sexta-feira, 8 de julho de 2016

BUEMI CAMPEÃO NA F-E


Nicolas Prost venceu as duas provas da rodada dupla da F-E em Londres. E Sébastien Buemi comemorou o título de campeão da categoria.

            Numa decisão polêmica, o suíço Sébastien Buemi sagrou-se campeão da temporada 2015/2016 da Fórmula-E, a categoria de monopostos elétricos. E por uma diferença apertada: apenas 2 pontos, oriundos de ter feito a volta mais rápida da corrida final da rodada dupla de Londres, realizada no Battersea Park. O que prometia ser uma corrida com grande emoção, especialmente depois do embate entre o suíço e o brasileiro Lucas Di Grassi na prova do sábado, onde o piloto da Audi ABT manteve-se à frente do rival da e.dams, desvaneceu-se logo na primeira volta, com a batida entre o brasileiro e o suíço na freada de uma das curvas. Como Buemi tinha marcado a pole, ele igualara a pontuação de Lucas na classificação, mas o brasileiro, por ter um 3° lugar a mais, levaria o título, se ambos tivessem ficado por ali. Não ficaram: ambos conseguiram levar seus carros até os boxes e trocaram de monoposto, com a intenção de voltar para a pista e marcar a volta mais rápida da prova, o que lhes daria mais dois pontos. Está no regulamento da categoria, portanto, uma tentativa válida, apesar de tudo.
            E, pelo desempenho mostrado nos treinos pela e.dams, que na etapa final do campeonato voltou a mostrar aquele desempenho superior a todos os outros na pista visto na primeira corrida, estava mais do que na cara que, se Buemi não tivesse nenhum percalço, ele ganharia a parada. Foi o que aconteceu. E os dois pontos pela volta mais rápida garantiram o título. Lucas ficou com o vice-campeonato.
            Para Buemi, foi a consagração e aproveitou para lavar a alma. Afinal, o piloto suíço já havia chegado a Londres com a condição de favorito no ano passado, e acabou perdendo o título para Nelsinho Piquet. E, mês passado, ele viu suas chances de vitória nas 24 Horas de Le Mans ruírem a uma volta e meia do final da prova, quando o carro da Toyota do qual fazia parte do grupo de pilotos, apresentou problemas e deu adeus a um triunfo que estava mais do que garantido.
            Em termos de pilotagem, Di Grassi foi o melhor piloto do campeonato. Seu único erro acabou sendo justamente no momento decisivo, ao acertar Buemi na freada após tentativa de ultrapassagem de Nicolas Prost, no início da última corrida. Mas durante o campeonato, o piloto da Audi ABT mostrou sua capacidade, ao obter 4 vitórias na competição, conseguindo neutralizar a vantagem de equipamento de piloto suíço, que cometeu mais erros durante a temporada do que o piloto brasileiro. Desde o início da temporada, pela performance apresentada pelos carros da equipe e.dams, muitos esperavam que os seus pilotos disparassem no campeonato. Mas não foi o que se viu: Buemi enfrentou problemas, alguns alheios a seu controle, enquanto outros decorreram dele mesmo. Já Nicolas Prost mostrou a que veio apenas na rodada dupla em Londres, onde acabou por vencer ambas as provas, subindo para a 3ª colocação no campeonato.
            Desde o início, Lucas aproveitou todas as oportunidades que surgiram à sua frente para equilibrar a disputa. E conseguiu com todos os méritos. A única corrida em que o brasileiro não subiu ao pódio foi na primeira corrida em Londres, e obviamente, a última, pela batida ocorrida na primeira volta. Mas Di Grassi, pelo segundo ano consecutivo, acabou derrotado por um erro da equipe Audi ABT, que fez toda a diferença: A vitória na Cidade do México acabou cassada, por um erro que fez com que seu carro ficasse cerca de 1,5 Kg abaixo do peso mínimo. Os pontos dessa vitória teriam feito Lucas levar o título com o resultado obtido na primeira corrida de Londres. A Audi ABT, aliás, também fez Lucas perder a vitória em Berlin no ano passado, por causa de uma simples modificação na aleta do bico do seu carro. Falha por falha, Lucas acaba saindo mais inocente que seu time nesta disputa.
A polêmica batida ocasionada por Lucas Di Grassi em Sébastien Buemi foi o ponto negativo da prova final da F-E. Erro do brasileiro, que até então vinha fazendo uma temporada impecável.
            É de se frisar que, se não ocorresse nada de anormal, o brasileiro perderia o título mesmo que não tivesse batido em Buemi. Na hipótese de Lucas ter consumado a ultrapassagem sobre Prost na primeira volta, ele não teria muitas condições de superar Buemi. Primeiro, pelo circuito não ser exatamente uma maravilha para ultrapassar, apesar dele ter conseguido fazer uma corrida magnífica no sábado, saindo de 11° para finalizar em 4°. Segundo, porque o desempenho do carro da e.dams era muito superior. Buemi simplesmente desapareceria na frente, como Prost fez com seus rivais em ambas as corridas, no sábado contra Bruno Senna; e no domingo contra Daniel Abt. E, no duelo das voltas mais rápidas, Buemi garantiu seus pontos extras virando praticamente 0s5 mais rápido que o brasileiro, que ainda tentou usar o seu fanboost. Sua única chance seria largar na frente, mas sem as imprevisibilidades causadas pela chuva, como ocorrera no sábado, não foi difícil Buemi conseguir a pole, com um tempo quase 1s mais veloz que o brasileiro.
            Buemi mereceu o título: venceu 3 corridas na temporada, e subiu constantemente ao pódio. Deveria ter errado menos, até porque tinha o melhor carro da competição, o que demonstra que tanto piloto quanto time em determinados momentos não souberam aproveitar o seu potencial. Di Grassi bate novamente na trave, mas pelo menos o fato de não ter vencido não pesará a seu favor tanto quanto pesaria se tivesse sido campeão com uma batida no rival, máculas que estão nas carreiras de pilotos como Ayrton Senna, Alain Prost, e Michael Schumacher, que garantiram um de seus títulos na F-1 simplesmente atingindo o carro de seus adversários.
            Verdade que a Audi ABT poderia ter garantido o título de Di Grassi se Daniel Abt lhe cedesse o segundo lugar em Berlin, onde o brasileiro foi terceiro, o que lhe garantiria mais 3 pontos. Por outro lado, Lucas disse que preferia perder o título na pista do que ganhá-lo no jogo de equipe. Isso deve ser valorizado.
            Isso não impediu o brasileiro de ser duramente criticado por vários torcedores brasileiros, que lhe jogaram a pecha de piloto sujo, mentiroso, mau perdedor, entre outros adjetivos menos elogiosos. Engraçado que tempos atrás, criticavam Rubens Barrichello alegando que ele era “bonzinho demais” para a F-1, e que não tinha aquela determinação férrea que forja os grandes campeões. Será que se Di Grassi tivesse conquistado o título com a batida eles diriam algo diferente, ou resolveram malhar o compatriota por ter sido derrotado assim mesmo, alegando até que ele inclusive premeditou o acidente?
Lucas Di Grassi fez uma grande corrida no sábado, mas capitulou no domingo.
            O próprio Lucas acabou criticado por Buemi, e até por Jean-Éric Vergne, a quem disparou críticas pouco educadas após a primeira corrida de Londres. É do jogo. Mas, sinceramente, prefiro pilotos com a língua solta do que o mocismo bem-comportado e politicamente correto que temos visto na F-1 nos últimos tempos. Sou mais sincero e menos falso. Afinal, eles estão ali para competir, e não para um encontro de comadres.
            A F-E terminou seu segundo ano com algumas baixas, mas com prognósticos mais do que animadores para sua próxima temporada, que contará com novos times e novos nomes no grid, e atraindo cada vez mais atenção para o seu certame, que já está na mira, direta ou indiretamente, de importantes nomes da indústria automotiva mundial. Ainda há muito por fazer, e muito onde crescer. Há quatro anos atrás, conforme o próprio Alejandro Agag afirmou, ninguém levaria fé em um campeonato como o que foi criado, e hoje, já tivemos duas temporadas que podem ser consideradas bem promissoras.
            E a disputa recomeça em outubro. Lucas Di Grassi, novamente na Audi ABT, lutará novamente pelo seu primeiro título. Já Sébastien Buemi e Nelsinho Piquet tentará o bicampeonato. Quem irá levar o próximo título? A disputa está mais do que garantida. Que venha a terceira temporada...


