Hora
de trazer mais um de meus antigos textos aqui no blog. E o de hoje foi
publicado no dia 12 de setembro de 1997, e o assunto era a conquista de
Alessandro Zanardi da F-CART, a F-Indy original, naquele ano. A Ganassi era o
time a ser batido, é verdade, mas o equilíbrio de forças da categoria tornou a
conquista um pouco mais difícil, o que não impediu Zanardi de arrasar os
adversários, entre eles Gil de Ferran, que confirmava ser um dos melhores
pilotos da categoria, mas não tinha um carro tão competitivo quanto o do
italiano, garantindo o vice-campeonato com base em muita constância. Entre as
notas rápidas, alguns comentários sobre as disputas ocorridas no Grande Prêmio
da Itália daquele ano, além de outro grande susto na vida de Émerson
Fittipaldi, que o fez encerrar definitivamente sua carreira como piloto
profissional. Confiram o texto, e em breve trago mais colunas antigas aqui. Boa
leitura a todos...
ZANARDI CAMPEÃO
Enfim,
deu a lógica no campeonato da F-CART de 1997: Alessandro Zanardi é o campeão da
categoria. E a Chip Ganassi é a primeira equipe a conseguir 2 campeonatos
consecutivos em praticamente 1 década. A última escuderia a conquistar dois
campeonatos consecutivos foi a Truesports, em 1986 e 1987, com Bobby Rahal.
E
Zanardi mereceu o título: fez 4 pole-positions e obteve 5 vitórias este ano na
F-CART. Em 1996, ano de sua estréia no certame, o piloto italiano foi a
revelação da temporada, conseguindo 3 vitórias, 6 poles e terminando o
campeonato na 3ª posição. Só não venceu o campeonato de sua estréia porque teve
de passar várias etapas se adaptando à nova categoria e enfrentando alguns
azares. A primeira pole do italiano foi no GP do Brasil, e a primeira vitória
veio em Portland.
Com
a conquista do título por Jimmy Vasser e o 3º lugar de Zanardi, a Chip Ganassi
começou 1997 como a franca favorita ao título. Alguns azares e erros de
estratégias, contudo, relegaram ambos os pilotos do time a posições
intermediárias no certame. A partir de Cleveland, entretanto, Zanardi reagiu de
forma fulminante, acabando por conquistar o título da categoria com o seu 3º
lugar na etapa do último domingo, disputada no Laguna Seca Raceway, na
Califórnia.
O
italiano, em desabafo, disse que seu título era para calar a boca dos críticos
e dos dirigentes da CART, que o multaram por direção perigosa na etapa de
Vancouver. O piloto alegou estar sendo perseguido pelos dirigentes. Mas é
preciso esclarecer as coisas: em Vancouver Zanardi mais parecia um afobado na
pista do que um candidato ao título da categoria, e chegou a jogar Bryan Herta
na barreira de pneus em uma ultrapassagem. Se ele fizesse isso na F-1, com
certeza também seria punido, e não apenas na F-CART, como andou declarando.
Como
todos os pilotos, a carreira de Zanardi começou no kart. Em 1990, o piloto foi
vice-campeão da F-3 italiana. Em 1991, já na F-3000, também foi vice-campeão da
categoria, perdendo o título para o brasileiro Christian Fittipaldi. De 1992 a
1994, Zanardi correu na F-1 de forma esporádica. Seu primeiro GP de F-1 foi na
Alemanha, em 92, pela Minardi/Lamborghini, onde largou em 24º e só conseguiu
andar uma volta, até o câmbio do carro quebrar. Neste mesmo ano, ele ainda não
conseguiria se classificar para 2 GPs, e só retornaria à F-1 no ano seguinte,
onde disputou 11 provas pela Lótus/Ford, tendo como melhor resultado um 6º
lugar conseguido no GP do Brasil, onde conquistou o seu único ponto na F-1. Seu
maior destaque neste ano foi o violento acidente na curva Eau Rouge, em
Spa-Francorchamps, na Bélgica, da qual saiu com apenas um dente quebrado. Em
1994, correndo pela Lótus/Mugen-Honda, Zanardi disputou mais 10 provas, sem
conseguir marcar pontos. Sem perspectivas, foi para o ITC, onde também não
conseguiu muito destaque, e acabou novamente desempregado.
Sua
sorte foi a indicação da Reynard de seu nome para provável piloto na equipe de
F-Indy de Chip Ganassi. Após o primeiro teste, Zanardi conseguiu um contrato de
3 anos com o time. E confiando no seu talento, o resultado pode ser visto
principalmente neste ano. Para 1998, Alessandro Zanardi já declarou que
continua na F-CART e na Chip Ganassi. É a decisão correta: além de respeitar o
contrato que tem, no momento em que o piloto está muitíssimo valorizado pelo
título que conquistou, é também uma maneira de agradecer a quem lhe deu a
chance de reeguer a sua carreira. Parabéns, Zanardi!
