quarta-feira, 27 de abril de 2016

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - ABRIL DE 2016



            O mês de abril já está indo embora, com uma velocidade que parece imitar as dos carros das diversas categorias do mundo do esporte a motor, cujos campeonatos seguem firmes em todos os lugares, com disputas mais ou menos acirradas, além de alguns vários outros acontecimentos que se dão fora da pista. Portanto, é hora de mais uma edição da Cotação Automobilística, fazendo a tradicional avaliação do panorama do mundo da velocidade neste mês de abril que está nos deixando, no velho esquema de sempre nas avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). Portanto, uma boa leitura para todos...



EM ALTA:

Simon Pagenaud: O piloto francês da equipe Penske venceu as duas últimas corridas do campeonato 2016 da IRL e parece finalmente ter se encontrado no time de Roger após uma performance apenas mediana em 2015. Com 2 triunfos e uma pole-position, ele já abriu 48 pontos de vantagem para o segundo colocado, Scott Dixon, e pelo sistema de pontuação da categoria, não perderá a liderança mesmo que abandone a próxima corrida, no traçado misto de Indianápolis. Simon tem demonstrado muita garra, e lutou bravamente pela vitória em Barber, onde foi superado por Graham Rahal na parte final da corrida e foi atrás, conseguindo recuperar a liderança e conquistando uma vitória categórica.

Lucas Di Grassi: O piloto da equipe Audi ABT conquistou sua segunda vitória consecutiva no campeonato da F-E na etapa de Paris. Em um circuito estreito de difíceis ultrapassagens, o piloto brasileiro garantiu um lugar na primeira fila, e logo na largada conseguiu pular na frente para seguir firme rumo à vitória, repetindo o feito de Long Beach, onde retomou a liderança da competição depois da desclassificação na prova da Cidade do México. Junto com alguma trapalhadas e confusões de Sébastien Buemi, Lucas não só reassumiu a liderança na classificação como agora tem 11 pontos de vantagem para o piloto da e.dams, que continua tendo o melhor carro da competição, mas que não tem conseguido aproveitar essa vantagem como deveria. Faltam 4 etapas para o encerramento do campeonato dos carros elétricos, e Di Grassi passa a ser o favorito destacado para o título da temporada.

Porsche no Mundial de Endurance: As interpéries bagunçaram a relação de forças das escuderias da classe LMP1 na prova inaugural do Mundial de Endurance deste ano em Silverstone, oferecendo à Audi a chance de fazer a pole-position e de vencer a corrida. Mas quem acabou levando foi a atual campeã da competição, a Porsche, uma vez que o carro da equipe das quatro argolas acabou desclassificado por uma irregularidade técnica. Mas é bom que ninguém se iluda: o modelo 919 ainda é o carro mais competitivo da classe LMP1, e a Toyota, só para ilustrar, ficou a uma volta atrás do trio vencedor da equipe alemã, e só não fez dobradinha porque o outro carro quebrou muito cedo na corrida. Audi e Toyota precisarão dar duro para impedir que a Porsche conquiste um novo título nesta temporada do WEC, e tudo indica que os alemães não vão dar mole na competição.

Valentino Rossi: O piloto da Yamaha conquistou uma vitória categórica em Jerez de La Fronteira, na Espanha, largando na pole e vencendo de ponta a ponta, deixando seus rivais nitidamente incomodados com o sucesso. Não há como negar que o piloto italiano é o grande ídolo da categoria, e a equipe dos três diapasões já garantiu os serviços do "Doutor" por pelo menos mais duas temporadas, e a prova de que o sucesso de Rossi já incomoda demais é o fato de Jorge Lorenzo, o atual campeão e seu companheiro de equipe, anunciar que irá para a Ducati na próxima temporada, onde deverá ter o status de primeiro piloto do time italiano, condição que a Yamaha não poderia lhe oferecer por contar com dois pilotos campeões. Mas Rossi ainda terá muito trabalho para tentar conquistar o título da temporada, pois conta com praticamente 24 pontos de desvantagem para o líder Marc Márquez, e está também 7 pontos atrás de Lorenzo na classificação. Mas alguém acha que o "Doutor" vai ficar parado vendo seus rivais ficarem à sua frente no campeonato?

