sexta-feira, 28 de junho de 2019

VERGNE RUMO AO BI

Com uma performance perfeita, Jean-Éric Vergne venceu a etapa de Berna e abriu grande vantagem na luta pelo bicampeonato na F-E.

Faltando duas etapas para encerrar sua quinta temporada, a Formula-E vê a possibilidade de ter o seu primeiro bicampeão, com o francês Jean-Éric Vergne a caminhar cada vez mais favorito para repetir a conquista do ano passado, quando levantou sua primeira taça de campeão, e tem tudo para fazê-lo novamente no próximo mês, na rodada dupla em Nova Iorque, nos Estados Unidos, que fecha novamente a competição.
Vergne, aliás, demorou a conseguir vencer na temporada, o que só foi ocorrer na 6ª etapa, em Sanya, na China. Até então, apesar do bom desempenho dos carros de sua equipe, a Techeetah, o atual campeão vinha passando por um momento não muito empolgante, tendo pontuado nas duas primeiras corridas, mas ficando zerado nos pontos em três provas, no Chile, México, e Hong Kong. E, mesmo após vencer sua primeira corrida na atual temporada, ainda ficou sem marcar pontos na prova de Roma. Tudo parecia conspirar para um ano onde as chances de defender o título conquistado na última temporada eram poucas.
O que ajudou o francês foi que, nas oito primeiras corridas do atual campeonato, a F-E viu uma rotatividade ímpar de vencedores, e um grande equilíbrio entre vários pilotos, com nenhum deles conseguindo se destacar de forma a abrir vantagem sobre os demais, incluído o próprio Vergne. Com tanta gente embolada na classificação, Jean-Éric ainda estava na briga. Bastava acertar o passo, e torcer para uma corrida sem percalços ou problemas, o que podia fazer muita diferença, já que os demais pilotos alternavam posições na pontuação, de acordo com o resultado das provas. E esse momento finalmente chegou, na etapa de Mônaco, onde Vergne largou na pole-position, e aproveitou-se das dificuldades inerentes da pista monegasca para ser o primeiro piloto a repetir uma vitória no ano. O francês começava a crescer no momento mais necessário para se colocar diretamente na luta pelo título, assumindo a dianteira da competição.
Lucas Di Grassi teve uma vitória espetacular nos metros finais da etapa da Cidade do México (acima), e venceu novamente em Berlim (abaixo), tornando-se o principal rival de Vergne na luta pelo título, buscando também o bicampeonato.
Uma luta que poderia ter um forte adversário, com Lucas Di Grassi, da equipe Audi, a dar um show na prova de Berlim, e também repetir vitória, assumindo a vice-liderança do campeonato, com uma desvantagem relativamente pequena para o francês da Techeetah. Na temporada anterior, o brasileiro terminou como vice-campeão, mas não houve um duelo pelo campeonato entre Lucas e Jean-Éric, devido aos problemas iniciais que afetaram Di Grassi no início da temporada. Vergne conquistara o título praticamente sem oposição. Será que agora veríamos um duelo entre ambos pelo título? De ressaltar que Lucas, também com um título no currículo, estava à caça do bicampeonato. Por fora, um pouco mais atrás, vinha André Lotterer, companheiro de Vergne na Techeetah, sem ter vencido no ano, mas com uma constância de resultados que lhe permitiam sonhar com uma luta pela taça. Será que poderíamos ter uma briga a três pelo título nas etapas finais? Seria muito bom, especialmente depois de uma primeira metade de campeonato tão equilibrada e cheia de surpresas na pista pela variedade de vencedores que a F-E presenteou os fãs que apreciam corridas.
