Voltando com mais um texto da série
sobre pistas já visitadas pela Fórmula 1 ao longo de seus quase 70 anos de
vida, hoje vamos mostrar um pouco sobre a pista de Dijon-Prenois, localizada na
França, e que teve a oportunidade de sediar algumas corridas da categoria
máxima do automobilismo, estando ausente da competição desde o fim da primeira
metade dos anos 1980. E acreditem, o Grande Prêmio da França teve várias outras
pistas que sediaram a etapa francesa, embora todos eles tenham ficado à sombra
de Paul Ricard e Magny-Cours. Então, vamos dar uma pequena olhada neste
circuito francês. Uma boa leitura para todos...
DIJON-PRENOIS
Quando se
fala do Grande Prêmio da França, os nomes que mais rapidamente veem à mente é
das pistas de Paul Ricard e Magny Cours. E, de fato, estas pistas, por terem
sido mais recentemente utilizadas como sede da etapa francesa, são bem mais
fáceis de serem lembradas. Mas, desde que estreou na competição, já no primeiro
campeonato mundial em 1950, o Grande Prêmio da França passou por vários outros
circuitos ao longo de praticamente 70 anos de Fórmula 1. Hoje falarei de um
destes palcos, a pista de Dijon-Prenois, que teve a honra de sediar 6 provas da
categoria máxima do automobilismo.
Situado na
cidade de Dijon, próxima a Prenois, na França, o circuito teve seu projeto
inicial concebido em 1967, mas apenas em 1969 começaram os trabalhos de sua
construção. Idealizado por François Chambelland, um esportista francês, a idéia
era transformar a cidade de Dijon em um centro automotivo. O projeto, contudo,
não animou as autoridades locais, que negaram apoio à iniciativa de
Chambelland, que mesmo assim, e com recursos restritos, teve ajuda e apoio dos
pilotos Jean-Pierre Beltoise e François Cevert, que o ajudaram a desenvolver o
projeto do circuito, que foi oficialmente inaugurado em 1972. E, com muita
dedicação e empenho, eis que a Fórmula 1 veio para disputar o seu primeiro
Grande Prêmio em Dijon.
Inicialmente,
a pista tinha uma extensão de 3,289 Km, com cerca de 8 curvas. A primeira
corrida da F-1 foi disputada em 80 voltas, com a pole-position sendo
conquistada por Niki Lauda, com a Ferrari, com o tempo de 58s79. Mas o triunfo
coube a Ronnie Peterson, com Lotus-Ford, que largada em 2º lugar, e superou
Lauda após 16 voltas, comandando firme a corrida desde então. A volta mais
rápida foi de Jody Schekter, defendendo a Tyrrel-Ford, com o tempo de 1min00s. Émerson
Fittipaldi largou em 5º lugar, com McLaren-Ford, mas acabou abandonando por
problemas de motor. José Carlos Pace, defendendo a Brabham-Ford, acabou não conseguindo
classificação para largar na corrida. Foi a única vez que a F-1 correu nesta
configuração inicial de Dijon.Em 1975 e 1976, a corrida francesa seria
disputada em Paul Ricard.
Como o
circuito estava “curto demais”, os tempos dos bólidos da F-1, virando abaixo
até de 1 minuto, faziam com que o trânsito ficasse meio carregado em certos
momentos das corridas, de modo que foi feita uma modificação no circuito,
suprimindo a curva “S” de la Bretelle, e criando um novo trecho que incorporou
uma nova curva chamada “Parabolique”, além das novas curvas de acesso e retorno
chamadas “Gauche de la Bretelle” e “Double Gauche de la Bretelle”. O trecho
original do circuito não foi removido, permanecendo ali, e sendo usado para
categorias de menor importância e velocidade. Esta nova configuração de
Dijon-Prenois estreou em 1977, quando o circuito voltou a receber o Grande
Prêmio da França de F-1. Neste ano, o triunfo coube a Mario Andretti, com a Lotus-Ford,
depois de 80 voltas, e tendo largado na pole-position. A nova configuração
deixou o circuito com uma extensão de 3,887 Km, e 9 curvas, de modo que os
tempos de volta cresceram, mas a pista continuo mantendo suas características
de curvas velozes com subidas e descidas, agradando muito aos pilotos. O novo
tempo da pole, marcada por Andretti, foi de 1min12s21. E a volta mais rápida
ficou também com Mario, com o tempo de 1min13s75. Émerson Fittipaldi,
defendendo a Copersucar, largou em 22º, para terminar apenas em 11º. Alex Dias
Ribeiro, comendo o pão que o diabo amassou na equipe March, não conseguiu
classificação para o grid.
