E o mês de junho já está indo
embora, o que significa que já se foi metade do ano de 2019. O tempo realmente
parece voar, mais rápido do que os carros e motos dos campeonatos do mundo do
esporte a motor, mas já falei tanto disso que parece mais do que óbvio a esta
altura. Mesmo assim, para manter a tradição, todo fim de mês é hora de mais uma
postagem da Cotação Automobilística, com uma avaliação de alguns dos principais
acontecimentos do panorama do mundo da velocidade nestas últimas semanas, com
meus comentários de costume a respeito. Estejam ou não de acordo com minhas opiniões,
espero que apreciem e curtam o texto, no tradicional esquema de sempre: em alta
(cor verde), na mesma (cor azul), e em baixa (cor vermelha). Uma boa leitura a
todos, e até a próxima edição da Cotação Automobilística do mês que vem, com as
avaliações dos acontecimentos do mundo das corridas no mês de julho. Até lá,
então...
EM ALTA:
Lewis
Hamilton: Indiferente ao que tem acontecido na pista, Lewis Hamilton caminha
inexoravelmente rumo ao seu sexto título com uma facilidade que está até
irritando quem esperava um campeonato com alguma disputa. Como a Ferrari está
fora de combate, esperava-se uma oposição ao menos mais firme por parte de
Valtteri Bottas, mas o finlandês negou fogo nas últimas etapas, em especial no
Canadá, onde esteve apagado na corrida, sem conseguir duelar com a dupla da
Ferrari. Com o resultado, Bottas já está quase 40 pontos atrás de Hamilton,
esfriando o ânimo daqueles que imaginavam que Valtteri ao menos ajudaria a
manter as aparências de que duelaria a fundo pelo título. Mas, com Hamilton
pilotando o fino, o inglês praticamente não tem tido adversários na temporada,
em especial pelos adversários potenciais não terem equipamentos competitivos o
suficiente para ameaça-lo. E não é porque pilota o melhor carro que Lewis vai
se acomodar. Frente a uma Ferrari mais competitiva em Montreal, Hamilton forçou
Sebastian Vettel ao erro que acabaria por definir a prova, e ciente da punição
do rival, fez apenas o necessário para levar mais um triunfo, e evitar riscos
desnecessários, para azar da torcida, que esperava um duelo renhido pela
vitória. E em Paul Ricard, o pentacampeão não deu chances a ninguém, marcando
uma pole com autoridade, e liderando a corrida de ponta a ponta. Os recordes de
Michael Schumacher, que pareciam imbatíveis, já estão sob ameaça de serem
superados pelo inglês. O de vitórias corre até o risco de cair ainda este ano,
e o de títulos, igualado ao fim do ano que vem. Alguém duvida que ele
conseguirá se tornar o maior de todos os tempos em estatísticas? Enquanto não
tiver adversários que possam dar combate, é a sina que a F-1 viverá,
infelizmente...
Alexander
Rossi: O vice-campeão da Indycar na temporada 2018 mostra que está a fim de
conquistar o título de vez este ano. Com uma grande regularidade, Rossi tem se
mantido quase sempre no pódio nas últimas corridas, e já está dando um suadouro
em Josef Newgarden, especialmente depois da espetacular vitória em Elkhart
Lake, onde o americano assumiu a ponta na largada e não deu chances a ninguém
na corrida, vencendo com uma grande vantagem, e reduzindo sua diferença para o
piloto da Penske, ainda líder na classificação, para apenas 7 pontos, vantagem
considerada perigosa para Josef tentar administrar em caso de um mau fim de
semana nas próximas corridas. Rossi tem se mantido longe de confusões, e mostra
que está conseguindo combinar seu estilo agressivo com um lado mais estratégico
nas corridas, procurando garantir o melhor resultado possível. E o piloto já
começa a ser disputado para 2020, quando ainda não tem contrato. Roger Penske
já está de olho no rapaz, a exemplo do que fez quando contratou Josef Newgarden
e Simon Pagenaud. E Michael Andretti também não vai querer perder sua grande
estrela. Neste cabo de guerra, Andretti certamente terá o apoio da Honda, que
não vai querer ver um de seus principais nomes se bandear para um time da rival
Chevrolet, e ficar restrita a Scott Dixon como sua única estrela na competição.
