terça-feira, 29 de novembro de 2016

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA – NOVEMBRO DE 2016



            Encerrando o mês de novembro, chegou a hora de mais um balanço dos acontecimentos do mundo do esporte a motor, com a última edição da Cotação Automobilística de 2016, que caminha para o seu encerramento. Depois, esta seção só retorna no fim de fevereiro, com uma avaliação dos acontecimentos do início de 2017. Portanto, aproveitem bem o texto, no esquema tradicional de sempre das avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Com isso, a seção fecha o ano, e espero que todos tenham podido aproveitar minhas análises e comentários sobre o sobe e desce nas cotações de vários personagens do mundo da velocidade em 2016. Fiquem agora com as últimas avaliações:



EM ALTA:

Nico Rosberg: O filho de Keke Rosberg finalmente alcançou seu tão desejado objetivo. O filho de Keke Rosberg é o campeão da temporada 2016, e antes que muitos digam que foi somente pela quebra do motor de Lewis Hamilton na Malásia, é preciso lembrar que ambos os pilotos tiveram sua cota de percalços ao longo do ano. E Nico soube se livrar de algumas confusões das quais Lewis não soube se desvencilhar com a destreza e rapidez necessárias. Num duelo decidido por detalhes, Rosberg levou a melhor sobre Hamilton, e conseguiu construir o seu título nesta temporada. E no momento decisivo, em Abu Dhabi, Rosberg ainda teve brios para não cair na estratégia de seu parceiro de equipe, que juntou os concorrentes atrás de si, tentando fazê-los entrar na disputa e complicarem a situação do piloto alemão.

Equipe Mercedes: O time alemão completa três temporadas de domínio praticamente absoluto na F-1. Desde a introdução da nova era turbo híbrida, o time sediado em Brackley, na Inglaterra, perdeu apenas 8 corridas em 59 disputadas. Em 2014, perdeu apenas 3 etapas, mesmo número do ano passado. Já nesta temporada, foram apenas 2 derrotas, sendo que uma delas, na Espanha, aconteceu pelo fato de seus pilotos se eliminarem logo na primeira volta, quando tinham tudo para fazerem mais uma dobradinha. Com novas regras técnicas a serem adotadas pela F-1 a partir de 2017, fica a dúvida se o time prateado conseguirá manter seu atual grau de domínio na competição. Mas o melhor de tudo, nestas três temporadas, foi a política da Mercedes de dar total liberdade a seus pilotos, permitindo que duelassem pelo título abertamente, o que salvou o mundial de F-1 da monotonia completa, ainda que em poucos momentos.

Maverik Viñales: O piloto espanhol, novo contratado do time oficial da Yamaha da MotoGP para ocupar o lugar de seu compatriota Jorge Lorenzo, que foi para a Ducati, começou chegando em seu novo time, ao liderar os dois dias de treinos pós-temporada realizados em Valência, mostrando que tem tudo para dar trabalho a Valentino Rossi na próxima temporada, e se colocando, desde já, como candidato ao título, impressão que foi confirmada pelo próprio Rossi, ao ver a rapidez como Viñales se adaptou rapidamente à moto de seu novo time. Maverick conquistou sua primeira vitória na competição nesta temporada, quando defendeu o time da Suzuki.

Force India: O time que um dia já foi a Jordan, quando estreou na F-1, chegou à sua melhor posição na categoria máxima do automobilismo, tendo terminado o campeonato em 4° lugar, atrás apenas das grandes forças, Mercedes, Red Bull e Ferrari. O time começou o ano um pouco em baixa, mas veio crescendo regularmente durante todo o campeonato, alcançando a Williams, e superando-a com relativa folga nas corridas finais da temporada. Sérgio Perez fez sua melhor temporada de que há memória, e suplantou Nico Hulkenberg com alguma facilidade, ultrapassando a barreira dos 100 pontos no campeonato, superando Valtteri Bottas, da rival Williams, colocando-se, assim, também como o melhor piloto depois das duplas das três grandes equipes. Um ano para o time sediado ao lado do autódromo de Silverstone comemorar. Só faltou fazer pole e vencer, mas aí também seria pedir demais, ainda mais em outro ano de domínio da Mercedes na competição.

