E já chegamos no mês de julho, iniciando
a segunda metade do ano de 2019, com o primeiro semestre já tendo ficado para
trás. E tradição é tradição: todo início de cada mês é hora de postar mais uma
sessão Flying Laps, comentando alguns dos acontecimentos do mundo do esporte a
motor ocorridos neste último mês de junho, que não tive tempo de relacionar e
comentar nas colunas semanais regulares, desta vez citando eventos do campeonato
da MotoGP, sempre apresentando muito mais disputa e duelos com grande emoção do
que na Fórmula 1, além de falar um pouco sobre a edição deste ano das 24 Horas
de Le Mans, e também um pouco da Indycar, sempre com alguns comentários rápidos
com meus pontos de vista. Então, aproveitem e curtam o texto, e até a próxima
sessão Flying Laps do mês que vem...
Valentino Rossi não deu sorte no Grande
Prêmio da Holanda de MotoGP deste ano. Vencedor da corrida em 2017, desde então
o “Doutor” está sem conseguir subir de novo ao degrau mais alto do pódio, e a
chance de encerrar a seca de triunfos em Assen infelizmente não deu certo.
Rossi não conseguiu se entender com sua moto durante todo o fim de semana,
sendo constantemente batido por Maverick Viñales, que não só largou no pelotão
da frente como conseguiu vencer a corrida, depois de belos pegas com Fabio
Quartararo e Marc Márquez. Valentino largou do meio do grid para trás, e vinha
tentando se recuperar na corrida holandesa, quando acabou se atrapalhando na
disputa com o japonês Takaaki Nakagami, e acabou provocando a queda de ambos.
Fabio Quartararo deu luta a Viñales e Márquez, mas acabou superado na corrida,
tendo de se contentar com o 3º lugar, fechando o pódio, mas ficando à frente da
dupla da Ducati, Andrea Dovizioso (4º) e Danilo Petrucci (5º), em uma corrida
onde as motos de Borgo Panigale infelizmente não conseguiram dar luta aos
rivais. Rossi ainda é o melhor piloto da Yamaha na classificação geral do
campeonato, em 5º, com 72 pontos, mas Fabio Quartararo vem chegando muito
perto, em 6º, com 67 pontos, e ainda por cima, competindo por um time satélite
da marca dos três diapasões, a SRT. Com o triunfo em Assen, Viñales, que até
então vinha tendo um desempenho muito discreto na temporada, subiu para a 7ª
colocação, com 65 pontos. O 2º lugar não fez Marc Márquez perder o sono, já que
Dovizioso, o vice-líder, por ter cruzado a linha de chegada em 4º, deixou a
“Formiga Atômica” com uma vantagem ainda maior na classificação, com uma folga
de 44 pontos para o italiano da Ducati. O pentacampeão ainda viu Alex Rins, da
Suzuki, cair sozinho quando estava liderando a corrida, dando adeus às chances
de alcançar a vice-liderança naquela corrida, para frustração do piloto, que
vinha exibindo uma excelente performance em Assen. Márquez continua sem
adversários de fato na pista em 2019, e vai ficando cada vez mais perto do hexa,
se não acontecer nada fora do normal. E olha que ainda temos 11 corridas para
encerrar o ano na MotoGP.
E o momento de Jorge Lorenzo na MotoGP
anda mesmo complicado. Depois de errar uma freada no início do GP da Catalunha,
e ir ao chão levando junto outros três pilotos, o tricampeão ainda sofreu um
forte acidente nos treinos livres da sexta-feira para a etapa de Assen, e
precisou ser levado para o hospital, onde foi constatada fratura em algumas
vértebras, o que motivou a suspensão da participação do piloto não apenas na
prova da Holanda, mas também na etapa da Alemanha, cuja data de realização
ocorre apenas uma semana após a etapa holandesa, no dia 5 de julho. Lorenzo já
foi liberado do hospital e está se recuperando em sua residência, usando um
colar especial para manter o tronco na posição ideal para recuperar-se dos
ferimentos. Felizmente, apesar das fraturas, Lorenzo não tem restrição de
movimentos, mas deverá ficar em repouso absoluto para não complicar a
recuperação dos ferimentos sofridos. Para sua sorte, após a etapa alemã, a
MotoGP terá suas férias de verão do meio de temporada, retornando apenas no dia
2 de agosto, de modo que o espanhol, com sorte, estará plenamente recuperado
para voltar à competição em Brno, no GP da República Tcheca. Mas é bom Jorge se
benzer, porque desde a etapa de Aragón, no ano passado, o agora piloto do time
oficial da Honda vem acumulando uma série de acidentes preocupantes que
certamente tem prejudicado sua adaptação à moto da Honda, e ajudado a
comprometer, ainda que parcialmente, sua performance na pista. Com um
equipamento que já é difícil de controlar, e tendo um companheiro que é um
fenômeno, como Marc Márquez, a pressão que Lorenzo sente para corresponder às
expectativas já é um dilema complicado para se lidar. E ainda por cima, sofrer
um acidente onde as consequências poderiam ter sido mais sérias, certamente não
ajuda muito no moral. Que Jorge aproveite o descanso para relaxar também a
mente, e restabelecer seu foco de concentração para superar as adversidades profissionais
que vem tendo dentro e fora da pista.