Quem vai ganhar esta disputa? Enquanto isso, Newgarden que fique esperto, pois
já está com Alexander no seu retrovisor, e qualquer passo em falso pode ser
fatal para perder a liderança da competição.
Marc
Márquez: Se já era difícil bater Marc Márquez na pista, em condições normais, o
que acontece quando o atual campeão da classe rainha do motociclismo ainda tem
uma sorte danada? Sem tirar os méritos do piloto da Honda, que já venceu 4
provas na temporada, mas na última corrida, em Barcelona, sua tarefa acabou
facilitada por uma presepada de seu companheiro de equipe Jorge Lorenzo, que
acabou tirando da corrida com um acidente três potenciais rivais que poderiam
ter dificultado seu triunfo. Com isso, a “Formiga Atômica” abriu 37 pontos de
vantagem na classificação, uma diferença que será muito difícil de ser
descontada por seu principal rival, Andrea Dovizioso, que precisa agora contar
com pelo menos dois finais de semana ruins por parte de Márquez se quiser
equilibrar a disputa, algo que parece muito difícil de acontecer em condições
normais. O único percalço de Marc no ano foi sua queda em Austin, onde ficou
sem pontuar, situação pouco comum nos últimos tempos. Em todas as outras
provas, Marc esteve no pódio, lutando até o último momento pela vitória, mas
aceitando numa boa quando não vence, por ter a ciência de que seus rivais não
estão demonstrando a constância necessária para conseguir ameaça-lo seriamente.
Um Marc cerebral, mas tão veloz quando antes, é o pior cenário para os rivais,
que infelizmente ou não tem equipamento, ou não tem tido sorte nas corridas. E
Márquez, que não tem nada a ver com a situação dos rivais, apenas faz sua parte
na pista, e prepara-se para garantir mais um título para ele e sua escuderia.
Jean-Éric
Vergne: o atual campeão da Formula-E deu um grande passo para ser o primeiro
piloto a conquistar um bicampeonato na categoria de competição de carros
monopostos elétricos, ao vencer o ePrix de Berna, e abrir uma imensa vantagem
na classificação, graças principalmente à péssima classificação de Lucas Di
Grassi, que largando entre os últimos na prova suíça, teve de fazer uma corrida
de recuperação para averbar apenas um 9º lugar na corrida, enquanto o francês
da equipe Techeetah largava na pole e vencia a corrida praticamente de ponta a
ponta, mas sem nunca deixar de ser pressionado por Mith Evans, da Jaguar, que
esteve sempre perto de ameaçar a liderança de Vergne durante a prova. Foi o 3º
triunfo do piloto na atual temporada, que se caracterizou por uma grande
variedade de pilotos vencendo corridas, mas que no momento em que mais
precisava, soube se impor para assumir o favoritismo na luta pelo título.
Restando apenas duas corridas em Nova Iorque, e com 32 pontos de vantagem para
Di Grassi, o vice-líder, Vergne tem tudo para administrar os resultados, e
chegar a seu segundo título. Mas, como a melhor defesa é o ataque, podem
apostar que, se tiver condições, o francês tentará conquistar o título do bi
com chave de ouro, a exemplo do que fez na temporada passada, quando podia
correr por resultados, mas partiu para lutar pela vitória sem deixar os rivais
tentarem algo. E ele certamente não vai deixar os concorrentes tentarem
aprontar algo novamente...
