E
o tempo segue avançando, sempre, por vezes a uma velocidade que parece tão
veloz quanto a dos carros de competição das diversas categorias que existem ao
redor do mundo. O mês de outubro já ficou para trás, e entramos em novembro,
penúltimo mês de 2015. E, como é de praxe em todo início de mês, é hora de mais
uma sessão da Flying Laps, com alguns comentários em notas breves sobre os
fatos ocorridos, com especial destaque nesta vez para o início do segundo
campeonato da F-E, que mostrou uma corrida bem atrativa, muito melhor do que a
do ano passado, quando o certame de carros monopostos elétricos fez a sua
estréia no mundo do esporte a motor. Mas ainda sobrou um espacinho para
comentar sobre a IRL e a Endurance. Então, uma boa leitura a todos, e no mês
que vem tem mais...
Vice-campeão
da primeira temporada da Fórmula-E, o suíço Sébastien Buemi começou a nova
temporada da categoria de competição de carros monopostos elétricos com tudo: o
piloto da equipe e.dams fez a pole, marcou a melhor volta, e liderou
praticamente de ponta a ponta o e-Prix de Pequim, vencendo a corrida sem
praticamente ser ameaçado. Vencedor da etapa chinesa no ano passado, o
brasileiro Lucas Di Grassi fez outra corrida firme, e subiu novamente ao pódio,
em 2° lugar. Lucas passou a primeira metade da corrida travado atrás de Nick
Heidfeld, da Mahindra, e só conseguiu superar o piloto alemão no pit stop para
troca de carros. Di Grassi chegou a diminuir a diferença para Buemi, dando a
impressão de que poderia discutir novamente a vitória, mas o suíço manteve-se
firme na liderança, e até abriu maior dianteira, mostrando ter a corrida sob
controle, e recebeu a bandeirada com 11s de vantagem para o piloto brasileiro
da Audi ABT. O pódio acabou completado por Heidfeld, que iniciou o ano bem em
seu novo time. Mas quem mostrou mesmo força nesta corrida inaugural da segunda
temporada foi a e.dams, que só não teve seus dois pilotos no pódio de Pequim
porque Nicolas Prost exagerou na perseguição a Lucas Di Grassi, e num toque
leve, danificou sua asa traseira, que ficou pendurada, obrigando a direção de
prova a exigir seu recolhimento aos boxes por questões de segurança. Antes que
isso acontecesse, Prost e Di Grassi estavam em duelo pela 2ª colocação, com o
brasileiro tendo de se defender dos ataques do francês. A e.dams monopolizou a
primeira fila do grid, com Nicolas Prost ficando com a 2ª posição, a quase 0s3
de diferença para Buemi, o pole. Mas a diferença para Nick Heidfeld, o 3°
colocado, foi de cerca de 1s, o que dá uma amostra de como o time francês,
escuderia oficial da Renault na categoria, é considerado o franco favorito para
esta nova temporada da categoria. A concorrência vai ter de trabalhar duro, a
persistir este panorama. A expectativa é de um equilíbrio melhor para a segunda
corrida, em Putrajaya, na Malásia no dia 7 de novembro.
