sexta-feira, 29 de junho de 2018

BALANÇO DA FRANÇA

Sebastian Vettel acertou Valtteri Bottas na freada da primeira curva na prova de retorno de Paul Ricard à F-1 e facilitou tudo para Lewis Hamilton (abaixo), que venceu a corrida sem ter qualquer oposição.

            Em tempos de Copa do Mundo, a Fórmula 1 resolveu acelerar fundo, e teremos corridas em três finais de semana consecutivos. Estivemos em Paul Ricard no último final de semana, e todo mundo já botou o pé na estrada segunda-feira (alguns ainda no domingo, mesmo) para a próxima parada da competição, aqui na região da Estíria, Áustria, onde fica a pista de Zeltweg, atualmente chamada de Red Bull Ring, mas que no presente momento ainda é uma sombra do que foi um dia. Estão prometendo recuperar o traçado completo desta pista, que tem um trecho que passa atrás do morro, e que ainda está lá, o qual fazia este circuito ser de altíssima velocidade nos seus bons tempos, até 1987, mas até agora, nada. Por isso, esta versão reduzida do circuito é meio lastimável, e os carros dali a pouco podem ser capazes de virar abaixo de um minuto, o que seria ridículo. Já que trouxeram a pista de Paul Ricard de volta em sua extensão total, utilizada atéentão pela última vez em 1985, bem que poderiam parar com a enrolação e devolver Zeltweg à sua glória original como pista...
            Mas, antes dos carros entrarem no circuito hoje para os primeiros treinos oficiais, algumas palavras a respeito do retorno da França ao calendário da F-1. Foi realmente muito legal voltar àquela pista, cujo charme e carisma dão de goleada em Magny Cours. Para não mencionar das atrações e belezas das imediações. Já a corrida em si não foi nada espetacular, como muitos temiam, mas também não foi exatamente um desastre em termos de emoções. Tivemos algumas boas disputas, mas a briga pela vitória acabou arruinada pela baianada de Sebastian Vettel na largada, quando o alemão da Ferrari acabou acertando a Mercedes de Valtteri Bottas, furando um dos pneus do finlandês, e comprometendo sua corrida. Safety Car de novo logo no início de uma corrida, que não promoveu nenhuma revolução no curso da prova, afetando mais mesmo Vettel e Bottas. E, claro, desilusão para os torcedores franceses ao verem dois de seus pilotos, Esteban Ocon, da Force India, e Pierre Gasly, da Toro Rosso, se enroscarem logo na primeira volta e darem au revoir ali mesmo. Os dois franceses certamente não falaram a mesma língua naquele final de semana.
            Sem Bottas para tentar alguma coisa, Lewis Hamilton passeou pela pista de Le Castellet, acelerando apenas o necessário para vencer a corrida. Utilizando a versão atualizada da unidade motriz da Mercedes, Lewis venceu sem ser ameaçado, e ainda viu Vettel chegar apenas em 5º lugar na corrida, onde deu muita sorte de só ter quebrado o bico de seu carro, e contando com a performance muito superior de seu carro para superar quase todos na pista. Não há como negar que, desde a prova de Barcelona, a F-1 viu escancarar a diferença de ritmo de Mercedes, Ferrari e Red Bull para o resto do pelotão, que começa a ficar bem para trás, chegando a tomar até volta do vencedor. Mas, recuperação por recuperação, Vettel foi mais eficiente do que Bottas, que conseguiu voltar à corrida, e foi apenas o 7º, chegando atrás de Kevin Magnussen, da Hass, que voltou a ser o melhor time do “resto” do grid.
            Na frente, quase nenhuma ação. Hamilton, mesmo sendo conservador, para não forçar o carro, foi aumentando paulatinamente sua vantagem sobre Max Verstappen, que conseguiu passar mais uma corrida sem se envolver em confusão, e escapando do rolo da largada, andou praticamente sozinho em 2º lugar a corrida inteira, sem ameaçar, mas também sem ser ameaçado. Daniel Ricciardo deu azar de ter sua asa dianteira danificada, e foi perdendo performance na parte final da corrida, sendo superado por um Kimi Raikkonen muito mais eficiente do que nas últimas corridas. Mesmo assim, para o carro que tem, Kimi poderia ter tentado dar um pouco de pressão em Verstappen, o que não ocorreu, com o holandês terminando a corrida quase 20s à frente do finlandês. No resto do grid, a Renault não conseguiu chegar perto das principais equipes no seu GP caseiro, e só não levou um baile da Hass porque Romain Grosjean continua lastimável na temporada atual, sem conseguir marcar um mísero ponto. E, se a Sauber tivesse um pouco mais de performance, o monegasco Charles LeClerc teria sido uma pedra nas sapatilhas de Carlos Sainz Jr. e Nico Hulkenberg, que estão se vendo muito mais distantes das equipes de ponta do que gostariam, depois de um início de temporada até encorajador. LeClerc, aliás, andou forte o quanto pôde na corrida, antes que seus pneus perdessem a eficiência, e ainda salvou um pontinho que vai credenciando-o a revelação da temporada, e provável candidato a piloto titular da Ferrari na próxima temporada, se confirmarem a aposentadoria de Raikkonen, assunto que sempre entra na “rádio paddock” a meio da temporada, pelas performances apresentadas pelo finlandês. Será que dessa vez vai mesmo? Pelo histórico, a Ferrari nunca foi de colocar pilotos jovens como titulares, achando que eles ainda são “verdes” e “imaturos” para pilotarem um carro de ponta. Mas eis Max Verstappen para desmentir esse raciocínio. Mas os italianos também sempre foram famosos por sua teimosia em alguns aspectos, portanto, não se pode esperar que eles mudem de uma hora para a outra. LeClerc pode passar mais uma temporada na Sauber que pode ser muito positiva para ele continuar crescendo como piloto, e quem sabe em 2020, assumir o carro vermelho, já bem mais calejado e preparado? Até porque Vettel continua a ser o maior defensor de Kimi como companheiro de equipe, pelos motivos que todo mundo conhece... Não arruma encrenca na pista e fora dela com o companheiro de equipe, e Sebastian sabe que pode dar conta do finlandês.
Fernando Alonso: do paraíso da vitória em Le Mans ao inferno em Paul Ricard com mais um abandono, e o pior desempenho da McLaren na temporada atual.
