quarta-feira, 4 de novembro de 2015

FLYING LAPS - OUTUBRO DE 2015



            E o tempo segue avançando, sempre, por vezes a uma velocidade que parece tão veloz quanto a dos carros de competição das diversas categorias que existem ao redor do mundo. O mês de outubro já ficou para trás, e entramos em novembro, penúltimo mês de 2015. E, como é de praxe em todo início de mês, é hora de mais uma sessão da Flying Laps, com alguns comentários em notas breves sobre os fatos ocorridos, com especial destaque nesta vez para o início do segundo campeonato da F-E, que mostrou uma corrida bem atrativa, muito melhor do que a do ano passado, quando o certame de carros monopostos elétricos fez a sua estréia no mundo do esporte a motor. Mas ainda sobrou um espacinho para comentar sobre a IRL e a Endurance. Então, uma boa leitura a todos, e no mês que vem tem mais...


Vice-campeão da primeira temporada da Fórmula-E, o suíço Sébastien Buemi começou a nova temporada da categoria de competição de carros monopostos elétricos com tudo: o piloto da equipe e.dams fez a pole, marcou a melhor volta, e liderou praticamente de ponta a ponta o e-Prix de Pequim, vencendo a corrida sem praticamente ser ameaçado. Vencedor da etapa chinesa no ano passado, o brasileiro Lucas Di Grassi fez outra corrida firme, e subiu novamente ao pódio, em 2° lugar. Lucas passou a primeira metade da corrida travado atrás de Nick Heidfeld, da Mahindra, e só conseguiu superar o piloto alemão no pit stop para troca de carros. Di Grassi chegou a diminuir a diferença para Buemi, dando a impressão de que poderia discutir novamente a vitória, mas o suíço manteve-se firme na liderança, e até abriu maior dianteira, mostrando ter a corrida sob controle, e recebeu a bandeirada com 11s de vantagem para o piloto brasileiro da Audi ABT. O pódio acabou completado por Heidfeld, que iniciou o ano bem em seu novo time. Mas quem mostrou mesmo força nesta corrida inaugural da segunda temporada foi a e.dams, que só não teve seus dois pilotos no pódio de Pequim porque Nicolas Prost exagerou na perseguição a Lucas Di Grassi, e num toque leve, danificou sua asa traseira, que ficou pendurada, obrigando a direção de prova a exigir seu recolhimento aos boxes por questões de segurança. Antes que isso acontecesse, Prost e Di Grassi estavam em duelo pela 2ª colocação, com o brasileiro tendo de se defender dos ataques do francês. A e.dams monopolizou a primeira fila do grid, com Nicolas Prost ficando com a 2ª posição, a quase 0s3 de diferença para Buemi, o pole. Mas a diferença para Nick Heidfeld, o 3° colocado, foi de cerca de 1s, o que dá uma amostra de como o time francês, escuderia oficial da Renault na categoria, é considerado o franco favorito para esta nova temporada da categoria. A concorrência vai ter de trabalhar duro, a persistir este panorama. A expectativa é de um equilíbrio melhor para a segunda corrida, em Putrajaya, na Malásia no dia 7 de novembro.