Se Lucas Di Grassi andou forte e subiu
ao pódio na estréia da nova temporada da F-E, os demais brasileiros na
categoria não tiveram do que gostar do resultado da prova chinesa. Bruno Senna
largou em 7°, e de início até foi bem, chegando à 5ª posição, mas ao longo da
corrida, seu carro foi perdendo rendimento, e ele terminou numa inglória 13ª
posição, fora dos pontos. Para Nelsinho Piquet, o atual campeão da categoria,
entretanto, foi ainda pior: com problemas no rendimento de seu carro, o piloto
da China Racing amargou largar em último lugar no grid, e durante a corrida,
apesar de não conseguir mostrar um bom ritmo, vinha tentando chegar na zona de
pontuação, o que parecia um objetivo satisfatório. Mas seu carro sofreu um
"apagão" momentâneo, e Nelsinho viu seus esforços irem praticamente
por água abaixo. O carro voltou a apresentar um comportamento normal, mas não
havia como recuperar o tempo perdido, além de que a velocidade já não era mais
a mesma. Acabou em 15° e último colocado entre os que terminaram a corrida, com
2 voltas de desvantagem para o vencedor Buemi. O que tranquiliza tanto Nelsinho
quanto Bruno é o fato de seus companheiros de equipe terem tido performances
melhores na corrida. Nick Heidfeld, novo companheiro de Senna na Mahindra, foi
o 3° colocado, e Oliver Turvey, companheiro de Piquet, finalizou a corrida em
6° lugar. Resta esperar por melhor sorte nas próximas corridas. Nelsinho,
aliás, mantém a esperança firme, já que no ano passado, seu time também não
havia andado muito bem em Pequim, com o próprio Nelsinho terminando a corrida
no ano passado em 8° lugar. E Bruno Senna também se mostrou otimista, ao
declarar que a performance de seu carro este ano está muito melhor do que a
apresentada no ano passado, confirmando que só precisa de um pouco mais de
sorte e confiabilidade para conseguir resultados.
Estreando na categoria dos carros
elétricos pela equipe Venturi, o canadense Jacques Villeneuve teve uma
performance mediana em Pequim, e viu sua corrida comprometida num toque com o
português Antônio Félix da Costa. Costa, defendendo a equipe de Aguri Suzuki,
errou uma freada e seguiu reto, acertando de leve o carro do canadense.
Villeneuve ainda conseguiu retornar à corrida, onde finalizou apenas em 14°
lugar, a mais de 1 volta de desvantagem de Sébastien Buemi. Mas o piloto
canadense segue entusiasmado com o seu retorno a uma competição de monopostos,
e acredita em evoluir sua performance nas próximas corridas. Seria realmente
muito bom se conseguisse mostrar toda a garra exibida nos seus bons tempos na
F-1, quando foi campeão pela equipe Williams, uma vez que suas últimas
apresentações na categoria máxima do automobilismo não foram exatamente das
melhores...
A evolução dos carros da F-E, e
especialmente dos trens de força utilizados pela categoria nesta nova
temporada, com maior potência disponibilizada nas baterias dos bólidos, deram
um bom incremento na performance dos carros. Na pista de Pequim, mesmo com a
corrida deste ano tendo 1 volta a mais do que a prova de 2014, no circuito de 3,439 Km de extensão,
ainda assim o tempo total da corrida ficou abaixo da edição do ano passado,
finalizada com 52min23s413. A corrida deste ano, foi vencida por Buemi em
50min08s835, ou mais de 2 minutos mais rápida. A exemplo de comparação, a pole
do ano passado, conquistada por Nicolas Prost, da equipe e.dams, foi de
1min42s200, enquanto a pole deste ano, de Sébastien Buemi, também da equipe
e.dams, já foi de 1min37s297, quase 5s mais rápida. Na corrida, a melhor volta
em 2014 foi de Takuma Sato, com 1min45s101, enquanto Buemi, dono da volta mais
veloz este ano, baixou o tempo para 1min39s993, pouco mais de 5s1 mais rápido.
A evolução dos tempos impressiona, mas é preciso dar um pequeno desconto em
relação à corrida do ano passado, que inaugurando a nova categoria
automobilística, ainda tinha suas escuderias desenvolvendo seus equipamentos e
aprendendo os limites que poderiam ser atingidos com seus bólidos. Com a maior
experiência e desenvolvimento, ainda que limitado pela falta de testes, era
natural que a performance melhorasse para este ano. A adoção dos novos trens de
força, construídos pelas equipes, mostrou que a disputa é melhor caminho para
evolução do desempenho dos carros, que estão mais velozes do que em sua
primeira temporada. O único temor é que algum time desequilibre a disputa, como
a e.dams deu a entender nesta primeira corrida. Mas os organizadores do
campeonato estão otimistas em que os demais times consigam melhorar as
performances e equilibrar melhor a disputa, a exemplo do que ocorreu no
primeiro campeonato.
