sexta-feira, 30 de setembro de 2016

COMO FICARIA O CALENDÁRIO DA F-1?


O Liberty Media fala de levar a F-1 de volta aonde estão seus fãs. Quem sabe podemos sonhar com a volta da categoria a Paul Ricard, na França, que desde 2008 não possui mais um GP no calendário?

            Uma das especulações que anda rondando a F-1, após sua “aquisição” pelo grupo americano Liberty Media, é de como ficaria o calendário da categoria máxima do automobilismo sob a nova gestão. O novo grupo controlador da F-1 já declarou que pretende levar a categoria aonde seus fãs estão, mas também já afirmaram que gostariam de ter mais provas, além de outra situação até óbvia: ter mais corridas nos Estados Unidos. O que seria melhor para a F-1, afinal?
            Em primeiro lugar, mais corridas no calendário é algo totalmente fora de cogitação. Eu diria que 20 provas por ano é um número máximo que a F-1 deveria ter. Encher o campeonato com ais GPs seria contraproducente, e tornaria o certame mais caro do que já é. Em primeiro lugar, temos a logística de transporte, que lota praticamente dois a três aviões Jumbo para as corridas fora da Europa, como a da Malásia, onde hoje começam os treinos livres para o GP, na pista de Sepang. Toda uma logística de transporte é feita desde a Europa, onde todos os times tem suas sedes, até os mais longínquos locais do mundo. Não é brincadeira colocar todo esse equipamento nas caixas de transporte, remeter para o aeroporto, retirar todas as caixas no local de destino, levá-las para o autódromo, montar todos os equipamentos, e logo após a corrida, desmontar tudo de novo, reembalar tudo, e partir para a próxima.
            Não dá para comparar com a Nascar, que tem 38 corridas no calendário da categoria principal, a Sprint Cup, tendo corrida praticamente todo fim de semana, e querer replicar isso na F-1. Não tem como. A estrutura da Nascar é fichinha perto do que a F-1 movimenta para um simples GP. Em primeiro lugar, a logística é obviamente mais simples: todas as corridas da Stock americana acontecem nos Estados Unidos, quando muito indo ao Canadá ou ao México, mas nada além disso. A estrutura que cada time precisa levar para o circuito é muito mais simples e menor, e tudo ainda viaja de caminhão das sedes até os autódromos. Como uma categoria mundial, a F-1 vai praticamente aos quatro cantos do mundo, e a quantidade de equipamento que se leva para cada GP é absurda, em se compararmos com outras categorias. Por isso mesmo, os times já consideram 20 provas por ano com o seu limite, ou 21, como é o caso desta temporada, que até então é a mais longa de toda a história da F-1. Todas as escuderias mantém um ritmo de trabalho intenso em suas fábricas, que não param nem mesmo nos fins de semana de Grandes Prêmios.
            Não é por outra razão que o calendário da categoria passou a ter “férias” no mês de agosto, período de verão no hemisfério norte, a fim de dar um pouco de descanso a seus funcionários. E olhe que o ritmo de trabalho poderia ser ainda mais puxado: antigamente, quando os testes eram liberados, já nas primeiras semanas de janeiro os times iam para a pista testar seus novos carros para a temporada. Hoje, a pré-temporada é muito restrita, e acontece somente em meados de fevereiro e início de março. Antigamente, porém, apesar da temporada começar em março, o campeonato geralmente terminava no início de outubro. Hoje, ele se estende praticamente até o fim de novembro, praticamente um mês e meio a mais, em virtude do aumento do número de corridas, que antigamente gravitava na faixa de 16 provas/ano.
            Não dá para ir muito além disso. Até porque, antigamente, cada Grande Prêmio era um evento largamente esperado pelo público, tanto nos autódromos, quanto pelos telespectadores. Lembro-me de como o fim de uma temporada, apesar de ansiada por muitos, também era algo que incomodava, pelo fato de que novas corridas aconteceriam somente no ano seguinte. Era uma “entressafra” que deixava muita gente por vezes angustiada, pensando em como as coisas se desenvolveriam para o próximo ano. Para nós, da imprensa especializada, havia os testes de inverno, que supriam um pouco a ausência dos GPs, mas o clima nunca era empolgante quanto o de um Grande Prêmio. E, no início de cada ano, ainda tínhamos a expectativa dos lançamentos dos novos carros, e ver se as promessas de bons desempenhos e concretizavam ou não. Hoje, com mais etapas, em alguns aspectos, pode-se dizer até que se banalizou um pouco os Grandes Prêmios. Mas um dos principais males dos últimos campeonatos foi Bernie Ecclestone tem optado por levar as provas mais pelo impacto financeiro do que pelo apelo dos fãs do esporte a motor.
