terça-feira, 6 de novembro de 2018

FLYING LAPS – OUTUBRO DE 2018


            E estamos no mês de novembro. Faltam apenas dois meses para encerrarmos o ano de 2018, e todo início de mês é palco de uma nova edição da sessão Flying Laps, relatando e comentando alguns dos acontecimentos do mundo da velocidade ocorridos neste último mês de outubro, sempre com alguns comentários pessoais nas notas relacionadas. Uma boa leitura para todos, e até a próxima sessão Flying Laps em dezembro. Até mais.


E a Yamaha encerrou seu jejum de vitórias na temporada 2018 da MotoGP. Maverick Viñales conseguiu vencer a etapa da Austrália, no circuito de Phillip Island, e levou a marca dos três diapasões de volta ao topo do pódio pela primeira vez desde o triunfo de Valentino Rossi na etapa da Holanda do ano passado. Não foi uma vitória fácil, mas o ritmo demonstrado pelo espanhol deu uma renovada no ânimo do time de Iwata, que andava bem por baixo neste ano, sem conseguir chegar a novas vitórias, e ficando pela segunda temporada consecutiva de fora da luta pelo título. Título que, felizmente para Marc Márquez, foi conquistado por antecipação na etapa anterior, no Japão, na pista de Motegi. A “Formiga Atômica” experimentou na Austrália o seu primeiro abandono de uma corrida na temporada. O piloto da Honda acabou atingido por Johann Zarco na 5ª volta, por erro do francês da equipe Tech3, que até assustou pelo vôo que Zarco deu na pancada, mas felizmente sem ferimentos além do forte susto. E a briga pela vitória teve em Andrea Iannonne um duro rival para Viñales, mas o piloto da Suzuki teve de se contentar com o 2º lugar, que também foi duro de conseguir, em uma renhida disputa com Andrea Dovizioso, da Ducati. Ainda se recuperando dos ferimentos ocasionados em Aragón e na Tailândia, Jorge Lorenzo ficou de fora da etapa australiana, sendo substituído por Alvaro Bautista no time da Ducati, e o espanhol até que foi bem, terminando a corrida em 4º lugar. Valentino Rossi acabou em 6º lugar, depois de disputar posição com Alex Rins, da Suzuki, que terminou em 5º. Para o time oficial da Honda, a prova em Phillipe Island foi para esquecer: Dani Pedrosa, dando sequência a seus maus momentos em sua temporada de despedida como piloto titular da MotoGP, também abandonou a corrida após 11 voltas, após cair da moto. Quem também não terá boas lembranças da corrida australiana deste ano é Cal Cruthlow. O piloto fraturou o tornozelo nos treinos, e precisou passar por cirurgia para alinhar os ossos, mas como o britânico teria de passar por nova intervenção cirúrgica, ele seria substituído na etapa da Malásia por Stefan Bradl.


O resultado da etapa da Austrália deixou a disputa pelo vice-campeonato um pouco mais apertada, mas ainda com boa vantagem de Andrea Dovizioso sobre a dupla da Yamaha. O italiano ficou com 210 pontos, seguido por Valentino Rossi, com 195, e Maverick Viñales com 180. E com 50 pontos em jogo nas etapas da Malásia e de Valência. Garantido com o título, Marc Márquez vera essa luta de camarote, do alto de seus 296 pontos, 86 à frente de Dovizioso.