Infelizmente, o ePrix de Berna acabou sendo uma ducha de água fria neste quesito. O único que saiu no lucro na etapa suíça do calendário foi justamente Jean-Éric Vergne, que soube aproveitar a ocasião para simplesmente despachar seus rivais potenciais, que não tiveram um fim de semana muito auspicioso. O francês conquistou a pole-position, não apenas marcando mais pontos importantes na classificação, mas obtendo uma vantagem inequívoca na luta pela vitória na corrida, em um circuito que se mostrou muito ruim em oportunidades de ultrapassagem. Um trunfo que seu principal rival, Lucas Di Grassi, sentiu na pele, ao ter uma classificação muito ruim, que o fez largar apenas em 19º, obrigando-o a uma corrida de recuperação onde o máximo que poderia fazer, caso Vergne não errasse, era minimizar os prejuízos.
O brasileiro bem que tentou. Lucas até deu sorte de não ter o carro comprometido no engavetamento que se formou na primeira chicane na primeira largada, e até ganhou muitas posições, mas a largada acabou anulada pela confusão, e foi feita uma nova partida, com as posições originais, como era comum acontecer antigamente na F-1. Lucas bem que deu o seu melhor, em um circuito difícil, terminando apenas em 10º lugar, e depois promovido a 9º pela punição dada a André Lotterer por saída irregular do box, o que o fez ganhar mais uma posição. Com a punição, Lotterer praticamente dá adeus às poucas possibilidades de tentar chegar ao título, ficando 44 pontos atrás de seu companheiro de equipe, que venceu a corrida, faturando sua 3º vitória na temporada, e disparando na pontuação, já que Di Grassi, com o 9º lugar, foi a 98 pontos, distante 32 do francês, com seus 130 pontos na liderança da competição. Mas não foi um triunfo fácil para Jean-Éric, que foi fortemente acossado por Mith Evans, da Jaguar, que com o 2º lugar, chegou à 3ª posição na classificação, com 87 pontos, 1 a mais que Lotterer, agora o 4º colocado. Vergne não pôde cometer um único erro enquanto se defendia de Evans, situação que ficou bem complicada nas voltas finais, quando começou a chover, e a pista ficou bem arisca para os pilotos e seus carros. Mas, mostrando porque é o atual campeão da categoria de carros monopostos totalmente elétricos, foi uma vitória contundente, especialmente para abater o único adversário com chances razoáveis de tentar estragar sua festa rumo ao bi, Lucas Di Grassi, que agora precisará não apenas dar o melhor de si na pista, mas também precisará torcer para um fim de semana ruim de Vergne na pista do Brooklyn, na metrópole norte-americana.
Vergne só foi vencer a primeira corrida da temporada em Mônaco, mas cresceu bastante nas últimas etapas, no momento decisivo da luta pelo título.
E não será um fim de semana fácil em Nova Iorque. A pista, montada no Brooklyn, é estreita e ruim de ultrapassagens, o que significa que a luta será decisiva já no treino de classificação. E não vai bastar apenas uma boa posição de largada, será necessário ser preciso e tomar cuidado na corrida. Um enrosco, e tudo pode ir para o brejo. Serão 58 pontos em jogo nas duas corridas nova-iorquinas, o que em tese oferece ainda chances razoáveis de Lucas estragar a comemoração de Jean-Éric, dependendo da combinação de resultados. São 25 pontos pela vitória, 3 pela pole-position, e mais 1 pela volta mais rápida da corrida, se terminar entre os 10 primeiros colocados. Mas, com 32 pontos de vantagem, Vergne pode marcar o brasileiro, e administrar a situação. Ou ocorrer o contrário, como já vimos no ano passado, quando Vergne venceu uma das corridas de Nova Iorque, mesmo não havendo necessidade para tanto. Tudo vai depender de como os carros se comportarão nos treinos livres e na classificação. E tudo pode acontecer, literalmente, não importando o currículo dos postulantes ao título até agora na temporada.
Se Lucas teve um fim de semana ruim em Berna, quem garante que Vergne também não pode ter um? E, independente da posição de largada, é preciso também ficar a salvo de prováveis confusões durante os treinos e a corrida. Um percalço que leve a alguma batida, especialmente na prova de sábado, a primeira do final de semana, pode comprometer não apenas aquela corrida, mas também a do domingo, dependendo dos danos sofridos no carro, e no tempo que o time perderá para ajeitar e consertar tudo. Mais do que talento e competência, a sorte também exercerá papel crucial na decisão do título.
