quarta-feira, 27 de julho de 2016

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - JULHO DE 2016



            Nem bem iniciamos o segundo semestre de 2016, e o mês de julho já está ficando para trás. O mundo do esporte a motor não pára, e seus diversos campeonatos realizados por todo o mundo seguem em frente, com a disputa firme pelo título da competição. E, como é de praxe ao final de todos os meses, é novamente a hora de trazer o habitual balanço dos acontecimentos vividos pelo mundo da velocidade ao redor do mundo nestas últimas semanas, com mais uma edição da Cotação Automobilística, fazendo sempre a sua tradicional avaliação do panorama do mês no velho esquema de sempre já conhecido por todos: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Então, uma boa leitura para todos, e até a próxima avaliação no mês que vem...



EM ALTA:

Lewis Hamilton: O atual tricampeão mundial engatou três vitórias consecutivas neste mês de julho, e com o último triunfo, na Hungria, assumiu a liderança do campeonato de F-1 de 2016, superando Nico Rosberg por 6 pontos. Ainda tem muito chão pela frente, e o inglês prefere adotar uma postura cautelosa, não comemorando antes do tempo, no que faz bem. Mas o favoritismo da luta pelo título agora está pendendo para o lado de Hamilton, que recuperou-se de uma desvantagem de 43 pontos exibida para seu parceiro de equipe após o GP da Rússia. Resta saber se ele vai permitir a reação de Rosberg nesta segunda metade do campeonato. Mas as probabilidades de a F-1 ver um novo tetracampeão mundial ao fim da temporada começam a aumentar, e se Lewis faturar seu quarto título, se tornará o piloto mais vitorioso da F-1 atual, superando Sebastian Vettel, que apesar de ter menos vitórias que o inglês, tem quatro títulos no currículo.

Max Verstappen: O piloto holandês, desde que foi alçado à Red Bull numa manobra polêmica de Helmut Marko, vem mostrando que está aproveitando a oportunidade como ninguém, marcando pontos com consistência e fazendo até Daniel Ricciardo perder o seu costumeiro sorriso com a postura atrevida do rapaz, que chegou no time principal dos energéticos provocando um verdadeiro terremoto. Dois pódios na Áustria e Inglaterra mostraram a fibra do pequeno holandês, que na Hungria deu outro show na defesa de sua posição perante uma Kimi Raikkonen agressivo na disputa na pista. Ricciardo, se não se cuidar, vai ser atropelado por Verstappen no fim do ano. O australiano deu o troco em Hungaroring, mas Max não vai dar moleza até Abu Dhabi. E os rivais na pista que se cuidem, porque ele vem com tudo mesmo...

Marc Márquez: A “Formiga Atômica” vem comandando a classificação no campeonato da MotoGP com uma nova característica ao seu estilo de pilotar: a cautela. Conhecido até então por seu excesso de arrojo e perícia, depois de vários tombos, o bicampeão espanhol parece ter aprendido que quando não dá para ganhar, o importante é marcar pontos. Assim, debaixo da chuva e na pista traiçoeira de Assen, na Holanda, o piloto da Honda se contentou em marcar pontos enquanto seus rivais diretos ou caíam ou ficavam muito lá atrás. Mas que ninguém se engane: Márquez não está deixando de acelerar fundo, e quando vê as oportunidades, ele vai para cima, como ocorreu na Alemanha, onde fez a troca de moto no momento certo e veio acelerando fundo para assumir a liderança e vencer novamente. Mas a disputa pelo tricampeonato ainda vai longe, e a dupla da Yamaha ainda pode aprontar das suas. Mas vai ter de se aplicar para neutralizar a grande vantagem na pontuação aberta por Márquez, que segue firme na liderança.