            O que não seria o caso de Daniel Ricciardo. O time italiano refutou a contratação do australiano sob a alegação de que não poderia ter dois pilotos com salários “TOP” na escuderia, que já tem Vettel ganhando uma fortuna por lá. Mas é apenas a desculpa oficial que dão para não trazerem Daniel, porque o motivo real é mais do que conhecido: Vettel não o quer por lá, afinal, o alemão levou uma verdadeira sova de Ricciardo em 2014 quando correram juntos na Red Bull, e a Ferrari o contratasse ele certamente pediria as contas, com receio de levar outra lavada que poderia colocar em xeque sua fama como piloto campeão. Ricciardo quer um carro que possa levá-lo ao título, e a Red Bull agora terá o desafio de fazer sua nova parceria com a Honda dar certo para os próximos dois anos. Atitude ousada e corajosa, mas necessária para ver se consegue dar o salto necessário para conseguir bater Mercedes e Ferrari, que continuam à frente de todos os times no grid da F-1 atual.
            Não se pode dizer o mesmo da Williams, que continua empacada em último lugar, e parece que não vai sair de lá este ano. Melhor a escuderia inglesa começar a se preparar para um ano ainda mais difícil em 2019, quando terá um orçamento muito menor para poder utilizar, com a diminuição brutal da premiação do Mundial de Construtores, onde receberá a menor fatia do bolo, e terá de se virar para cobrir a perda do patrocínio da Martini, que já deu seu aviso de despedida há tempos. É hora de Pady Lowe tentar sua redenção no time, ou afundar de vez. E ainda fica a ameaça de Lance Stroll se cansar da brincadeira de guiar a draga de carro do time e pular fora, e levando junto a imensa grana que seu pai investe na escuderia de Grove. O time vai tentar corrigir seu rumo semana que vem, em Silverstone, onde promete estrear uma versão completamente revisada do seu FW41, a fim de conseguir tentar salvar o ano do desastre completo de terminar a competição em último lugar. Mas, não dá para sentir muita empolgação com isso. Como ninguém quer ver um nome icônico como o da Williams, o terceiro time mais antigo do grid, na situação em que se encontra, portanto, todos torcem por uma reviravolta que lhes permita voltar a andar melhor. Mas, se essa revisão não funcionar, melhor esquecer mesmo o resto de 2018, e pensar no ano que vem de uma vez por todas...
A pista do Red Bull Ring (abaixo) marcou a última pole-position conquistada pela Williams (acima), com Felipe Massa. Hoje o time se arrasta nas últimas posições do grid na F-1.
            Decepção mesmo está sentindo Fernando Alonso, e os torcedores da McLaren. O asturiano, depois de viver um sonho do paraíso na semana retrasada ao vencer as 24 Horas de Le Mans pela Toyota no Mundial de Endurance, viveu o inferno de se arrastar literalmente pela pista na pior apresentação do time de Woking no ano. E o pior de tudo foi não haver um problema específico no carro, que ainda por cima, quebrou na penúltima volta da corrida, configurando o terceiro abandono consecutivo de Alonso na temporada. Como desgraça pouca é bobagem, a McLaren ainda afirmou que o modelo MCL33 padece de um problema aerodinâmico que não estão conseguindo analisar no túnel de vento, e que só podem tentar solucionar testando na pista, algo que só dá para fazer nos treinos livres das sextas-feiras de GP, onde o tempo para tentar descobrir o que está acontecendo não é lá muito abundante.
            Se até o ano passado boa parte da culpa pela falta de competitividade podia ser atribuída à pífia performance das unidades motrizes da Honda, que quebravam mais que macarrão seco e tinham uma falta de potência absurda, este ano não está dando para apresentarem desculpas que não sejam decorrentes de um projeto que certamente não é o que eles imaginavam apresentar. Por mais problemas que as unidades motrizes da Renault tenham tido, é só tomarem como parâmetro o desempenho da Red Bull, que já venceu duas corridas e marcou uma pole, e ocupam a 3ª posição no Mundial de Construtores com mais que o dobro de pontos do próprio time oficial da Renault. Se o modelo MCL32 de 2017 era um carro relativamente bom com um propulsor ruim, este ano a situação se inverteu: o MCL33 está decaindo a olhos vistos, enquanto o motor é bem satisfatório. Tanto é que a McLaren está perdendo de lavada até para o time oficial da Renault, que no início do ano parecia estar emparelhado com a escuderia de Woking. E agora, o que fazer? O time teria feito contato para possível contratação de Daniel Ricciardo, possível indício de que Alonso deve pular fora não apenas da escuderia, mas também da F-1, e ir ser feliz em outros ares e categorias. Mas o australiano toparia essa parada? Acho que seria um retrocesso na sua carreira, e com chances de comprometer o seu futuro na F-1.
            A Force India tenta reagir na competição, mas o orçamento curto impede que o time consiga avançar como gostaria de fazer. Continuam correndo boatos de que a escuderia pode ser vendida, e até o nome de Michael Andretti teria sido mencionado como um possível comprador, o que acho muito improvável, ainda mais em um momento onde o ex-piloto pode estar em vias de formar uma parceria para uma entrada da McLaren na Indycar no próximo ano. Cuidando de seu time no certame de monopostos dos Estados Unidos, e ainda tendo de gerenciar uma possível parceria, não creio que Michael resolveria se arriscar numa empreitada na F-1. E ele já tem também um time na Formula-E, onde os custos de competição são muito mais acessíveis e com menos riscos.
            Conversas de bastidores à parte, o que podemos esperar para a corrida deste domingo? Zeltweg, apesar de curto, ainda é uma pista onde o motor fala alto, e portanto, podemos esperar um novo duelo entre Mercedes e Ferrari. O time prateado pode estar liderando a competição de construtores, e recuperado a liderança da tabela de pilotos com Lewis Hamilton domingo passado em Paul Ricard, mas não é por isso que eles irão ficar menos ocupados em procurar manter a dianteira na disputa. Para tanto, a escuderia prateada chegou aqui à Áustria com um carro completamente revisado e com várias modificações, algumas claramente inspiradas no design do SF71H, para tentar deixar o carro mais à vontade com os diversos compostos de pneus da Pirelli. Portanto, podemos esperar uma atividade mais intensa de pista hoje com Hamilton e Bottas, procurando colocar o novo carro à prova, e verificar se ele ajudará a manter a Ferrari e a Red Bull bem atrás na disputa, que até o presente momento, vem se mostrando razoavelmente equilibrada em termos de resultados e pontuação no campeonato.
            Só esperemos que a corrida pelo menos seja mais animada que as últimas etapas. O público quer disputas na pista, não corridas monótonas e sem brigas...