Sébastien Buemi: O campeão da F-E já tinha iniciado o novo campeonato da categoria com vitória na etapa de Hong Kong, e na etapa de Marrakesh, resolveu mostrar novamente que não vai dar mole para os concorrentes. O piloto da equipe e.dams largou em 7° lugar no grid, após uma punição, e veio superando todo mundo durante a corrida, até conquistar a liderança e lá ficar até a bandeirada final, conquistando sua segunda vitória em duas corridas na nova temporada. Com o resultado, Buemi acumula 50 pontos nas duas etapas, abrindo nada menos do que 22 pontos sobre seu mais direto perseguidor, o brasileiro Lucas Di Grassi, que foi apenas o 5° colocado no Marrocos e precisa reagir na disputa. Ainda é cedo para afirmar que Buemi terá vida fácil para lutar pelo bicampeonato, mas até o presente momento, o suíço vem dando as cartas na competição, e não pretende baixar a guarda, como ocorreu em algumas etapas do último campeonato. Azar dos concorrentes.



NA MESMA:

Felipe Nasr: O piloto brasileiro vinha de uma fase de maus resultados dentro da Sauber, perdendo sistematicamente para seu companheiro Marcus Ericsson em posições de largada e chegada nesta temporada. Mas em Interlagos, numa corrida sob chuva, Felipe aproveitou para lavar a alma e apagar as memórias ruins da atual temporada. Nasr largou praticamente na última fila, e avançou firme e determinado nas péssimas condições de piso e visibilidade do autódromo paulistano, chegando a andar na 6ª posição, à frente de pilotos com carros muito melhores que os dele. E Felipe se manteve firme e focado a corrida inteira, sendo superado por outros adversários apenas na parte final da corrida, mas conseguindo cruzar a bandeirada em 6° lugar, e dando à Sauber seus primeiros e únicos pontos do ano, salvando o time de fechar a temporada na última posição. Mas o que poderia ser um sinal positivo para o piloto sofreu outro revés: o Banco do Brasil resolveu diminuir em um terço sua verba de patrocínio a Felipe, e com menos grana, suas chances de arrumar um lugar na F-1 em 2017 diminuíram consideravelmente, e os poucos lugares que sobraram estão sendo literalmente leiloados entre os pilotos. Como quem der mais leva, Nasr pode muito bem se ver a pé no próximo ano.

McLaren/Honda: O time inglês de Woking e sua parceria nipônica melhoraram de performance nesta temporada, se comparados a 2015. Mas, se a temporada não foi tão ruim quanto a do ano passado, por outro lado também não foi o que muitos esperavam. A unidade de potência da Honda ganhou mais confiabilidade, mas continuou sendo a mais fraca do grid, em que pese os avanços obtidos pelos japoneses. Com um carro mais confiável, tanto Jenson Button quanto Fernando Alonso tiveram chances mais condizentes de mostrar seu talento, especialmente o asturiano, que conseguiu pelo menos realizar duas corridas notáveis nos pontos, em Mônaco e Austin. Mesmo conseguindo conquistar quase o triplo dos pontos de 2015, a McLaren continuou enfrentando falta de performance em algumas corridas, em especial nas pistas mais velozes, onde ficou patente a falta de força da unidade de potência da Honda. O carro também ficou devendo, não sendo tão eficiente quanto deveria, para tentar compensar a falta de potência. A esperança maior do time são as novas regras técnicas a vigorar em 2017, que permitirão inclusive desenvolvimento livre dos motores, algo que a regra do congelamento impediu que fossem devidamente evoluídos como poderiam ser durante estes dois primeiros anos na competição na era das unidades turbo hibridas.

Circuito de Abu Dhabi: Mais um ano, e mais uma vez encerrando a temporada, a pista de Yas Marina segue sendo um belo espetáculo visual, com a corrida começando ao entardecer no deserto dos Emirados Árabes Unidos, passando pelo pôr-do-sol e terminando à noite, mas novamente, a corrida em si não foi nem um pouco empolgante, e só ganhou maior destaque pela tática de Lewis Hamilton de andar mais lento para tentar juntar os competidores e tentar complicar a vida de Nico Rosberg na luta pelo título. Nem mesmo o uso do DRS, a asa móvel, consegue tornar a corrida mais emocionante, em que pese ter havido algumas disputas razoáveis por posições no bloco intermediário e mais atrás. Mas foi pouco para render uma corrida de renome, que só ganhou destaque maior pela decisão do título entre os pilotos da Mercedes. Um panorama muito diferente do que se viu em Interlagos duas semanas antes, mesmo considerando a chuva que caiu durante a corrida, onde o público pôde apreciar muito mais disputas entre os pilotos. Deveriam proporcionar uma reforma em parte do traçado da pista, de forma a proporcionar maior disputa entre os carros. E depois Hermann Tilke ainda acha ruim as críticas que recebe pelas pistas que projeta... Só Sepang, Austin e Turquia conseguiram ganhar elogios dos pilotos até hoje, e infelizmente, os turcos já perderam o entusiasmo com a F-1 faz tempo...