“Queimado” pela temporada abaixo da expectativa quanto a resultados na temporada atual da Fórmula1 pela equipe McLaren, o belga Stoffel Vandoorne já arrumou lugar para competir em 2019: será um dos titulares da nova equipe HWA na nova temporada da Formula-E. Vandoorne dividirá o time com o britânico Gary Paffett. Paffet e Vandoorne, aliás, tem uma particularidade em comum: ambos passaram pela McLaren na F-1, mas Gary nunca teve a chance de alinhar em um GP, tendo ocupado por várias temporadas a posição de piloto de testes da escuderia britânica, antes da proibição de testes implantada a partir de 2009. Paffet esteve próximo de competir na categoria máxima do automobilismo em algumas oportunidades, mas as coisas nunca se encaixaram ou deram certo, e ele acabou desenvolvendo sua carreira no DTM, sendo piloto da mesma equipe HWA, que agora irá tentar a sorte na categoria de carros monopostos totalmente elétricos. Vale lembrar que o time é ligado à Mercedes, que deve fazer sua entrada na competição em breve, tendo a HWA para fazer uma primeira temporada exploratória no campeonato que começa agora em dezembro, na Arábia Saudita. Tanto Paffet quanto Vandoorne eram tidos como grandes talentos na avaliação da McLaren. Stoffel ainda conseguiu disputar a F-1, e no ano passado, seu primeiro ano completo, até conseguiu mostrar algum serviço, mas nesta temporada, enquanto Fernando Alonso tirava leite de pedra com o problemático carro da McLaren, o belga infelizmente não conseguiu superar as deficiências do carro como o espanhol, e foi dispensado pela falta de resultados, para dar lugar à nova “promessa” Lando Norris na temporada de 2019. Vandoorne terá a oportunidade de reconstruir sua carreira na F-E, como já fizeram vários ex-pilotos da F-1, como Sébastien Buemi e Lucas Di Grassi. Já Norris terá de torcer para a McLaren não “enterrar” sua carreira ao chegar à F-1...


Outro ex-piloto da F-1, que também era conhecido por ser um grande talento, e que ficou sem vaga também por problemas quase totalmente alheios a seu controle é Pascal Wehrlein. Pascal competiu pela Manor e pela Sauber, antes do time ser “abraçado” pela Ferrari no seu projeto de trazer a marca Alfa Romeo de volta à categoria máxima do automobilismo este ano, e acabou disputando a temporada do DTM. Liberado pela Mercedes por não ter onde alocar Wehrlein, ele arrumou vaga no time da Mahindra, que virá para a nova temporada da F-E com uma nova dupla de pilotos, após perder Felix Rosenqvist para a Chip Ganassi na Indycar, e dispensar Nick Heidfeld depois de 4 temporadas na escuderia. Enquanto Wehrlein ocupará a vaga que foi de Rosenqvist, o lugar de Heidfeld será preenchido pelo belga Jerôme D’Ambrosio, que disputou as 4 primeiras temporadas no time da Dragon, até ser dispensado pelo time de Jay Penske. Heidfeld ainda se manterá ligado ao time indiano, onde passará a ser consultor da escuderia.


Perto do início da 5ª temporada da competição, oficialmente ainda resta uma vaga a ser preenchida nos times que disputarão o campeonato da F-E, justamente no time da Dragon, que por enquanto tem apenas o argentino José Maria López. Mas uma vaga pode acabar mudando de nome em breve: o tailandês Alexander Albon, que deveria ser um dos titulares da equipe e.dams, que terá parceria com a Nissan, que entra no lugar da Renault, pode não vir a alinhar no grid. Albon participou dos primeiros dias de testes coletivos da categoria, ao lado do suíço Sébastien Buemi, mas o fato do piloto estar sendo considerado pela Toro Rosso como um de seus titulares para a temporada 2019 na F-1, já fez com que Alexander não comparecesse ao último dia da sessão coletiva de testes, sendo substituído então por Oliver Rowland. Desnecessário dizer que o time não ficou muito contente com o ocorrido. Albon disputa a F-2, e está no páreo pelo título da temporada, defendendo a mesma equipe Dams na competição de acesso à F-1, em disputa com o inglês George Russel, da ART. A decisão será na rodada final do campeonato, em Yas Marina, na prévia do GP de F-1 dos Emirados Árabes Unidos. Resta saber se Albon irá competir pelo time na F-E, mesmo que em suas etapas iniciais da nova temporada, ou se renderá à sedução da F-1, seguindo o mesmo caminho de Russel, que estará na equipe Williams na F-1 no próximo ano. É preciso salientar que, na Toro Rosso, os resultados sempre serão modestos, com algumas exceções, e precisará cair no gosto de Helmut Marko se quiser ter chance de ascender à Red Bull, além de mostrar resultados, óbvio. Mas, na F-E, eleja teria a chance de competir por um time campeão da categoria, onde poderia pelo menos brigar pelas primeiras posições, e até de ganhar corridas. E olha que Buemi foi um dos pilotos “dispensados” pela Red Bull sem ter tido chance de ser guindado ao time principal na F-1. Competindo na F-E e no WEC, e com sucesso, pode-se dizer que Buemi não sente exatamente saudade de seus tempos como piloto da Toro Rosso, de onde acabou demitido após o fim da temporada de 2011, de forma sumária e inesperada, junto com o espanhol Jaime Alguersuari.