A MotoGp inicia hoje os treinos para uma das provas mais icônicas da temporada: o Grande Prêmio da Holanda, no circuito de Assen. A corrida tem um significado especial para a Yamaha, e para Valentino Rossi. Para o “Doutor”, é o fato de ele ser o maior vencedor da prova, com 3 triunfos. Para a Yamaha, é a conclusão de um ano sem vitórias na classe rainha do motociclismo. O último triunfo da marca dos três diapasões foi nessa pista, no ano passado, com Rossi, quando o time japonês ainda tinha esperanças de lutar pelo título da temporada. Só que, dali em diante, a performance do equipamento de Rossi e Maverick Viñales decaiu, e arrastou a dupla de pilotos junto, que acabou relegada a papel secundário no restante do ano, vendo o duelo pelo título ficar restrito entre os times oficiais da Honda, com Marc Márquez, e o da Ducati, com Andrea Dovizioso. O italiano conseguiu estender a disputa até a corrida final, em Valência, mas perdeu para Márquez. Foi a primeira vez em muitos anos que a Yamaha não conseguiu discutir o título da temporada, e infelizmente, o jejum de vitórias continuou neste ano, onde até agora a escuderia não conseguiu vencer. Graças à constância de sua dupla de pilotos, e aos azares de alguns concorrentes, a Yamaha até aparece bem colocada no campeonato, assim como Rossi (vice-líder) e Viñales (3º colocado). Mas conquistar novas vitórias tem sido mais difícil do que se imaginava, e a Honda continua a grande favorita ao título, enquanto a Ducati só não está dando o mesmo trabalho que no ano passado porque Dovizioso e Jorge Lorenzo tiveram muitos problemas até agora no ano, mas parecem estar prestes a acertar os ponteiros a qualquer momento. Será que a Yamaha vai conseguir encerrar o seu jejum no aniversário de um ano de sua última vitória, ou a seca irá perdurar mais um pouco? A conferir no domingo, com transmissão ao vivo no canal pago SporTV 2, a partir das 9 da manhã.

