quarta-feira, 7 de junho de 2017

FLYING LAPS - MAIO DE 2017



            Mais um mês se inicia. Já estamos em junho, e logo, logo, passaremos para o segundo semestre de 2017. Como de costume, no início de cada mês, vamos à sessão Flying Laps, com notas sobre alguns dos acontecimentos do mundo da velocidade que não mencionei nas colunas regulares, sempre com alguns comentários rápidos a respeito de cada ocorrência. Uma boa leitura a todos, e vamos nos aproximando do fim do primeiro semestre deste ano, numa velocidade que parece tão rápida quanto a dos bólidos de competição...

Depois de estar ausente na temporada do ano passado, Mônaco esteve presente novamente no calendário da Formula-E, e o que se viu no Principado foi quase um repeteco do que aconteceu há dois anos atrás. Sébastien Buemi mais uma vez conquistou a pole-position, e teve mais uma vez em Lucas Di Grassi seu grande rival nos treinos, tanto que o brasileiro largou novamente na primeira fila, em 2º lugar. Nelsinho Piquet, que na primeira corrida da categoria em Monte Carlo largou em 4º, desta vez foi o 3º colocado no grid. De positivo, foi que desta vez não tivemos nenhuma carambola durante a prova, como ocorreu na primeira vez, logo após a curva Saint Devote, na descida para o porto. Um ponto interessante é que, no ritmo da classificação, os tempos dos primeiros colocados evoluíram pouco em relação à prova de dois anos atrás. Buemi largou na pole com o tempo de 53s313, enquanto em 2015, seu tempo de pole foi de 53s478. Lucas Di Grassi manteve a mesma média de evolução de Buemi, tendo feito 53s669 em 2015, e 53s550 este ano. Em compensação, a corrida, mesmo tendo 4 voltas a mais na duração este ano, mostrando a evolução da autonomia das baterias, que estão um pouco mais potentes e capazes de manter maior carga de energia. Buemi largou na ponta e lá ficou a corrida inteira, com Di Grassi fungando em seus calcanhares, mas sem chance de tentar efetivamente uma ultrapassagem, até porque Mônaco é Mônaco, e o traçado mais curto em relação ao circuito utilizado pela F-1 só dificulta ainda mais as possibilidades de ultrapassagem. Nelsinho Piquet, aliás, mostrou isso, quando Jean-Éric Vergne tentou superá-lo, vindo por fora da chicane do porto, e ambos meio que se enroscaram, com o francês a levar a pior e estampar o guard-rail, dando adeus à corrida. Piquet conseguiu se manter na pista, apesar do toque, tendo como maior prejuízo a perda da 3º posição para Nick Heidfeld, que fechou o pódio.


Segundo colocado novamente na etapa de Mônaco da F-E, Lucas Di Grassi defendeu a utilização do circuito de F-1 na próxima vez que a categoria de carros monopostos elétricos correr no Principado. O uso do traçado integral proporcionaria melhores disputas e chances de ultrapassagem. Com a evolução programada das baterias para a temporada 2018/2019, não haveria problemas em usar toda a pista. Na minha opinião, Lucas está certo. O traçado usado na F-1 pode ser travado e de difíceis, senão quase impossíveis ultrapassagens, mas para a F-E, que tem um outro ritmo, poderia permitir uma corrida muito mais emocionante. A direção da categoria deveria pensar seriamente no assunto. De qualquer forma, pelo acordo de revezamento, Mônaco não estará presente na próxima temporada, de modo que haverá tempo de sobra para se debater o assunto com calma e analisar todos os pontos a respeito.


