A Formula-E chegou a
Nova Iorque para a rodada dupla final da quinta temporada da categoria pronta
para conhecer o seu primeiro bicampeão em sua curta história. Na pista, o atual
campeão, Jean-Éric Vergne, da Techeetah, está com a vantagem total para chegar
ao seu segundo título, e consecutivo. De outro lado, o brasileiro Lucas Di
Grassi, da Audi, entra na pista como azarão para tentar também conquistar o seu
segundo título no certame. No ano passado, por conta de um início de temporada
cheio de problemas com a fiabilidade do carro, o brasileiro ficou praticamente
de fora da luta pelo título, mas cresceu bastante assim que os problemas foram
solucionados, a ponto de conquistar o vice-campeonato, uma vez que Vergne
praticamente não teve adversários na pista.
Com 32 pontos de
vantagem, o piloto francês pode se dar ao luxo de administrar os resultados,
mas isso vai depender de como a sua equipe se mostrará no circuito montado no
bairro do Brooklin, na grande metrópole da costa leste dos Estados Unidos.
Desde o início da atual temporada, a Techeetah sempre teve um carro de
excelente performance, e era esperado que o francês fosse um dos favoritos ao
título da nova temporada. Mas a primeira metade da temporada mostrou uma
alternância de líderes nunca vista antes, com nada menos que 8 pilotos vencendo
as 8 primeiras corridas, e nesse meio, Vergne e seu time acabaram por ficarem
no meio de uma grande lista de potenciais candidatos ao título. Estava ali, mas
sem conseguir se destacar sobre os demais. A excelente performance da escuderia
não estava se materializando na pista. Foi só a partir de Mônaco, que Vergne
despontou para a liderança, ao obter sua segunda vitória, e o rol de pilotos
candidatos ao título ir se reduzindo. Portanto, as circunstâncias do momento
podem determinar mudanças na relação de forças da corrida. Se o carro estiver
bem acertado para a pista, caberá a Jeann-Éric fazer a sua parte e garantir a
melhor posição na pista. E como o traçado da pista do Brooklin é bem curto e
travado, largar na frente é fundamental para evitar problemas. Largar atrás
pode ser catastrófico e colocar tudo a perder, obrigando o piloto a ter de
fazer uma corrida de recuperação correndo mais riscos do que o habitual.
Para Lucas Di Grassi,
é literalmente tudo ou nada: ele não depende apenas de si, precisa de um mau
resultado de Vergne para chegar ao título, pois de nada adiantará ele vencer as
duas provas, se Jean-Éric terminar poucas posições atrás. Mas, apesar das
dificuldades, o brasileiro já viveu situação parecida há dois anos atrás,
quando foi campeão, na rodada dupla realizada nas ruas de Montreal, quando tudo
estava a favor de Sébastien Buemi. Mas o piloto suíço sentiu a pressão, e
acabou batendo o carro nos treinos livres, o que o fez largar muito mais atrás
do que normalmente poderia. Di Grassi aproveitou, e com uma vitória na primeira
corrida, desferiu um golpe psicológico que deixou Buemi desnorteado, a ponto de
o piloto da e.dams chegar a bater boca com os pilotos depois da corrida pelas
disputas de posição travadas durante a prova que dificultaram sua performance
na corrida. Buemi tinha o melhor carro, e teoricamente o melhor time, mas
acabou se perdendo no fim de semana decisivo. Será que acontecerá o mesmo
agora, com relação a Vergne?
Vai ser muito difícil.
A vantagem técnica da Techeetah não é tão superior à da Audi, mas o time teve
melhor sorte em certos momentos, como o ePrix de Berna, onde Lucas não
conseguir dar combate por ter feito um treino horroroso e largado do fim do
grid, o que impossibilitou que ele lutasse pelos primeiros lugares. Vergne
largou na pole, e lá ficou até a bandeirada final, aumentando sobremaneira sua
vantagem na classificação. Quando Lucas enfrentou Buemi, a diferença na pontuação
entre ele e Buemi era bem menor, o que ajudou na virada das expectativas.
Jean-Éric tem uma dianteira muito mais confortável, que lhe permite manobrar
melhor sua margem de segurança. Claro que, se acabar cometendo um erro, e
largar lá do fundo, tendo que recuperar posições, tudo fica diferente, mas
dependerá da performance de Lucas. E ele sabe do que precisa para equilibrar o
jogo: que o rival fique sem marcar pontos na primeira corrida. Mesmo que Lucas
faça a pole, a melhor volta, e vença a corrida, e Vergne não pontue, ainda
assim ele ficará 3 pontos atrás na tabela. Aí, tudo ficaria livre na segunda
corrida, no domingo. Mas, se isso não acontecer, Vergne precisa apenas manter
30 pontos de vantagem para o piloto brasileiro, para conquistar já amanhã o
bicampeonato na categoria.