Nico Rosberg: O piloto alemão está tendo o início de campeonato que sempre desejou: venceu as três corridas disputadas até aqui e viu seu principal rival e companheiro de equipe Lewis Hamilton ter problemas em todas as corridas, e agora livrou a maior vantagem sobre o inglês desde que a Mercedes se tornou a força dominante da F-1 em 2014: 36 pontos. Mas é cedo para comemorar: o campeonato ainda tem 18 corridas até o final, e muita água ainda vai rolar por baixo da ponte. Da mesma forma, Rosberg precisa garantir que poderá vencer Hamilton se o inglês não enfrentar nenhum problema em corrida, e se conseguir se manter à frente na classificação, terá boas chances de enfim conquistar o seu tão sonhado título. Mas o piloto alemão precisa tomar cuidado para não sofrer um revés no campeonato: permitir uma reviravolta com a grande vantagem que acumulou até aqui seria catastrófico, e comprometer sua imagem de piloto de ponta, que já sofreu alguns estragos nas últimas duas temporadas, quando foi superado por Hamilton no time prateado, especialmente no ano passado, quando não conseguiu se impôr ao companheiro de equipe na luta pelo título.



NA MESMA:

Marc Márquez: A "Formiga Atômica" mostra que, mesmo com um equipamento ainda um pouco instável, não se pode descuidar do bicampeão espanhol, que anda apanhando um pouco com a adaptação da Honda à eletrônica padrão adotada pela MotoGP a partir desta temporada. Márquez venceu metade das corridas do ano até agora, e lidera o campeonato com alguma folga sobre a dupla da rival Yamaha, com 17 pontos para o atual campeão, Jorge Lorenzo. E ele faz questão de frisar que vai lutar sempre até o limite do seu equipamento. Basta ver a diferença de pontos para seu companheiro Dani Pedrosa, que até o presente momento marcou menos da metade dos pontos de seu colega bicampeão no time oficial da Honda.

Sébastien Buemi: O piloto da equipe e.dams chegou novamente atrás do brasileiro Lucas Di Grassi em mais uma corrida, mas pelo menos desta vez não fez estripulias pelo meio do caminho, como em Long Beach. O piloto suíço da equipe oficial da Renault na F-E ainda dispõe de um carro extremamente competitivo, mas precisa começar a fazer uso de todo o potencial de seu equipamento, se quiser reverter o favoritismo do piloto brasileiro da Audi ABT. Os 11 pontos de desvantagem são um problema, mas nada impossível de se resolver. E Buemi ainda tem chance de inverter as chances nas etapas restantes da competição. É preciso ficar de olho nele.

Lewis Hamilton: Mais uma corrida, e mais problemas surgindo no caminho do tricampeão de F-1. Na China, o inglês já ia ter um começo atribulado pela troca do câmbio, mas tudo ficou ainda mais complicado com o problema em sua unidade de potência, o que o fez largar do fim do pelotão. Como desgraça pouca é bobagem, Hamilton ainda se viu enroscado em um toque na primeira volta, e a partir daí, teve de lutar para se recuperar com ainda mais dificuldades do que o esperado. Acabou empacando atrás de Felipe Massa no final da corrida, e ainda viu Nico Rosberg vencer mais uma vez e disparar na classificação. O inglês afirma que está tranquilo com a situação, não demonstrando desespero em tentar inverter a situação o mais rápido possível. É bom ele manter a cabeça fresca, pois isso ajuda a encarar melhor o desafio de correr atrás do prejuízo. Vejamos até onde ele mantém essa postura.

Kits aerodinâmicos na Indy Racing League: Desde que a categoria de monopostos americana adotou os kits aerodinâmicos como forma de promover um desenvolvimento diferenciado dos carros e chamar a atenção do público, tornou-se notório que a Chevrolet desenvolvera um equipamento mais competitivo do que a Honda. Por isso, apesar da medida polêmica adotada pela direção da Indycar no ano passado, ao permitir que os japoneses melhorassem seu kit em áreas que normalmente não seriam permitidas pelo regulamento para esse ano, visando equalizar o rendimento do dois equipamentos, tudo indica que a direção da categoria queimou parte de sua credibilidade por nada. Os kits produzidos pela Chevrolet, estritamente sem nenhum "favorecimento", como eles gostam de referir à legalidade das peças que produzem, continuam tendo um desempenho superior aos kits da Honda, a ponto de o principal time equipado com eles, a Andretti, já admitir, por meio do próprio Michael Andretti, que as condições de competitividade com os carros da Chevrolet só irão piorar, ainda mais nas provas dos superovais, temendo levar um baile nas 500 Milhas de Indianápolis. E a Chevrolet vem deitando e rolando desde que o campeonato começou...