Brasil continua fora do rali Dakar: O mais famoso rali do planeta continua se aventurando nas terras da América do Sul, para onde se mudou nos últimos anos em virtude da turma de malucos islâmicos promovendo sua destruição e ódio irracional contra tudo e todos nas terras africanas estarem ficando ainda piores do que antes. E, mais uma vez, o Brasil não terá a honra de participar da competição como parte do percurso. Bolívia e Argentina seguem firmes como palco da competição, que terá a inclusão do Paraguai, inclusive com a largada acontecendo na capital do país, Assunção, com previsão do término na capital argentina, Buenos Aires. Do jeito que andam algumas estradas brasileiras, os piadistas sempre falaram que não iria sobreviver competidor para cruzar a linha de chegada se eles viessem andar por aqui, mas piadas à parte, o nosso país, além de estar perdendo importância no mundo do esporte a motor, também não está se esforçando nem um pouco para reverter essa decadência de nosso automobilismo. As poucas iniciativas que se vê por aqui não conseguem vencer o comodismo e as picuinhas, para não falar da inanição da CBA. Por isso, do jeito que a coisa vai por aqui, o Dakar até faz bem de não querer saber de disputar sua prova em nosso país...

Hierarquia de equipes e pilotos da F-E: Mais uma temporada se iniciou na categoria dos carros monopostos elétricos, e pelo que se pode notar nas duas corridas disputadas até agora, a e.dams continua sendo o melhor time, e com o melhor piloto. A escuderia, que tem o apoio oficial da Renault, conquistou duas vitórias com Buemi nas duas corridas, e lidera com folga a classificação das equipes, com 74 pontos, mais que o dobro da 2ª colocada. E a Audi ABT, que foi a grande rival do time francês na temporada anterior, graças aos esforços de Lucas Di Grassi, tem tudo para continuar sendo a grande desafiante neste novo ano, ocupando, no momento, a vice-liderança entre as equipes, em que pese a Mahindra ter no momento a mesma pontuação do time alemão, 36 pontos, e isso significar praticamente menos da metade dos pontos dos franceses. Mais atrás, a competição também é acirrada entre a Virgin e a Andretti. As disputas tem tudo para continuarem emocionantes na categoria, ainda mais depois que alguns times, como a Techeetah e a Dragon acertarem direito seus carros. Mas, por enquanto, o que se delinea é um novo duelo e.dams/Audi ABT, e Sebástien Buemi/Lucas Di Grassi. Quem vai levar a melhor desta vez?



EM BAIXA:

GP Brasil na berlinda financeira: O Grande Prêmio do Brasil foi uma das melhores corridas da temporada atual da F-1, mas nos bastidores, a corrida em Interlagos teria dado um prejuízo de aproximadamente R$ 100 milhões. Um dos motivos seria a crise econômica brasileira, que afastou potenciais patrocinadores, necessitando enxugar seus orçamentos. E como desgraça pouca é bobagem, Bernie Ecclestone não estaria disposto a socorrer os organizadores para a etapa do ano que vem, que poderia correr o risco de ser rifada do calendário. Some-se a isso à ameaça de não termos nenhum piloto brasileiro no grid da categoria máxima do automobilismo, e a prova brasileira, presente na competição há 45 anos, pode correr sério risco de sair do calendário.

Debandada de pistas na F-1?: Depois da Malásia anunciar oficialmente que não pretende renovar o atual acordo de realização de seu Grand Prêmio, que vai até 2018, agora é Cingapura, que no entender de Bernie Ecclestone, quer pular fora do calendário da categoria máxima do automobilismo. O dirigente da FOM chegou a chamar o pessoal de ingrato, para se referir àqueles que, no seu entender, imploraram tanto por uma corrida, e agora querem se livrar dela. Faltou ele reconhecer que aumentou demais as taxas de realização das corridas, acreditando que o pessoal pagaria sem pestanejar aos aumentos, por vezes irreais, para manterem suas corridas, alegando que há uma fila de novas propostas para receber a F-1. E olhe que a China também anda meio que cansando da brincadeira, e pode pular fora também a qualquer momento. Depois de conseguir realizar o mais longo campeonato da história, com 21 GPs, ver o número de corridas despencar abruptamente pode ser um sinal nada agradável de que o atual modo de Ecclestone negociar GPs está esgotado. Um dia o pessoal iria ver que o barato da F-1 está é muito caro para ser mantido.