quarta-feira, 27 de junho de 2018

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – JUNHO DE 2018


            Estamos fechando o mês de junho, e com isso, já nos despedimos praticamente de metade do ano de 2018. Então, como é de praxe ao final de cada mês, é hora de mais uma edição da Cotação Automobilística, fazendo uma avaliação de alguns dos acontecimentos do mundo da velocidade neste mês de junho, sempre com minhas devidas considerações e comentários a respeito, que fica a critério de todos os leitores concordarem ou não com minhas posições sobre os assuntos tratados, e que possam pelo menos apreciar o texto, que segue abaixo no esquema tradicional de sempre das avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Uma boa leitura a todos, e até a próxima edição da Cotação Automobilística no mês que vem, com algumas avaliações dos acontecimentos do mês de julho, iniciando então o segundo semestre deste ano de 2018:



EM ALTA:

Scott Dixon: O piloto neozelandês continua sendo a força propulsora do time de Chip Ganassi, que não tem mostrado mais a força de antigamente, mas tem em Dixon uma garantia de resultados e determinação na pista. E Scott mostra que essa devoção não é gratuita, ao conseguir ampliar ainda mais a liderança no campeonato da Indycar, tendo vencido duas corridas, e usando sempre de estratégia e muita inteligência para conseguir resultados melhores do que seu time normalmente conseguiria. Prova disso foi na etapa de Road America, onde conseguiu com muita competência mais um pódio, e segue firme na liderança indo em busca do seu 5º título nas categorias Indy. Não é por acaso que a Ganassi preferiu concentrar suas atenções no neozelandês. Tanto que seu companheiro de equipe, Ed Jones, é apenas o 12º na classificação, com pouco mais da metade dos pontos de Dixon. Com o resultado desta última prova, Dixon agora tem 45 pontos de vantagem para seus rivais mais próximos na tabela, Ryan Hunter-Reay e Alexander Rossi. E ele não está disposto a desperdiçar chances de bons resultados que possam aparecer, pois ainda tem muito chão pela frente, e ele sabe, melhor do que ninguém, que não pode comemorar antecipadamente.

