Trazendo novamente um de meus
antigos textos, esta coluna foi publicada no dia 31de julho de 1998, e fechava
o mês naquele ano. O assunto era sobre segurança, e algumas posturas lamentáveis
adotadas pela CART, promotora da antiga F-Indy, sobre o acidente ocorrido na
prova de Michigan naquela temporada. Foi uma conduta lamentável, e olhe que a
entidade estadunidense era bem menos fechada que a FIA. Bem, a gente sempre
acaba se surpreendendo com algumas atitudes... De resto, várias notas rápidas
sobre os acontecimentos da F-1, com o Grande Prêmio da Alemanha tendo o início
de seus treinos naquele mesmo dia. Aproveitem o texto, e boa leitura. Em breve,
trago mais colunas antigas por aqui...
TRAGÉDIAS DO ESPORTE
Domingo
passado fomos brindados com uma das mais espetaculares provas de 500 Milhas da
F-CART dos últimos anos. A adoção de uma nova asa traseira para diminuir a
velocidade dos bólidos da categoria, tida como meio temerária por alguns, por
tornar os carros mais instáveis a alta velocidade, proporcionaram os mais belos
pegas e disputas de posição em uma prova neste campeonato, com todos os pilotos
usando e abusando do vácuo criado pela nova peça nas ultrapassagens. O ritmo de
corrida foi impressionante em sua primeira terça parte, com a primeira bandeira
amarela surgindo somente depois de 80 voltas, onde até então todos estavam em
um ritmo fortíssimo. Era um alívio de que, afinal de contas, os temores de
acidentes estavam afastados momentaneamente.
Mas
então, veio a batida de Adrian Fernandez. Uma roda soltou-se, e num ângulo
totalmente favorável de seu lançamento, foi parar no meio das arquibancadas,
atingindo diversos torcedores, tal qual um verdadeiro míssil desgovernado. O
pior foram as mortes, constatadas pouco depois, além de vários torcedores
feridos.
Realmente,
não dá para prever o que pode acontecer numa corrida em sua totalidade. Mesmo
as providenciais normas de segurança desta vez não foram suficientes. Michigan
possui excelentes condições de segurança, mas nem mesmo isso evitou este
acidente que manchou o ambiente que a excelente corrida estava proporcionando.
Mais
lamentável foi a atitude dos fiscais da CART, que tentando diminuir o impacto
do ocorrido, simplesmente barrou o repórter Luiz Carlos Azenha e seu colega
cinegrafista quando ambos tentavam mostrar o local do triste incidente. Mais
tarde, em comunicado oficial, foram divulgadas as mortes, sendo que dos 3
torcedores que morreram, 2 faleceram instantaneamente. Em 1994, muita gente
andou criticando a FIA pelos eventos ocorridos em San Marino, quando
morreram Ayrton Senna e Roland Ratzemberger. Domingo passado a CART, que muitas
vezes parece ter hábitos melhores do que os da Federação Internacional de
Automobilismo, tomou medidas vergonhosas ao coibir a ação de profissionais da
TVS/SBT, chegando até a reter as credenciais de ambos, só liberando-as mais
tarde. Além do triste incidente que resultou em feridos e mortos, a atitude da
CART simplesmente mancha a reputação da entidade. Aliás, a CART tem sido meio
omissa este ano em alguns aspectos, como na vigilância a alguns pilotos que
andam aprontando encrencas demais na pista. É o caso de Paul Tracy, que nesta
temporada já se envolveu em vários acidentes, muitos deles por culpa
exclusivamente sua. Domingo passado o piloto canadense também esteve envolvido,
ainda que indiretamente, no acidente de Adrian Fernandez. Tracy cortou a frente
do piloto mexicano numa das curvas, fazendo com que Adrian perdesse parte do
controle do carro. Não estavam bem perto um do outro, mas como a nova asa
traseira criava um efeito de vácuo impressionante, isso afetou o carro de
Fernandez, levando-o ao acidente. Se fosse na F-1, Tracy provavelmente levaria
um gancho de diversas provas e ficaria suspenso o resto do campeonato. Está na
hora da CART ser mais profissional nestes aspectos, pois no que tange à
organização e montagem de seu campeonato, não há nada que deixe a desejar.
A
esta altura, não adianta lamentar muito, pois não há mais nada a fazer, a não
ser aprender com o ocorrido e tentar tomar providências para que isso não se
repita. Que Deus nos ouça...
Michael Schumacher conservou sua posição de vencedor do Grande Prêmio
da Inglaterra. A FIA recusou o recurso da McLaren, entendendo que o erro foi
dos comissários de pista, os quais, aliás, dificilmente voltarão a ocupar este
cargo...
A Fórmula 1 prepara-se para disputar um dos mais velozes GPs do
calendário, o Grande Prêmio da Alemanha, e a perspectiva aqui em Hockenhein é
que Schumacher vai ter de suar o macacão para conseguir vencer a McLaren, pois
o potente motor V-10 da Mercedes vai mostrar todo o seu poderio nas longas
retas do circuito alemão. Antes do GP da Áustria, Michael Schumacher prometia
que a Ferrari lutaria pela vitória tanto em Zeltweg quanto em Hockenhein. Schumacher
fez um papelão na Áustria, e agora fica um pouco em xeque no GP de seu país na
guerra psicológica, pois a maré voltou-se contra ele. Mika Hakkinen e David Coulthard
recuperaram a autoconfiança com suas excelentes exibições na prova austríaca, e
estão preparados para repetir a dose na pista alemã. Vamos ver o que acontece
na corrida...
Eddie Irvinne está confirmado na Ferrari para 1999. Tudo indica que o
time italiano, especialmente depois da gentileza do irlandês para que Michael
Schumacher subisse ao pódio em Zeltweg, resolveu concordar com seus anseios
financeiros e aceitado pagar cerca de US$ 6 milhões pela temporada do ano que
vem. Schumacher, por sua vez, não deixou por menos: “Ele é o melhor companheiro
de equipe que pode haver, e é o mais veloz companheiro que já tive em uma
equipe.” As declarações do bicampeão alemão, entretanto, só significam que o
irlandês não é rival para ele, e é um 2º piloto assumido na escuderia. Quanto a
dizer que é o mais veloz companheiro de equipe que já teve, Schumacher parece
ter se esquecido de que quando entrou na F-1 teve como colega de equipe na
Benetton o brasileiro Nélson Piquet; daí a classificar Irvinne como sendo mais
rápido que o tricampeão, vai muita cara de pau...
Jimmy Vasser está cotado para ser o companheiro de Jacques Villeneuve
na nova equipe BAR que estréia na F-1 em 99. Enquanto isso, há rumores de que
Damon Hill pode voltar para a Williams no próximo ano, para ser o provável
colega de equipe de Alessandro Zanardi...
John Barnard não está mais na Arrows. O engenheiro inglês agora irá
trabalhar no novo carro da equipe Prost para 99. Alain Prost e John Barnard
trabalharam juntos na McLaren na primeira metade da década de 1980, quando
Barnard concebeu os primeiros modelos da série MP4 da McLaren, que resultaram
em 3 títulos de pilotos consecutivos...
Com o anúncio de Jacques Villeneuve correndo pela BAR em 1999, e a
possível contratação de Jimmy Vasser para ser o 2º piloto do time, Toranosuke
Takagi e Ricardo Rosset estão agora à caça de um cockpit para poderem competir
na F-1 na próxima temporada...
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