            Não que a F-1 nunca tenha se aventurado por lugares “exóticos”... O problema foi que estes lugares passaram a ocupar a primazia no calendário, em detrimento de corridas onde o público tinha paixão pelas disputas na pista. Espera-se que o Liberty Media mude essa postura, para levar a F-1 de volta aonde ela é realmente amada pelos torcedores. Isso deve demorar um pouco, afinal, várias das atuais provas do calendário tem contratos de vários anos, e ao vencimento destes contratos, é que deve-se avaliar se tal GP está realmente sendo importante ou não para o campeonato, tanto do ponto de vista financeiro como esportivo. E essa certamente será um tendência que Bernie Ecclestone não vai aceitar passivamente. Presumindo que ele ainda fique no comando da F-1 até lá, claro.
O circuito de Yas Marina tem um visual espetacular com o anoitecer no deserto. Mas a pista não ajuda a termos boas provas por lá...
            Na minha opinião, poderiam rifar as corridas no Oriente Médio. Abu Dhabi, em que pese o espetáculo de começar a corrida ao pôr do sol do deserto, e terminar a corrida à noite, tem um circuito que, estrutura impecável à parte, possui um traçado que não rendeu quase nenhuma corrida memorável até hoje, extremamente difícil de se ultrapassar, que o diga Fernando Alonso, em 2010. A pista de Sakhir, no Bahrein, também poderia cair fora, mesmo tendo tido algumas provas bem legais em tempos recentes, e ultimamente tendo o charme de ser disputada à noite. Mesmo assim, as duas corridas estão mais no calendário pelos milhões do dólares que pagam à FOM do que à empatia do público local pelas corridas.
            Outras provas que seriam dispensáveis seriam Baku e Socchi. Baku foi uma nulidade este ano, e olhe que foi a corrida de estréia, onde tudo, sendo novidade, deveria atrair o público local mais do que nunca. Mas as arquibancadas estavam com enormes espaços vazios, e a corrida, que em tese deveria ter sido boa, pelas condições técnicas do circuito, também foi das mais modorrentas. E a Rússia, convenhamos, depois das cenas de puxa-saquismo explícito de Ecclestone a Vladimir Putin & cia. na tribuna de “honra” (ou seria desonra?) na corrida inaugural, em tempos onde o presidente russo vinha bagunçando com a Ucrânia, e “tomando” sem a menor cerimônia a Criméia, dá nojo ver a confraternização do chefão da FOM com aquela turma. Se o ditador da Coréia do Norte despejasse alguns milhões de dólares na conta da FOM, provavelmente a turma da F-1 seria obrigada a disputar um GP na capital da Coréia do Norte. Ecclestone fala que não se deve misturar a F-1 com política, mas depois dessa...
            Nem a China escaparia: o circuito de Shanghai é magnífico, e tem seu charme, mas as levas de arquibancadas vazias (tem várias delas que há anos ficam vazias) mostra que a F-1 não “pegou” no país como se deveria. Mas, deixando de lado as provas que, na minha opinião, não fariam falta, e as que deveriam entrar na competição? Ou, melhor dizendo, voltar?
            Fala-se de um número maior de provas nos Estados Unidos. Já houve época em que a F-1 corria mais de uma vez nas terras do Tio Sam. No início dos anos 1980, tínhamos a corrida do leste, em Watkins Glen (substituída depois por Detroit, um circuito de rua péssimo), e a corrida do oeste, disputada nas ruas de Long Beach. E houve também corrida nas ruas de Dallas, em outra pista de rua pra lá de ruim. Mas Long Beach se cansou da F-1, e preferiu a Indy, que até hoje corre por lá. Detroit foi substituída por Phoenix, e Dallas, virou apenas uma péssima lembrança. A F-1 só voltou a ter um palco decente no ano 2000, com uma corrida disputada em um circuito misto montado dentro do Indianapolis Motor Speedway, que agradou aos torcedores e à categoria. Mas, mesmo assim, a F-1 não “pegou” direito por lá, ainda mais depois daquele momento constrangedor visto em 2005, com uma prova disputada apenas por 6 carros, devido aos problemas enfrentados pela Michelin numa das curvas do traçado. E, atualmente, temos a corrida em Austin, no belo Circuito das Américas, uma pista mais do que atrativa para público e equipes. O único problema é não ter tido nenhuma corrida memorável por lá desde que o circuito estreou no calendário, uma vez que primeiro pegou o domínio da Red Bull, e atualmente temos o domínio da Mercedes. Na hipótese de termos mais uma corrida nos Estados Unidos, só vejo como opção a pista mista do Indianapolis Motor Speedway com a estrutura necessária para sediar um GP de F-1.
Muitos adorariam ver os F-1 correrem em Road America, mas há quem ache mais viável voltarem ao circuito misto de Indianápolis (abaixo).
            Eu adoraria ver os F-1 em Elkhart Lake, mas a pista precisaria de uma estrutura maior para receber a turma da F-1, que certamente ainda iria chiar com a segurança do circuito em vários pontos. A menos que o pessoal do Liberty Media acabe um pouco com essas exigências exageradas (não que a segurança seja ponto discutível, mas também não é preciso execrar certas pistas com estruturas mais simples, que hoje são classificadas como “inaptas” ou “deficientes”, dependendo do contexto, para receber a categoria máxima do automobilismo), não vejo outras pistas conhecidas por onde a F-1 poderia correr nos EUA.