Jorge Lorenzo: Demorou, mas enfim veio a redenção do piloto espanhol na equipe Ducati na MotoGP, e em grande estilo, com nada menos do que duas vitórias consecutivas, e igualando-se na pontuação do campeonato a seu companheiro de equipe Andrea Dovizioso, que tinha sido superior a ele desde que chegara ao time italiano no ano passado. E, mais do que voltar a vencer, Jorge Lorenzo já garantiu lugar naquele que é o melhor time da competição, a escuderia oficial da Honda, para ser um de seus titulares a partir da próxima temporada, voltando a dispor de uma moto vencedora, e quem sabe, um pouco mais fácil de domar. Mas a tarefa do tricampeão ainda não está completa: ele quer deixar a Ducati por cima, até para mostrar que está acima do time, e nada melhor do que isso entrando na luta pelo título da temporada, que vem sendo dominada por Marc Márquez, que segue disparado na frente, com quase o dobro de pontos da dupla de Borgo Panigale. Lorenzo não deixou de acreditar em si mesmo, em um momento onde todos já começavam a questionar se ele voltaria a impressionar como fazia na Yamaha. O recado foi dado, e a partir de agora, ele vai exigir de volta o respeito que perdeu por parte de todos, e mostrar que não foi tricampeão por acaso na classe rainha do motociclismo. E podem apostar, ele pretende vir com tudo...

Lucas Di Grassi: O piloto brasileiro, atual campeão da Formula-E, teve um início de temporada abaixo da expectativa, com seu carro apresentando inúmeros problemas de confiabilidade, ainda que sempre tenha se mostrado muito rápido. Pois bastou resolverem os problemas de fiabilidade para os resultados voltarem a aparecer, e Lucas engatou uma sequência de quatro segundos lugares consecutivos, numa escalada que só não era perfeita porque sempre alguém conseguia terminar as corridas na sua frente, apesar de seus esforços. Bem, demorou, para Di Grassi voltou a vencer, e foi na etapa de Zurique, que marcou a volta de uma competição automobilística à Suíça, depois de mais de 60 anos de proibição decretada em meados dos anos 1950. O piloto brasileiro simplesmente partiu para o ataque desde a largada, e desta vez, conseguiu chegar em primeiro lugar, assumindo o 3º lugar no campeonato, e dando esperanças ao seu time de ainda conquistarem o título de equipes da atual temporada, mesmo que remotas, pois a Techeetah tem 33 pontos de vantagem na disputa, contra 56 pontos ainda em jogo. Mesmo assim, a intenção de Lucas é terminar a temporada em alta, e mostrar que poderia ter lutado pelo título se não fossem os problemas iniciais que enfrentaram.

Thierry Neuville: O piloto belga da Hyndai está conseguindo o que muitos achavam impossível: destronar Sébastian Ogier do posto de favorito ao título da temporada no Mundial de Rali. Neuville havia assumido a liderança da competição ao vencer a etapa de Portugal, que com Ogier não marcando pontos, muitos achavam que poderia ser um resultado de sorte. Pois Thierry tratou de mostrar que a situação não é bem essa, e averbou mais uma vitória na etapa da Sardenha, conquistando sua 3ª vitória no ano, e igualando-se a Ogier no número de triunfos na atual temporada. Ogier fez o que pôde, mas não conseguiu impedir que Neuville faturasse mais uma, e teve de se contentar com o 2º lugar nessa etapa, e o francês só não pode reclamar porque ele e Neuville encontram-se disparados na frente na classificação. Ogier tem 122 pontos, enquanto o 3º colocado, Ott Tanak, tem 77 pontos. E Neuville, com sua nova vitória, está com 149 pontos, impondo uma diferença que Ogier dificilmente reverterá sem que o belga tenha algum imprevisto pelo caminho. E vai haver muito caminho pela frente, nas seis etapas que ainda possui o Mundial de Rali para este ano. Mas, parece que o francês finalmente vai ter trabalho para conseguir emplacar mais um título no seu currículo...

