E
metade de 2016 já foi embora. Parece até que foi ontem que o ano começou.
Realmente, em alguns momentos o tempo parece realmente voar, e já estamos no
mêsde julho, iniciando o segundo semestre deste ano. E como é de praxe no
início de cada mês, é hora de relacionar alguns dos acontecimentos ocorridos no
último mês, que não foram relatados e comentados nas minhas colunas regulares.
Por isso, vamos a mais uma sessão da Flying Laps, com algumas notas rápidas destes
acontecimentos do mundo da velocidade em junho, destacando um pouco dos campeonatos
da Indy Racing League e da MotoGP, sempre com alguns comentários sobre o
assunto. Portanto, uma boa leitura para todos, e no mês que vem tem mais notas
na próxima Flying Laps. Até breve.
A Indycar
teve um fim de semana movimentado com a rodada dupla disputada no Belle Isle
Park, em Detroit, poucos dias após a 100ª edição das 500 Milhas de
Indianápolis. Na primeira corrida, Simon Pagenaud largou na frente, mas depois
de alguns percalços durante a corrida, onde algumas das bandeiras amarelas que
surgiram devido a alguns pilotos acertarem seus carros nos muros do traçado, o
francês acabou ficando fora da luta pelo pódio, e arriscando na tática de
combustível, acabou precisando de uma parada extra nos boxes nas voltas finais,
despencando para o 13° lugar. Hélio Castro Neves, que também largou na primeira
fila, deu mais sorte, e acabou cruzando a linha de chegada em 5° lugar. Tony
Kanaan também foi outro que acabou tendo a estratégia de corrida bagunçada
pelas bandeiras amarelas, e foi somente o 9° colocado. Quem acertou em cheio
nas estratégias foi Sebástien Bourdais, que levou a KV a mais uma vitória.
Conor Daly também acertou o momento de suas paradas, e conseguiu um excelente
segundo lugar para a Dale Coyne. Na corrida de domingo, Pagenaud novamente
largou na frente, e desta vez não deu moleza para o azar, chegando em 2° lugar,
logo atrás de Will Power, que venceu pela primeira vez na temporada, apagando
um pouco o mau momento vivido na corrida do sábado, quando seu carro parou na
pista devido a um problema, forçando-o a abandonar a prova. Quem deu azar na
prova de domingo foi Hélio Castro Neves, que vinha firme para vencer, até que
uma bandeira amarela justo no momento em que ele precisava ir ao box aconteceu,
e com isso, o fez despencar para o fim do pelotão, terminando a prova apenas em
14°. Quem também teve um domingo para esquecer foi o colombiano Juan Pablo
Montoya: 3° colocado na corrida do sábado, o piloto acabou acertando o muro e
dando adeus à corrida. Quem também teve sorte diferente do sábado foi Scott
Dixon: o neozelandês havia abandonado a corrida de sábado, mas conseguiu um bom
5° lugar na prova de domingo. Já Bourdais, vencedor no sábado, finalizou o domingo
com a 8ª posição. Tony Kanaan, mais uma vez enrolado com a estratégia de
corrida e as bandeiras amarelas, foi o 7° colocado.
Se o fim de semana da Indy em Detroit
foi complicado, a etapa seguinte do campeonato, no Texas, foi pior ainda. A
chuva resolveu dar as caras, e isso forçou o adiamento da corrida, que
começaria no fim da tarde e terminaria à noite no Texas Motor Speedway, para o
domingo, já que se tratava de uma pista oval. E a chuva acabou voltando no
domingo também, após a corrida ter cerca de 71 voltas completadas. Mas o susto
foi o violento acidente entre Josef Newgarden e Conor Daly, que resultou até em
fratura na clavícula e na mão direita. Sem condições de recomeçar a corrida, a
direção da Indycar tomou uma decisão inusitada, transferindo a continuação da
corrida para a última semana de agosto, dali a pouco mais de dois meses.