Volkswagen pulando fora das competições: Ainda abalado pela multa bilionária sofrida no ano passado após ser condenada por fraudar resultados de emissão de gases de seus motores, o Grupo Volkswagen resolveu puxar a tomada de duas de suas operações em campeonatos mundiais de automobilismo de alta popularidade: o Mundial de Rali (WRC), e o Mundial de Endurance (WEC). E com efeitos imediatos: acabou-se as temporadas deste ano, adeus. No Mundial de Rali, a decisão deixa a pé ninguém menos do que o atual tetracampeão da modalidade, Sébastien Ogier, que vinha de quatro conquistas consecutivas nos últimos quatro anos, defendendo o time oficial da Volkswagen, e que teria tudo para manter este domínio na próxima temporada. E, na Endurance, o baque foi tremendo: é a Audi quem está pulando fora, após quase 18 anos de competições nas provas de longa duração, sendo 13 vitórias só nas 24 Horas de Le Mans, além dos títulos das duas primeiras temporadas do WEC. O pessoal de ambas as modalidades ainda estão tentando digerir o impacto da notícia. E não há dúvida alguma de que ambas as categorias sentirão a falta destes dois nomes em 2017, enfraquecendo seu plantel de competidores para a temporada.

Ron Dennis fora do comando da McLaren: O dirigente inglês, principal responsável por transformar a escuderia britânica numa potência esportiva e do ramo de tecnologia, foi “convidado” a se retirar da direção do Grupo McLaren por imposição dos demais sócios proprietários da organização, que já não aceitavam o modo como Dennis conduzia as coisas. Ron Dennis ainda é proprietário de 25% do Grupo McLaren, e ainda faz parte do conselho diretivo, mas não terá mais voz de comando. O modo autocrático que foi como comandou o time desde que assumiu sua direção em 1981 e durante todos estes anos, acabou por fazer Ron criar inimigos até entre seus próprios aliados, e uma hora, a conta iria chegar, ainda mais pelos anos complicados que a McLaren vem tendo na F-1 nas últimas temporadas. Dennis mudou radicalmente o modo como uma equipe precisava ser conduzida, obrigado todos a adotarem seu estilo metódico e detalhista, o que ajudou a categoria a ficar asséptica e extremamente séria. E acabou vitimado pelo próprio modo de dirigir as coisas que ajudou a implantar na F-1. E não bastou o seu histórico à frente da McLaren para ajudá-lo a se manter no cargo. Muitos não sentirão falta de seu estilo de direção, mas que ele merecia um pouco mais de respeito pelo que fez da McLaren a potência que é hoje, merecia...

Sebastian Vettel: O tetracampeão do mundo foi criticado quando trocou a Red Bull pela Ferrari após o primeiro ano em que ficou sem conseguir vencer corridas na escuderia pela qual foi campeão de 2010 a 2013, por “abandonar o barco” no primeiro ano de dificuldades do time. Na Ferrari, o alemão chegou conquistando todo mundo, sendo muito mais simpático e aberto do que Fernando Alonso, que era centralizador e muito egocêntrico. Mas, se tudo correu como o esperado em 2015, a prometida evolução e duelo com as Mercedes este ano nunca vieram, e com a performance abaixo do esperado, o bom humor de Vettel começou a balançar com a falta de esperança em repetir as vitórias duramente conquistadas em 2015. Como desgraça pouca é bobagem, Sebastian ainda teve o desprazer de assistir seu ex-time recuperar, se não a força dominante que exercera de 2010 a 2013, pelo menos a primazia de ser o mais próximo rival da Mercedes, superando a Ferrari com relativa frequência a partir da metade da temporada. Isso, e ainda mais a comparação de resultados com Kimi Raikkonen, que foi um piloto muito mais efetivo e constante nesta temporada, deixaram Vettel ainda menos bem-humorada, e como consequência, o alemão foi o piloto que mais reclamou durante a temporada. Tanto que até mesmo a torcida italiana, geralmente impaciente e imediatista, já começa até a cobrar melhor trabalho do piloto. Se as coisas tornarem a não funcionar da maneira como se espera em 2017, já se espera que Sebastian caia fora, ou seja “despejado” do time italiano. Exagero? Quem viver, verá...