            Há tempos Bernie tenta flertar com os americanos para ter pelo menos mais um GP por lá. Recentemente, quase acertou uma corrida nas ruas de Nova Jérsei, mas os organizadores não conseguiram garantir o dinheiro para pagar as taxas da FOM, e sem grana, sem corrida. Por outro lado, tentar fazer corridas em circuitos de rua nos EUA ultimamente virou um caso complicado, como pudemos ver nas últimas tentativas da Indy de fazer novas corridas que não se sustentaram, como foi o caso de Baltimore, ou de tentativas completamente malsucedidas, como Boston. O modo dos americanos de fazer as coisas também não bate exatamente com o modus operandi do chefão da FOM, razão pela qual os entendimentos nem sempre conseguem fluir como poderiam. Com o Liberty Media à frente a partir de 2017, quem sabe as coisas mudem...? Em termos de logística, uma segunda corrida nos EUA poderia ser em junho, para aproveitar a ida ao Canadá, ali ao lado, como era feito antigamente, quando o campeonato engatava junto com a prova do México, que atualmente retornou ao calendário, fazendo justamente parceria com a prova de Austin, mas em outubro/início de novembro, o que deixou a etapa de Montreal praticamente isolada no aproveitamento logístico. Que, aliás, diga-se de passagem, ficou péssimo, com o pessoal tendo de sair rapidinho de Montreal para ir direto para Baku, em menos de uma semana, situação que infelizmente irá se repetir em 2017, obrigando todo mundo a enfrentar novamente o pesadelo do deslocamento em menos de uma semana para meio mundo de distância. Aliás, o que se poderia esperar de Ecclestone, que parece ter pego raiva de ver um piloto da F-1, Nico Hulkenberg, ganhar as 24 Horas de Le Mans no ano passado, como piloto da Porsche, o que atraiu muita atenção para o seu nome, mas não para a F-1, onde corre pela Force India. Dizem que marcar a nova prova da Europa para o mesmo fim de semana nada teve de coincidência, a não ser aplacar o ego de Bernie, que não gosta de ver nada ofuscar o seu “brinquedo”, e por isso mesmo, teria marcado a data de birra, que continua no próximo ano, para infelicidade não apenas dos integrantes do circo da F-1, mas para os fãs de automobilismo em geral. Quem saiu perdendo foi a F-1, o que não é novidade...
            Mais pragmáticos, os americanos talvez consigam conciliar isso melhor. E, quem sabe, pudéssemos também voltar a ter alguns GPs na Europa que foram varridos do mapa por Ecclestone nos últimos tempos? Sinto muita falta da França, mas não de Magny-Cours. Todo mundo gostaria de retornar a Paul Ricard, próximo ao Mediterrâneo, naquele que foi sempre o circuito francês preferido de todos, e que sediou seu último GP em 1990. E quem sabe retornar a Portugal. Se o velho Estoril não dá conta do recado, temos a bela pista de Portimão, quase no mesmo estilo, mas muito melhor estruturada. E até mesmo Ímola, que passou por uma reforma completa, poderia retornar. E tudo isso sem perder as pistas “clássicas”, como Silverstone e Monza. Hockenhein, depois da mutilação sofrida na década passada, perdeu seu charme e identidade, e hoje não me desperta mais simpatia, e pelo andar da carruagem, até o povo alemão parece não curtir mais o autódromo, que esteve mais vazio neste ano do que posso me lembrar... E olhe que lembro dos tempos onde dava para ver o Motodron completamente lotado...
A pista de Baku prometia um GP de  grandes emoções, mas o que se viu foi uma das provas mais chatas da temporada, com várias arquibancadas com um público ínfimo...
            Tudo isso, por enquanto, não passa de especulação. Esse texto foi apenas um exercício do que gostaria de ver mudar no calendário da F-1, e acredito que muitos fãs tenham posição similar à minha. Alguns, talvez posições mais radicais, outros talvez menos. Mas todo mundo certamente quer mudanças no calendário, para o retorno não apenas de corridas clássicas, mas também aos locais onde o público ainda ama a F-1 como ela realmente merece ser amada. A categoria precisa se reinventar para voltar a atrair o público que sempre atraiu nos bons tempos. E fazer com que o público possa sentir de novo a paixão pela categoria máxima do automobilismo como antigamente passa pelo retorno de corridas nos circuitos onde o público ama de verdade as competições automobilísticas. O fator financeiro, claro, sempre terá importância, pois acima de tudo, a F-1 é um negócio que deve dar lucro, mas espera-se que o lado esportivo, e de tradição, volte a contar um pouco mais como era antigamente, antes que a busca pelo lucro ofuscasse por completo os outros parâmetros pelos quais a F-1 deveria se conduzir.
            Muito se espera da nova “direção” da F-1. É bom ter esperança, mas também é igualmente importante lembrar a todos que a F-1 não irá mudar da noite para o dia, e mesmo as mudanças que podem ser implantada precisam ser feitas aos poucos, dentro das possibilidades, e principalmente se chegando aos consensos necessários que permitam que a categoria possa se revigorar, sem entrar em guerra consigo mesma. Vai ser algo complicado, mas com fé, esperança, e jogo de cintura, dá para conseguir contentar a todos. Esperemos pelo melhor...