Vitória da Toyota nas 24 Horas de Le Mans: Enfim, o time nipônico desencantou, e finalmente conseguiu a vitória na mais famosa corrida de endurance do planeta, as 24 Horas de Le Mans. Isso também deu ao espanhol Fernando Alonso o triunfo na corrida, faltando apenas vencer as 500 Milhas de Indianápolis para Alonso igualar-se a Graham Hill na conquista da Tríplice Coroa do Automobilismo Mundial. A vitória também é um prêmio à persistência da Toyota, que manteve-se na competição, quando os demais concorrentes, Audi e Porsche, simplesmente pularam fora. Mas, também por isso mesmo, deixa o triunfo da conquista em Sarthe um pouco esvaziado, pois os nipônicos praticamente correram sozinhos, já que os demais carros da classe LMP1, de times privados, até por causa das parcas regras impostas pela direção do WEC, desde o início nunca lhes permitiram sonhar em disputar a vitória efetivamente com a Toyota, dada a diferença de performance entre seus carros e os do time de fábrica japonês, num claro favorecimento aos nipônicos. Mesmo assim, não se deve também menosprezar por completo o triunfo, pois os dois carros do time tiveram alguns percalços durante a corrida, decorrentes de penalizações por excederem limites de velocidade nas slow zones determinadas durante a corrida. E suas trincas de pilotos aceleraram forte durante a corrida, mostrando seus talentos, velocidade, e determinação para oferecerem uma performance digna aos amantes da velocidade que lotaram Le Mans e acompanharam a corrida mundo afora via TV, rádio, ou internet. E o risco de ambos os carros quebrarem não podia ser desprezado, como já havia acontecido em outras ocasiões. No fim, deu tudo certo para a Toyota, que enfim puderam adicionar mais essa conquista a seu currículo no WEC, e livrarem-se da “maldição” que muitos imaginavam que não acabaria nunca em relação à montadora japonesa em Sarthe.



NA MESMA:

Tony Kanaan e Matheus Leist na equipe Foyt em 2019: Apesar dos resultados ainda estarem sendo abaixo da expectativa, a direção da equipe Foyt já decidiu manter a sua dupla de pilotos brasileiros para a próxima temporada da Indycar. Além do firme aporte de seu patrocinador principal, a empresa de materiais de construção ABC, a escuderia sabe que este é um ano de transição para o time, depois da reestruturação promovida com a ajuda de Kanaan na parte técnica, e que as peças ainda estão se encaixando pouco a pouco. Larry Foyt, que comanda a escuderia fundada por seu pai, o lendário A. J. Foyt, sabe das qualidades de sua dupla de pilotos, e que a experiência trazida por Tony, e a juventude proporcionada por Matheus tem tudo para render bons frutos tão logo o time consiga acertar a constância de suas performances, e proporcionar carros melhores a ambos para que possam mostrar do que são capazes. A renovação também ajuda o time a planejar suas ações a longo prazo, já que manterá o felling de seus pilotos para coordenar a evolução dos ajustes no equipamento da escuderia. E, com isso, Kanaan garante mais um ano na categoria, e Leist, mais tranquilidade para procurar mostrar o seu talento ao time que confiou nele para ser um de seus titulares na atual temporada da categoria...

Equipe Yamaha na MotoGP: Sem vencer há praticamente um ano, o time oficial da marca dos três diapasões continua sem muita perspectiva de melhora na atual temporada da classe rainha do motociclismo. Maverick Viñales e Valentino Rossi tem se desdobrado para andar na frente nas corridas, mas o máximo que tem conseguido nas últimas corridas foram três pódios de Rossi, sempre em 3º lugar. Não deveria ser exatamente um mal resultado, afinal, terminar no pódio sempre é bom. Mas tem sido o limite de performance alcançado pelos pilotos da Yamaha na temporada, e é preciso lembrar que em várias corridas adversários potenciais que poderiam ter complicado a posição final na bandeirada ficaram pelo caminho, devido a tombos e alguns percalços. Rossi tem conseguido driblar um pouco as adversidades, mas Viñales tem ficado um pouco pelo caminho, sem ter conseguido o mesmo desempenho. Em um momento onde Honda e Ducati se encontram mais competitivas, a Yamaha tem tido um sufoco para superar times satélites como a LCR ou a Tech3, fora quando a Suzuki também começa a apertar. Pelo visto, o time não conseguirá que seus pilotos entrem firmes na disputa do título desta temporada, a exemplo do ano passado, apesar de no momento sua dupla de pilotos serem 2º e 3º colocados na classificação.

Emoção nas corridas da F-1: A temporada 2018 da categoria máxima do automobilismo mundial até que começou com algumas corridas que, se não foram épicas, mostraram resultados interessantes, e uma perspectiva de um duelo bem equilibrado pelo título. Mas, depois do Grande Prêmio da Espanha, o marasmo parece ter invadido pra valer as provas do campeonato, que ficaram completamente insossas e ausentes de maiores emoções, salvo alguns momentos esporádicos. Mônaco já não prometia muito, todos sabiam, mas quando até a corrida do Canadá começa a dar sono, é para começar a se preocupar. Felizmente, a corrida francesa, de volta ao calendário, teve um pouco mais de movimentação, ajudando a escapar um pouco da monotonia, mas sem empolgar exatamente. A disputa pelo campeonato ainda promete segurar a atenção mais pelos resultados e a tabela de pontos, do que pelas disputas na pista propriamente. E o que prometia ser um ano empolgante de disputas pode vir a ser um ano cheio de provas enfadonhas, em um momento onde a Liberty Media tenta dar uma nova e mais revigorante identidade à F-1...