Will Power: O piloto australiano da equipe Penske venceu em Toronto, obtendo sua 3ª vitória na atual temporada da Indycar, e reduzindo paulatinamente a vantagem para o líder da competição, Simon Pagenaud, que ainda está confortável, mas que pode se reduzir ainda mais se Power continuar em sua atual escalada na classificação. Há algum tempo atrás, Power era considerado o piloto a ser batido na categoria, em especial em pistas mistas. Com apenas duas provas em pista oval a serem disputadas no restante da atual temporada, o australiano certamente vai dar trabalho a Pagenaud na disputa pelo título da competição.

Sebástien Buemi: Numa decisão que foi eletrizante, e ao mesmo tempo, anticlimática, o piloto suíço sagrou-se campeão da F-E na segunda prova da rodada dupla final de Londres. Buemi havia perdido o duelo para Lucas Di Grassi na primeira corrida, mas reagiu para empatar a classificação com a pole na segunda prova. Um erro grosseiro de Lucas acabou tirando ambos da luta pela vitória, e ao suíço restou somente retornar para fazer a volta mais rápida e marcar o ponto extra que lhe daria o troféu do campeonato, o que conseguiu com sobras para o brasileiro, que tentou a mesma manobra mas não conseguiu ter o mesmo desempenho do piloto da e.dams. Depois de perder o título também em Londres no ano passado, Buemi lavou a alma este ano, e já se coloca como principal favorito para a disputa da terceira temporada do certame de carros elétricos, que começa em outubro.



NA MESMA:

Lucas Di Grassi: O piloto brasileiro chegou pelo segundo ano consecutivo com chances de conquistar o título da F-E, e acabou novamente perdendo a parada. Lucas havia conseguido manter-se firme na disputa na primeira corrida da rodada dupla final, em Londres, mas errou feio na prova de domingo e causou um acidente que tirou ele e seu rival, Sebástien Buemi, da luta pela vitória e até por lugares pontuáveis na prova. Sobrou tentar ganhar o ponto pela volta mais rápida, luta na qual o brasileiro perdeu, ficando com o vice-campeonato da competição. Tal como em 2015, pesou a vitória perdida com a desclassificação na Cidade do México, onde Lucas não teve culpa por seu carro ter ficado abaixo do peso regulamentar mínimo. O piloto brasileiro segue firme no time Audi ABT, esperando ter melhor sorte no próximo campeonato da categoria.

Duelo Ferrari/Red Bull: O clima anda esquentando na Ferrari, após os resultados apenas medianos obtidos na Inglaterra, e pior de tudo, vendo a Red Bull chegando mais perto do que nunca na luta pelo posto de segunda força da F-1 na classificação do campeonato de construtores. E o resultado na Hungria, confirmando a teoria, mostrou que a pressão em Maranello vai continuar em alta. Não apenas os carros vermelhos foram batidos na classificação como sua dupla de pilotos terminou a corrida em duelo direto com a dupla do time dos energéticos, que levou a melhor, apesar do ritmo melhor dos carros vermelhos. Sebastian Vettel ficou de fora do pódio, batido por Daniel Ricciardo, enquanto Kimi Raikkonen empacou na pilotagem aguerrida de Max Verstappen, que defendeu sua posição com unhas e dentes até a bandeirada. Fosse outro circuito, talvez o resultado fosse favorável ao time vermelho, mas se tratando da Hungria... Não importa, o problema é que a Ferrari agora está apenas um ponto à frente da Red Bull na classificação de equipes, enquanto no campeonato de pilotos Ricciardo já assumiu a 3ª posição, à frente da dupla ferrarista, e com Max Verstappen chegando rápido nos dois. As férias de agosto vão ser complicadas para os lados de Maranello e muito comemoradas em Milton Keynes...

