Com uma pilotagem sem erros e atacando na hora certa, Sato chegou à vitória na Indy500, uma das maiores consagrações da carreira de qualquer piloto. |
As 500 Milhas de
Indianápolis erigiram um novo herói neste último domingo. Aos 40 anos de idade,
Takuma Sato tornou-se o primeiro japonês a vencer a Indy500, escrevendo seu
nome nos anais do automobilismo mundial, e na história da Brickyard, atingindo
a consagração de sua carreira como piloto, e o fim de quaisquer piadas a cerca
de seu talento, que por muito tempo ficou associada à imagem que seus
compatriotas deixaram na categoria máxima do automobilismo, alguns com justa
causa, diga-se.
Por ser um piloto
fortemente associado à Honda, Takuma sofreu também com este apoio, não tendo
maiores oportunidades na F-1 fora da alça de mira do fabricante nipônico.
Estreou na temporada de 2002 pela equipe Jordan, após ser campeão da F-3
Inglesa, outro feito para um piloto japonês na época, e com uma performance
arrasadora, vencendo 12 das 13 provas da competição. Sua temporada de estréia
pelo time inglês, que na época usava motores da Honda, não foi dos mais empolgantes,
marcando apenas 2 pontos com um 5º lugar justamente perante sua torcida, no
Japão. Mas o time de Eddie Jordan já dava sinais de decadência, tanto que
marcou somente 9 pontos naquele ano. Na temporada seguinte foi piloto de testes
da BAR, mas correu novamente na etapa do Japão, marcando pontos. Em 2004,
tornou-se piloto titular a tempo integral da escuderia, e faria sua melhor
temporada, ficando em 8º lugar, marcando 34 pontos, sendo seu ponto alto
justamente um 3º lugar nos Estados Unidos, justamente na pista de Indianápolis,
no circuito misto. Em 2005, sua carreira despencou na F-1, e ele marcou apenas
um ponto durante todo o ano. Para 2006, graças à Honda, que bancou o time
formado por Aguri Suzuki, Sato ainda continuou na F-1, mas com poucas chances
de brilhar. Mesmo assim, em 2007, ainda marcou 4 pontos pela pequena escuderia,
superando o próprio time de fábrica. Em 2008, com a falência da Super Aguri, a
carreira de Takuma também findou na F-1, uma vez que a Honda, que o apoiava,
também desertou da competição ao fim da temporada. E sem apoio financeiro, não
importava se Takuma já tinha dado mostras de não ser um braço duro como piloto
e fosse um competidor de potencial. Várias carreiras já foram ceifadas na F-1
por causa disso, e Sato não foi exceção.
Sem perspectivas, Sato
foi para os Estados Unidos, competir na Indy Racing League, categoria que usava
motores da marca japonesa. Sua estréia foi em 2010, competindo pela equipe KV,
e terminando seu ano de estréia em 21º lugar, com 214 pontos, e um 9º lugar
como melhor resultado. Estava de bom tamanho para um iniciante na competição.
No ano seguinte, ainda pela KV, os resultados foram melhorando: terminou o ano
em 13º lugar, com 282 pontos, e marcando uma 4º e duas 5ªs colocações durante a
temporada. Em 2012, mudança de ares, competindo pela equipe Rahal/Letterman,
onde a performance se manteve, sendo o 14º colocado, com 281 pontos, e tendo
dois pódios, um 2º e um 3º lugares, como melhores resultados nas corridas. Sato
vinha mostrando que podia brilhar nos Estados Unidos, mas ficou sem lugar no
time, tendo de buscar uma nova casa para 2013, que acabou sendo a escuderia de
A. J. Foyt, onde permaneceu por 4 anos. Sua temporada de estréia na Foyt foi
marcante: além de conseguir outro pódio, com um 2º lugar, Sato ainda venceu sua
primeira corrida na IRL, em Long Beach. Terminou a temporada em 17º lugar, com
322 pontos, mas preparado para dar vôos mais altos a partir de então.
Só que a Foyt nunca
foi uma escuderia muito constante, e diga-se para variar, em alguns momentos,
até Sato parecia incorporar o espírito kamikaze que fez seus compatriotas
arrumarem tanta confusão na pista. Um exemplo é da própria Indy500 em 2012,
quando o japonês tentou porque tentou superar Dario Franchiti no finalzinho da
prova, e acabou no muro, vendo o escocês se consagrar na Brickyard Line. Assim,
as temporadas seguintes foram no nível mais ou menos exibido em seu primeiro
ano na Foyt: foi o 18º classificado, com 350 pontos, em 2014, seu ano onde
marcou mais pontos na IRL; acabou em 14º, com 323 pontos, em 2015; e no ano
passado, finalizou em 17º, com 320 pontos. De 2014 a 2016, apenas um pódio de
um 2º lugar, na segunda prova de Detroit de 2015. Três 5ºs lugares e um 4º
acabaram sendo os resultados mais proeminentes. Ao fim de 2016, com a decisão
da Foyt de mudar para a Chevrolet, Sato, mais uma vez, ficava a ver navios,
pela sua ligação com a Honda. Mas, foi também esta ligação que o ajudou a
arrumar um novo lugar para esta temporada, no caso a Andretti, que já competia
com os propulsores nipônicos. E assim, Takuma garantiu-se para sua 8º temporada
completa na categoria de monopostos americana.