            Enquanto isso, outros nomes que até despontaram como candidatos ao título na primeira metade da temporada se apresentam ao menos com algumas chances de terminar no TOP-3 da temporada, como Antonio Félix da Costa, Robin Frijns, Sébastien Buemi, Jerôme D’Ambrosi, e até Daniel Abt, e Oliver Rowland. O piloto português da equipe Andretti começou vencendo na Arábia Saudita, numa bela estréia da BMW como participante oficial da competição, mas a escuderia perdeu fôlego com o avançar da temporada, e Antonio acabou caindo de performance por causa disso. Quem também começou bem, e perdeu ritmo foi a Virgin, com Sam Bird a vencer a etapa do Chile, mas vendo suas chances evaporarem ao ficar 4 provas sem conseguir marcar pontos, o que o fez despencar na classificação enquanto os rivais pontuavam, entre eles Robin Frijns, seu próprio companheiro de equipe, que chegou a vencer a etapa de Paris, passando à frente do inglês na classificação. Sébastien Buemi ainda não voltou a vencer na categoria, e na primeira metade da temporada, chegou a ficar atrás de seu novo parceiro na e.dams, Oliver Rowland, mas o suíço, se não conseguiu voltar à luta pelo título pelo segundo ano consecutivo, ao menos colocou um pouco de ordem na casa, e retomou a dianteira na classificação em relação a seu parceiro de time. E a Mahindra, a exemplo da Andretti, também começou a nova temporada com perspectivas de lutar pelo título, mas foi ficando pelo meio do caminho, como já havia acontecido também na temporada anterior, deixando o belga Jerôme D’Ambrosio sem chances de se manter na briga. Tudo vai depender de suas performances na rodada dupla final, e dos resultados cruzados entre todos eles, uma vez que a briga deve ser bem parelha, mas terão que encarar também a concorrência forte daqueles que acabarem perdendo o duelo pelo título, como Di Grassi, Lotterer, e Evans.
            Por mais que possam criticar a F-E, tem que se admitir que suas corridas estão bem mais agitadas do que as da F-1, e na próxima temporada, contarão oficialmente com mais duas fábricas no grid, Mercedes e Porsche, elevando o número de competidores a 24 carros nas corridas, e com boas perspectivas de disputa entre os times e seus pilotos, algo muito mais interessante do que a F-1 tem oferecido ultimamente, mesmo que Jean-Éric Vergne desponte agora com um favoritismo destacado em relação ao resto do grid. Mas, estamos na reta final do campeonato, ao contrário do que vemos na F-1, onde não chegamos nem na metade da temporada, e o título de campeão já parece ser mais do que óbvio para quem irá...
            Por enquanto, mesmo com seus percalços, a F-E vai cumprindo o seu papel como categoria de competição automobilística, com vários méritos. E com um futuro que parece cada vez mais promissor e interessante.