Transmissão da F-1 na Globo: Ninguém deveria ficar surpreso, ainda mais em tempos de Copa do Mundo. Com a bola rolando na Rússia, a Globo empurrou a transmissão das corridas para seus canais pagos do SporTV, de modo que até a corrida do Canadá, em virtude do novo horário de transmissão adotado este ano para várias corridas, acabou indo parar na TV paga para transmissão ao vivo. Ao menos, o telespectador que tem acesso aos canais SporTV tem tido a oportunidade de acompanhar uma transmissão um pouco melhor, com um espaço pré-corrida bem maior, que só não é mais elogiado porque a emissora poderia ter feito um trabalho muito melhor, com a produção de matérias mais interessantes, mas ficou no básico, sem aproveitar de forma mais positiva o espaço adicional oferecido. Em boa parte, ficou com discussões da equipe de apresentação em estúdio, com Sérgio Mauricio, Reginaldo Leme e Luciano Burti. Não foi ruim, mas poderiam ter sido mais ousados na apresentação do material. A Globo ainda precisa se livrar de suas amarras de criatividade para incrementar suas transmissões nesse sentido...

Nelsinho Piquet na F-E: Primeiro campeão da categoria de carros monopostos elétricos, Nelsinho Piquet pretendia recomeçar na competição nesta temporada, tendo trocado a antiga China Racing pela equipe de fábrica da Jaguar. No início, até que tudo ia bem, mas nas últimas corridas, azares e percalços tem feito o piloto brasileiro ficar fora da zona de pontuação, e por tabela, ir ficando para trás na classificação, sendo superado pelos outros pilotos, e até mesmo por seu companheiro de equipe, Mith Evans, que já marcou 15 pontos a mais que Nelsinho na temporada, algo que nem ele próprio poderia esperar. Já são 5 etapas zerado, sem conseguir pontuar, e com apenas duas corridas para terminar o ano, a esperança é pelo menos voltar à zona de pontos, e mostrar um final de temporada mais positivo. Até porque Piquet acabou de ser superado na pontuação por Oliver Turvey, piloto de seu antigo time... Aí se vê que a situação de Nelsinho empacou mesmo.



EM BAIXA:

Equipe McLaren: O time de Woking começou razoavelmente bem a temporada 2018, mostrando que a troca dos propulsores Honda pelos Renault havia sido um passo correto, até porque na primeira corrida, a Toro Rosso, nova usuária das unidades motrizes nipônicas, teve um fim de semana infernal, e em parte provocada pelos motores japoneses. Só que a ambição da McLaren era ao menos tentar competir com o melhor time equipado com a Renault, a Red Bull, e isso ainda estava longe de acontecer. Mas, com a temporada em andamento, a esperança era que o time evoluísse, e pelo menos fosse a 4ª força da temporada, pois querer mais do que isso seria sonhar demais. Só que a temporada foi avançando, e mesmo depois de um grande upgrade no chassi MCL33, e da nova unidade de potência francesa liberada no Canadá, o time, ao invés de progredir, regrediu, a ponto de na França a escuderia de Woking só ter sido melhor que a Williams, na definição do grid de largada. Falta velocidade, e para piorar, o próprio time admite que não sabe o que está errado no seu carro. O problema não é mais motor, e agora a McLaren só pode culpar a si mesma por seu carro não ser tão bom quanto eles prometiam. E até mesmo a confiabilidade está indo para o rali, com Alonso tendo de abandonar por problemas mecânicos nas últimas 3 provas. Não fiquem surpresos se o asturiano começar a surtar de novo, o que já não está longe de acontecer...