Seu desempenho até
Indianápolis vinha sendo discreto, superado na pista por Ryan Hunter-Reay e
Alexander Rossi, e superando apenas Marco Andretti na escuderia. Mas o time de
Michael Andretti sempre teve uma preparação ímpar nos últimos anos para as 500
Milhas de Indianápolis, como mostrou a vitória de Rossi no ano passado, e as
boas posições de largada de seus pilotos este ano, inclusive Fernando Alonso,
na associação com a McLaren. Logicamente, os olhares de todos estavam sobre o
espanhol, a grande estrela a participar da corrida este ano, mas ali, quieto em
seu canto, Takuma ia cumprindo o seu trabalho. Sem chamar atenção propriamente,
contudo, o japonês não passava de todo ignorado: Téo José, que narrou a corrida
para a TV Bandeirantes, e com praticamente quase duas décadas acompanhando a
Indy500, já falava que o japonês não podia ser subestimado, e o colocava entre
os favoritos para vencer a corrida. Claro que muita gente deu de ombros para a
citação do narrador, vista por muitos como alguém que apenas queria torcer por
outro piloto diferente dos medalhões. Mas, eis o pior erro que se pode cometer:
ignorar e subestimar um adversário. Se não era ignorado pela mídia americana, o
japonês tampouco era considerado exatamente um dos favoritos, sendo considerado
um piloto com potencial para vencer, mas não no mesmo patamar de outras feras
presentes na pista. Muita gente quebrou a cara.
Helinho fez uma corrida impecáve, e estava com a tão esperada quarta vitória à vista, mas não resistiu à arrancada fulminante de Takuma Sato nas voltas finais. |
E de fato: largando em
4º lugar, Takuma manteve-se entre os primeiros durante quase toda a corrida,
andando sem cometer arroubos, e sendo até discreto, mas no momento final, ele
surgiu para arrebatar as posições de seus adversários à frente e ir para a
liderança, valendo-se não apenas de um carro muito bem acertado e veloz, mas
também de uma pilotagem segura, firme, e sem se meter em qualquer confusão ou
cometer um único erro que fosse. Travou um duelo curto, mas renhido e decisivo,
contra Hélio Castro Neves nas voltas finais, e arrancou com a fúria e
determinação de um verdadeiro samurai, para fazer história no seu país, nos
Estados Unidos, e no resto do mundo inteiro. Vencer em Indianápolis não é para
qualquer um, e Takuma precisou se aplicar a fundo, e não dar nenhum passo em
falso, como o de 2012, quando jogou as chances de um bom resultado pelos ares
com sua tentativa intempestiva na disputa com Dario Franchiti.
A fama da vitória da
Indy500 já coloca Sato como o maior piloto japonês de todos os tempos, pelo
feito realizado numa das mais famosas e importantes corridas do mundo da
velocidade. Takuma pode até abandonar as pistas agora, com a sensação do dever
cumprido, algo que nunca conseguiu realizar na F-1. Mas, como bom piloto, e
competitivo como é, quem disse que ele não vai querer mais? A meta agora é
brilhar no resto do campeonato, o que talvez seja um pouco mais complicado, mas
dificuldades nunca foram novidade para este simpático japonês, que sempre foi
de uma simpatia ímpar com o público e seus fãs. E que certamente irá lutar pelo
bicampeonato em Indianápolis em 2018, podem apostar.
Portanto, os parabéns
e préstimos de respeito a quem os merece de fato. Banzai, Sato-San!
Scott Dixon sofreu o mais violento acidente da Indy500 em 2017, mas conseguiu sair andando do que restou de seu carro, depois da impressionante capotagem. |
A Ferrari deitou e rolou em
Mônaco, como se imaginava ao ver os resultados do treino livre na quinta-feira.
Esperava-se uma reação da Mercedes, que errou no ajuste do carro, e não o
encontrou mais, pelo menos, no monoposto de Lewis Hamilton, que largou no
pelotão de trás, e ainda conseguiu minimizar o desastre total, garantindo
alguns pontinhos com o 7º lugar, mas tendo agora que correr bem atrás de
Sebastian Vettel, que abriu 25 pontos de vantagem, e certamente não largará a
dianteira do campeonato tão cedo, mesmo que Hamilton arrase a tudo e a todos na
próxima corrida, no Canadá, na semana que vem. Para o time de Maranello, além
da vitória de Vettel em Monte Carlo, e à grande vantagem imposta na
classificação, foi encerrar o jejum de 16 anos sem vitórias no Principado, onde
não chegava na frente desde 2001. E o fez em grande estilo, com dobradinha, com
Kimi Raikkonen chegando em 2º lugar. Aliás, a última vitória do time rosso em
Mônaco também foi com dobradinha, com Michael Schumacher na frente, secundado
por Rubens Barrichello. Daniel Ricciardo, depois de perder a prova no ano
passado por um erro da Red Bull no pit stop, deu um pouco mais de sorte este
ano e, se não esteve em condições de vencer novamente, pelo menos superou
alguns dos rivais à sua frente e fechou o pódio em 3º lugar, deixando
justamente seu companheiro de equipe Max Verstappen bem chateado com isso. A
corrida deste ano não será das mais lembradas, e os poucos momentos de emoção
vieram das trapalhadas de alguns pilotos, que cometeram mais deslizes do que
seria de se esperar de uns e outros, como Jenson Button e Sérgio Perez. Já
Sttofel Vandoorne e Marcus Ericsson simplesmente bateram sozinhos e sem
justificativa. E depois dizem que Mônaco não é para qualquer um...