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - SETEMBRO DE 2016



            Mais um mês está indo embora, e alguma categorias já encerraram o seu ano, como a Indy e a Indy Lights, enquanto várias outras categorias seguem firmes mundo afora no universo do esporte a motor, com algumas também entrando em sua reta final. E, como acontece sempre ao fim de cada mês, é novamente chegada a hora de trazer o habitual balanço dos acontecimentos vividos pelo mundo da velocidade nestas últimas semanas, com mais uma edição da Cotação Automobilística, fazendo a sua tradicional avaliação do panorama deste mês que estamos deixando para trás, no esquema conhecido de sempre nas avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Então, uma boa leitura para todos, e no mês que vem tem mais...



EM ALTA:

Simon Pagenaud: O piloto francês da equipe Penske sagrou-se campeão da temporada 2016 da Indy Racing League com todos os méritos. Foi o piloto que mais venceu durante o campeonato, com 5 vitórias, a última delas justamente em Sonoma, a etapa final, coroando com chave de ouro a sua conquista do título, tendo inclusive largado na pole-position, posição que ocupou por 8 vezes no ano. Com os problemas de câmbio enfrentados por Will Power na corrida final, Simon poderia ter relaxado e simplesmente corrido para terminar à frente de seu companheiro na equipe de Roger Penske, mas lutou firme para terminar o ano com uma vitória irretocável, e mostrar que ele foi, de fato, o melhor piloto de todo o campeonato, e não apenas o mais regular, como teve de ser em algumas das etapas da competição. Com isso, Pagenaud cala os críticos que desandaram de sua temporada em 2015, quando sofreu um pouco para e adaptar à nova escuderia, e desde já se torna o piloto a ser vencido na temporada de 2017.