Disputas
na Indycar: Enquanto a F-1 tem se queimado com punições que estragam as
corridas por conta de regras imbecis e até antidesportivas, em nome muitas
vezes do excesso de preocupação com a segurança, na Indycar a situação é bem
diferente, e temos presenciado excelentes duelos, onde os pilotos podem dar o
seu melhor, até mesmo com direito a alguns toques e saídas de pista, sem
maiores consequências (leia-se acidentes), e principalmente, sem punições
esdrúxulas que acabam com a emoção das disputas por posições por receio de
algum erro ou excesso. E a diferença tem sido gritante, com a F-1 a afogar-se
burocracia de suas próprias regras, sem consideração com as situações das
corridas, enquanto na categoria dos Estados Unidos a torcida vibra com as
disputas “pra valer” entre seus pilotos, que até cometem alguns erros no calor
da disputa, mas são relevados em preservação do espírito da competição na
pista, com comissários e fiscais intrometendo-se somente o necessário, em casos
mais graves, e realmente relevantes, uma atitude mais do que saudável por parte
da direção da Indycar, que com isso dá muito mais credibilidade ao seu
campeonato, livrando-o de polêmicas desnecessárias, e provando que é possível
competir em alto nível sem o excesso de frescuras que tem acometido a F-1 em
seu pedestal de vidro que pode se quebrar a qualquer momento se não olhar para
seus exageros e mudar sua postura. E a Indycar vem se mostrando uma excelente
opção ao marasmo da F-1, com duelos que andam muito em falta na categoria
máxima do automobilismo, que quando tem alguma briga na pista, ainda fica
pairando sempre a ameaça de alguma punição por alguma infração do seu maldito
regulamento...
NA MESMA:
Brasil
ainda fora do calendário da Formula-E: A categoria de carros de competição
elétricos divulgou o calendário da sua próxima temporada, e o Brasil, mais uma
vez, não fará parte da competição, algo que já deveria ser mais do que
esperado, até porque ter aval da FIA para sediar uma etapa da competição é mera
formalidade, uma vez que não é a F-E em si que promove as corridas nos países e
cidades por onde passa, mas promotores locais que firmam contratos para receber
as corridas da competição, algo que infelizmente não tivemos até o presente
momento, apesar de várias fofocas envolvendo São Paulo, Rio de Janeiro, Belo
Horizonte, e até Porto Alegre, mas sem nenhuma confirmação prática que
resultasse em algum acordo potencial para receber uma corrida. A imagem do
Brasil como um país sério e responsável, infelizmente, não é das melhores, e a
competição para receber uma etapa da F-E no futuro próximo anda bem acirrada,
com vários países observando a possibilidade de receberem uma prova do certame,
que vem crescendo bastante e terá a entrada oficial de Mercedes e Porsche na
próxima temporada, chegando a 24 carros no grid, número maior de competidores
do que na F-1. Parece que nossa única participação continuará sendo com a
presença de alguns pilotos, como Lucas Di Grassi, Felipe Massa, e a
possibilidade de retorno de Nelsinho Piquet ao grid da categoria, uma vez que
existem rumores de que o brasileiro está sendo sondado pela Porsche para
assumir um de seus cockpits. E convenhamos, para o atual momento de nossa
economia, já pode ser considerado muita coisa...
Toyota
campeã no Mundial de Endurance: Foi o título mais óbvio dos últimos tempos a
Toyota vencer a classe LMP1 do Mundial de Endurance (WEC), já que era o único
time de fábrica na competição na classe, e que por isso, tinha regras que,
embora visassem tentar diminuir a diferença de performance para as equipes
privadas na mesma categoria, nunca foram ameaçadas em momento algum, vencendo
de braçada praticamente todas as provas da “super season” 2018-2019, que
contaram inclusive com duas edições das 24 Horas de Le Mans. O que era um pouco
menos óbvio, mas só um pouco, era de qual carro seria campeão, e é claro que,
com Fernando Alonso no carro Nº 8, a escolha da marca japonesa era privilegiar
este protótipo, para capitalizar com a presença do bicampeão de F-1. Mesmo
assim, a turma do carro Nº 7 até que ainda deu o ar da graça na competição, de
modo que a definição do título acabou vindo somente na última corrida, em Le
Mans, neste ano. Só não foi mais maçante porque corridas de endurance sempre
podem apresentar algumas surpresas, especialmente em Le Mans, e por isso,
sempre haveria a possibilidade, ainda que pequena, de algo fugir ao script
programado pela Toyota. Mas tudo deu certo, e apesar de alguns percalços,
pode-se dizer que a equipe da marca japonesa conquistou um título onde correu
praticamente sozinha no mais estrito termo da expressão. Não se pode culpar os
japoneses pelo domínio mais do que óbvio que impuseram, mas sim os dirigentes
da competição, que não souberam adequar as regras de modo a dar aos times
privados da classe LMP1 melhores chances de competição com a Toyota. E tudo
deve continuar na nova temporada 2019-2020, enquanto não vem o novo regulamento
com os chamados hypercars, que devem substituir os protótipos LMP1, na
temporada 2020-2021, quando se espera que o equilíbrio de forças seja diferente
do atual.