A luta será apenas
entre o brasileiro e o francês. Mith Evans, o 3º colocado, tem apenas 87
pontos, ante 130 de Vergne, e precisaria de um milagre para chegar ao título.
André Lotterer, com 86 pontos, também não tem chances práticas, mas o alemão
tem andado forte em várias corridas, e a Techeetah pode lhe dar a chance de
vencer, para impedir que Di Grassi, com uma eventual vitória, diminua demais a
vantagem de Jean-Éric. Mas o mais provável mesmo é que Jean-Éric parta para o
ataque, e busque a vitória, para eliminar de vez as chances de os rivais, mesmo
os teóricos, vejam que será inútil destroná-lo. Tudo pode acontecer na pista, e
é só ver o que já tivemos nas corridas anteriores, com várias surpresas e
percalços ocorridos. Tentar ficar livre de qualquer encrenca também é
fundamental, pois qualquer erro pode ser fatal, dependendo de que tipo de erro
for.
Apesar de alguns problemas, F-E teve uma temporada muito positiva, com vários vencedores e duelos na pista. |
Indiferentes à luta
pelo título, na pista vamos ver também vários pilotos duelando pelas melhores
posições para encerrar a temporada, e ver quem poderá ser o 3º colocado na
tabela, ou até mesmo o vice-campeão. De Mith Evans a Daniel Abt, temos 6
pilotos separados por 12 pontos na tabela, que certamente estarão decididos a
terminar o ano em alta, especialmente aqueles que até pouco tempo atrás estavam
na disputa pelo título, como Antonio Félix da Costa e André Lotterer. Para
Sébastien Buemi, terminar o ano em alta, especialmente para recuperar um pouco
a reputação, depois de ficar sem disputar o título nos últimos dois anos. Em 9º
na pontuação, Sam Bird, que também era um dos cotados para a luta pelo título,
também quer terminar o ano de forma positiva, depois de perder performance nas
últimas provas, e sido superado pelo companheiro Robin Frijns.
Seja quem for o
campeão, será a coroação de um ano altamente positivo para a F-E, com a
introdução da nova geração de carros, com novos sistemas de baterias que
permitem disputar uma prova inteira, sem necessitar mais das trocas de carro
durante a prova. Com 22 carros no grid, e muito equilíbrio e imprevisibilidade
de resultados na sua primeira metade, não se pode dizer que foi uma temporada
previsível, ainda que os postulantes ao título sejam nomes mais do que
conhecidos, o que só se confirmou nas últimas etapas. Novas provas, como em Berna,
Sanya, e Riad, consolidam o crescimento da categoria de carros monopostos
elétricos, que terá na próxima temporada mais um time oficial, a Porsche, e a
entrada oficial também da Mercedes, totalizando 24 carros, que tem tudo para
oferecerem um campeonato empolgante e bem disputado. E, com um inédito
bicampeão, para ir em busca de um possível tri.
O canal Fox Sports 2
transmitirá ao vivo as duas corridas neste final de semana, a partir das 16:30
Hrs., pelo horário de Brasília. Será que Lucas Di Grassi conseguirá inverter as
expectativas e conquistar seu segundo título? Vergne confirmará o favoritismo e
será o primeiro bicampeão? Impossível responder neste momento. Agora é torcer
para uma grande decisão de título, e que as duas provas nos ofereçam boas corridas,
tanto no sábado quanto no domingo.
E a Audi é a primeira equipe da
Formula-E a se pronunciar sobre seus pilotos para a sexta temporada da
categoria, que começa em dezembro deste ano. E nenhuma surpresa: Lucas Di
Grassi e Daniel Abt continuam firmes em suas posições, o que torna o time das
quatro argolas a única escuderia a manter intacta sua dupla de pilotos desde o
início da categoria em si. Lucas Di
Grassi sempre terminou todos os campeonatos dentro do top-3 nestes 5 anos de
disputa, e Daniel Abt já mostrou que pode andar na frente com um pouco de
sorte. Um dos principais nomes da categoria de carros elétricos monopostos, a
Audi prefere não alterar sua formação, e garantir a normalidade de seus
trabalhos, em uma nova temporada onde estarão enfrentando suas principais
rivais alemãs: BMW, Mercedes, e Porsche. Teremos 4 marcas alemãs na próxima
temporada da F-E, e nenhuma delas está lá para apenas marcar presença. Já tendo
sido campeã, a Audi não está a fim de perder sua dianteira na categoria. Eles confiam
em sua dupla de pilotos, e sabe perfeitamente o que esperar deles, eliminando
um ponto de incógnita para a próxima temporada, com os rivais alemães crescendo
na competição.