Equipe Mercedes na F-1: O ano até que começou com ares promissores de que seria um pouco mais competitivo do que no ano passado. Mesmo com as vitórias de Nico Rosberg no início, dava a impressão de que o time alemão vinha tendo seus percalços, e que poderia a qualquer momento ser surpreendido pela concorrência. Mas o campeonato foi avançando, avançando, e o que vemos hoje é um domínio tão ou até maior do que o do ano passado, onde a Mercedes falhou em vencer em 3 corridas, com méritos reais dos adversários, no caso, a Ferrari. Este ano, entretanto, houve apenas uma vitória não-Mercedes, que ocorreu somente na Espanha, onde a dupla prateada se envolveu em um acidente e se eliminou da competição. Nas demais corridas, não deu pra ninguém: foram 5 vitórias de Lewis Hamilton e 5 vitórias de Nico Rosberg, um palmarés respeitável e equilibrado que demonstra que a Mercedes só perde para ela mesma. Pelo isto, o domínio prateado não será abalado neste ano na F-1. Quem sabe em 2017 as coisas mudem...

Porsche no Mundial de Endurance: Depois de conquistar uma vitória que parecia improvável em Le Mans, tudo indicava que talvez víssemos a Porsche passar a enfrentar oposição mais consistente no Mundial de Endurance, mas em Nurburgring, novamente os carros da marca alemã sobraram na na corrida, e só não fizeram dobradinha porque um deles se envolveu em confusões pelo caminho. Com isso, o outro carro rumou solitário para a vitória, com quase 1 minuto de vantagem para o concorrente mais próximo, da Audi, que subiu ao pódio na classe LMP1 em Nurburg com seus dois carros. E a Toyota? Não teve nem de longe o mesmo brilho de Le Mans, terminando com 1 volta de atraso em relação ao vencedor em seu melhor carro. Na classificação de construtores, a Porsche tem 164 pontos, contra 129 da Audi, e apenas 97 pontos da Toyota. Com 5 corridas pela frente, ainda tem muito chão a ser percorrido até o encerramento do campeonato, mas tudo indica que a atual campeã da WEC tem tudo para repetir o título do ano passado, para azar dos rivais...

Brasileiros sem vitória na Indycar: O campeonato 2016 da Indycar já teve praticamente dois terços cumpridos até o momento, e Tony Kanaan e Hélio Castro Neves, apesar de estarem bem classificados, ainda não conseguiram vencer nenhuma corrida, tendo como melhores resultados segundas colocações nas provas de Indianápolis (circuito misto), Elkhart Lake, e Toronto. Hélio já largou duas vezes na pole-position na atual temporada, mas nem assim conseguiu converter a posição de honra da largada em vitória. Se a situação de Kanaan não anda fácil, a de seu companheiro Scott Dixon não anda tão melhor assim, mas o neozelandês já venceu uma corrida este ano. Por outro lado, em relação a Helinho, ele é o único piloto do quarteto da Penske que não venceu até agora na temporada, sendo que até Juan Pablo Montoya, que não vem fazendo uma temporada brilhante, já conseguiu pelo menos vencer uma corrida. Ainda temos 5 provas pela frente, e Tony e Helinho precisarão se aplicar para não passarem outro ano em branco em termos de vitórias na categoria...



EM BAIXA:

Peter Sauber: A F-1 perdeu um de seus últimos garagistas. Para garantir a sobrevivência de sua escuderia, Peter Sauber vendeu seu time a um grupo de investimentos suíços que assumirá todo o time daqui para a frente. Com isso, o agora ex-proprietário está se aposentando do automobilismo, onde começou há décadas atrás, e resistia bravamente aos tempos bicudos da F-1 atual, onde seu time não atravessava um bom momento e poderia fechar antes mesmo do final da atual temporada. O nome do time certamente permanecerá na próxima temporada, por questões contratuais exigidas pela FOM, mas para 2018, é muito provável que desapareça da categoria. Resta esperar que os novos proprietários permitam que a escuderia renasça na F-1, onde vem tendo um desempenho pífio neste ano, com um carro que é um dos piores do grid.

