Depois de 9 anos na Yamaha, Jorge Lorenzo defenderá a Ducati a partir de 2017. |
Valentino Rossi chegou,
viu, e venceu o Grande Prêmio da Espanha, disputado domingo passado em Jerez de
La Fronteira, na Andaluzia, de uma maneira que muitos já haviam esquecido. O
"Doutor" largou na pole-position, e venceu a corrida de ponta a
ponta, como nos seus bons tempos, que muitos insistem em dizer que já passaram,
mas o italiano mostra que ainda não estão tão terminados como se pensa. Mas um
dos grandes assuntos no paddock do circuito espanhol, além da vitória do piloto
italiano da equipe oficial da Yamaha, era a mudança de seu companheiro de
equipe, Jorge Lorenzo, para a Ducati, a partir da próxima temporada. A dupla de
pilotos mais forte do grid da categoria rainha do motociclismo será desfeita.
Além de um proposta
financeira melhor por parte dos italianos, que ofereceram cerca de 12 milhões
de euros por temporada por um contrato de dois anos, contra um salário de 9
milhões de euros se renovasse com a equipe de Iwata, Lorenzo está buscando um
tratamento diferenciado que não ia conseguir na Yamaha: ser o primeiro piloto
do time. O piloto espanhol, desde que ficou livre de Rossi no time nipônico
quando este foi correr pela Ducati em 2011 e 2012, após várias desavenças com o
"Doutor", se acostumou a ser o centro das atenções do time, mas
quando Rossi voltou à escuderia em 2013, por incrível que pareça, o
relacionamento entre ambos conseguiu até ser mais calmo. Mas bastou ambos
disputarem ferrenhamente o título no ano passado, para o caldo entornar de vez,
situação que acabou se estendendo até às equipes de mecânicos de cada piloto no
box.
Apesar de ter
conquistado o título de 2015, o clima no time entre Lorenzo e Rossi não ficou
mais calmo, e até mesmo a direção da escuderia ficou um pouco reticente com o
espanhol, depois que ele meio que tomou partido contra o italiano das críticas
que Rossi havia feito sobre Marc Márquez estar "fazendo corpo mole" a
fim de favorecer seu compatriota na luta pelo título do ano passado, discussão
que acabou atingindo seu ápice no incidente entre Rossi e Márquez em Sepang,
com o piloto da Honda caindo após um suposto chute do italiano em sua moto em
uma disputa de posição. Isso levou à punição de Rossi largar em último na etapa
final em Valência, e o piloto tentou apelar ao Tribunal Arbitral do Esporte, a
fim de reverter a punição. Além de não ter conseguido o que pretendia,
Valentino ainda ouviu Lorenzo criticá-lo, com o espanhol tentando se envolver
no processo pedindo maiores punições ao companheiro de time sem consentimento
da escuderia. Lorenzo conquistou o tricampeonato, e mesmo que o tenha feito por
méritos próprios, seu triunfo ficou à sombra da punição dada a Rossi, que pelo
sim, pelo não, contaminou o clima da decisão.
O ambiente entre as
equipes de mecânicos, até então cordial, também ficou meio exaltado. Ambos os
times de Rossi e Lorenzo mantinham harmonia no seu trabalho conjunto, mas
depois do final polêmico de 2015,
a sintonia entre todos dentro dos boxes não se tornou
mais a mesma de antes. Junte-se a isso o fato de Lorenzo reclamar do
compartilhamento de dados entre ele e Rossi, algo plenamente justificável em
uma escuderia de competição, sob alegação de que o italiano se aproveitava de
seu trabalho de desenvolvimento, e a negativa da Yamaha de mudar sua filosofia de
trabalho, e podemos ver que o ambiente no time dos três diapasões andava meio
instável mesmo.
Mas, procurando manter
sua dupla de pilotos tranquila o tanto possível, e confiando no talento deles,
a Yamaha ofereceu a ambos o contrato de renovação por mais dois anos antes
mesmo da largada da primeira corrida, em Losail, no Qatar. Rossi aceitou de
imediato, mas Lorenzo pediu um tempo para pensar. Com uma proposta milionária
da Ducati, que já há algum tempo vinha sondando o piloto espanhol, e a certeza
de que o clima no time nipônico poderia continuar não sendo do seu agrado,
Lorenzo resolveu aceitar o desafio de levar o time da marca italiana de volta
ao topo da MotoGP.
Sobre o desejo de ser
o número um do time, o próprio Lin Jarvis, chefe da escuderia oficial da
Yamaha, revelou que essa era uma exigência que o time não poderia atender, por
contar com dois pilotos campeões, e que o tratamento dado a ambos seria sempre
igual, sem prejudicar ou favorecer um ou outro. Claro que Lorenzo disse que
isso não foi o motivo principal de sua decisão de guiar para a Ducati, mas que
influenciou fortemente, isso influenciou. Oficialmente, Lorenzo disse que ir para
a Ducati significa encarar novos desafios e uma mudança de ares na carreira.