Cogitou-se de permitir a participação de Newgarden e Daly na continuação da
corrida, mas isso não foi permitido. Aliás, pode-se dizer que a continuação da
prova será meio complicada de ser feita na sequência exata, por não ser
exatamente possível recuperar até a condição dos carros no momento de sua
interrupção. Na verdade, parece que foi exagerado o adiamento da corrida para
tão longe. E, pendengas à parte, o mais sensato seria descartar o que foi feito
de corrida no fim de semana original, e disputar a corrida praticamente do
zero, fazendo apenas um treino livre para reacerto dos carros, aproveitando-se
o grid de largada já formado. Infelizmente, uma das consequências da direção da
Indycar de comprimir o campeonato em meio ano resulta no acúmulo de corridas em
finais de semana muito próximos, o que inviabiliza certas datas no caso de algo
precisar ser remanejado. E muitos fãs são favoráveis à extensão da competição para
todo o mês de setembro e outubro também, a fim de permitir um descanso maior de
equipes e pilotos, relaxando um pouco a logística apertada de transporte dos
equipamentos para todos os circuitos. Quem sabe para o ano que vem eles atentem
um pouco mais para este fato. Já é consenso que a tática de deixar o campeonato
“comprimido” de março a agosto para evitar de bater com outros eventos na
disputa de audiência pela TV não está rendendo os resultados esperados.
A Indycar finalmente estreou a etapa de
Road America no seu calendário, que havia sediado pela última vez uma prova de
categoria Indy em 2007, ainda nos tempos da F-Indy original. E o público,
mostrando sua predileção por aquele que é considerado o melhor circuito misto
dos Estados Unidos, compareceu em peso, com um mais de 100 mil pessoas no fim
de semana. Will Power largou na frente, e conseguiu vencer sua segunda corrida
na temporada, mas o australiano precisou suar o macacão nas voltas finais,
defendendo-se de um embalado Tony Kanaan que estava determinado a roubar a
primeira colocação do piloto da Penske. Quem também fez uma grande corrida foi
Graham Rahal, com o 3° posto. Curiosamente, Rahal também foi 3° colocado na
última corrida da Indy original na pista, em 2007, quando o filho de Bobby Rahal
defendia a equipe Newmann/Hass/Lannigan. A corrida de Road America até que foi
tranquila, tendo apenas dois abandonos: Scott Dixon, e Conor Daly, sendo que
este último teve uma quebra de suspensão no fim da reta dos boxes e foi de
encontro à barreira de pneus, gerando a única bandeira amarela da corrida, a
poucas voltas do final. Foi o que bastou para o restante da prova pegar fogo,
com todos os pilotos, novamente juntos, partirem para o duelo direto, com
sucesso para alguns e fracasso para outros. Quem acabou se dando mal foi
justamente o líder do campeonato, Simon Pagenaud, que acabou despencando para o
meio do pelotão, e finalizou a corrida na 13ª posição. Com o 5° lugar de Hélio
Castro Neves, que sempre andou entre os primeiros, mas nunca conseguiu discutir
a vitória, o brasileiro reassumiu a vice-liderança do campeonato, com 301
pontos, 74 atrás de Pagenaud, que continua com boa folga na dianteira da
competição. Com a segunda vitória consecutiva, Power ascendeu à 3ª posição, com
294 pontos. Scott Dixon caiu para o 4° posto, com 285 pontos, acossado por
Josef Newgarden, que mesmo com dores no corpo pelos ferimentos da prova do
Texas, participou da corrida e terminou num razoável 8° lugar, agora tendo 283
pontos na classificação. Tony Kanaan também evoluiu na tabela, ocupando agora a
6ª posição, com 280 pontos. A próxima corrida é no dia 10 de julho, no circuito
oval de Iowa.
O mundo da motovelocidade sofreu um
baque nos treinos da categoria Moto2 na etapa de Barcelona, quando o jovem
piloto espanhol Luis Salom saiu reto com sua moto na curva 12 da pista da
Catalunha. Ao atingir a barreira de proteção, de acordo com testemunhas, a moto
teria caído em cima do piloto, ocasionando inúmeros ferimentos. Salom foi
socorrido imediatamente e levado para o Hospital Central da Catalunha, onde
passou por cirurgia, mas não resistiu, falecendo no fim da tarde. A direção da
MotoGP resolveu alterar o traçado usado na pista, adotando a faixa que é usada
atualmente pela Fórmula 1, que transforma o trecho em pista de baixa
velocidade, ao contrária do antigo trecho que já foi usado pela categoria
máxima do automobilismo, cuja área de escape é bem menor.