Andrea Dovizioso: Vice-campeão da temporada passada, o piloto italiano da Ducati não está tendo a temporada que imaginava. Se o duelo contra Marc Márquez já não deveria surpreender por ser difícil, tanto pelo talento quanto pelo equipamento do espanhol, Andrea ao menos esperava ser capaz de conseguir continuar a surpreender, como fez na prova de estréia da temporada, no Qatar. Mas, os azares começaram a aparecer, e três abandonos nas últimas quatro corridas certamente não foram muito abonadores, enquanto Márquez sumiu na dianteira da competição, tornando ainda mais difícil repetir o duelo pelo título de 2017. Como se isso tudo não bastasse, Jorge Lorenzo parece ter finalmente encontrado seu ritmo com a moto italiana, e já venceu duas corridas, conseguindo empatar com Dovizioso na pontuação do campeonato, o que significa um rival a mais para ser batido na pista. E, se no ano passado, e no início deste ano, Andrea deixou Lorenzo comendo poeira na grande maioria das corridas, o tricampeão parece agora disposto a uma revanche, o que deve dividir as atenções ainda mais na Ducati, pois ambos os pilotos terão de correr como franco atiradores para tentarem alcançar Márquez. Se quiser ter chances nessa disputa, Dovizioso terá de correr atrás dos resultados perdidos até aqui, e se mostrar mais eficiente do que nunca. E evitar novas oportunidades de pontuar perdidas por acidentes.

Romain Grosjean: Pode parecer incrível, mas somente dois pilotos continuam zerados na pontuação do Mundial de F-1 em 2018. Um deles é o russo Sergey Sirotkin, da Williams, e isso por si só já explica a dificuldade de conseguir pontuar. O outro é justamente Grosjean, que teve uma boa chance até de tentar sair do zero na França, onde pelo menos vinha surpreendendo na classificação, até que no Q3, acabou batendo, e deu adeus às chances de largar um pouco mais à frente. E, na corrida, mesmo largando em 10º, não conseguiu sustentar o ritmo, e terminou apenas em 11º, novamente fora da zona de pontos. A comparação fica pior com seu companheiro de equipe Kevin Magnussem, que largou em 9º, e fez uma corrida combativa, terminando em 6º, e acumulando 27 pontos no campeonato, todos os que a Hass contabiliza na temporada 2018, enquanto Romain não tem nada até agora. O ano vai ficando difícil para Grosjean digerir, desse jeito...

Dani Pedrosa: Uma hora iria acontecer, e aconteceu. A equipe oficial da Honda na MotoGP não contará mais com os serviços de Dani Pedrosa. O piloto espanhol sempre guiou pelo time oficial da marca japonesa na classe rainha do motociclismo, mas tirando as temporadas de 2007, 2010, e 2012, quando foi vice-campeão, nunca conseguiu se impor frente aos concorrentes como Marc Márquez vem fazendo desde que estreou na escuderia há 6 anos. Aliás, desde a estréia de Marc, Pedrosa raramente conseguiu andar no nível do novo companheiro de equipe, e infelizmente, tem sofrido também uma série de infortúnios que só ajudaram a complicar sua campanha nas últimas temporadas, como por exemplo os acidentes que sofreu, e chegaram a comprometer seu rendimento, quando não o afastaram de algumas etapas. E, tendo uma moto competitiva, e vencedora, o desempenho de Pedrosa fica ainda mais inferiorizado quando comparado a alguns outros pilotos que correm com motos menos competitivas. E, com Jorge Lorenzo rondando o time, a opção acabou sendo óbvia para os nipônicos, que agora deverão ter em 2019 uma das duplas mais fortes do grid. Resta a Pedrosa encontrar agora um lugar para fincar sua bandeira no próximo ano, o que até o presente momento tem se mostrado meio complicado, pela falta de melhores opções disponíveis.

Circuitos ovais pequenos na Indycar: Definitivamente, os tempos atuais não são muito favoráveis às pequenas pistas ovais na categoria de monopostos top dos Estados Unidos. Antes sinônimo de corridas empolgantes e disputadas, nos últimos tempos as corridas ou não empolgaram, ou o público perdeu o interesse também. Milwaukee, a pista mais antiga do país, foi sacada do calendário, e nos últimos três anos, Phoenix tentou manter a tradição dos circuitos ovais de uma milha no calendário da competição. Mas a corrida do ano passado não foi das melhores, e este ano, com o novo aerokit universal, as disputas na pista praticamente sumiram, com os pilotos sendo incapazes de manterem o controle do carro com muito menos downforce do que gostariam de ter. E o público, infelizmente, também não andou prestigiando a prova da maneira que todos esperavam, de modo que a direção da Indycar já oficializou que Phoenix não estará mais no calendário no ano que vem, e que provavelmente não fará falta nenhuma. Ao que parece, só as pistas ovais maiores estão conseguindo segurar um pouco melhor o interesse do público, além de oferecer um pouco mais de condições de corridas mais disputadas. E isso, sabe-se lá por quanto tempo...