Equipe
Ferrari na temporada 2019: Depois de um brilho momentâneo na etapa do Canadá,
onde Sebastian Vettel conquistou a pole-position, e não fosse a punição
polêmica de bloquear Lewis Hamilton premeditadamente no retorno à pista após
uma breve escapada, poderia ter vencido a corrida, onde contou também com a boa
performance de Charles LeClerc, o time de Maranello infelizmente voltou à
rotina que tem protagonizado nesta temporada, mostrando-se incapaz de fazer
frente à Mercedes, e tendo que se preocupar com a Red Bull nos seus
calcanhares. Mas ruim é ver o time ainda tentando encontrar um rumo para melhorar
sua performance. No primeiro treino livre em Paul Ricard, Vettel chegou a
testar um novo bico e até um novo assoalho, para ver se melhorara o desempenho
do SF-90, e com isso, aparentemente o piloto não conseguiu chegar a um bom
acerto com o carro de volta às peças “convencionais”, já que os novos
dispositivos testados aparentemente não deram os resultados esperados. E,
embora LeClerc tenha apertado Valtteri Bottas no finalzinho da corrida, foi
mais por falha do finlandês do que por performance mesmo do monegasco, enquanto
Vettel, superado pela dupla da McLaren na classificação do grid, acabou ficando
atrás de Max Verstappen na corrida, depois de se livrar de Carlos Sainz Jr. e
Lando Norris no início da corrida, sem conseguir ameaçar o holandês da Red
Bull. Agora, o time italiano afirma que vai tentar reduzir um pouco a
velocidade do carro em reta com o objetivo de melhorar o desempenho nas curvas,
um dos pontos fracos detectados no comportamento do bólido atual. Resta saber
se vai conseguir os resultados esperados...
Local
do GP Brasil de F-1: E continuam as fofocas de onde será realizado o Grande
Prêmio do Brasil de F-1 de 2021. O presidente Jair Bolsonaro chegou até a
conversar com Chase Carey, presidente do grupo proprietário da F-1, o Liberty
Media, sobre a promessa de termos o GP no Rio de Janeiro daqui a dois anos, no
futuro autódromo de Deodoro, cujo desenho da pista já foi divulgado por aí há
algum tempo. Mas, ao mesmo tempo, as negociações sobre a renovação da corrida
em Interlagos, em São Paulo, ainda seguem em frente, e a pista paulistana faz
suas obras de adequação para atender às exigências de modernização exigidas
tanto pela FIA quando pela F-1, e é prematuro decretar o fim da corrida no
autódromo José Carlos Pace, ainda mais quando nem se começaram as obras do
sempre futuro novo autódromo carioca na área de Deodoro, cuja construção, a
esta altura do campeonato, precisaria ser feita a toque de caixa, para
justificar a opção da F-1 correr na nova pista. Novos circuitos não entram
assim de qualquer jeito no calendário da categoria máxima do automobilismo nos
dias atuais, sendo necessário um adequado planejamento, e garantias de sediar a
corrida, devido aos investimentos milionários que uma operação desse porte
exige, para não mencionar que, no Brasil, tudo costuma ser ainda mais
complicado do que já costuma ser em países onde tudo funciona direitinho.
Teoricamente, ainda há tempo hábil para se construir o novo autódromo, mas quem
vai pagar a construção do novo complexo de automobilismo, que não prevê apenas
a pista onde a F-1 correria, ainda mais em um momento onde o governo não tem
dinheiro para gastar em tal tipo de projeto, e que nem deveria fazê-lo, pois há
muitas outras prioridades mais importantes, e o leque de empresas que poderiam
se interessar em tal empreitada é bem reduzido, devido aos valores a serem
gastos. Melhor aceitarem a corrida em Interlagos por vários anos ainda, e irem
desenvolvendo esse projeto da pista de Deodoro com a calma e prudência que se
deve dar a tal tipo de empreendimento, e não se tentar aventuras irresponsáveis
que acabem por queimar ainda mais a imagem de nosso país no meio
automobilístico...