O mês de maio foi simplesmente impecável para Sébastien Buemi na F-E. O piloto da e.dams, que já vinha de uma vitória na etapa de Monte Carlo, ampliou ainda mais a sua liderança e favoritismo no campeonato, ao vencer a etapa de Paris, praticamente de ponta a ponta, largando mais uma vez da pole-position. Para ficar ainda mais alegre, o suíço ainda viu seu principal adversário na luta pelo título, o brasileiro Lucas Di Grassi, ter uma classificação horrorosa, e ficar apenas em 14º lugar, algo que já tornaria sua corrida um pesadelo no traçado usado pela categoria de carros elétricos na capital francesa. E não deu outra: enquanto Buemi largava na frente, e lá se mantinha, apesar das ameaças de Jean-Éric Vergne, o brasileiro, saindo lá de trás, acabou atingido por Antonio Félix da Costa em uma disputa de posição, e perdeu todo o seu esforço na pista. Como desgraça pouca é bobagem, na troca de carros, a equipe ainda liberou Lucas antes do tempo mínimo de pit stop, motivando um drive through para o brasileiro cumprir. Sem perspectiva de conseguir chegar à zona de pontuação, Di Grassi ainda tentou o recurso de ir à pista para tentar marcar a melhor volta e garantir pelo menos um ponto, e até conseguiu, a princípio, mas como acabou superado por Sam Bird, voltou de novo à pista para tentar dar o troco, mas acabou batendo, e saindo de Paris completamente zerado. Buemi venceu sem muito esforço, e ainda viu Vergne ter problemas e bater o carro, o que aliviou a pressão para o piloto da e.dams. José Maria López, da Virgin, finalizou em 2º lugar, enquanto Nick Heidfeld, da Mahindra, conquistou seu segundo 3º lugar consecutivo. Nelsinho Piquet, que também havia feito uma classificação complicada, fez uma prova de recuperação razoável, terminando em 7° lugar. A próxima etapa da F-E será em Berlim, nos dias 10 e 11 de junho, em rodada dupla, no novo traçado que será montado dentro do aeroporto desativado de Tempelhof.


Com o resultado das etapas de Mônaco e Paris, Sébastien Buemi voltou a disparar na classificação do campeonato da F-E, abrindo nada menos do que 43 pontos para Lucas Di Grassi, que ainda é o vice-líder, com 89 pontos, contra os 132 do suíço. O ponto positivo é que Nicolas Prost e Jean-Éric Vergne, que competem com o mesmo equipamento de Buemi, ou não estão conseguindo ter a mesma performance do suíço (Prost), ou estão tendo um azar dos diabos (Vergne), e com isso, não conseguem ameaçar o piloto brasileiro da Audi ABT. Prost é o 3º colocado, com 58 pontos, enquanto Vergne é o 5º, com 40 pontos. Nelsinho Piquet, que vem conseguindo pontuar com regularidade, aos poucos escala as posições na tabela de classificação, estando no momento em 8º lugar, com 33 pontos.


O mundo do motociclismo perdeu um grande nome neste mês de maio. Nicky Hayden, piloto da equipe oficial da Honda no Mundial de Superbikes, e que já foi campeão da MotoGP, faleceu após vários dias internado em um hospital, após ser atropelado por um carro na cidade de Riccione, na Itália. Hayden havia saído para treinar de bicicleta, quando acabou atropelado por um carro. O piloto sofreu sérios ferimentos, na cabeça e no tórax, e ao dar entrada no hospital para onde foi levado, sua situação já era extremamente grave, e devido às condições críticas, a equipe de médicos também ficou impossibilitada de efetuar uma cirurgia. Por fim, no dia 22 de maio, veio a notícia ruim: Nicholas Patrick Hayden foi declarado morto, aos 35 anos de idade. Curiosamente, o ex-piloto Kevin Schwantz encontrou-se com Nicky algumas horas antes, quando o conterrâneo ia sair para pedalar, e convidou o texano para se juntar a ele no treino de bicicleta. Por estar sem sua bicicleta, Schwantz recusou o convite. Pouco depois, ao saber do trágico acidente com o amigo, sua expressão era de tristeza geral pelo ocorrido, especialmente em pensar na possibilidade de que, se estivesse com Hayden, talvez as coisas tivessem ocorrido de maneira diferente, e ido por outros lugares. Ou, por outro lado, talvez estivéssemos lamentando duas mortes, ao invés de uma... Nunca se sabe o que poderia acontecer... Na melhor das hipóteses, Kevin Schwantz pode ter escapado de sofrer o mesmo destino do amigo naquele dia... Mas, “se” e “talvez” não contam a esta altura, e todo o mundo do automobilismo ficou de luto nestes últimos dias de maio, e na etapa da França, em Le Mans, toda a categoria da MotoGP lhe prestou as devidas homenagens. Um acontecimento muito triste para a história do motociclismo mundial... A organização do Mundial de motovelocidade prestou um tributo ao piloto no paddock de Mugello, durante a realização do GP da Itália, expondo todas as motos pilotadas pelo norte-americano em sua carreira na MotoGP, além da última moto utilizada por ele no Mundial de Superbike, onde vinha competindo desde o ano passado. Todas foram colocadas à frente de um painel com o rosto de Nicky Hayden.