Votação das novas regras da F-1 para 2017: Deveria haver uma reunião esta semana na Inglaterra para ratificar a adoção de novas regras para a categoria máxima do automobilismo a partir da próxima temporada, mas não houve quórum suficiente, e a decisão acabou adiada. Já há quem defenda que, diante das boas corridas apresentadas neste ano, e a evolução contínua das unidades de potência, não deverão ser efetivadas as mudanças que previam motores muito mais fortes e carros mais largos. Aliás, começa a ganhar força a idéia de que manter o regulamento estável será muito mais benéfico do que promover uma nova revolução técnica do qual ninguém sabe o que poderá resultar, o que seria talvez mais prejudicial ainda à F-1, se as regras se mostrarem erradas. Parece que ainda não é desta vez que todo mundo irá concordar nas mudanças que precisam ser feitas na categoria máxima do automobilismo, ou mesmo se algumas coisas precisam de fato serem alteradas...



EM BAIXA:

Novo treino de classificação da F-1: Bastaram duas corridas para todo mundo perceber o que era mais do que óbvio: o sistema de eliminação nos Qs foi uma tremenda furada, e se já foi ruim na Austrália, ficou ainda pior no Bahrein. Tanto que na China, a categoria já voltou a seu sistema antigo, usado até o ano passado. Mas o "perigo" de se inventar no treino de classificação ainda não passou. A Williams, por exemplo, agora deu de defender a inversão do grid, como forma de "salvar" a emoção da F-1. Que a categoria precisa fazer mudanças, todo mundo concorda... Mas será que não podiam parar de ter idéias esdrúxulas a respeito do que fazer...?

Felipe Nasr: O piloto brasileiro da equipe Sauber vem tendo provas pífias na temporada deste ano, e para piorar, vem sendo superado pelo sueco Marcus Ericsson, que já andou dando umas cutucadas no parceiro de equipe a respeito de suas reclamações sobre o chassi que anda usando. Nasr solicitou a troca do seu chassi afirmando que o que ele vinha usando tinha algum "problema". Com um chassi novo, Felipe terá de se aplicar para provar que o problema estava no carro, mas se perder a parada, seu prestígio de bom piloto angariado na temporada do ano passado pode ser corroída mais rápido do que já vem sendo com as poucas perspectivas do carro deste ano. É uma aposta que ele não pode se dar ao luxo de perder.

Equipe Renault: O retorno da Renault como time oficial na F-1 vai ser mais complicado do que todos imaginavam. O time francês não conseguiu uma performance decente até agora na temporada, e se não tomar cuidado, vai disputar com a Sauber as últimas colocações no campeonato de construtores e na pista. Tudo bem que a fábrica francesa está mirando mesmo é em 2017, mas começar tão mal a temporada também não era exatamente o plano da marca, que está vendo os melhores resultados na pista virem justamente do time que queria se livrar deles a todo custo no ano passado, a Red Bull. Vai ser um ano de muito mais trabalho do que todos imaginavam em Enstone. Pastor Maldonado, que perdeu a vaga para Kevin Magnussem antes da pré-temporada, talvez não tenha tido tanto azar em ficar de fora da F-1 nesta temporada...

Um time a menos na F-E: Enquanto espera pela chegada da Jaguar, que estreará na categoria na próxima temporada, que começa no fim do ano, a categoria dos carros elétricos está em vias de perder mais um time, ou quase isso. Aguri Suzuki, proprietário do time Aguri, anunciou que pretende vender o time nestes últimos dias. Ao que parece, o ex-piloto japonês tem novos planos para o futuro, que não incluem a escuderia com a qual compete na F-E. Resta esperar que ele arrume um comprador que se disponha a permanecer na competição. Jarno Trulli, que também tinha um time na categoria, teve de fechar a equipe depois dos maus resutados da primeira temporada e das dificuldades para alinhar na temporada deste ano, desistindo da empreitada após tentativas frustradas nas duas primeiras corridas.

Nelsinho Piquet na F-E: A fase não anda mesmo boa para o primeiro campeão da categoria de carros elétricos monopostos. A etapa de Paris foi mais uma corrida em que o brasileiro até começou bem, e com a esperança de pelo menos voltar a marcar pontos, mas tudo acabou perdido por um defeito no primeiro carro usado na corrida, que começou a perder potência quando ainda faltavam várias voltas para o pit stop de troca de carro. Mesmo com o segundo carro, o desempenho não melhorou, e culminou com o abandono na etapa francesa. Em Long Beach, Nelsinho tentava pelo menos fazer a volta mais rápida para ganhar alguns pontos, já que novamente não alcançaria a zona de pontuação, quando acabou batendo no muro. O jeito é esperar pela próxima temporada, porque a atual já é um caso de perda total.

 

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