Depois de uma corrida onde a emoção na pista ficou abaixo de todas as expectativas, na pista de Paul Ricard, tudo que a Fórmula 1 espera é que a pista de Zeltweg oferece melhores chances de uma corrida mais agitada para o Grande Prêmio da Áustria, que será disputado neste domingo, com os primeiros treinos tendo início hoje na pista da Estíria. Mas a empolgação de maiores disputas levou um belo tombo depois do domínio acachapante de Lewis Hamilton domingo passado na França, onde o pentacampeão largou na pole, e praticamente correu sem ser incomodado toda a corrida, fazendo os concorrentes, Valtteri Bottas incluído, comerem sua poeira, com uma facilidade que escancarou a realidade do campeonato deste ano: não haverá como o inglês não conquistar o 6º título, salvo um milagre, ou um desastre monumental. Hamilton, após o triunfo no GP da França, chegou a Zeltweg como grande favorito para a corrida do domingo, em que pese a Mercedes manifestar preocupação com relação à confiabilidade dos carros, já que aqui, no ano passado, a dupla prateada ficou pelo caminho, no ponto mais negativo da escuderia alemã em toda a temporada de 2018, o que abriu caminho para uma vitória de Max Verstappen. Na pista de propriedade da Red Bull, foi o máximo, mas este ano, as perspectivas de repetir o feito andam menores, a ponto de Max declarar que é impossível bater a Mercedes este ano, e mesmo a luta contra a Ferrari é complicada, pelo déficit de performance da unidade de potência da Honda, que se hoje demonstra uma confiabilidade que andou em falta nos anos recentes de parceria com a McLaren, por outro lado ainda deve muito em potência para Mercedes e Ferrari, e parece estar devendo até mesmo para a Renault. A Mercedes costuma não dar muita chance para o azar, portanto, esperar que haja outra hecatombe com o time prateado como ocorreu em 2018 parece pouco provável, embora não impossível. Infelizmente, vai ser preciso mais do que um abandono de Hamilton e Bottas em um GP para resgatar a emoção que o campeonato vem devendo este ano...
Festa para a Red Bull em Zeltweg no ano passado: Max Verstappen venceu a corrida no autódromo de propriedade da empresa de energéticos, para delírio da torcida holandesa que lotou as arquibancadas. Desafio será mais complicado este ano, frente ao domínio da Mercedes e de Lewis Hamilton. Mas... Quem sabe...?


Com 79 triunfos no currículo, Lewis Hamilton aproxima-se cada vez mais do recorde de vitórias do alemão Michael Schumacher, com 91 triunfos em sua carreira. O que antes era tido como praticamente impossível, que era a marca ser alcançada, agora é algo visto como em que momento ela será superada por Hamilton, uma vez que consideram isso praticamente inevitável, dado não só o momento de supremacia da Mercedes, mas também o grande momento de Lewis. E começaram as apostas para ver quando isso ocorrerá, com os mais otimistas, e talvez ousados, afirmando que isso pode acontecer ainda este ano. São 12 vitórias para Hamilton alcançar a marca de Schumacher, e temos, com a corrida deste domingo, 13 etapas para fechar a temporada de 2019. Seria preciso que Lewis vencesse praticamente tudo para passar à frente do recorde de Michael, ficando então com 92 vitórias, e tornando-se o novo recordista neste quesito na F-1. Muito difícil, mas não impossível. Embora muitos queiram ver Hamilton com este novo recorde o quanto antes, obter esta marca ainda este ano significaria um domínio sem igual, e tremendamente arrasador para quem gostaria de ver a F-1 com alguma emoção. E seria preciso também uma sorte tremenda de Hamilton, sem querer questionar a competência com que vem vencendo nesta temporada. Mas em algum momento, Valtteri Bottas pode vencer uma ou outra corrida, e a Mercedes também pode ter um final de semana negativou e até desastroso, o que poderia permitir um triunfo de Ferrari ou Red Bull, se eles não conseguirem ao menos reverter parte da grande desvantagem de performance para o time prateado. Mais certo é tentar apostar em que momento de 2020 a marca de Schumacher será batida. Faltaria, então, apenas conquistar o título de 2020, para Hamilton ser considerado o maior da história da F-1, apenas em números estatísticos. Ele já é o recordista de poles, e com o novo recorde de vitórias, mesmo que iguale os 7 títulos de Schumacher, em tese já passaria à frente do alemão. E isso leva a outra aposta: Lewis poderia conquistar um 8º título? Difícil de saber neste momento, mas continuando na Mercedes, e com um carro competitivo e vencedor, mesmo que não dominador como neste ano, tudo é possível. Até mesmo ir além. O futuro dirá... Afinal, quando estreou na F-1, em 2007, Hamilton se caracterizava não apenas por ser um grande talento, mas por ser o primeiro piloto negro a competir na categoria máxima do automobilismo. Quem apostaria que iria tão longe? O futuro sempre pode ser surpreendente em alguns aspectos...

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