quarta-feira, 10 de julho de 2019

ARQUIVO PISTA & BOX – OUTUBRO DE 1998 – 16.10.1998


            Hoje trago mais uma de minhas antigas colunas aqui no blog, e esta foi publicada no dia 16 de outubro de 1998. O assunto do texto principal era a prova de Surfer’s Paradise, válida pelo campeonato da F-CART, um dos eventos mais esperados do ano, devido ao excelente trabalho de promoção dos australianos, marca registrada deles desde as primeiras edições do GP de F-1 na cidade de Adelaide. Pois em 1991 foi disputada na cidade balneária da Gold Coast da Austrália a primeira prova da categoria, marcando a internacionalização da F-Indy original, com várias corridas bem disputadas no circuito montado nas ruas à beira do Oceano Pacífico, que deixaram muitas saudades em todos que lá tiveram oportunidade de competir. Atualmente, a Indycar está em tratativas para voltar a Surfer’s Paradise, com boas perpectivas da corrida estrear no calendário do ano que vem, o que seria muito positivo. Esperemos que tudo dê certo para vermos novamente uma corrida Indy na Costa Dourada australiana. De quebra, alguns tópicos rápidos sobre alguns outros acontecimentos do mundo da velocidade naquela semana, como por exemplo o anúncio da contratação de Juan Pablo Montoya como substituto do italiano Alessandro Zanardi na equipe de Chip Ganassi, para a temporada de 1999, em um contrato de 3 anos com a escuderia dos Estados Unidos, uma vez que Zanardi voltaria à F-1, para correr pela Williams.
            Antes Zanardi tivesse ficado na F-CART. Sua passagem pela Williams acabou sendo um fracasso total, encerrando de vez sua participação na F-1, enquanto Montoya, mesmo sendo novato na F-CART, acabou como campeão em 1999, em uma disputa bem acirrada, mas consagradora para o colombiano. Aproveitem o texto, e boa leitura...

VISITA À GOLD COAST

            É hora de mais uma visita à Austrália. No início do ano, foi a etapa inicial da Fórmula 1, disputada em Melbourne. Agora, é a vez da penúltima etapa do campeonato da F-CART, que disputa o GP de Surfer’s Paradise, disparada a mais agradável etapa de todo o calendário da categoria.
            A exemplo do que os australianos sempre fizeram desde o início das disputas do GP australiano de F-1, tanto em Adelaide quanto em Melbourne, também o GP de Surfer’s Paradise é um evento amplamente divulgado e vivenciado por todos os participantes. São inúmeras promoções e festividades que se estendem pela semana toda. A Gold Coast, no nordeste da Austrália, por si só já é uma atração turística de grande monta. Das praias de surf aos parques naturais do interior, o turismo apresenta satisfação garantida aos visitantes.
            O clímax de toda a festividade é a corrida, disputada nas ruas de Surfer’s Paradise, um belo circuito urbano com características bem próprias. O traçado é bem interessante, com as tradicionais curvas de 90 graus entremeadas por boas retas e chicanes que exigem boa perícia dos pilotos. A prova é disputada em 65 voltas no traçado de 4,495 Km de extensão, totalizando um percurso de 292,175 Km. Apesar de o desenho da pista ser até favorável em pontos de ultrapassagens, elas não são nada fáceis. O problema não está no traçado em si, mas na regulagem dos carros, muitas vezes com desempenhos muito parelhos, o que dificulta muito as tentativas de se ultrapassar alguém. Isso sem mencionar que, em alguns trechos, é preciso contar com a boa vontade do piloto que vai à frente. Ano passado, por exemplo, Paul Tracy e Alessandro Zanardi se engalfinharam quando o canadense ultrapassou o italiano; ambos ainda tocaram rodas e, tentando dividir a próxima curva, ambos acabaram rodando, com prejuízo maior para Tracy.
            Só o fato de ser um circuito de rua já traz alguns riscos extras. Ano passado, vi nestas ruas um dos mais pavorosos acidentes da categoria em 97: Christian Fittipaldi e Gil de Ferran tocaram rodas sem querer na reta dos boxes, e o carro de Christian perdeu o controle e foi direto contra o muro, batendo dos dois lados da pista e ferindo as pernas do piloto, que ficou afastado de diversas etapas.
            Um fato que ainda complica as coisas é que parte do circuito corre praticamente à beira mar, e o vento costuma jogar um pouco da areia da praia na pista, o que diminui a aderência. E, por ser num dos trechos de maior velocidade da pista, é um perigo a mais a se considerar e ficar atento.
            Não há favoritos destacados à corrida. Desde que começou a ser disputada em 1991, a prova australiana de Surfer’s Paradise nunca repetiu um piloto vencedor. Na estréia, John Andretti conquistou aqui sua única vitória em sua curta carreira na categoria, com a equipe Hall/VDS. Em 1992, a vitória foi de Émerson Fittipaldi, que deu um show na chuva. Émerson foi um dos protagonistas da corrida em 1993, em uma luta titânica com Nigel Mansell, recém-chegado da F-1. O inglês venceu a parada, mas não foi fácil. Em 1994, Michael Andretti reconquistou sua auto-estima ao vencer aqui neste circuito logo no seu retorno à categoria, depois de uma frustrante passagem pela equipe McLaren na F-1 em 93. Foi também a primeira vitória de um chassi Reynard, logo em sua primeira corrida na F-Indy. E começou aí também o início da hegemonia do chassi de Adrian Reynard na pista australiana: Jimmy Vasser venceu em 96, seguido por Scott Pruett em, 97, utilizando os chassis Reynard. Em 1995, a vitória ainda foi de um chassi Lola, com Paul Tracy. Por equipe, a Newmann-Hass e a Ganassi são as maiores vencedoras da prova australiana, com duas vitórias cada uma. Chip Ganassi venceu em 94 com Michael Andretti e em 96 com Jimmy Vasser; já a Newmann-Hass faturou em 93 com Mansell e em 95 com Tracy. A Penske contabiliza uma vitória (Émerson Fittipaldi, em 92), assim como a Patrick Racing (Scott Pruett, em 97); além da extinta equipe Hall/VDS (com John Andretti em 1991).
            Disputada do outro lado do mundo, todos os integrantes da categoria chegaram com grande antecedência a esta pista. Em relação ao Brasil, são 11 horas de diferença no fuso horário. E com relação aos Estados Unidos, a diferença é um pouco maior. Pelo horário de Brasília, a prova será disputada às 1:00 da madrugada de sábado para domingo, e a corrida promete muitas emoções. É uma boa pedida para se ir dormir bem mais tarde na noite de sábado...


