quarta-feira, 13 de julho de 2016

ARQUIVO PISTA & BOX – SETEMBRO DE 1997 – 12.09.1997



            Hora de trazer mais um de meus antigos textos aqui no blog. E o de hoje foi publicado no dia 12 de setembro de 1997, e o assunto era a conquista de Alessandro Zanardi da F-CART, a F-Indy original, naquele ano. A Ganassi era o time a ser batido, é verdade, mas o equilíbrio de forças da categoria tornou a conquista um pouco mais difícil, o que não impediu Zanardi de arrasar os adversários, entre eles Gil de Ferran, que confirmava ser um dos melhores pilotos da categoria, mas não tinha um carro tão competitivo quanto o do italiano, garantindo o vice-campeonato com base em muita constância. Entre as notas rápidas, alguns comentários sobre as disputas ocorridas no Grande Prêmio da Itália daquele ano, além de outro grande susto na vida de Émerson Fittipaldi, que o fez encerrar definitivamente sua carreira como piloto profissional. Confiram o texto, e em breve trago mais colunas antigas aqui. Boa leitura a todos...


ZANARDI CAMPEÃO

            Enfim, deu a lógica no campeonato da F-CART de 1997: Alessandro Zanardi é o campeão da categoria. E a Chip Ganassi é a primeira equipe a conseguir 2 campeonatos consecutivos em praticamente 1 década. A última escuderia a conquistar dois campeonatos consecutivos foi a Truesports, em 1986 e 1987, com Bobby Rahal.
            E Zanardi mereceu o título: fez 4 pole-positions e obteve 5 vitórias este ano na F-CART. Em 1996, ano de sua estréia no certame, o piloto italiano foi a revelação da temporada, conseguindo 3 vitórias, 6 poles e terminando o campeonato na 3ª posição. Só não venceu o campeonato de sua estréia porque teve de passar várias etapas se adaptando à nova categoria e enfrentando alguns azares. A primeira pole do italiano foi no GP do Brasil, e a primeira vitória veio em Portland.
            Com a conquista do título por Jimmy Vasser e o 3º lugar de Zanardi, a Chip Ganassi começou 1997 como a franca favorita ao título. Alguns azares e erros de estratégias, contudo, relegaram ambos os pilotos do time a posições intermediárias no certame. A partir de Cleveland, entretanto, Zanardi reagiu de forma fulminante, acabando por conquistar o título da categoria com o seu 3º lugar na etapa do último domingo, disputada no Laguna Seca Raceway, na Califórnia.
            O italiano, em desabafo, disse que seu título era para calar a boca dos críticos e dos dirigentes da CART, que o multaram por direção perigosa na etapa de Vancouver. O piloto alegou estar sendo perseguido pelos dirigentes. Mas é preciso esclarecer as coisas: em Vancouver Zanardi mais parecia um afobado na pista do que um candidato ao título da categoria, e chegou a jogar Bryan Herta na barreira de pneus em uma ultrapassagem. Se ele fizesse isso na F-1, com certeza também seria punido, e não apenas na F-CART, como andou declarando.
            Como todos os pilotos, a carreira de Zanardi começou no kart. Em 1990, o piloto foi vice-campeão da F-3 italiana. Em 1991, já na F-3000, também foi vice-campeão da categoria, perdendo o título para o brasileiro Christian Fittipaldi. De 1992 a 1994, Zanardi correu na F-1 de forma esporádica. Seu primeiro GP de F-1 foi na Alemanha, em 92, pela Minardi/Lamborghini, onde largou em 24º e só conseguiu andar uma volta, até o câmbio do carro quebrar. Neste mesmo ano, ele ainda não conseguiria se classificar para 2 GPs, e só retornaria à F-1 no ano seguinte, onde disputou 11 provas pela Lótus/Ford, tendo como melhor resultado um 6º lugar conseguido no GP do Brasil, onde conquistou o seu único ponto na F-1. Seu maior destaque neste ano foi o violento acidente na curva Eau Rouge, em Spa-Francorchamps, na Bélgica, da qual saiu com apenas um dente quebrado. Em 1994, correndo pela Lótus/Mugen-Honda, Zanardi disputou mais 10 provas, sem conseguir marcar pontos. Sem perspectivas, foi para o ITC, onde também não conseguiu muito destaque, e acabou novamente desempregado.
            Sua sorte foi a indicação da Reynard de seu nome para provável piloto na equipe de F-Indy de Chip Ganassi. Após o primeiro teste, Zanardi conseguiu um contrato de 3 anos com o time. E confiando no seu talento, o resultado pode ser visto principalmente neste ano. Para 1998, Alessandro Zanardi já declarou que continua na F-CART e na Chip Ganassi. É a decisão correta: além de respeitar o contrato que tem, no momento em que o piloto está muitíssimo valorizado pelo título que conquistou, é também uma maneira de agradecer a quem lhe deu a chance de reeguer a sua carreira. Parabéns, Zanardi!