A Ducati conseguiu uma
evolução significativa em sua moto para esta temporada, e o modelo desta temporada
tem mostrado uma notável velocidade em reta, já capacitando o time italiano a
voltar a vencer corridas. Para isso, entretanto, a marca precisava de um piloto
campeão em suas fileiras, a fim de não ter mais desculpas para a falta de
resultados. E Lorenzo é o piloto que, na opinião do time, pode levar a marca de
volta ao topo do pódio. Uma das motivações de Lorenzo em sua empreitada seria
conseguir justamente o que Rossi não foi capaz de fazer: levar a equipe
italiana de volta ao título. Rossi competiu pela Ducati em 2011 e 2012, mas o
melhor que conseguiu foram 2 segundos lugares e um terceiro, ficando sem vencer
praticamente. Não foi o resultado que muitos esperavam.
Curiosamente, foi o
fracasso da parceria Rossi/Ducati que abriu o caminho para a Ducati ser hoje um
time em franca ascenção. Como puderam fracassar tendo um multicampeão como o
"Doutor" no time? A resposta era mais do que óbvia: o equipamento era
ruim. E isso levou a Ducati a promover mudanças na direção do time, investir na
área técnica e reformulações no projeto da moto. Levou um tempo, mas hoje a
moto italiana só perde para a Yamaha e a Honda, e só precisam mesmo é de um
piloto do quilate de Jorge Lorenzo para enfim igualar-se definitivamente aos
dois times mais poderosos da MotoGP. E a Ducati já anda incomodando nesta
temporada: Andrea Dovizioso batalhou ferozmente com Lorenzo pela vitória no
Qatar, cruzando a bandeirada apenas 2s atrás do atual tricampeão. No GP da Argentina,
a Ducati tinha garantido o 2° e 3° lugares quando seus dois pilotos se tocaram
a caíram a duas curvas da bandeirada, jogando por terra o melhor resultado do
time nos últimos tempos, após uma prova aguerrida em que os modelos de Borgo
Panigale mostraram excelente performance. Em Austin, a Ducati foi novamente ao
pódio, agora com Andrea Iannone, em outra corrida de ritmo forte, que só não
terminou melhor para a escuderia porque Andrea Dovizioso acabou fora da corrida
em um toque com Dani Pedrosa em disputa de posição. As motos italianas
mostraram a maior velocidade de reta em Austin, com Dovizioso cravando 339 Km/h, ante 338,1 de
Iannone. Só para efeito de comparação, a Honda mais rápida em velocidade foi de
Dani Pedrosa, com 334,1
Km/h, contra 332 de Marc Márquez. Uma diferença
significativa. No Qatar, prova de início da temporada, a dupla da marca
italiana também marcou as melhores velocidades em reta, com diferenças
similares, que ajudaram Dovizioso e Iannone a complicarem a situação de Márquez,
Lorenzo e Rossi. Situação idêntica na Argentina e na Espanha, onde as Ducati
eram um perigo mais do que real nas reta. Com um pouco mais de equilíbrio nas
curvas, a Ducati virá com tudo para cima das Yamahas e Hondas oficiais.
Jorge Lorenzo já vinha
sendo contatado pelos italianos há algum tempo para ser piloto deles, mas até
então, o modelo da Yamaha sempre se mostrava mais competitivo do que as motos
italianas, razão pela qual permaneceu com o time de Iwata. Agora, com o crescimento
de desempenho das Ducati na pista, a diferença reduziu-se a um percentual que
Lorenzo acredita ser capaz de dar o passo decisivo para tornar a marca
novamente vencedora, derrotando tanto Honda quando Yamaha. Outro detalhe
interessante é a adoção das centralinas padrão, a partir desta temporada, que
ajudou a reduzir parte da vantagem de Honda e Yamaha nas pistas, uma vez que o
novo modelo utilizado por todos não é tão avançado como os sistemas que ambas
as escuderias nipônicas dispunham até 2015, mas que não ocasionou nenhuma perda
de performance para o modelo italiano.
Com o desenvolvimento
da moto mais centrado em seu estilo de pilotagem, e podendo ter mais voz ativa
no que deseja do comportamento da moto, Jorge Lorenzo acredita que fará a
diferença para levar a Ducati novamente ao título, algo que a marca não vê
desde 2007, quando conquistou seu último título, com Casey Stoner. Aliás,
Stoner retornou à marca há poucos meses, para exercer a função de piloto de
testes. Muitos apostavam que a Ducati conseguiria demovê-lo da decisão de
abandonar oficialmente as competições e retornar como titular, mas a contratação
de Lorenzo encerra as suposições sobre o australiano, embora haja quem sonhe
com uma dupla Stoner/Lorenzo na Ducati para 2017, algo tido como improvável, não
apenas porque Stoner mantém firme sua decisão de ser apenas piloto de testes,
mas porque Lorenzo dificilmente iria ter tranquilidade no time se tivesse
novamente um piloto campeão a seu lado. E, depois de finalmente conseguir
atrair o espanhol, a Ducati não faria a loucura de tentar alinhar dois pilotos
campeões novamente, para desgosto do tricampeão. Mas claro que muitos até
torceriam para que essa loucura acontecesse...