Quem é rei não perde a majestade, e pelo menos no caso de Sébastien Loeb, que foi nada menos do que campeão do Mundial de Rali por nove anos consecutivos, e só não chegou ao 10º título porque resolveu se aventurar por outras paragens, tem o seu quê de verdade nesse ditado popular. Loeb, que já havia participado das etapas dos Ralis do México e da Córsega, marcou presença novamente na competição no Rali da Catalunha, e o velho eneacampeão mostrou novamente o brilho de antigamente, para arrebatar a vitória na etapa, como nos seus bons tempos. A vitória é ainda mais emblemática porque Loeb derrotou justamente o atual campeão da categoria, seu compatriota Sébastien Ogier, que luta pelo seu 6º título. Curiosamente, Ogier passou a ser o campeão da categoria após a saída de Loeb, que conquistou seu 9º e último título em 2012, deixando de competir em tempo integral a partir de 2013 no campeonato, que viu o primeiro título de Ogier, que vem deitando e rolo na competição desde então. Muitos se perguntam se Loeb, caso continuasse firme no Mundial de Rali, continuaria vencendo tanto, e se Ogier se tornaria também multicampeão, caso o compatriota ainda estivesse na parada. Não é desmerecer os feitos de Ogier, mas parece que seu cartaz não seria o mesmo de ainda estivesse encarando Loeb na competição nos últimos anos. E o eneacampeão mostrou, mesmo aos 44 anos, que ainda sabe acelerar. Loeb, aliás, já garantiu participação novamente na edição 2019 do Rali Dakar, onde ainda persegue o título de campeão da competição. Será que dessa vez ele alcança seu objetivo? Muitos gostariam de vê-lo de volta a tempo integral no Mundial de Rali, para poder voltar a acompanhar os duelos épicos travados entre ele e Ogier. E não se pode culpa-los por isso. Seria um duelo de gigantes no principal campeonato mundial das provas off-road... Fora a saudade da Citroen, cuja equipa sempre era campeã com o francês, e que desde sua saída, nunca mais brilhou como naqueles tempos áureos que tinha Loeb ao volante de seus carros.


Sébastien Ogier, pra variar, enfrenta o mais duro campeonato desde que conquistou o seu primeiro título, em 2013. O francês pode ter perdido o duelo para o convidado especial Loeb no Rali da Catalunha, mas na briga pelo título da temporada 2018, ele ficou à frente do belga Thierry Neuville, que foi o 4º colocado na etapa. O resultado levou Ogier de volta à liderança do campeonato, com 204 pontos, enquanto Neuville tem 201. Resta apenas uma etapa para encerrar a competição, o Rali da Austrália, e ainda temos 30 pontos em jogo. Basicamente, quem chegar na frente vence a parada. O sistema de pontuação é igual ao da F-1 nas posições de chegada, mas existem pontos extras em disputa, e eles podem fazer a diferença, de modo que os 3 pontos de vantagem de Ogier para Neuville não significam nenhum refresco, muito pelo contrário: é como se ambos estivessem empatados, precisando do melhor resultado possível na última etapa para serem campeões. E ainda por cima, estamos falando de uma competição off-road, um rali, onde tudo pode acontecer, e quem quiser ser campeão vai precisar, além de sua competência e talento, também de sorte, pois um percalço durante o percurso da etapa pode acabar com todas as chances, dependendo do que acontecer. No retrospecto da temporada, Ogier venceu 4 vezes, enquanto Neuville triunfou em 3 etapas. Mas o francês ficou sem marcar pontos na etapa de Portugal, enquanto o belga, mesmo que marcando poucos pontos, pontuou em todas as etapas, e com isso chega para a última disputa do campeonato praticamente emparelhado com o pentacampeão Ogier. O francês chegará a seu 6º título, ou o Mundial de Rali terá enfim pela primeira vez um novo campeão que não se chame Sebastien desde 2003, quando Peter Solberg levou o título?




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