A direção da Indycar anunciou o
calendário da Indy Racing League para o próximo ano. Continuarão sendo 16
corridas, e as baixas em relação ao campeonato deste ano serão as etapas de
Nova Orleans, Fontana, e Milwaukee. Em compensação, a etapa de Road America,
considerado o melhor circuito misto de todo os Estados Unidos, finalmente fará
sua estréia na competição, tendo realizado sua última corrida de uma categoria
Indy em 2007, quando ainda fazia parte do calendário da finada F-Indy, extinta
no início do ano seguinte. Outra novidade é a etapa de Boston, a ser realizada
em um circuito de rua na metrópole da costa leste americana. E quem retorna ao
calendário é o velho circuito oval de Phoenix, no Arizona, que fez parte da
categoria em seus primeiros anos. Detroit segue sendo a única etapa em rodada
dupla do campeonato, e como era de se esperar, depois do fiasco ocorrido no
início deste ano, o Brasil está fora do calendário, e tão cedo não deverá estar
de volta, ainda mais no momento econômico delicado de nossa economia, para não
mencionar a desconfiança e falta de crédito da qual infelizmente nosso país
passou atestado frente aos dirigentes da categoria. Resta também torcer para
que o campeonato seja transmitido para nosso país, a fim de que os fãs da
categoria e do automobilismo tenham opção de acompanhá-lo, e que isso seja
feito de forma decente e com mais dedicação, o que andou em falta nos últimos
anos. Confiram as datas das provas: 13.03 - GP de São Petesburgo; 02.04 - GP de
Phoenix; 17.04 - GP de Long Beach; 24.04 - GP do Alabama; 14.05 - GP de
Indianápolis; 29.05 - 500
Milhas de Indianápolis; 04.06 - GP de Detroit (corrida
1); 05.06 - GP de Detroit (corrida 2); 11.06 - GP do Texas; 26.06 - GP de Road
America; 10.07 - GP de Iowa; 17.07 - GP de Toronto; 31.07 - GP de Mid-Ohio;
21.08 - 500 Milhas
de Pocono; 04.09 - GP de Boston; 18.09 - GP de Sonoma. Nos EUA, a maior parte
das corridas será transmitida pelo canal pago NBCSN, enquanto algumas provas
serão exibidas na TV aberta pelo canal ABC.
A Porsche continua deitando e rolando no
Mundial de Endurance, e garantiu mais uma vitória nas 6 Horas de Fuji, no
Japão, e com a 3ª vitória consecutiva do trio Timo Bernhard/Mark Webber/Brendon
Hartley, no carro 17, que já haviam faturado as etapas de Nurburgring e Austin.
O que manchou, na minha opinião, a vitória do trio, é que ela foi obtida por um
jogo de equipe, pois quem liderava a corrida até sua fase final era o outro
carro da Porsche, o 18, com o trio Romain Dumas/Neel Jani/Marc Lieb, que
receberam ordens do box para ceder a posição ao outro carro. Assim foi feito, e
finalizaram a corrida cerca de 15s após, na 2ª colocação. A Audi ficou em 3°
lugar, com o trio Marcel Fässler/André Lotterer/Benoît Tréluyer, que lideravam
o campeonato de pilotos até a prova japonesa. E, graças ao jogo de equipe feito
pela Porsche, eles perderam a dianteira na competição, sendo superados em 2
pontos pelo trio vencedor em Fuji. Uma pena recorrerem a essa estratégia, que
considero antidesportiva, ainda mais pelo fato de que a Porsche está dominando
o Mundial de Endurance. Seu rival mais direito, a Audi, chegou com seus dois
carros com mais de uma volta de desvantagem para o trio vencedor, e fatalmente
iria perder a liderança da competição em Shangai. O outro carro da Audi,
pilotado pelo trio Lucas Di Grassi/Loïc Duval/Oliver Jarvis, ficou na 4ª
colocação, também tendo de entregar a posição no jogo de equipe
para favorecer os companheiros. A Toyota, campeã no ano passado, finalizou em 5° e 6° com seus dois
carros, a mais de 2 voltas de desvantagem da Porsche, e sem conseguir
demonstrar ritmo para ameaçar os times alemães.
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