Antes de começar sua
jornada na Ducati, Lorenzo pretende despedir-se da Yamaha com mais um título,
mas é bom que se prepare para enfrentar oposição forte de Valentino Rossi na
parada. Lorenzo não tem do que se queixar do tempo em que correu na equipe nipônica,
onde estreou na categoria rainha do motociclismo em 2008. Neste tempo, ele foi
três vezes campeão, venceu 41 corridas e chegou a 99 pódios. E ele tem intenção
de aumentar estes números. Há quem diga que com a saída do espanhol, a Yamaha
deverá privilegiar o italiano na disputa pelo título, mas a Yamaha não iria agir
dessa forma, depois de reafirmar seu compromisso de dar atenção igual a seus
dois pilotos. O único "favorecimento" possível é que até ser
escolhido o companheiro do "Doutor" para 2017, o desenvolvimento da
moto para a próxima temporada terá Rossi como parâmetro, o que não é nada mais
do que óbvio de se agir. Mas, daí a dizer que Lorenzo não terá a atenção do
time para disputar o título é a mais pura besteira.
Se conseguir levar a
Ducati de novo a disputar o título da MotoGP, Lorenzo estará ajudando a
categoria a mostrar um espetáculo ainda melhor e mais disputado, e isso será
comemorado por todos os amantes da motovelocidade, em que pesem alguns fãs
bairristas que adoram jogar lenha na fogueira nas disputas de seus pilotos
favoritos, algo que é totalmente dispensável para o esporte em si. Que Jorge Lorenzo
consiga ser bem sucedido em sua nova vida na marca italiana em 2017, e continue
fazendo uma boa temporada em 2016. Quanto mais disputas, melhor para todos.
GP da Rússia terá sua terceira edição neste fim de semana. |
Hoje começam os treinos oficiais
para o Grande Prêmio da Rússia de F-1. Na pista, uma das novidades será o
experimento do aparato de proteção ao piloto desenvolvido pela Red Bull, chamado
Aeroscreen, bem diferente do demonstrado pela Ferrari nos testes da pré-temporada,
visando a dar mais proteção, que consiste em um parabrisa de policarbonato. Muito
provavelmente seja Daniel Riciardo a testar a peça, mas a escuderia austríaca
iria decidir isso apenas na manhã de hoje. Para Charlie Whiting, diretor técnico da
FIA, a peça desenvolvida pela Ferrari, batizada de Halo, tem mais chances de
ser adotada, mas ainda são necessários mais testes, e a experiência que a Red
Bull fará hoje em Sochi fornecerá mais dados a respeito de qual sistema pode
ser o mais viável de ser adotado, muito provavelmente já em 2017.
Felipe Nasr pediu e a Sauber
resolveu atender: o brasileiro terá um novo chassi à sua disposição para a
corrida na Rússia. Felipe alegou que alguma coisa no carro deveria estar
errada, para ele não conseguir obter o mesmo desempenho de seu parceiro de
equipe Marcus Ericsson nas corridas disputadas até agora, em que pese o
rendimento do carro, mesmo com o sueco, estar péssimo. Pelo sim, pelo não, é
bom Nasr confimar na pista suas suspeitas de que só não andou melhor por causa
do carro, porque Ericsson já aproveitou para dar umas alfinetadas em Nasr
dizendo que topava trocar de carro só para mostrar que está andando na frente
dele por ser melhor piloto. Como Felipe precisa manter seu cacife em alta se
quiser arrumar um lugar em um time mais competitivo em 2017, cabe a ele mostrar
que serviço e enfiar o sueco novamente no bolso, ou sua imagem de bom piloto
com potencial pode levar alguns arranhões que podem comprometer seus planos
para o futuro...
Depois de surpreender por seu
desempenho na China, todo mundo espera outra grande exibição da Red Bull aqui
em Sochi, ainda mais pelo fato de o circuito montado no Parque Olímpico não ter
as mesmas grandes retas da pista de Shanghai, onde o motor Renault ainda deve
performance para Mercedes e Ferrari. Em um circuito um pouco mais travado,
todos apostam que o time dos energéticos deverá incomodar bastante as favoritas
Mercedes e Ferrari. A conferir já nestes treinos livres de hoje...