Se Lucas Di Grassi andou forte e subiu ao pódio na estréia da nova temporada da F-E, os demais brasileiros na categoria não tiveram do que gostar do resultado da prova chinesa. Bruno Senna largou em 7°, e de início até foi bem, chegando à 5ª posição, mas ao longo da corrida, seu carro foi perdendo rendimento, e ele terminou numa inglória 13ª posição, fora dos pontos. Para Nelsinho Piquet, o atual campeão da categoria, entretanto, foi ainda pior: com problemas no rendimento de seu carro, o piloto da China Racing amargou largar em último lugar no grid, e durante a corrida, apesar de não conseguir mostrar um bom ritmo, vinha tentando chegar na zona de pontuação, o que parecia um objetivo satisfatório. Mas seu carro sofreu um "apagão" momentâneo, e Nelsinho viu seus esforços irem praticamente por água abaixo. O carro voltou a apresentar um comportamento normal, mas não havia como recuperar o tempo perdido, além de que a velocidade já não era mais a mesma. Acabou em 15° e último colocado entre os que terminaram a corrida, com 2 voltas de desvantagem para o vencedor Buemi. O que tranquiliza tanto Nelsinho quanto Bruno é o fato de seus companheiros de equipe terem tido performances melhores na corrida. Nick Heidfeld, novo companheiro de Senna na Mahindra, foi o 3° colocado, e Oliver Turvey, companheiro de Piquet, finalizou a corrida em 6° lugar. Resta esperar por melhor sorte nas próximas corridas. Nelsinho, aliás, mantém a esperança firme, já que no ano passado, seu time também não havia andado muito bem em Pequim, com o próprio Nelsinho terminando a corrida no ano passado em 8° lugar. E Bruno Senna também se mostrou otimista, ao declarar que a performance de seu carro este ano está muito melhor do que a apresentada no ano passado, confirmando que só precisa de um pouco mais de sorte e confiabilidade para conseguir resultados.


Estreando na categoria dos carros elétricos pela equipe Venturi, o canadense Jacques Villeneuve teve uma performance mediana em Pequim, e viu sua corrida comprometida num toque com o português Antônio Félix da Costa. Costa, defendendo a equipe de Aguri Suzuki, errou uma freada e seguiu reto, acertando de leve o carro do canadense. Villeneuve ainda conseguiu retornar à corrida, onde finalizou apenas em 14° lugar, a mais de 1 volta de desvantagem de Sébastien Buemi. Mas o piloto canadense segue entusiasmado com o seu retorno a uma competição de monopostos, e acredita em evoluir sua performance nas próximas corridas. Seria realmente muito bom se conseguisse mostrar toda a garra exibida nos seus bons tempos na F-1, quando foi campeão pela equipe Williams, uma vez que suas últimas apresentações na categoria máxima do automobilismo não foram exatamente das melhores...


A evolução dos carros da F-E, e especialmente dos trens de força utilizados pela categoria nesta nova temporada, com maior potência disponibilizada nas baterias dos bólidos, deram um bom incremento na performance dos carros. Na pista de Pequim, mesmo com a corrida deste ano tendo 1 volta a mais do que a prova de 2014, no circuito de 3,439 Km de extensão, ainda assim o tempo total da corrida ficou abaixo da edição do ano passado, finalizada com 52min23s413. A corrida deste ano, foi vencida por Buemi em 50min08s835, ou mais de 2 minutos mais rápida. A exemplo de comparação, a pole do ano passado, conquistada por Nicolas Prost, da equipe e.dams, foi de 1min42s200, enquanto a pole deste ano, de Sébastien Buemi, também da equipe e.dams, já foi de 1min37s297, quase 5s mais rápida. Na corrida, a melhor volta em 2014 foi de Takuma Sato, com 1min45s101, enquanto Buemi, dono da volta mais veloz este ano, baixou o tempo para 1min39s993, pouco mais de 5s1 mais rápido. A evolução dos tempos impressiona, mas é preciso dar um pequeno desconto em relação à corrida do ano passado, que inaugurando a nova categoria automobilística, ainda tinha suas escuderias desenvolvendo seus equipamentos e aprendendo os limites que poderiam ser atingidos com seus bólidos. Com a maior experiência e desenvolvimento, ainda que limitado pela falta de testes, era natural que a performance melhorasse para este ano. A adoção dos novos trens de força, construídos pelas equipes, mostrou que a disputa é melhor caminho para evolução do desempenho dos carros, que estão mais velozes do que em sua primeira temporada. O único temor é que algum time desequilibre a disputa, como a e.dams deu a entender nesta primeira corrida. Mas os organizadores do campeonato estão otimistas em que os demais times consigam melhorar as performances e equilibrar melhor a disputa, a exemplo do que ocorreu no primeiro campeonato.