Não é
só Lucas Di Grassi que luta pelo título neste final de semana em Nova Iorque. Na
categoria Jaguar I-Pace eTrophy, onde os pilotos competem com carros de turismo
totalmente elétricos, e corre junto nos finais de semana da F-E, Sérgio Jimenez
lidera o campeonato, com uma vantagem de 6 pontos para Bryan Sellers. Mas ainda
tem também Cacá Bueno na parada, com 16 pontos de desvantagem para o
compatriota e companheiro de equipe. É o primeiro campeonato desta categoria,
que segue os mesmos moldes da F-E, mas com carros de turismo, com apoio da
Jaguar. Os dois brasileiros estão bem entrosados em seu time, e prometem dar o
seu melhor para faturarem o título, seja com qual deles for. Mas, a exemplo da
F-E, a pista de Nova Iorque vai oferecer um bom desafio aos pilotos, e largar
na frente é tão ou até mais importante para se conseguir um bom resultado. Quem
for campeão vai ganhar a chance de testar com o carro da Jaguar na F-E, mas
isso não garante presença no time da fábrica inglesa na F-E. Jimenez fala que
nem pensa nisso, pois já tem contrato para seguir no I-Pace eTrophy para a próxima
temporada, mas o teste pode significar a chance de abrir conversas com os times
da F-E. Será que teremos mais um brasileiro no grid da F-E em breve?
E os ingleses podem enfim ficar
tranqüilos. Com o seu contrato para sediar o Grande Prêmio da Inglaterra de
Fórmula 1 vencendo neste ano, muitos ficaram temerosos de que uma das provas
mais tradicionais do calendário da categoria máxima do automobilismo pudesse
perder sua vaga, até porque os custos do contrato de realização da corrida
estavam pesando para o circuito de Silverstone. Mas nesta semana, em uma
coletiva no circuito, foi confirmada a renovação do acordo de realização a
corrida, e Silverstone, a pista que viu a F-1 nascer em 13 de maio de 1950,
continua firme no calendário até 2024. Agora, quem fica em risco é a prova do
México e a etapa da Espanha. Com o retorno da Holanda em 2020, e o fim dos
apoios governamentais das duas provas citadas, uma delas irá certamente dançar
e ficar de fora. Qual será? Pista por pista, o circuito mexicano tem proporcionado
corridas bem mais empolgantes que o autódromo da Catalunha, fora a atmosfera
amigável e bem mais descontraída dos mexicanos. Mas, como o apoio financeiro é
quem deve decidir a parada, tudo fica em suspense. E isso não se resume apenas à prova
mexicana: Sergio Pérez, atual piloto titular na Racing Point, não deve ter o
seu contrato renovado, mesmo com o polpudo patrocínio das empresas do magnata
Carlos Slim. Lawrence Stroll, que comanda o consórcio que adquiriu a ex-Force
Índia, quer um piloto menos capaz para ser companheiro de seu filho na próxima
temporada, de modo a permitir que o filho não fique na sombra do companheiro de
equipe. O problema é que, sem GP do México, Slim pode decidir não apoiar mais
Perez, o que poderia fazer o piloto perder as chances de arrumar um lugar nas
outras escuderias da F-1.
E a McLaren aproveitou para
anunciar aqui em Silverstone a sua dupla de pilotos para a próxima temporada,
confirmando os nomes de Carlos Sainz Jr. e Lando Norris por mais um ano, e
enterrando de vez as fofocas de que Fernando Alonso poderia retornar ao time de
Woking na próxima temporada. O time está satisfeito com os resultados obtidos
pela sua atual dupla titular, em um ambiente muito mais tranqüilo, e sem as
cobranças que seriam feitas normalmente por Alonso, caso o asturiano ainda
estivesse pilotando para o time. É mais um prego no caixão da relação de Alonso
com a McLaren, que vê que o espanhol já é passado, e que é preciso olhar para o
futuro, e valorizar sua atual dupla de pilotos. Alonso, por sua vez, já afirmou
que só voltaria à F-1 em um carro campeão, o que significaria obviamente, a
Mercedes. Mas só se Toto Wolf fosse maluco de permitir uma coisa dessas, que
seria prontamente vetada por Lewis Hamilton. Mas que seria interessante para a
competição, isso seria, claro. O público adoraria ver Alonso e Hamilton
duelando nos carros prateados. Bem, sonhar ainda é válido, por mais maluco que
alguns sonhos possam parecer. Por outro lado, ter Alonso e Hamilton poderia
tanto facilitar as chances dos concorrentes, aproveitando as oportunidades que
um duelo fraticida desses poderia desencadear, como poderia também acabar com
quaisquer outras chances dos rivais chegarem perto, porque Alonso não andaria
de forma tão passiva como Valtteri Bottas tem feito em algumas corridas...
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