O debate da corrida de Mônaco
naF-1 era praticamente um só: a Ferrari privilegiou Sebastian Vettel em
detrimento de Kimi Raikkonen, para garantir que o piloto alemão levasse
vantagem na luta pelo campeonato? A resposta é sim, mas nem tudo foi tão fácil
e certo como se imagina. Raikkonen largou na pole e comandou a corrida até seu
único pit stop. Tendo sido chamado antes, Raikkonen acabou tendo o azar de
voltar atrás de carros mais lentos, e isso foi determinante para o finlandês
perder tempo na pista na tentativa de se manter à frente quando Vettel fizesse
sua parada. Nas voltas em que teve pista livre à frente, Sebastian tratou de
acelerar tudo o que podia e o que não podia, com o intuito de ganhar tempo e
sair à frente de Kimi. Funcionou, e por pouco. Daí em diante, não havia o que
fazer, e Raikkonen, sabedor de que não teria como ultrapassar o colega de
equipe numa pista truncada como Mônaco, perdeu até o ímpeto de guiar, passando
a rodar mais lento, e com isso, Vettel foi-se embora. Mas é preciso frisar
alguns pontos. Primeiro, o fato de Raikkonen nunca ter aberto uma vantagem
significativa para Vettel, de forma a inviabilizar a estratégia destinada a
favorecer o alemão. Segundo, ele poderia ter ficado um pouco mais na pista, e
quem sabe, não voltasse com tráfego à sua frente, e talvez, assim conseguisse
voltar ainda na frente. Mas seus tempos de volta haviam caído, e Vettel já
estava logo atrás. Neste caso, faltou um pouco de firmeza por parte de Kimi,
que sabendo que o time iria privilegiar o parceiro com a melhor estratégia,
devia ter andado mais forte e sumido na frente, antes que enfrentasse tráfego.
A estratégia para Vettel dependia do alemão também andar muito forte, e ele
cumpriu o necessário, e mesmo assim, foi no quase, saindo na volta à pista
praticamente quando Kimi já vinha acelerando firme na reta. Particularmente,
seria muito melhor se a estratégia falhasse e Kimi vencesse, porque ele merecia
ter um retorno às vitórias, depois de ter andado melhor que Sebastian no ano
passado, e também porque tornaria as coisas mais complicadas para a Ferrari
fazer Vettel vencer. Dá para entender o jogo de equipe, mas eu particularmente
não tenho que aceitar o que a Ferrari faz a esta altura do campeonato, já
apostando suas fichas em apenas um piloto. Não é ilegal, mas fere a ética do
esporte. Podem me chamar de ingênuo ou tolo, mas prefiro isso a aceitar estas
palhaçadas, sejam de qual modo forem mostradas, e não apenas relativo à
Ferrari, mas a qualquer time de competições. Quero ver a hora que a Mercedes
tiver que se rebaixar a isso, como já vimos no Bahrein e em Barcelona, ainda
que sob circunstâncias ligeiramente diferentes...
Chamado para substituir Fernando
Alonso na prova de Mônaco da F-1, Jenson Button até que fez uma boa
classificação, indo para o Q3, e mostrando que não estava tão enferrujado como
muitos esperavam. Infelizmente, por ter trocado peças na unidade de potência,
Button tomou 15 posições de punição, largando em último e sem ter quaisquer
perspectivas de um resultado razoável. Mas Jenson acabou se envolvendo em um
raro acidente, quando tentou passar Pascal Werhlein na curva Portier, e no
toque das rodas, mandou a Sauber do alemão para a barreira de pneus, onde ficou
na vertical, e preso, até ser resgatado pelos fiscais. A situação mais ridícula
desta história toda é que Button foi considerado culpado pelo incidente (o que
não é errado, ele fez besteira mesmo), e com isso, ganhou uma punição que o
fará perder 3 posições no grid da próxima corrida. Mas, levando-se em conta que
Button voltou para a sua aposentadoria, essa punição torna-se inócua,
praticamente uma piada, pois o inglês dificilmente a cumprirá, exceto se voltar
a ocupar uma posição em um grid de largada, o que não deve acontecer tão cedo.
A F-1 ainda tem cada uma...
Nenhum comentário:
Postar um comentário