Nico Rosberg: O piloto alemão da equipe Mercedes mostrou que ainda está firme no páreo pelo título da F-1 em 2016. Com uma desvantagem de 19 pontos para Lewis Hamilton antes de iniciar o GP da Bélgica, no retorno das férias de agosto, Rosberg cumpriu seu papel ao vencer em Spa-Francorchamps, prova que Hamilton e a Mercedes escolheram para eliminar o seu déficit de motores para a temporada. Mas em Monza e Cingapura, foi Rosberg a mostrar toda a sua capacidade para aproveitar as oportunidades e retomar a dianteira do campeonato, que parecia irremediavelmente perdida para o atual campeão inglês. Um vacilo de Lewis na largada na Itália acabou com suas chances de vitória, que foram bem aproveitas por Nico, e em Cingapura, em uma pista onde Red Bull e Ferrari tinham tudo para complicar a vida da escuderia alemã, Rosberg não deu chances aos adversários, e conseguiu uma vitória categórica que mostra que o duelo dele com Hamilton está longe de terminar, e que deve seguir aberto até o fim do campeonato.

Marc Márquez: O piloto espanhol ruma firma para o tricampeonato na MotoGP, ao conquistar em Aragão mais um triunfo, e brecar a escalada de seus rivais Valentino Rossi e Jorge Lorenzo, que vinham aos poucos reduzindo sua imensa vantagem na competição, que agora equivale à mais de duas vezes a pontuação de uma vitória, o que significa que mesmo que abandone as próximas duas etapas da competição, ele ainda permanecerá como líder do campeonato. Mas o número de corridas vai diminuindo, e com isso, também as chances da dupla da Yamaha reverter a situação e se posicionar melhor para tentar conquistar o título da temporada. A “Formiga Atômica” vem conseguindo se manter livre de maiores problemas no ano, mas nem por isso deixa de ser agressivo e ousado quando a chance de vitória se apresenta. Em Aragão, Márquez soube ter paciência e achar o momento certo para atacar e rumar firme para a vitória, sem cometer nenhum erro, e mesmo depois de levar um tombo feio em um dos treinos. Vai ser difícil impedir o tricampeonato do piloto da Honda...

Variedade de vencedores no Campeonato da MotoGP: Por mais que Marc Márquez esteja rumando com determinação rumo ao tricampeonato, é inegável que a temporada da classe rainha do motociclismo está mostrando grandes embates nas corridas, e conseguiu até agora a façanha de apresentar nada menos do que oito vencedores diferentes na atual temporada, um dado bastante positivo para os fãs da velocidade. E ainda podem pintar novos vencedores até o fim da competição, dependendo das circunstâncias. Mesmo que alguns destes vencedores sejam ocasionais, depois de algumas temporadas onde o degrau mais alto do pódio foi monopolizado pelos times de fábrica da Honda e Yamaha, não deixa de dar uma perspectiva animadora para a próxima temporada, onde a concorrência deve ficar ainda mais acirrada com o melhor desenvolvimento dos concorrentes. E, na pista, os pilotos tem contribuído para as disputas, sempre partindo para o ataque, com alguns pegas que levantaram o público nas arquibancadas.

Felipe Fraga: O piloto da equipe Cimed Peugeot conquistou na corrida 1 de Londrina sua 3ª vitória na atual temporada da Stock Car brasileira, e ampliou ainda mais sua vantagem na competição, acumulando agora 39 pontos para o vice-líder, Rubens Barrichello. É uma vantagem razoavelmente confortável, mas ainda há 4 provas para fechar a competição, todas em rodadas duplas, o que significa que Fraga não pode baixar a guarda, até porque a princípio seu lugar no time será ocupado por Cacá Bueno em 2017. Portanto, o líder da competição, que conseguiu também vencer a Corrida do Milhão, em Interlagos, precisa se prevenir contra reviravoltas que possam complicar suas chances de faturar o título da competição, um belo cartão de visitas para garantir seu lugar no grid no próximo ano. Cada rodada dupla permite a um piloto acumular até 45 pontos, se vencer ambas as provas. A corrida 1 garante 30 pontos ao vencedor, enquanto a corrida 2 dá a metade, 15 pontos. E atrás de Barichello vem muita gente disposta a embolar a competição, como Valdeno Brito, Marcos Gomes, Max Wilson, Diego Nunes, Cacá Bueno e Daniel Serrar. E essa turma não vai desistir sem lutar.