Em 1979, a
pista de Dijon testemunharia a primeira vitória de um motor turbo na história
da F-1. A Renault, introdutora da nova tecnologia em motores na categoria,
apanhou algum tempo para fazer o seu equipamento se tornar competitivo, mas ela
mostrou que estava no caminho certo, e Jean-Pierre Jabouille cruzou a linha de
chegada na pista francesa em primeiro lugar, coroando o esforço dos franceses
no desenvolvimento dos motores turbo que, alguns anos depois, superariam
amplamente os motores atmosféricos usados até então na F-1. Mas a prova de 1979
é lembrada também pelo duelo épico que aconteceu pelo segundo lugar na corrida,
entre Gilles Villeneuve, da Ferrari, e René Arnoux, companheiro de Jabouille na
equipe Renault. Ambos trocaram de posição várias vezes na pista, chegando até a
sair dela em determinados trechos, numa disputa que levantou o público nas
arquibancadas. Villeneuve venceu a parada, e restou a Arnoux fechar o pódio, em
3º lugar, com dois pilotos da Renault no pódio.
A pista de
Dijon ainda recebeu os Grandes Prêmios da França de 1981, e 1984, quando
despediu-se do calendário da Fórmula 1, para nunca mais voltar até hoje. O
recorde da volta mais rápida acabou sendo de Alain Prost, com
McLaren-TAG/Porsche turbo, com a marca de 1min05s257, com o recorde da
pole-position ficando com Patrick Tambay, com Renault turbo, com o tempo de
1min02s200. Mas Dijon esteve presente também na temporada de 1982 da F-1, mas
não como palco do Grande Prêmio da França, mas como sede do Grande Prêmio da
Suíça, naquele que foi o último GP do país europeu até hoje na história da F-1.
Devido a um violento acidente ocorrido nas 24 Horas de Le Mans de 1955, onde
morreram mais de 80 pessoas, a Suíça proibiu todas as corridas automobilísticas
em seu território, proibição que se mantém até hoje, tendo sido aberta uma
única exceção, para carros elétricos, o que permitiu à F-E disputar duas provas
no país, desde o ano passado.
Não era um
procedimento incomum na Fórmula 1 uma pista servir de sede para uma corrida de
F-1 de outro país ou local. Basta lembrar de quantas vezes o circuito de Ímola
serviu de palco para o Grande Prêmio de San Marino, pequeno país encravado no
meio da Itália, onde o autódromo se encontrava, mas sendo um artifício bastante
aceito para a realização de duas corridas em solo italiano. Infelizmente, mesmo
com este artifício, o GP da Suíça no exterior não “vingou”, de modo que a
corrida de 1982 em Dijon acabou sendo a única, contabilizando mais uma corrida
de F-1 na curta passagem desta pista pelos anais da Fórmula 1.
Longe de
seus tempos de glória quando sediava a F-1, Dijon hoje é utilizado como palco
de categorias menores e provas automobilísticas locais. E dificilmente voltará
a receber a categoria máxima do automobilismo, devido às exigências estruturais
que são solicitadas hoje para receber um GP.
Largada da etapa da França de 1977, em Dijon (acima). Gilles Villeneuve e René Arnoux fizeram nesta pista uma batalha épica pela 2ª posição na corrida em 1979 (abaixo). |
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