Ultrapassagens
na F-1: Apregoadas como grande esperança para tornar as disputas entre os
pilotos mais fáceis e frequentes, as novas regras aerodinâmicas implantadas nos
carros da categoria máxima do automobilismo até aqui não demonstraram a
eficiência que se esperava, depois do trabalho que se teve para implantá-las.
Se a pista de Barcelona, onde já se previa uma corrida monótona, mostrou mais
do mesmo, apesar das novas regras, a corrida em Paul Ricard, um circuito “das
antigas”, e que onde deveria se ver ao menos mais disputas, apesar de algumas
mudanças no traçado, como a chicane no meio da reta Mistral, foi tremendamente
decepcionante para quem esperava mais emoção, e até as disputas no pelotão
intermediário foram escassas. E parece que o público até previu no que ia dar,
pois os torcedores que compareceram ao autódromo de Le Castelet foram em número
bem menor do que no ano passado, quando a pista retornou à competição, depois
de quase 30 anos de ausência. Mesmo com o longo trecho de reta na pista
francesa, apesar da chicane, nem mesmo o uso do DRS facilitou e melhorou as
disputas por posições como se esperava. Como desgraça pouca é bobagem, até os
novos pneus da Pirelli este ano estão contribuindo para a monotonia das
disputas, por apresentarem uma durabilidade que faz com que a imensa maioria
das equipes optem por estratégias quase iguais, diminuindo as possibilidades de
performances variadas pela escolha dos compostos. E, para piorar tudo, com as
tentativas de ultrapassagens exigindo maiores riscos, os pilotos ficam mais
ariscos de tentar algumas manobras com o receio de tocarem no adversário, e
ainda por cima, tomarem punição por causa disso, ou coisa pior até. E,
infelizmente, não temos passado uma corrida ultimamente sem que haja alguma
punição, o que faz com que times e pilotos fiquem ainda mais reticentes em
adotar estratégias e manobras mais arriscadas, e com isso, oferecendo menos
chances de ultrapassagens na pista, para infelicidade dos torcedores. Não era
isso que a F-1 imaginava no início do ano, e parece que as novas regras foram
outro tiro no pé, sem os resultados esperados por todos...
EM BAIXA:
Jorge
Lorenzo: O piloto espanhol continua com sua maré de azar e maus momentos no
campeonato da MotoGP. Sem conseguir andar próximo ao companheiro de equipe na Honda,
o pentacampeão Marc Márquez, Lorenzo chegou a ir até o Japão, para ver se
conseguia se entender melhor com o pessoal da fábrica japonesa, além de pedir
por algumas modificações que tornem o comportamento da moto nipônica um pouco
menos “arisco” e “nervoso”, um estilo ao qual ele está tendo trabalho para se
adaptar, e não sendo o único a competir com as motos da Honda a sentir esta
dificuldade. Mas logo na primeira oportunidade após essa visita à Terra do Sol
Nascente, Lorenzo promoveu um verdadeiro “strike” no início da etapa da
Catalunha, em Barcelona, ao cair da moto e levar junto Andrea Dovizioso, da
Ducati, e a dupla da Yamaha oficial, Valentino Rossi e Maverick Viñales, para o
chão, acabando com as corridas deles e de si próprio. Indiretamente, acabou
favorecendo seu companheiro de equipe, que sem oposição, rumou para mais uma
vitória na temporada, e disparando na classificação rumo à conquista do sexto
título. Lorenzo foi crucificado por Viñales, apesar de ir se desculpar com os
pilotos e assumir a culpa por errar a freada e estragar as corridas deles, mas
pelo visto, o sonho de voltar à luta pelas vitórias com mais frequência e à
luta pelo título na nova equipe está virando um pesadelo que parece não ter
fim. Jorge ainda não está com a cabeça a prêmio, mas se continuar desse jeito,
não vai demorar para a Honda preferir até rescindir seu contrato do que
mantê-lo mais um ano na escuderia, como prevê o contrato com o piloto, que
assinou até o fim de 2020 com a equipe oficial da marca nipônica. Urge reagir e
virar a situação, mas Lorenzo vai conseguir? Muita gente acha que não...