NA MESMA:

Calendário da IRL 2017: Depois de pelo menos garantir algumas provas interessantes para o calendário, a direção da Indycar conseguiu manter todas as corridas para a próxima temporada, que terá uma proava a mais, com a inclusão de Saint Louis na disputa. A categoria manteve todas as corridas deste ano, o que é um bom sinal, e há tratativas para Portland e Surfer’s Paradise serem incluídas em um futuro próximo. Mas a direção da Indycar precisa dar uma esticada no tempo da competição, que continua muito apertado, com todo o campeonato sendo disputado num espaço de praticamente 180 dias. Ao alegar que faz isso para não bater de frente com outros campeonatos esportivos nos Estados Unidos, a Indycar simplesmente não mostra muita fé no seu próprio produto, que tem de ser forte o suficiente para se garantir na concorrência com outras modalidades esportivas. Ao menos a temporada 217 não terá nenhuma “aventura” em pistas desconhecidas, que poderiam gerar problemas operacionais, como foi a malfadada tentativa de promover uma corrida nas ruas de Boston, que acabou cancelada, este ano.

Brasileiros na IRL: Pelo segundo ano consecutivo, Tony Kanaan e Hélio Castro Neves passaram em branco na categoria de monopostos dos Estados Unidos. Hélio ainda conquistou duas pole-positions, mas não conseguiu vencer nenhuma corrida, sendo o único piloto da Penske a não subir ao degrau mais alto do pódio na temporada. Apesar disso, e graças à sua regularidade, Hélio terminou o campeonato na 3ª colocação, resultado que até não pode ser considerado exatamente ruim, mas se levarmos em consideração que Josef Newgarden terminou apenas 2 pontos atrás do brasileiro, na classificação, o panorama não é dos mais agradáveis, dando a entender quão sem brilho foi o ano de Helinho, que segue firme na Penske para 2017. Tony Kanaan, por sua vez, foi vítima de vários azares durante o ano, bem como de estratégias que não lograram êxito, e em determinados momentos seu time não conseguiu encontrar o melhor ajuste do equipamento. Terminando o ano apenas 16 pontos atrás de Scott Dixon se torna um alento, pelo fato de mostrar que todo o time da Ganassi teve de fato um ano mediano em termos de resultados, já que em várias corridas havia performance para muito mais. Mas passar mais um ano sem vencer, quando 8 pilotos diferentes venceram nesta temporada chega mesmo a incomodar. Melhor sorte em 2017...

Rivalidade na Yamaha: A equipe de fábrica dos três diapasões está com o clima quente nos boxes na MotoGP. De saída para a Ducati em 2017, Jorge Lorenzo tem se bicado com Valentino Rossi nas últimas entrevistas pós-GP, mostrando que a escuderia não tem o melhor dos ambientes de convivência entre os dois campeões. Lorenzo criticou a ultrapassagem sofrida por ele em Misano, alegando que Rossi foi agressivo em demasia, ao que muitos entenderam como inconformismo por estar atrás do italiano na classificação do campeonato. Depois de andar muito abaixo do esperado em algumas etapas com chuva neste ano, é óbvio que Lorenzo que tentar sair da Yamaha por cima, para chegar á Ducati como tendo sido o piloto mais veloz do time japonês ao fim da temporada. Mas Rossi não vai aliviar para o espanhol na pista, e se ele disse que o italiano foi agressivo, o que dizer então de Marc Márquez, que costuma ser bem mais atirado na disputa de posição? O duelo entre a dupla da Yamaha só vai ajudar Márquez a disparar ainda mais na competição, a exemplo do que vimos na prova de Aragão, com o piloto da Honda partindo para mais um triunfo, enquanto Rossi e Lorenzo duelavam para ver quem seria o 2° colocado, que acabou ficando com Lorenzo. Rossi por pouco não deu adeus à corrida em sua última investida contra Lorenzo, a poucas voltas do fim, tentando retomar a 2ª posição, mas conseguiu evitar de sofrer o pior, e garantir o pódio, ao mesmo tempo em que manteve uma disputa limpa tanto quanto possível com o parceiro de time. Resta saber até quando os dois conseguirão se encontrar “pacificamente” na pista, pois pelo que se vê nas entrevistas, o respeito que Lorenzo e Rossi aparentavam ter um pelo outro já foi para o espaço...

