sexta-feira, 1 de julho de 2016

DECISÃO NA F-E



O Battersea Park, em Londres, é o palco da decisão do campeonato 2015/2016 da F-E neste fim de semana.

            A Fórmula-E, campeonato de carros monopostos elétricos, chegou à sua rodada final. O palco da decisão é o mesmo do ano passado, o Battersea Park, no centro de Londres, capital da Inglaterra, que terá o privilégio de assistir novamente à decisão do título na segunda temporada do certame que começou sob certo ceticismo, há quase dois anos atrás, e hoje caminha para atrair cada vez mais palcos e parceiros na empreitada do futuro da tecnologia automotiva na busca por um futuro mais limpo e ecológico.
            Se a primeira temporada da F-E foi um sucesso, considerando a desconfiança daqueles que viam na competição uma empreitada de fôlego curto, como foram outras categorias que prometiam muito e duraram pouco, em que a F-E surpreendeu por mostrar boas corridas, interatividade com o público, e exibir um astral que nada ou muito pouco lembra o ambiente sisudo e asséptico da F-1, a segunda temporada, em certos aspectos, teve alguns pontos negativos. A começar pela perda de um de seus times logo no começo da nova temporada, a escuderia de Jarno Trulli, que teve uma primeira e única temporada até certo ponto decepcionante, e não conseguiu se acertar para disputar a segunda, sequer conseguindo passar na vistoria técnica das primeiras etapas, até decidir por abandonar o certame. Isso deixou o campeonato com menos dois carros, e se é verdade que a equipe nunca conseguiu empolgar, para um campeonato de custo muito mais acessível do que outros, não deixou de ser um revés por apresentar menos dois competidores nas provas. E, no apagar das luzes desta segunda temporada, mais um time está deixando a competição: a escuderia de Aguri Suzuki confirmou esta semana sua venda para um grupo de empresários chineses, que ao que tudo indica, devem continuar na competição, sob um novo nome, mas que ainda não foi revelado, nem tampouco confirmado. Outro ponto negativo foi o cancelamento da prova de Moscou, e mesmo com certa antecedência, não se conseguiu encontrar um local que a substituísse, e olhe que há vários candidatos na fila para sediar uma prova.
            Outro ponto relativamente negativo é a polaridade da disputa pelo título da segunda temporada: se no ano passado a F-E chegou aqui ao Battersea Park com pelo menos três pilotos na disputa pelo título da competição, este ano a disputa está restrita apenas a dois nomes: Sébastien Buemi e Lucas Di Grassi. Ambos estiveram na disputa pelo título aqui no ano passado, mas quem levou a melhor foi outro brasileiro, Nelsinho Piquet, que sagrou-se como primeiro campeão da categoria de carros elétricos. Infelizmente, nesta segunda temporada, a China Racing errou a mão na escolha de seu trem de força, deixando Piquet incapaz de defender na pista o seu título e lutar pelo bicampeonato. Assim, um piloto a menos, em tese, revela que a segunda temporada da categoria foi menos competitiva do que a primeira. Isso decorre do fato de que neste segundo ano os times passaram a utilizar equipamentos distintos nos chamados “trens de força”, as unidades motrizes elétricas que impulsionam os carros. E quem se deu melhor foi a e.dams, que utilizou o melhor equipamento disponível, provido por sua parceira oficial, a Renault. Logicamente, isso criou um certo desnível na competitividade de alguns times, que não conseguiram se manter firmes na competição a tempo integral, enquanto outros erraram nas suas escolhas, como a já citada equipe de Piquet. Mesmo assim, houve boas provas na temporada, e algumas disputas bem acirradas na pista, ajudando a cativar os fãs da velocidade e mostrar que a F-E veio definitivamente para ficar no panorama mundial do esporte a motor.
            E há pontos positivos a se considerar, como a entrada da Jaguar para a próxima temporada, que começa no segundo semestre. A marca britânica vem agregar mais um nome de peso à categoria, que já conta com a Renault e a Audi. Com isso, o grid voltará a ter 18 carros, mas espera-se apenas a confirmação dos planos dos compradores do time de Aguri Suzuki para que a F-E volte ao seu grid original de 20 carros para seu terceiro ano.
            Embora o calendário da nova temporada ainda não tenha sido oficialmente homologado, teremos novas etapas na competição. A próxima temporada começará em Hong Kong, na China, e não mais na capital, em Pequim. Outras etapas que farão sua estréia no calendário serão Montreal e Nova Iorque, que terão rodadas duplas, e terão a honra de encerrar o campeonato no ano que vem. Londres, por sua vez, deve perder sua etapa, uma vez que não foi possível renovar o acordo para correr no Battersea Park.
            Como local de decisão, apesar do traçado da pista não ser ruim, o fato de ser muito estreito é um ponto negativo deste circuito. Mas, com estratégia e pilotagem aguerrida, pode-se dar um jeito na situação, e foi assim que no ano passado Nelsinho Piquet conseguiu reverter as expectativas e sair daqui com o título. E a decisão deste ano tem tudo para ser novamente emocionante, mesmo que seja apenas entre dois pilotos.
Lucas Di Grassi: o brasileiro não tem o melhor carro, mas tem sido o melhor piloto do campeonato. E vai precisar pilotar como nunca neste fim de semana.