O Grande Prêmio da Itália domingo passado foi a corrida mais disputada dos últimos tempos. Se não fosse um jogo de pneus defeituoso que fez Mika Hakkinen fazer um pit stop extra, o finlandês provavelmente teria terminado em 3º ou 4º lugar, e não a 49s373 de seu companheiro de equipe David Couthard, que venceu a 2º prova com a McLaren este ano. De Couthard a Eddie irvinne, na 8ª posição, houve uma diferença de apenas 17s639, e entre os primeiros 5 colocados, de apenas 6s416. Dos 14 carros que terminaram a corrida, 11 classificaram-se com o percurso total da corrida. Apenas Gianni Morbidelli e Rubens Barrichello ficaram 1 volta atrás, e Tarso Marques a 3 voltas do vencedor. O ritmo entre os primeiros era tão forte que ninguém conseguia ultrapassar ninguém, parecendo mais uma procissão em alta velocidade. E entre os primeiros, nada menos do que 4 equipes diferentes: Benetton, Williams, McLaren e Jordan. Apenas a Ferrari decepcionou em Monza.


Ralf Schumacher não toma jeito mesmo: depois de bater por 2 vezes na Bélgica, em um só dia, o piloto alemão deu um chega-pra-lá em Johnny Herbert quando ultrapassava a Sauber do inglês em plena reta dos boxes. Herbert escapou fora da pista a quase 350 Km/h e por sorte só bateu forte na proteção de pneus. E o piloto da Jordan ainda disse que a culpa foi toda de Herbert, na maior cara de pau. O piloto inglês já estava quase fora da pista, tentando não bater, quando levou o toque de “Little”Schummy...


Na Indy Lights, os brasileiros arrasaram a concorrência na prova de Laguna Seca. Cristiano da Matta conseguiu sua 3ª vitória consecutiva. O pódio foi completado por Tony Kanaan em 2º, e Hélio Castro Neves em 3º. Só Kanaan e Neves podem chegar ao título agora. Por sua vez, Cristiano disputa o vice-campeonato com Helinho. Este ano na categoria, a concorrência foi praticamente varrida por nossos pilotos...


Patrick Carpentier deveria ter voltado às pistas em Laguna Seca pela F-CART, mas a equipe Bettenhausen decidiu manter Roberto Moreno na prova. E fez bem: Moreno, com problemas para acertar o carro, ficou só em 25º lugar no grid de largada, mas conseguiu progredir o acerto do carro no warm-up e fez uma corrida combativa, terminando em 10º lugar e marcando 3 pontos no campeonato.


Guálter Salles, mesmo enfrentando todos os problemas da falta de dinheiro de seu time, fez sua melhor corrida na temporada da F-CART, terminando a prova de Laguna Seca em 7º. Guálter agora é o 20º colocado no campeonato, com 10 pontos...


Com o 5º lugar em Laguna Seca, Gil de Ferran assegurou o vice-campeonato por antecipação da F-CART este ano. Como o título já era, a meta agora é partir para o tudo ou nada e conseguir a vitória em Fontana, no encerramento da temporada, e pelo menos terminar o ano por cima...


Émerson Fittipaldi passou por outro tremendo susto no último domingo, em sua fazenda em Araraquara, no interior de São Paulo. O bicampeão de F-1 saiu para dar um passeio de ultraleve com seu filho Luca e sofreu um acidente com o aparelho, que apresentou problemas e despencou de uma altura de 100 metros. Felizmente, Émerson não se machucou muito e já se encontra melhor a esta altura, recebendo cuidados médicos em Miami. O piloto acabou fraturando uma vértebra e teve uma perna quebrada. Seu filho Luca felizmente não sofreu um arranhão sequer. Já refeito do susto, Émerson já decidiu que não anda mais de ultraleve. Agora, quanto a voltar a pilotar um carro de corrida, ele já diz que ainda não quer saber de aposentadoria...


Interessante a situação no GP da Itália da antiga dupla de pilotos da Williams em 1996: enquanto Jacques Villeneuve fazia uma corrida apagada com o carro da Williams, classificando-se em uma pífia 5ª posição (Heinz-Harald Frentzen, seu companheiro de equipe, terminou em 3º), Damon Hill estava andando mais do que o carro e já havia atingido a 9ª posição quando o motor Yamaha de seu TWR-Arrows estourou na saída da curva Parabólica...

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