Disputa Ferrari/Red Bull na F-1: Com a Mercedes disparada na liderança, parte da atratividade do Mundial de F-1 é ver quem será a melhor equipe do “resto” do grid, e a disputa entre a Red Bull e a Ferrari tem tudo para se estender até a prova final, em Abu Dhabi. O time rosso saiu-se melhor na Itália, graças ao traçado de alta velocidade de Monza, que tolheu parte do poderio da Red Bull, mas o time dos energéticos até conseguiu reagir em Cingapura, marcando 4 pontos a mais que a escuderia italiana, que se encontra agora 15 pontos atrás do time dos energéticos na classificação de construtores. Mas tanto Red Bull quanto Ferrari poderiam ter feito mais em Marina Bay. Pelo lado da Red Bull, uma largada ruim comprometeu a prova de Max Verstappen, e pelo lado da Ferrari, uma falha no treino de classificação obrigou Sebastian Vettel a largar da última fila, de onde fez uma grande prova de recuperação. A disputa entre os dois times promete ser dura até a corrida final. Quem vai ficar com o vice?

Disputa Force India/Williams: Enquanto Ferrari e Red Bull se digladiam, logo atrás, a Williams e a Force India também estão engalfinhadas pelo posto de 4ª força do campeonato na F-1. Se a Williams havia conseguido uma folga em Monza, ela foi por água abaixo em Cingapura, onde novamente os indianos fizeram um trabalho um pouco melhor, e voltaram a ficar à frente do time de Frank Williams, que está tendo trabalho até para conseguir pontuar. Por sua vez, a Force India só não passou à frente com maior folga porque Nico Hulkenberg acidentou-se logo na largada da corrida de Marina Bay. A Williams tenta se segurar do jeito como pode, enquanto a Force India vem melhorando paulatinamente, e já tem um ritmo de prova superior, podendo terminar o ano na sua melhor classificação desde que estreou na F-1. Quem vai levar a melhor nesta disputa?



EM BAIXA:

Felipe Massa: O piloto brasileiro anunciou em Monza que está se despedindo da F-1 ao fim do ano, e com o desempenho que vem mostrando, sua última temporada na categoria máxima do automobilismo infelizmente não será das mais memoráveis. Prova disso foi o desempenho que o piloto demonstrou nas etapas da Itália e Cingapura, onde ele até começou bem, mas depois decaiu, sem conseguir resultados mais expressivos. Felipe sai de cabeça erguida da F-1, por ter conseguido manter durante toda a sua carreira a imagem de um piloto ético, solidário com seus times, e sem criar celeumas com rivais e companheiros de equipe, algo que é valorizado no ambiente interno da categoria. Mas, para muitos torcedores, será visto como mais um brasileiro que “fracassou” na tentativa de ser campeão, o que quase ocorreu em 2008, e nunca mais se repetiu. E, infelizmente, a Williams acaba cumprindo sua sina de “enterrar” a carreira de mais um piloto brasileiro na F-1, como já havia acontecido com Antonio Pizzonia, Rubens Barrichello, Bruno Senna, e agora com Massa. Críticas à parte, seria pelo menos uma vitória moral Felipe conseguir terminar o ano com alguns resultados mais razoáveis, já que na classificação está sendo alcançado por Fernando Alonso, mesmo com uma McLaren claudicante. Ficar atrás do espanhol seria um ponto negativo indesejável para se ter no currículo a esta altura da sua participação na F-1.

Equipe Audi no Mundial de Endurance: O time da Audi tem mostrado que seu novo modelo R-18 tem um desempenho bem satisfatório para bater a Porsche no Mundial de Endurance, mas precisa ter sua fiabilidade melhor trabalhada, assim como o trabalho da equipe, uma vez que a esquadra alemã perdeu novamente as chances de vitória em mais uma etapa por detalhes importantes nestes quesitos. Em Austin, no Texas, a equipe de Ingolstadt poderia muito bem ter vencido em dobradinha, e até com certa folga, mas acabou vendo a Porsche novamente garantir o seu triunfo, ao não mostrar a confiabilidade de seu equipamento, algo muito importante numa categoria de provas de longa duração, onde velocidade e fiabilidade devem andar de mãos juntas tanto quanto possível. O prejuízo para a Audi só não é maior porque na Porsche quem vem vencendo as corridas é o trio do carro que começou mal a competição, e portanto, ainda está se recuperando na classificação, que é liderada pelo outro carro da escuderia. E, claro, agradecer pelo fato da Toyota também não estar conseguindo mostrar resultados à altura do que se esperava dos nipônicos, que pelo visto vão passar mais um ano como coadjuvantes na luta entre os alemães no WEC.