O Grande Prêmio da Áustria teve o final mais eletrizante da temporada até aqui, com Nico Rosberg e Lewis Hamilton partindo para o tudo ou nada na luta pela vitória na pista austríaca ao se abrir a última volta. Obviamente, alguém teria de perder, e acabou sendo o piloto alemão, que na freada para a curva 2, resolveu bloquear de forma completamente equivocada a tentativa de ultrapassagem de Hamilton, que vinha por fora e tinha quase meio carro à frente, mas sem conseguir consumar a manobra. Os dois carros se tocaram, e Nico foi quem ficou no prejuízo, com sua asa dianteira quebrada e enganchando debaixo do carro. Lewis, que escapou da pista e voltou sem problemas no carro, simplesmente chegou e passou de vez, rumando para uma vitória incontestável ganha na raça e na coragem, enquanto Rosberg acabou ficando de fora do pódio, superado nos metros finais por Max Verstappen e Kimi Raikkonem. Nico foi infeliz e errado na manobra: pela posição na curva, se fizesse a tangência normal, teria plenas condições de se manter na frente, até porque a preferência da curva seria dele, e com isso, as chances de Hamilton efetuar uma ultrapassagem seriam menores nas curvas seguintes. Hamilton ainda se esquivou de qualquer polêmica sobre a manobra, ao não acusar o parceiro de uma manobra desleal, enquanto Toto Wolf ficou obviamente irritado com um novo toque entre seus dois pilotos. Mas o duelo entre ambos entregou à torcida o que eles mais querem assistir: duelos frente-a-frente na pista, sem frescuras e na raça. Hamilton está de parabéns pelo triunfo, que o colocou de novo apenas 11 pontos atrás de Nico na classificação, e o inglês inicia os treinos livres hoje aqui em Silverstone com a moral em alta. Rosberg, por outro lado, parece ter sentido o golpe com a perda não apenas da vitória, mas também do pódio na Áustria, e vai ter problemas para tentar se impor no circuito inglês, onde Lewis certamente não vai dar mole para ninguém, procurando sacramentar de vez sua reação no campeonato. Mas que ninguém descarte Rosberg da briga, pois isso seria temerário. O fim de semana do Grande Prêmio da Inglaterra promete fortes emoções...
Nico Rosberg nem tentou fazer a curva, tentando forçar Hamilton para fora. O toque foi inevitável, mas o alemão se deu mal, danificando seu bico (abaixo).