            Lucas Di Grassi tem sido o melhor piloto da temporada. Guiando o fino, e aproveitando todas as oportunidades que surgiram, o piloto brasileiro da equipe Audi ABT conseguiu equilibrar a disputa com o suíço Sébastien Buemi, da e.dams, que desde a prova inicial, em Pequim, demonstrou possuir o melhor carro da competição, e que tinha tudo para deixar a concorrência comendo poeira. Mas as coisas não correram tão bem assim como se esperava. Já na segunda etapa, em Putrajaya, Buemi ficou pelo meio do caminho, sendo um dos pilotos cujos carros tiveram panes no forte calor malaio. Di Grassi aproveitou para vencer a corrida e entrar de vez na luta pelo título, subindo novamente ao pódio em Punta del Este, no Uruguai, prova vencida por Buemi, já indicando que a dupla iria ser o destaque da temporada.
            Aproveitando de erros e deslizes de Buemi, Di Grassi obteve vitórias contundentes em Long Beach e Paris, assumindo a condição de favorito para o título, mas bastou o suíço retomar o controle da situação em Berlin, onde finalmente voltou a vencer, para tudo ficar novamente embaralhado, com Lucas ainda liderando a competição por 1 ponto, 141 a 140, contra Sébastian. Em suma, tudo pode acontecer na rodada dupla deste sábado e domingo, e o que acontecerá amanhã pode não significar muita coisa dependendo do que ocorrer na prova de domingo, onde tudo pode acabar mudando.
Sébastien Buemi tem o melhor carro, e vai fazer uso dele para conquistar o título, perdido na disputa do ano passado para Nelsinho Piquet.
            No ano passado, pesou contra Di Grassi sua desclassificação da etapa de Berlin, onde o brasileiro perdeu uma vitória devido a um detalhe técnico feito por seu time na asa dianteira. E, por incrível que pareça, Lucas foi novamente vítima de outra desclassificação nesta segunda temporada, desta vez na Cidade do México, onde obteve outra vitória expressiva depois de uma luta árdua na pista, novamente por um problema técnico que nem mesmo seu time soube explicar direito. Não fosse isso ter ocorrido, Di Grassi chegaria para esta etapa final com uma vantagem sólida de aproximadamente 20 pontos, mas levando-se em conta o fato de ser uma rodada dupla, isso não garantiria muita tranquilidade no fim de semana, se fosse para jogar com a administração de resultados.
            Agora, por outro lado, a luta será mais do que nunca direta na pista. Um ponto de vantagem na classificação é praticamente nada, e quem souber driblar as dificuldades que normalmente surgirão neste traçado levará o troféu da competição. A corrida terá 33 voltas no traçado de 2,925 Km, com cerca de 17 curvas montado dentro do Battersea Park, à beira do Rio Tâmisa, no centro da capital britânica. No ano passado, Buemi largou na pole na primeira corrida, que venceu e assumiu, momentaneamente, a condição de favorito para conquistar o título. Na corrida derradeira, contudo, o suíço largou em 6°, e pelas condições em que a prova se desenvolveu, tudo ficou mais complicado, e o que se viu foi Buemi errando no momento decisivo da prova e ficando preso atrás de Bruno Senna, sem conseguir superar o piloto da equipe Mahindra para ganhar a posição mínima que lhe daria o título. Nesse ponto, além de uma pilotagem aguerrida de Bruno, contou também a pista estreita do traçado do circuito.
            Assim, deveremos ver uma disputa feroz entre Di Grassi e Buemi já no treino de classificação, pois sair na frente será essencial para a disputa. Não haverá como nenhum dos dois pilotos se contentar em fazer marcação homem-a-homem na corrida. A única opção será atacar desde o início. O problema será combinar isso com os adversários, e não é porque os demais pilotos estão fora da briga pelo título que eles não irão complicar as coisas na corrida. Em termos de equipamento, a e.dams ainda possui o melhor carro do grid, mas a Audi ABT conseguiu se aproximar bastante para tentar questionar o domínio do time francês. Vai ser preciso um belo ajuste do carro e saber aproveitar o momento certo de garantir a melhor posição, e depois, na corrida, lutar pelo máximo que se conseguir. Na prova deste sábado, Lucas Di Grassi é o único que pode encerrar a competição por antecipação, mas para isso, o brasileiro precisará conquistar a pontuação máxima de uma etapa, ou seja, fazer a pole-position e a volta mais rápida da prova, além de vencer, obviamente, contando que seu rival Buemi fique sem marcar pontos. Nessa situação, como tem um ponto a mais que o suíço, mesmo que Sébastien faça o mesmo na prova de domingo, e o brasileiro não marque pontos, Lucas ainda seria campeão por 1 ponto.
A pista do traçado montado no Battersea Park é estreito, o que vai complicar as disputas de posições na corrida. Largar na frente será mais essencial do que nunca.
            Mas ninguém pode esperar esse tipo de situação, embora não seja impossível. O traçado estreito do Battersea pode se revelar uma armadilha fatal, dependendo das circunstâncias, como um deles ficar preso atrás de um concorrente, ou até mesmo sofrer um acidente em uma disputa de posição. Mais do que atacar, cada um dos dois pretendentes ao título precisará também ser prudente para se manter no controle se a situação fugir ao cronograma esperado. E isso quer dizer também procurar evitar se envolver em confusões. Qualquer um que se enrolar na pista e acabar fora da corrida pode dizer adeus ao título. Mais do que nunca, erros serão fatais.
            Quem vai levar? Os fãs brasileiros poderão acompanhar a rodada dupla do fim de semana em Londres ao vivo pelo canal pago Fox Sports 2, que transmitirá os treinos de classificação a partir das 8 horas da manhã, tanto no sábado quanto no domingo. As corridas serão transmitidas a partir das 11:30 horas, tudo pelo horário de Brasília. Preparem-se para o duelo e façam suas apostas; Buemi ou Di Grassi? Que vença o melhor, e que tenhamos, a exemplo do ano passado, mais uma decisão eletrizante na categoria dos carros elétricos...