Juan Pablo Montoya: O piloto colombiano pode ter terminado a temporada da IRL 2016 com um belo terceiro lugar na prova final, em Sonoma, mas o balaço da temporada para o vice-campeão de 2015 é muito ruim. Montoya iniciou o ano vencendo em São Petesburgo, dando a entender que manteria o elevado ritmo demonstrado no ano passado, quando por pouco não levou o título, mas conforme a temporada avançava, foi Pagenaud a comandar o campeonato pela Penske, enquanto o colombiano despencava com resultados muito ruins. Tão ruins que Roger Penske está considerando a manutenção do esquema de quatro carros da Penske para 2017, e segundo dizem, com chances de contratar Josef Newgarden, um dos destaques da categoria, para o lugar de Montoya. Juan Pablo já garantiu que continua na IRL no próximo ano, o que indica que ele saiu a campo para garantir um lugar no grid na próxima temporada. Que necessariamente não significa estar na Penske. Roger Penske quer decidir logo essa situação, e se há 3 anos atrás sua aposta no colombiano, que estava abandonando a Nascar, se mostrou acertada, hoje parece que essa aposta já venceu, e que Montoya precisará buscar novos ares se quiser continuar no grid de 2017...

Red Bull na Stock Car brasileira: Depois de praticamente uma década apoiando integralmente o time de Andreas Matheis, eis que a fabricante de energéticos mais conhecida do planeta resolveu dizer adeus à categoria da Stock Car brasileira. Em um momento de crise na economia, não é um bom sinal perder um patrocinador com a força que a Red Bull tem, ainda mais pelo fato da marca não ter exatamente problemas financeiros que justifiquem largar o patrocínio desta maneira. Embora não tenha havido declarações a respeito, comenta-se nos bastidores que a marca já andava de saco cheio de alguns desmandos ocorridos na categoria, bem como por parte da CBA. Analisar tudo isso daria espaço para um livro, e só o que se pode avaliar é que não deixa de ser uma notícia ruim para a Stock Car, que conseguiu se manter na TV, mas no canal por assinatura SporTV, que gera muito menos visibilidade do que na TV aberta, espaço que a Globo parece não estar disposta a conceder à categoria no curto prazo, mantendo as transmissões apenas na TV paga.

Jenson Button: O piloto inglês, campeão de 2009, vai se retirar da F-1, pelo menos na temporada de 2017, com vistas a um retorno em 2018, que muitos acreditam que seja difícil de ocorrer. A McLaren procurou se garantir para a eventualidade de Fernando Alonso abandonar o time ao fim do próximo ano, e com isso, ficar sem um nome de peso para comandar o time em 2018. Button, por sua vez, não andava com seu cacife muito em alta para negociar sua permanência em bases mais vantajosas para o próximo ano, tendo seu nome vinculado a uma transferência para a Williams, mas sem o status importante que presumivelmente julgaria ter. O ano “sabático” que anunciou tirar vai testar a vontade de Jenson em realmente permanecer na F-1, ou se irá partir para novos desafios na vida profissional. Ao mesmo tempo, ele permanecerá auxiliando o time no desenvolvimento do carro na fábrica, e poderá confirmar se a McLaren irá realmente voltar a disputar as primeiras colocações, o que poderia motivá-lo a voltar ao cockpit como titular em 2018. Mas, no caso do projeto do time inglês ainda demorar a se acertar, é bem possível que Button pense melhor, e pendure o capacete na F-1. Mika Hakkinem fez isso em 2002, quando prometia voltar em 2003. O bicampeão finlandês deixou a F-1 meio que por baixo, mas viu que seus desejos já eram outros... Vejamos que decisão Button tomará...