Kenny Brack conquistou domingo passado o título da F-Indy (IRL) 98. O piloto sueco terminou a prova de Las Vegas na 10ª colocação, depois de uma corrida complicada tanto para ele quanto para os demais pilotos que disputavam o título, Tony Stewart e Davey Hamilton. Este último bateu durante a prova, e Stewart andou o tempo todo entre os últimos colocados devido a problemas elétricos em seu carro. A prova foi vencida pelo holandês Arie Luyendick, que largou na 14ª posição. A pole position da corrida ficou com Billy Boat, que foi o rei das poles nesta temporada, com 6 largadas na frente em 11 etapas. Marco Greco conseguiu fazer um belo treino classificatório, largando em 3º lugar. Na corrida, entretanto, o brasileiro teve problemas de estabilidade no carro e terminou na 8ª posição. Já Raul Boesel, que largou em 20º, mais uma vez não teve sorte e abandonou a corrida.


Juan Pablo Montoya vai ser o substituto de Alessandro Zanardi na equipe Ganassi em 1999 no campeonato da F-CART. O colombiano assinou contrato por 3 anos com Chip Ganassi, que disse ter ficado impressionado com a rapidez do jovem piloto nos testes de Barcelona. O acordo com Montoya também, prevê um intercâmbio tecnológico da Ganassi com a equipe Williams de F-1, para desenvolvimento na área técnica. Se Chip ficou impressionado com o colombiano, é uma pena que não tenha visto Max Wilson treinar no dia seguinte, quando o piloto brasileiro foi ainda mais rápido que Montoya em condições semelhantes de treino. Max Wilson vai lucrar mesmo assim, pois agora será o principal piloto de testes da Williams e deve ter grandes chances de subir para a F-1 no ano 2000. Ano que vem, Max deverá ser o principal piloto do time que Frank Williams está montando para disputar a F-1 Junior, novo nome que a F-3000 deve adotar a partir do ano que vem.


Continuam os treinos e testes da McLaren e da Ferrari para o Grande Prêmio do Japão, em Suzuka. O time italiano está utilizando intensamente as pistas de Fiorano e Mugello. Já a McLaren tem treinado em Barcelona, Magny-Cours, e Silverstone. Os testes de ambas as escuderias têm incluído até simulações de corrida com chuva, molhando as pistas para imitar o piso escorregadio da chuva. Nenhum detalhe pode ser menosprezado. A próxima semana é o último período para se testar antes da etapa decisiva do campeonato de 1998 da Fórmula 1.

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