A direção da Indycar anunciou o calendário da Indy Racing League para o próximo ano. Continuarão sendo 16 corridas, e as baixas em relação ao campeonato deste ano serão as etapas de Nova Orleans, Fontana, e Milwaukee. Em compensação, a etapa de Road America, considerado o melhor circuito misto de todo os Estados Unidos, finalmente fará sua estréia na competição, tendo realizado sua última corrida de uma categoria Indy em 2007, quando ainda fazia parte do calendário da finada F-Indy, extinta no início do ano seguinte. Outra novidade é a etapa de Boston, a ser realizada em um circuito de rua na metrópole da costa leste americana. E quem retorna ao calendário é o velho circuito oval de Phoenix, no Arizona, que fez parte da categoria em seus primeiros anos. Detroit segue sendo a única etapa em rodada dupla do campeonato, e como era de se esperar, depois do fiasco ocorrido no início deste ano, o Brasil está fora do calendário, e tão cedo não deverá estar de volta, ainda mais no momento econômico delicado de nossa economia, para não mencionar a desconfiança e falta de crédito da qual infelizmente nosso país passou atestado frente aos dirigentes da categoria. Resta também torcer para que o campeonato seja transmitido para nosso país, a fim de que os fãs da categoria e do automobilismo tenham opção de acompanhá-lo, e que isso seja feito de forma decente e com mais dedicação, o que andou em falta nos últimos anos. Confiram as datas das provas: 13.03 - GP de São Petesburgo; 02.04 - GP de Phoenix; 17.04 - GP de Long Beach; 24.04 - GP do Alabama; 14.05 - GP de Indianápolis; 29.05 - 500 Milhas de Indianápolis; 04.06 - GP de Detroit (corrida 1); 05.06 - GP de Detroit (corrida 2); 11.06 - GP do Texas; 26.06 - GP de Road America; 10.07 - GP de Iowa; 17.07 - GP de Toronto; 31.07 - GP de Mid-Ohio; 21.08 - 500 Milhas de Pocono; 04.09 - GP de Boston; 18.09 - GP de Sonoma. Nos EUA, a maior parte das corridas será transmitida pelo canal pago NBCSN, enquanto algumas provas serão exibidas na TV aberta pelo canal ABC.


A Porsche continua deitando e rolando no Mundial de Endurance, e garantiu mais uma vitória nas 6 Horas de Fuji, no Japão, e com a 3ª vitória consecutiva do trio Timo Bernhard/Mark Webber/Brendon Hartley, no carro 17, que já haviam faturado as etapas de Nurburgring e Austin. O que manchou, na minha opinião, a vitória do trio, é que ela foi obtida por um jogo de equipe, pois quem liderava a corrida até sua fase final era o outro carro da Porsche, o 18, com o trio Romain Dumas/Neel Jani/Marc Lieb, que receberam ordens do box para ceder a posição ao outro carro. Assim foi feito, e finalizaram a corrida cerca de 15s após, na 2ª colocação. A Audi ficou em 3° lugar, com o trio Marcel Fässler/André Lotterer/Benoît Tréluyer, que lideravam o campeonato de pilotos até a prova japonesa. E, graças ao jogo de equipe feito pela Porsche, eles perderam a dianteira na competição, sendo superados em 2 pontos pelo trio vencedor em Fuji. Uma pena recorrerem a essa estratégia, que considero antidesportiva, ainda mais pelo fato de que a Porsche está dominando o Mundial de Endurance. Seu rival mais direito, a Audi, chegou com seus dois carros com mais de uma volta de desvantagem para o trio vencedor, e fatalmente iria perder a liderança da competição em Shangai. O outro carro da Audi, pilotado pelo trio Lucas Di Grassi/Loïc Duval/Oliver Jarvis, ficou na 4ª colocação, também tendo de entregar a posição no jogo de equipe para favorecer os companheiros. A Toyota, campeã no ano passado, finalizou em 5° e 6° com seus dois carros, a mais de 2 voltas de desvantagem da Porsche, e sem conseguir demonstrar ritmo para ameaçar os times alemães.
 

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