E a Toyota faturou mais uma vez as 24
Horas de Le Mans, e mais uma vez, com o carro Nº 8, com a trinca Sébastien
Buemi/Kazuki Nakajima/Fernando Alonso, que havia vencido a edição do ano
passado. Mas o triunfo estava destinado a ser do carro Nº 7, com o trio Mike
Conway/Kamui Kobayashi/Jose Maria Lopez, que havia largado na pole-position, e
vinha firme para a vitória, ostentando uma vantagem de mais de 2min para o
bólido Nº 8, que não tinha motivos para disputar a vitória com os companheiros
de equipe porque a segunda colocação já os faria campeões da “super season”.
Mas o ditado de que Le Mans “escolhe” seus vencedores não parece ser tão obra
do acaso assim. E não é que o carro Nº 7 teve problemas na parte final da
corrida, faltando duas horas para a bandeirada, tendo um pneu furado, e depois
ainda um problema no câmbio, que ficou travado na 3ª marcha. E não deu outra: o
7 perdeu toda a vantagem que tinha, pelo tempo perdido até chegar ao box para a
troca do pneu, e depois pela queda de rendimento pelo enguiço no câmbio. Mesmo
assim, a diferença para os demais protótipos da classe LMP1 garantiu o 2º lugar
ao carro 7, que terminou com as mesmas 385 voltas do carro 8, que recebeu a
bandeirada da vitória na prova, enquanto o carro Nº 11 da BR Engineering, um
time privado, terminou em 3º com 6 voltas de desvantagem, pilotado pelo trio
Vitaly Petrov/Mikhail Aleshin/Stoffel Vandoorne. Fernando Alonso foi polido ao
declarar que a vitória não foi merecida por ele e seus companheiros, uma vez
que seus companheiros na equipe Toyota é que mereciam o triunfo, pelo
desempenho apresentado. Se no ano passado a Toyota deu indícios de que tudo era
para o carro do trio de Alonso vencer as 24 Horas, com a missão cumprida, nada
mais justo do que deixar o trio do carro 7 desfrutar da vitória neste ano. Mas
os deuses do automobilismo e o destino tiveram outras idéias...
O título da Toyota na classe LMP1,
aliás, eram favas mais do que contadas para a “super season”, e nem houve
discussão sobre qual dos carros seria campeão, que obviamente, seria o carro
onde Fernando Alonso estivesse, uma vez que a marca japonesa quis capitalizar
com a presença do asturiano em seus carros. E com 5 vitórias em 8 provas, o
trio Sébastien Buemi/Kazuki Nakajima/Fernando Alonso sagrou-se campeão da
“super season”, com 198 pontos para cada um. O trio Mike Conway/Kamui
Kobayashi/Jose Maria Lopez venceu duas corridas e ficou com o vice-campeonato,
com 157 pontos cada um. Para Alonso, missão cumprida: voltou a ganhar um
campeonato, e adicionou as 24 Horas de Le Mans a seu currículo de vitórias,
faltando agora apenas vencer as 500 Milhas de Indianápolis para conquistar
todas as provas da “Tríplice Coroa” do automobilismo, e igualar o feito até
hoje conseguido somente por Graham Hill. O espanhol despediu-se do WEC, e não
estará presente na próxima temporada, com o seu lugar na Toyota sendo ocupado
por Brendon Hartley.
Os pilotos brasileiros também brilharam
em Le Mans este ano. Na classe LMP2, André Negrão, ao lado de Pierre Thiriet e
Nicolas Lapierre no carro Nº 36 da Signatech Allpine, conquistaram a vitória em
sua classe. André já tinha vencido as 24 Horas no ano passado, e agora é bicampeão
da prova. Na classe GTE-Pro, o triunfo foi para o brasileiro Daniel Serra, em
parceria com James Calado e Alessandro Pier Guidi no carro Nº 51 da equipe AF
Corse. Daniel também se tornou bicampeão em Le Mans, já que havia vencido a
corrida em 2017, defendendo a Aston Martin. Na classe GTE-Am, Felipe Fraga e os
pilotos Ben Keating e Jeroen Bleekemolen, correndo pelo carro Ford GT Nº 85 da
Keating Motorsports, chegou na frente em sua categoria, mas acabou
posteriormente desclassificada por irregularidades em um dos pit stops, onde
não foi cumprido o tempo mínimo de reabastecimento completo, e por ter um
volume total de combustível acima do limite permitido. Fora isso, Bruno Senna
terminou na 4ª posição na classe LMP1, correndo pelo carro Nº 1 da equipe Rebellion,
junto com Neel Jani e André Lotterer. Na GTE-Pro, Augusto Farfus Jr. foi o 30º
colocado geral, pela equipe oficial da BMW, correndo junto com Antonio Felix da
Costa e Jesse Krohn no carro Nº 82. Na classe GTE-Am, Rodrigo Batista,
defendendo o carro Nº 84 da equipe JMW Motorsport, ao lado dos pilotos Jeff
Segal e Wei Lu, terminou em 32º lugar na classificação geral. E ainda tivemos
Pipo Derani competindo na GTE-Pro, ao lado de Oliver Jarvis e Jules Gounon no
carro Nº 89 da Risi Competizione. Agora, é começarem a pensar na corrida do ano
que vem...