Regulamentos
exagerados que asfixiam a F-1: Com punições que tolhem a competição, seja na
pista ou fora dela, a categoria máxima do automobilismo ajuda a espantar fãs
que desejam ver corridas na sua mais pura essência, forçando-os a procurar isso
em outros certames, como na MotoGP ou na Indycar, ou nas classes GT do WEC, ou
o campeonato do IMSA Wheater Tech nos Estados Unidos, onde as disputas na pista
não tem sofrido com a ingerência do excesso de regras e burocracia que estão
deixando a F-1 engessada, onde as regras são tudo, e que se preciso for,
sacrificando a competição. Vettel venceu mas não levou a vitória no Canadá por
uma punição que os comissários consideraram merecida em uma manobra onde o
alemão foi considerado culpado de retorno perigoso à pista e de bloquear
premeditadamente o rival Hamilton, com direito a muitas vaias da torcida pelo
ocorrido. Isso só serve para inibir e prejudicar a competição, que já não vem
sendo o que se esperava, com o domínio acachapante da Mercedes e de Lewis
Hamilton na atual temporada, o que tem diminuído o interesse dos torcedores.
Como se não bastasse, várias regras técnicas ainda não revelam mais efeito
prático nos dias de hoje, como a obrigação de largar com os pneus do melhor
tempo no Q2, ou comprometem a qualidade do show com limites ridículos de
componentes que os pilotos podem usar por temporada, como no caso de apenas 3
unidades de potência por temporada. Os comissários até poderiam deixar pelo
menos a disputa mais livre na pista, mas são obrigados a cumprir com as regras
impostas pelo regulamento, que como vociferou Vettel, até com certa razão,
deveria ser queimado pelos estragos que vem causando à competição. Lógico que
todos que estão ali tem de cumprir o regulamento imposto, mas por outro lado,
não tem de aceita-lo também de forma passiva, quando as regras prejudicam a
competição. Uma lei pode ser tremendamente injusta, mas enquanto não for
revogada, deve ser respeitada, mas também ser contestada, para que seja extinta
ou modificada. O regulamento da F-1 precisa se várias revisões, e não é de hoje
que isso precisa ser feito. Infelizmente, a FIA parece caminhar na direção
oposta, mostrando que mudar as regras vai ser um trabalho mais complicado do
que parece, porque as últimas mudanças, como as novas regras aerodinâmicas dos
carros desta temporada, parecem ter sido um verdadeiro tiro pela culatra até o
presente momento. E se o público cansar de ser tratado como idiota, não vai
demorar a ir para outras paragens, um risco que a F-1 não pode continuar
ignorando.
Volta
de Fernando Alonso à F-1: Quando se despediu da F-1 no final do ano passado,
cansado da falta de perspectivas com a McLaren, Fernando Alonso deixou em
aberto a possibilidade de, dependendo das circunstâncias, voltar à categoria
máxima do automobilismo, caso vislumbrasse uma oportunidade competitiva para um
retorno em 2020. E a McLaren, seu ex-time, em que pese ainda ser ligado ao
grupo, ocupando o cargo de embaixador da escuderia inglesa, vem mostrando
progressos interessantes nesta temporada, sendo a 4ª colocada no campeonato de
construtores, e motivando especulações se poderia estar melhor se o asturiano
ainda estivesse ao volante dos carros laranja. Foi o que bastou para pipocarem
boatos de que Alonso poderia retornar mesmo ao cockpit no próximo ano como
piloto titular da McLaren. Mas Andreas Seidl, novo chefe de equipe do time de
Woking, já adiantou que a escuderia está satisfeita com sua atual dupla de
pilotos, e que não tem o objetivo de trazer o espanhol de volta a seus carros,
a princípio com o objetivo de realizar algum treino com Fernando este ano. Mas,
mesmo com Alonso agora estando sem compromissos oficiais para o restante do
ano, o time preferiu dividir o russo Sergey Sirotkin com a Renault na posição
de piloto reserva, o que dá entender que o espanhol já não teria o mesmo cartaz
e preferência dentro do time como antes, algo que teria ficado ainda mais
patente depois do fracasso do projeto Indy500 deste ano, onde nem mesmo o
talento de Alonso conseguiu garantir a classificação do carro no grid da
corrida. Pelo visto, os planos de Fernando de tentar retornar à categoria
máxima do automobilismo já não são mais tão simples do que ele imaginava, tanto
que ele mesmo chegou a declarar que só volta em um “carro que lhe permita ser
campeão”. Pelo visto, Alonso terá de aceitar que seu tempo na F-1 acabou de
vez. E com seu histórico de complicar o ambiente interno dos times por onde
passou, dificilmente alguém tentará correr o risco de contratá-lo, fora o
elevado salário que o espanhol cobraria, ainda por cima...