A Williams teve um desempenho, nas palavras do próprio Rob Smedley, medíocre, em Zeltweg. O time inglês largou na primeira fila na prova austríaca em 2014, e teve seus pilotos terminando a corrida em 3º e 4º lugares. No ano passado, Felipe Massa conseguiu um combativo 3º lugar na prova. Já este ano, contra todas as previsões, Valtteri Bottas foi um modesto 9º colocado na bandeirada de chegada, com uma volta a menos que o vencedor da prova e quase acossado por Pascal Wehrlein, da Manor, que foi um dos destaques da corrida, terminando em 10º lugar e marcando seu primeiro ponto na F-1. Felipe Massa, que nos treinos marcou apenas o 10º tempo, ainda precisou largar dos boxes por ter trocado a nova asa dianteira, e durante a corrida nunca conseguiu ter um andamento decente. Se a intenção da escuderia inglesa era discutir o posto de 2ª força da categoria com a Ferrari, hoje essa luta já está perdida, e não apenas para o time italiano, mas também para a Red Bull, que mesmo com um motor que ainda não está no nível do Mercedes, já está fazendo até a Ferrari ter de se coçar, e há quem afirme que até a Force India pode acabar superando a escuderia de Frank Williams, no andar da situação. Novamente, a perspectiva do time inglês é repudiar as más perspectivas e fazer uma boa prova aqui em Silverstone, para afastar o clima negativo. Vamos ver se dessa vez eles conseguem cumprir o que esperam conseguir...


No seu melhor momento na temporada 2016, Felipe Nasr fez uma corrida agressiva em Zeltweg, postergando ao máximo sua troca de pneus, e com isso, conseguindo brilhar por andar entre os primeiros colocados, antes de efetuar sua troca de pneus e despencar lá para trás, onde terminou em 13º após recuperar algumas posições. Se o resultado foi o time suíço ter ficado novamente sem marcar pontos, o piloto brasileiro pelo menos andou à frente de Marcus Ericsson durante toda a corrida, dando um recado cabal aos demais times que pretendam fazer contratações de pilotos para a próxima temporada, do que ele é capaz. Some-se a isso o patrocínio do Banco do Brasil, que não é de se jogar fora, e Nasr se lança a campo para lutar por um lugar ao sol na próxima temporada, uma vez que a Sauber já não permite a Felipe sonhar com mais nada. Aliás, o time suíço assumiu de vez sua posição de pior equipe na temporada 2016, com o ponto marcado por Pascal Wehrlein, que deixa a Manor na 10ª posição na tabela de construtores, e a Sauber em 11º lugar. E, para deixar todo mundo animado quanto a uma eventual melhora de performance, a escuderia já anunciou que não estará presente nos dois dias de testes em Silverstone na próxima semana, pois não terá novidades no carro que justifiquem sua presença. Mas, como a esperança é a última que morre, Nasr não descarta continuar no time de Hinwil, desde que o time apresente um projeto decente que permita recuperar a performance e proporcione um carro mais competitivo. Mas certamente vai depender de Nasr conseguir arrumar lugar em um time mais viável para 2017. Do contrário, talvez tenha de ficar onde está...


O público presente no Red Bull Ring foi muito aquém do esperado pelos organizadores. E parte do problema está na própria F-1, pois para a corrida da MotoGP que haverá em algumas semanas, quase todos os ingressos já estão vendidos. Se é verdade que o domínio da Mercedes está tirando um pouco a graça da F-1, não é menos verdade que as frescuras adotadas pela categoria máxima do automobilismo nos últimos tempos estão afastando o torcedor, entre elas as punições a torto e a direito por motivos técnicos, como perda de posições no grid por troca de motor, câmbio, etc, além, obviamente, das punições que os pilotos recebem por atos que acontecem na pista. O torcedor quer ver disputa na pista, e o duelo entre Nico Rosberg e Lewis Hamilton, ainda mais na última volta, é o tipo de combate que todos querem assistir, sejam ou não pilotos do mesmo time. Outro momento negativo foram as vaias que Hamilton recebeu no pódio austríaco, em parte pela narração oficial no autódromo ter informado erroneamente que o inglês provocou o acidente, além claro, dos torcedores de Nico Rosberg, o grande derrotado do dia...
Lewis Hamilton comemorou muito a vitória no GP da Áustria. Diferença para Rosberg reduzida a 11 pontos, e promessa de mais briga pela frente na luta pelo título.

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