Alexander Rossi deu um show na etapa de
Road America, no campeonato da Indycar, e está agora nos calcanhares de Josef
Newgarden, piloto da Penske que lidera o campeonato. A pole-position no belo
circuito de Elkhart Lake foi de Colton Herta, mais uma vez dando um show e
pilotagem, como fizera na etapa de Austin. Mas na largada, Rossi superou Herta,
e literalmente sumiu na liderança, distanciando-se cada vez mais dos demais
adversários. Com uma pilotagem exuberante, o piloto da Andretti dominou a
corrida ao estilo da Mercedes na F-1, e recebeu a bandeirada com 28s43 de
vantagem para Will Power, da Penske, que finalmente teve um final de semana
decente, e fechou em 2º lugar. Power, aliás, travou um belo duelo com seu
companheiro de equipe Newgarden, que fechou o pódio em 3º, e manteve-se na
liderança do campeonato, com 402 pontos, contra 395 pontos de Rossi, que se
aproximou bastante na pontuação. Scott Dixon, outro postulante ao título, teve
uma corrida um pouco complicada devido a um toque na primeira volta, que o fez
rodar e cair para o fundo do pelotão, obrigando o neozelandês da Ganassi a
partir para uma corrida de recuperação, onde terminou em 5º lugar, atrás de
Graham Rahal. Com o resultado, Scott é o 4º colocado na competição, com 308
pontos, e precisa descontar uma grande desvantagem se quiser lutar pelo seu 6º
título. Depois de brilhar nas corridas disputadas em Indianápolis, Simon
Pagenaud pareceu voltar aos resultados mais modestos, e acabou terminando a
corrida em Road America apenas em 9º, mantendo-se em 3º no campeonato, com 341
pontos. Já Colton Herta, depois de perder a primeira posição para Rossi, andou
sempre entre os primeiros, mas nas voltas finais da prova, já com pneus
desgastados, acabou superado por alguns pilotos, terminando a corrida em 8º
lugar.
E a situação de Tony Kanaan e Matheus
Leist anda complicada, uma vez que a equipe Foyt, depois de um brilho
momentâneo na Indy500, voltou a sofrer nas demais corridas, e Road America não
foi exceção. Leist foi o 20º colocado, e Tony, o 21º, terminando a corrida com
uma volta de desvantagem para o vencedor Rossi. Por mais que se tente mexer no
carro, e variar as estratégias, os resultados não estão aparecendo, a Larry
Foyt, diretor do time, já começa a concentrar forças para a temporada de 2020,
procurando reformular a escuderia para tentar reencontrar o rumo do
crescimento. O problema é que desde o ano passado, quando voltou a usar motores
da Chevrolet, o time do lendário A. J. Foyt já vem passando por uma “reestruturação”.
Isso, e a nova dupla de pilotos combinante experiência (Kanaan) e juventude
(Leist), justificou um ano de resultados apenas medianos em 2018. Mas e agora
em 2019? Foyt admite que o time andou para trás, contrariando as expectativas,
estando hoje entre os piores do grid. E numa categoria onde as disputas são
muito equilibradas, perder performance, mesmo que pouca, pode jogar um time lá
para trás, e é o que vem acontecendo com a Foyt. Além da falta de performance,
os parcos resultados acabam arrastando o conceito de sua dupla de pilotos para
baixo. Kanaan já está em fim de carreira, e isso pode afetá-los bem menos. Mas
Leist é um dos talentos da nova geração, e sem um carro minimamente
competitivo, o gaúcho vai ficando para trás na competição com outros novos
nomes do grid, que por terem melhores carros e equipes, estão começando a fazer
seus nomes brilharem como novas estrelas da Indycar, como Colton Herta, por
exemplo. E isso pode significar a perda de várias oportunidades para o piloto
brasileiro, por não conseguir mostrar do que é capaz com um carro fraco.
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