Performance
de Pierre Gasly na Red Bull: O piloto francês da Red Bull que se prepara para
ser detonado no time dos energéticos. Por mais que a escuderia afirme que o plano
da equipe é manter sua dupla de pilotos intacta até o final do ano, Helmut
Marko já andou defenestrando Gasly em vários momentos neste primeiro semestre,
e infelizmente, a cada corrida em que o francês fica longe de Max Verstappen,
mais um prego vem sendo colocado em seu caixão. O dilema do time dos
energéticos é quem colocar no lugar de Pierre, pois na Toro Rosso, Danill Kvyat
já não se bica com o holandês, e Alexander Albon ainda não comprometeu, mas
também não entusiasmou, tendo sido superado pelo russo até o presente momento
na temporada. Os rumores de uma possível contratação de Nico Hulkenberg, que
vem sendo superado por Daniel Ricciardo na Renault, não podem ser ignorados,
por mais que ambas as partes digam que não há nada neste sentido. Se Gasly não
der uma incrementada em seus resultados, será rifado por Marko sem dó nem
piedade, como o dirigente já fez com vários outros pilotos de talento, mas que
não renderam como ele desejava, não importando as circunstâncias. O único
trunfo do francês seria a possível falta de opções para substitui-lo, uma opção
altamente arriscada e sem garantias. Max Verstappen já mostrou que é um piloto
fora de série, como poucos na categoria, talvez perdendo apenas para Lewis
Hamilton no quesito velocidade e arrojo. O problema é a Red Bull exigir um
desempenho igual de Gasly, que não é um piloto ruim, mas até agora não
demonstrou ser também um fora de série como o holandês. E para Marko, só
interessa se for fora de série, do contrário...
Equipe
Hass na temporada 2019: O time de Gene Hass teve uma boa temporada em 2018,
onde só não obteve melhores resultados devido às estripulias de sua dupla de
pilotos, com Romain Grosjean a ter cometido vários erros além de ter sofrido
vários azares durante a maior parte do ano, enquanto Kevin Magnussem aproveitou
muito bem as oportunidades, mas também se envolveu em algumas confusões pelas
pistas. E este ano, o time dos Estados Unidos até começou com boas
perspectivas, mas infelizmente, o rumo visto até agora acabou se revelando
outro, com uma performance deficiente do carro, com problemas para se entender
com os novos pneus da Pirelli, para não mencionar que sua dupla de pilotos
também não está colaborando como deveria. Grosjean continua numa maré de azar,
mesmo cometendo poucos erros, enquanto Magnussem comprometeu suas chances ao
bater bisonhamente no Canadá durante a classificação e ainda bater boca com o
time pelo rádio durante a prova, deixando o ambiente nos boxes da escuderia
meio tenso. A paciência do time com ambos os pilotos pode acabar a qualquer
momento, e para azar tanto de Grosjean quanto de Magnussem, existem opções no
horizonte já sendo avaliadas pela direção do time, como o jovem Pietro
Fittipaldi, cujos testes realizados até agora com o time ganharam vários
elogios do corpo técnico, e sendo um forte candidato a titular no próximo ano.
Obter bons resultados é a única opção para ambos manterem seus empregos na
escuderia, mas a tarefa fica difícil quando o carro não ajuda como deveria. O
time tem um grande trabalho pela frente para pelo menos tentar brigar para ser
o melhor do “resto”, como era esperado no início do ano, e até chegou a dar
indícios de que brigaria firme pela 4ª posição entre os construtores na
temporada. Infelizmente, não apenas a performance oscilou mais do que a própria
Hass esperava, como seus pilotos também não ajudaram como se esperava. E o
resto do ano pode ser bem complicado, tanto para os pilotos como para o time em
si...
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