Nick Hayden estreou na MotoGP na temporada de 2003, competindo pelo time oficial da Honda na classe rainha do motociclismo. Antes disso, o piloto dos Estados Unidos já tinha feito carreira nas motos em seu país, onde começou a competir em 1997, primeiro na Superbike americana, sendo campeão da Supersport 600 em 1999, partindo depois para a AMA Superbike, onde chegou ao título em 2002. No seu ano de estréia na MotoGP, Hayden terminou em 5º lugar, com 130 pontos. A primeira vitória veio em 2005, no GP dos Estados Unidos, em Laguna Seca. Nick terminaria o ano em 3º lugar, com 206 pontos, atrás apenas de Valentino Rossi e de seu companheiro de Honda Marco Melandri. Em 2006, Hayden teria o seu momento de glória na MotoGP, ao se sagrar campeão com a Honda, derrotando ninguém menos do que Rossi, mesmo tendo menos vitórias que o “Doutor”, mas fazendo uma temporada muito mais constante que o italiano. Mas, a partir daí, o norte-americano não se encontrou mais na categoria, não conseguindo mais nenhuma vitória, e passando longe de disputar novamente as primeiras posições no campeonato. Em 2007 e 2008, ainda competindo pela equipe oficial da Honda, foi apenas 8º e 6º colocado, respectivamente. Em 2009, mudou-se para a Ducati, onde ficaria até 2013, disputando posições no escalão intermediário da classe rainha do motociclismo, sem obter resultados de monta, com uma moto bem inconstante e pouco competitiva. Em 2014 e 2015, mudou-se para a Aspar, time satélite que usava motos da Honda, e os resultados caíram ainda mais. Em 2016, resolveu mudar-se para o Mundial de Superbikes, competindo pelo time oficial da marca japonesa, e terminou a competição em 5º lugar, inclusive voltando a vencer uma prova, na etapa da Malásia. Paralelamente à disputa neste campeonato, Hayden fez suas últimas participações na MotoGP, substituindo pilotos lesionados. Ele participou da etapa de Aragão no lugar de Jack Miller, e a etapa da Austrália, em Phillip Island, substituindo Dani Pedrosa, no time da Honda. No campeonato deste ano, após duas etapas, ele tinha um abandono e um 12] lugar como resultados, mas estava confiante em uma melhora para as etapas seguintes. Infelizmente, o destino traçou outros planos para Hayden. Que ele vá com Deus, esteja onde estiver...


A bruxa, aliás, parece ter continuado a rondar o mundo do motociclismo. Dia 25 de maio, foi a vez de Valentino Rossi se acidentar feio, durante um treino em uma pista de motocross, em Mondavio. Levado para um hospital, foi constatada lesões moderadas de trauma torácico e abdominal e, felizmente, nenhuma fratura ou trauma mais sério. Valentino recebeu alta do hospital após passar um dia em observação, e foi liberado para se recuperar em sua casa, com a recomendação expressa de repouso. O “Doutor” revelou que estava sentindo fortes dores em decorrência do acidente sofrido, e que tinha pretensões de disputar a próxima etapa da MotoGP, que por coincidência, seria justamente o GP da Itália, na pista de Mugello. Mas o piloto da equipe Yamaha teria de passar por uma avaliação médica oficial da categoria, antes de ser liberado para participar dos primeiros treinos livres. Felizmente, Rossi foi aprovado no exame médico, e pode participar normalmente das atividades da corrida, tendo sido avaliado pelo diretor-médico da FIM, o Dr. Giancarlos Di Filippo, e pelo diretor médico do circuito de Mugello, Dr. Remo Barbagli, e também pelo diretor médico da MotoGP, Dr. Ángel Charte, que consideraram o piloto da Yamaha apto para as atividades da competição.

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