos de três semanas até os carros irem para a pista na Arábia Saudita.

 

 

Em entrevista à RAI Sports em entrevista recente, Fernando Alonso não reprovou a decisão da Ferrari de demitir Sebastian Vettel da escuderia no ano passado, ao afirmar que o piloto alemão não se provou o salvador da pátria que Maranello esperava. Vettel, tetracampeão mundial, chegou ao time italiano substituindo o piloto espanhol, que também era visto como o nome certo para levar a rossa de volta ao título mundial, e que também deixou a escuderia sem conseguir cumprir o seu objetivo. Mais do que um cutucão no rival alemão, Alonso fez questão de lembrar que Vettel, assim como ele, conquistou dois vice-campeonatos pela Ferrari, mas que isso não é lembrado pelo time. Por isso, a opção por Charles LeClerc, que é visto como um piloto de maior potencial no momento. De fato, foi complicado. O domínio imposto pela Mercedes nestes últimos anos foi arrasador, e mesmo os vice-campeonatos obtidos por Vettel na verdade não foram tão gloriosos assim, uma vez que Sebastian não ameaçou tanto a conquista do título por parte de Lewis Hamilton. Não que o inglês não tenha tido que suar o macacão para conseguir suas conquistas, mas estas sempre se definiriam a algumas etapas de encerrar a temporada, de modo que a disputa terminou antes da temporada. A única coisa que Alonso pode se orgulhar é que, pelo menos nas duas ocasiões em que ele foi vice-campeão, conseguiu levar a disputa até a última etapa, resultando em uma disputa muito mais acirrada. O espanhol cometeu muito menos erros na pista e sempre se mostrou focado no seu objetivo, enquanto Vettel infelizmente teve seus desaires nas corridas nos últimos anos muito mais destacados que as boas performances que demonstrou no time italiano. É preciso considerar também que o domínio da Red Bull na F-1, que coincidentemente levou justo Sebastian Vettel ao tetracampeonato consecutivo entre 2010 e 2013, não foi tão arrasador quando o da Mercedes, pelo menos em tempo integral, de modo que o espanhol teve um pouco mais sorte de conseguir equilibrar o jogo em diversos momentos, algo que Sebastian não teve chance de concretizar, em parte pelo domínio maior da Mercedes, mas infelizmente, também aos erros que cometeu, principalmente em 2018.

 

 

Curiosamente, tanto Sebastian Vettel quanto Fernando Alonso terão algo em comum nesta temporada de 2021 da F-1: ambos buscam uma forma de redenção de suas carreiras na categoria máxima do automobilismo. O piloto alemão, depois de se ver superado por LeClerc em 2019, e de ser praticamente escanteado da Ferrari no ano passado sem a menor consideração, pelo que já fez pelo time, procura se reencontrar liderando o projeto da Aston Martin, que quer se tornar um time de ponta e disputar vitórias na F-1. É uma prova para tentar mostrar que a fase ruim que teve na Ferrari de 2018 para cá foi só mesmo uma fase, e que ele ainda pode voltar a ser o grande campeão que foi, e voltar a brilhar na categoria, voltando a vencer corridas, e quem sabe, até disputar novamente o título, algo que ainda é muito cedo para afirmar, e até mesmo, se irá conseguir. Caso não consiga se sobressair contra Lance Stroll, seu novo companheiro de equipe, que embora não seja exatamente um mau piloto, também não é ninguém acima da média, Vettel poderá dar por encerrada suas aspirações de voltar a desfrutar do status e respeito que já teve um dia por seus pares e pelos times da F-1. No caso de Fernando Alonso, depois de sair pela porta dos fundos da Ferrari, malogrou no projeto malsucedido da união McLaren/Honda, que acabou sendo um desastre, sem resultados a serem comemorados, e que resultou em um tremendo desgaste por parte do asturiano perante os japoneses, que não engoliram as críticas do piloto ao equipamento fornecido na época, que era realmente ruim. Vendo que a parceria com a Renault não renderia vitórias, o espanhol preferiu sair da F-1, mas sempre com um aviso de que poderia voltar, o que acontece agora, e justamente no time por onde foi bicampeão na década retrasada, em 2005 e 2006. Alonso sabe que a Renault de hoje, chamada agora de Alpine, ainda está longe da competitividade necessária para voltar a disputar vitórias e títulos, mas parece que basta apenas mostrar que ainda é competitivo como foi nos anos em que acabou campeão. Conseguir apenas recuperar sua reputação de piloto excepcional que já foi um dia, quando era considerado o melhor do grid, é o que pode ser alcançado. Se conseguir liderar a Alpine/Renault ao menos de volta a uma vitória em um Grande Prêmio, já será um grande feito. Título? Talvez não mais, assim como Vettel, a menos que as novas regras técnicas a serem implantadas no ano que vem consigam fazer milagres, e permitam a seus times conseguirem alterar o atual status de forças vigente na competição...

 

 

Sobre a temporada da F-1, ainda fica a dúvida: quem irá transmitir a competição para o Brasil este ano? Continuamos no suspense...

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