Valentino Rossi fez uma exibição
primorosa no GP da Catalunha: o “Doutor” largou em 5°, mas caiu para a 9ª
colocação, e veio recuperando terreno, assumindo a liderança da competição e
conquistando a 7ª vitória na classe rainha no circuito de Barcelona. Marc
Márquez bem que tentou dificultar as coisas para o italiano da Yamaha, mas a
exemplo de Mugello, onde o piloto da Honda travou um duelo épico com Jorge
Lorenzo, em Barcelona Marc também acabou perdendo a vitória, e ficou com o 2°
lugar. O pódio foi completado por Dani Pedrosa, e os três pilotos homenagearam
o falecido Luis Salom, vestindo camisetas por cima de seus macacões no pódio
com dizeres referentes ao piloto. Um gesto bonito de se ver. Aliás, Rossi
decidiu dar o primeiro passo para se reconciliar com Márquez, com quem as
relações andavam estremecidas desde o fim do campeonato do ano passado,
cumprimentando o rival. Quem saiu esbravejando de Barcelona foi Jorge Lorenzo:
o tricampeão espanhol, além de não conseguir ter a mesma performance dos rivais
na pista da Catalunha, ainda acabou fora da prova em virtude de uma disputa de
posição com Andrea Iannonne, que mais uma vez exagerou na dose, acertou
Lorenzo, e ambos foram parar fora da pista. O espanhol, aliás, deve estar
aliviado por ver que o italiano foi dispensado pela Ducati para 2017, que
preferiu manter Andrea Dovizioso no time. Certamente, os ânimos entre os dois não
seriam os mais amigáveis depois do que aconteceu em Barcelona...
Querem uma corrida agitada? É só
convidar São Pedro, que a chuva garante o fim da monotonia de qualquer
competição. Que o digam os torcedores da MotoGP na mais tradicional corrida do
campeonato, em Assen, na Holanda, onde o aguaceiro fez vários pilotos se
enrolarem no trato com o piso molhado, enquanto outros ficaram pelo meio do
caminho. A chuva forte, aliás, provocou até a interrupção da corrida, que foi
reiniciada algum tempo depois. Os principais nomes para vencer a corrida,
Andrea Dovizioso e Valentino Rossi, acabaram sucumbindo ao piso escorregadio, e
caíram com suas motos. Dani Pedro e Jorge Lorenzo, por sua vez, não conseguiam
render nada no aguaceiro holandês. Marc Márquez, por sua vez, se segurava
firme, tentando seguir para o final, na luta pela vitória. Mas eis que o
australiano Marc Miller, da equipe satélite Marc VDS, estava literalmente
encapetado, e assumiu a ponta para não mais soltá-la, vencendo a corrida, e
quebrando um domínio de uma década dos times de fábrica na classe rainha do
motociclismo. Vendo o destino de seus rivais na pista lisa, e com Pedrosa e
Lorenzo sem ritmo várias posições atrás, Márquez fez o certo: preferiu garantir
mais um pódio, e abrir ainda mais vantagem na classificação do campeonato, do
que forçar o ritmo em busca da vitória e ir conhecer a caixa de brita da pista
holandesa. Scott Redding, da Pramac, equipe satélite da Ducati, completou o
pódio. Com o resultado de Assen, Marc Márquez (Honda) lidera o campeonato, com
145 ponto. Jorge Lorenzo (Yamaha) é o 2° colocado, com 121 pontos. Valentino
Rossi (Yamaha) vem na 3ª posição, com 103 pontos, seguido por Dani Pedrosa
(Honda) com 86, Maverick Viñalez (Suzuki) com 79, e Pol Spargaró (Tech3), com
72. A próxima etapa da competição é no dia 17 de julho, em Sachsenring, na
Alemanha.
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