Equipe Williams: De candidata a terceira força da competição na F-1, o time do velho Frank teve um mês de julho para esquecer. Se não era surpresa ter uma performance risível numa pista travada como a da Hungria, como explicar a queda de rendimento vertiginosa nas pistas de alta velocidade de Zeltweg e Silverstone? O time inglês, que já deu por perdido o duelo com a Red Bull, agora se vê às voltas com a aproximação perigosa da Force India, que no patamar atual, tem tudo para superar a Williams em breve, estando apenas 20 pontos atrás. Será que acabou o “gás” do time do velho Frank, que passou por temporadas terríveis recentemente, e renasceu em 2014, dando pinta de que voltaria a disputar pódios com regularidade, e até vitórias? A sorte da Williams é que a McLaren ainda está tendo muitos problemas em sua nova parceria com a Honda, do contrário, poderia ter até mais problemas...

Frescuras do regulamento da F-1: A categoria máximo do automobilismo anda um porre no que tange aos seus regulamentos e à aplicação de regras questão dando o que falar, além de procedimentos que beiram a covardia naquela que deveria ser o maior campeonato automobilístico do mundo. O lance das regras sobre o que pode ou não ser dito pelo rádio aos pilotos fez Nico Rosberg e Jenson Button de vítimas na Inglaterra e na Hungria, respectivamente. Se pra Button a situação em nada se alterou, para Rosberg significou a perda de seu 2° lugar em Silverstone, após receber instrução para evitar uma marcha que estava dando problemas e poderia causar o seu abandono. Outra chateação foi sobre os limites da pista, com a FIA fazendo marcação cerrada e enchendo o saco de pilotos e do público sobre “excessos” cometidos em determinadas áreas da pista. E a gota d’água foi a covardia de enfiarem o Safety Car em Silverstone durante quase todo o tempo de pista molhada, irritando pilotos e público presente, que queriam ver a prova se desenrolar, e que foi liberada quando já estava quase tudo seco. Risível, para não dizer ridículo...

Jorge Lorenzo e a chuva: Definitivamente, Jorge Lorenzo e São Pedro não estão combinando nesta temporada. O tricampeão da Yamaha teve dois desempenhos vergonhosos nas provas da Holanda e da Alemanha, não conseguindo se entender com o piso molhado. Em Assen, Lorenzo foi com muito custo o 10° colocado, e isso porque à sua frente vários pilotos caíram no traiçoeiro asfalto molhado, entre eles seu próprio companheiro de equipe Valentino Rossi. Em Sachsenring foi ainda pior: Jorge terminou a prova em 15°, e ne mesmo a troca de motos na parte final da prova, com o piso já seco, conseguiu ajudar a melhorar a sua fraca atuação. A sorte de Lorenzo é que Rossi teve problemas nas duas corridas sob chuva, cometendo erros que minaram suas possibilidades de um bom resultado, mas em compensação, Marc Márquez vai disparando na liderança, com praticamente uma vitória de diferença de vantagem para o piloto da Honda, que segue firme para o tricampeonato. No que depender de Lorenzo, São Pedro terá sua credencial cassada para futuras etapas da categoria rainha do motociclismo...

Daniil Kvyat: Decididamente, os tempos não andam bons para o piloto russo que iniciou a temporada correndo pela Red Bull e acabou “removido” para a Toro Rosso, sob a desculpa furada de não expô-lo a mais pressão, quando tudo o que queriam era segurar o holandês Max Verstappen de qualquer jeito. E, se Max está aproveitando a chance que sua promoção lhe deu, a “remoção” de Kvyat também se mostra igualmente cruel, com o piloto sem conseguir marcar os mesmos resultados de Carlos Sainz no time “B” dos energéticos. Tanto que já começam a circular rumores de que ele será mesmo dispensado ao fim da atual temporada, indo juntar-se ao rol de pilotos expurgados sem dó nem piedade por Helmut Marko, que não está nem aí com essa turma, desde que consiga extrair o seus queridinhos no meio do processo. No momento em que mais precisaria mostrar reação, Daniil infelizmente parece estar mesmo é em queda livre no que tange aos resultados na pista. O piloto russo vai precisar agora cavar lugar em outro time, onde poderá tentar refazer sua carreira na F-1, se quiser permanecer na categoria máxima do automobilismo. E isso pode ser complicado, quando se é preciso mostrar resultados...


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