O Grande Prêmio da Itália domingo
passado foi a corrida mais disputada dos últimos tempos. Se não fosse um jogo
de pneus defeituoso que fez Mika Hakkinen fazer um pit stop extra, o finlandês
provavelmente teria terminado em 3º ou 4º lugar, e não a 49s373 de seu
companheiro de equipe David Couthard, que venceu a 2º prova com a McLaren este
ano. De Couthard a Eddie irvinne, na 8ª posição, houve uma diferença de apenas
17s639, e entre os primeiros 5 colocados, de apenas 6s416. Dos 14 carros que
terminaram a corrida, 11 classificaram-se com o percurso total da corrida.
Apenas Gianni Morbidelli e Rubens Barrichello ficaram 1 volta atrás, e Tarso
Marques a 3 voltas do vencedor. O ritmo entre os primeiros era tão forte que
ninguém conseguia ultrapassar ninguém, parecendo mais uma procissão em alta
velocidade. E entre os primeiros, nada menos do que 4 equipes diferentes:
Benetton, Williams, McLaren e Jordan. Apenas a Ferrari decepcionou em Monza.
Ralf Schumacher não toma jeito mesmo:
depois de bater por 2 vezes na Bélgica, em um só dia, o piloto alemão deu um
chega-pra-lá em Johnny
Herbert quando ultrapassava a Sauber do inglês em plena reta
dos boxes. Herbert escapou fora da pista a quase 350 Km/h e por sorte só bateu
forte na proteção de pneus. E o piloto da Jordan ainda disse que a culpa foi
toda de Herbert, na maior cara de pau. O piloto inglês já estava quase fora da
pista, tentando não bater, quando levou o toque de “Little”Schummy...
Na Indy Lights, os brasileiros arrasaram
a concorrência na prova de Laguna Seca. Cristiano da Matta conseguiu sua 3ª
vitória consecutiva. O pódio foi completado por Tony Kanaan em 2º, e Hélio
Castro Neves em 3º. Só Kanaan e Neves podem chegar ao título agora. Por sua
vez, Cristiano disputa o vice-campeonato com Helinho. Este ano na categoria, a
concorrência foi praticamente varrida por nossos pilotos...
Patrick Carpentier deveria ter voltado
às pistas em Laguna Seca
pela F-CART, mas a equipe Bettenhausen decidiu manter Roberto Moreno na prova.
E fez bem: Moreno, com problemas para acertar o carro, ficou só em 25º lugar no
grid de largada, mas conseguiu progredir o acerto do carro no warm-up e fez uma
corrida combativa, terminando em 10º lugar e marcando 3 pontos no campeonato.
Guálter Salles, mesmo enfrentando todos
os problemas da falta de dinheiro de seu time, fez sua melhor corrida na
temporada da F-CART, terminando a prova de Laguna Seca em 7º. Guálter agora é o
20º colocado no campeonato, com 10 pontos...
Com o 5º lugar em Laguna Seca, Gil de
Ferran assegurou o vice-campeonato por antecipação da F-CART este ano. Como o
título já era, a meta agora é partir para o tudo ou nada e conseguir a vitória
em Fontana, no encerramento da temporada, e pelo menos terminar o ano por
cima...
Émerson Fittipaldi passou por outro
tremendo susto no último domingo, em sua fazenda em Araraquara, no interior de
São Paulo. O bicampeão de F-1 saiu para dar um passeio de ultraleve com seu
filho Luca e sofreu um acidente com o aparelho, que apresentou problemas e
despencou de uma altura de 100 metros. Felizmente, Émerson não se machucou
muito e já se encontra melhor a esta altura, recebendo cuidados médicos em Miami. O piloto acabou
fraturando uma vértebra e teve uma perna quebrada. Seu filho Luca felizmente
não sofreu um arranhão sequer. Já refeito do susto, Émerson já decidiu que não
anda mais de ultraleve. Agora, quanto a voltar a pilotar um carro de corrida,
ele já diz que ainda não quer saber de aposentadoria...
Interessante a situação no GP da Itália
da antiga dupla de pilotos da Williams em 1996: enquanto Jacques Villeneuve
fazia uma corrida apagada com o carro da Williams, classificando-se em uma
pífia 5ª posição (Heinz-Harald Frentzen, seu companheiro de equipe, terminou em
3º), Damon Hill estava andando mais do que o carro e já havia atingido a 9ª
posição quando o motor Yamaha de seu TWR-Arrows estourou na saída da curva
Parabólica...
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