A F-1 chegou à Áustria para mais uma etapa. Nico Rosberg conseguiu recuperar boa parte da vantagem que havia perdido nas etapas de Mônaco e Canadá ao vencer em Baku, no Azerbaijão, e o retrospecto na pista austríaca é positivo, tendo vencido as duas últimas corridas por lá. Não que isso vá intimidar Lewis Hamilton, que já declarou que vai guiar como sempre faz. Em outras palavras, como sempre faz. Rosberg que fique atento. Mas há a possibilidade de o inglês começar a ter problemas com seu equipamento, uma vez que terá de usar a 5ª peça do turbo de sua unidade de potência na prova austríaca. Qualquer quebra no equipamento faria Hamilton exceder o limite de 5 unidades por ano por piloto, e começar a amargar punições de 10 lugares no grid. Vale lembrar que o inglês também está em seu 4° motor na temporada. Mas não é apenas Lewis que terá problemas: Sebastian Vettel pode ter de trocar o seu câmbio para a corrida do fim de semana, e se isso ocorrer, serão 5 posições no grid de penalização, o que também complicaria as perspectivas de luta pelas primeiras posições do tetracampeão da Ferrari. Quem vai tentar aproveitar o bom retrospecto na pista austríaca é a Williams: Felipe Massa fez a pole em 2014, com Valtteri Bottas subindo ao pódio em 3° e o brasileiro finalizando em 4°, sendo que no ano passado, Massa subiu ao pódio em 3° após um belo duelo com Sebastian Vettel. Resta combinar com a concorrência, e quem está louco para mostrar o que pode fazer é a Red Bull. No ano passado o time dos energéticos fez uma corrida pífia no circuito de sua propriedade devido à falta de potência e fiabilidade das unidades de potência da Renault, que estão muito melhores este ano. Depois das evoluções estreadas em Mônaco na nova versão do propulsor, a diferença de performance para as unidades de Mercedes e Ferrari até diminuiu, mas o time precisará contar com a excelência do seu chassi para almejar um bom resultado, uma vez que a potência do motor continua a ser muito exigida no Red Bull Ring.

O circuito da Áustria pode voltar a utilizar o traçado atrás do morro logo após a reta dos boxes, recuperando quase toda a sua antiga extensão, de extrema velocidade nos bons tempos.

Uma boa notícia na Áustria é que está sendo cogitado a reativação do trecho da velha pista de Zeltweg atrás do morro logo após a reta dos boxes. A pista ali ainda existe, e sua recuperação não exigirá muitos investimentos. Nos velhos tempos, Zeltewg era um dos circuitos mais velozes do calendário da F-1, e o trecho por trás do morro era palco de várias disputas, todas em alta velocidade. A recuperação do traçado antigo também seria um diferencial para tentar atrair uma das provas do Mundial de Endurance, uma vez que o traçado atualmente em uso é muito curto para as necessidades das provas de longa duração. Os estudos, segundo a Red Bull ainda estão só no começo, mas seria muito bom ver boa parte do velho Zeltweg de novo em ação. Só não gostei da proposta de duas novas chicanes no percurso: uma, logo após a atual curva em 90° na reta dos boxes, na subida do morro, para a esquerda, que mataria as possibilidades de disputa e ultrapassagens naquele ponto, sendo que já há uma chicane logo adiante para matar a velocidade; e outra que seria feita na junção da pista antiga com a nova, do outro lado do autódromo, que também inviabilizaria parte do trecho para as ultrapassagens que sempre tinham lugar por ali. Sinceramente, espero que deixem estas possíveis chicanes apenas no planejamento, e restaurem o esplendor da alta velocidade do velho Osterreichring para a atual geração do automobilismo...
O velho Osterreichring foi usado pela F-1 pela última vez em 1987, e era uma das pistas mais velozes da categoria.

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