sexta-feira, 6 de novembro de 2015

A BATALHA DE VALÊNCIA


O enrosco entre Valentino Rossi (46) e Marc Márquez (93) na prova da Malásia apimentou as discussões sobre a decisão do campeonato quando Valentino foi considerado culpado pelo incidente e punido por isso. O italiano terá de largar em último na prova que encerra a competição de 2015.

            A MotoGP inicia hoje os treinos oficiais para sua etapa de encerramento do campeonato de 2015, e com o clima pegando fogo nos bastidores, no duelo entre o espanhol Jorge Lorenzo, e o italiano Valentino Rossi, ambos da equipe oficial da Yamaha. O italiano lidera o campeonato com 7 pontos de vantagem sobre Lorenzo, mas o que todo mundo falou nas últimas duas semanas foi do duelo "sujo" entre Rossi e o atual bicampeão Marc Márquez, na prova da Malásia, em Sepang. Acusando o bicampeão de correr para favorecer o compatriota Jorge Lorenzo, Valentino Rossi travou um renhido duelo com o piloto da Honda, chegando a se tocarem, e com um movimento que deu a nítida impressão de que Valentino "chutou" o adversário, que caiu e deu adeus à corrida.
            Pelo duelo antidesportivo, Rossi acabou punido pela direção de prova, e chegando aos 4 "pontos" acumulados na carteira, terá de largar em último neste domingo. Foi o bastante para começar uma "guerra" de declarações entre os pilotos, passando por seus times, e terminando nas imprensas especializadas espanhola e italiana, que assumiram as dores de seus representantes nacionais. O clima literalmente pegou fogo. Tanto que já se falava que não teríamos exatamente uma corrida em Valência, mas uma verdadeira "guerra". Ontem, depois das declarações da FIM - Federação Internacional de Motociclismo, e da Dorna, promotora da categoria, após uma reunião a portas fechadas com equipes e pilotos, aparentemente fumaram todos o cachimbo da paz, e os ânimos acirrados esfriaram. Rossi se disse arrependido de ter se portado mal na prova de Sepang,  até Lorenzo se desculpou pelas pesadas críticas que dirigiu ao parceiro após a corrida, em relação ao incidente. E a direção da categoria pediu que não se falasse mais no assunto.
            Foi uma semana cheia. O "chute" que Rossi teria dado na moto de Márquez acabou na verdade não existindo, confirmando-se nas imagens do helicóptero, que não mostravam tal gesto. Com ambos se estranhando, no toque entre as motos, o pé de Rossi saiu da pedaleira, e no movimento para recolocá-lo no lugar, pelo ângulo da câmera ao nível da pista, deu a nítida impressão de que o italiano havia mesmo acertado a moto do rival. Mas isso não serviu para aliviar a punição de Valentino, que infelizmente caiu na provocação de Márquez, e acabou entrando na briga de pista, sendo considerado culpado pelo toque por direção irresponsável, tendo aberto demais sua trajetória com o propósito de forçar o rival para fora da pista. Pode ter pegado mal para o italiano, que é o maior ídolo da categoria, mas afinal, ninguém é perfeito. Rossi reconheceu que exagerou, e que foi infeliz de ter dado motivos para sua punição. Mesmo sem chute, ambos acabaram se tocando de forma perigosa com suas motos, e Márquez conseguiu sair ileso do incidente, pelo menos em termos de decisão de punição, já que o bicampeão da Honda não curtiu mais um abandono na temporada por uma queda.
            Antes dos treinos para a etapa da Malásia, Rossi já havia botado a boca no trombone sugerindo que na Austrália, Márquez pareceu mais interessado em atrapalhar sua corrida do que em fazer a sua própria. A acusação não ficaria legal se levarmos em conta que Márquez venceu em Phillip Island, chegando à frente de Lorenzo, mas quando lembramos que a corrida australiana foi uma das mais disputadas dos últimos tempos, com Rossi terminando em 4°, a apenas 1s de Márquez, a situação muda de figura, já que todo mundo andou colado e disputando posição a prova inteira, e de acordo com Rossi, Márquez teria modulado seu ritmo de forma a ajudar Lorenzo a terminar à frente dele. Se não tivesse começado este bate-boca, talvez o incidente da corrida da Malásia tivesse menos repercussão. Ele acusou o espanhol da Honda de ter facilitado ser superado por Lorenzo, e de endurecer a disputa agressivamente quando ele tentou superá-lo, em Sepang, iniciando então uma disputa ferrenha com Valentino, enquanto Lorenzo escapava na liderança. Até que, na volta 7, ambos se tocaram, e Márquez caiu da moto e deixou a corrida. A vitória em Sepang acabou com Dani Pedrosa; Lorenzo foi 2°, e Rossi o 3°. Mas aí veio o comunicado da punição ao piloto italiano da Yamaha...
            Foi o que bastou para os ânimos ficarem acirrados de todos os lados. Jorge Lorenzo, o maior beneficiário com a punição de Valentino, foi logo declarando que a punição ao parceiro era "branda", e nem é preciso dizer que surgiram impropérios dos fãs de Márquez contra Rossi, e dos fãs de Rossi contra Márquez e Lorenzo, acusando a "conspiração espanhola" contra o piloto da moto 46. E não ficou restrita a isso: enquanto o primeiro-ministro espanhol manifestou apoio a Marc Márquez, o presidente do Comitê Olímpico Italiano apoiava Valentino Rossi e acusava manipulação ao mexerem na disputa do campeonato. Até a Repson, principal patrocinadora do time oficial da Honda, criticou Rossi, e ameaçou até deixar a categoria, em represália. Como se tudo isso ainda não fosse suficiente, ainda houve um incidente com Márquez, em sua casa, onde teria sido agredido por jornalistas de um programa italiano, um gesto totalmente lamentável e que deixou o piloto espanhol indignado.
A disputa pelo título é entre Rossi e Lorenzo (ao meio dos dois), mas a dupla da Honda quer a vitória em Valência, especialmente com Marc Márquez.
            Um campeonato que se mostrou muito bem disputado, e que chega agora a Valência com a disputa entre dois pilotos do mesmo time, pela menor diferença de pontuação em muitos anos, era tudo o que a MotoGP poderia querer. Infelizmente, o incidente de Sepang, mesmo com o clima mais calmo, não deixa de lançar um ponto negativo sobre a decisão. O que deveria ser um duelo direto na pista, dependendo da situação, poderá ficar eternamente marcado pela punição que talvez tire de Valentino as chances ideais de disputa. O piloto italiano terá de largar do fundo do grid, e certamente conseguirá escalar o pelotão, uma vez que possui uma moto competitiva, e seu talento é um dos maiores da categoria. O italiano chegou a fazer uma apelação à Corte Arbitral do Esporte, a fim de conseguir, no mínimo, postergar sua punição para 2016, mas perdeu o recurso, e terá mesmo de largar em último na corrida.
            Mas Jorge Lorenzo, no caso de não enfrentar azares nos treinos, muito provavelmente largará entre os primeiros, e se Rossi não conseguir se desvencilhar dos adversários no fim do grid, terá sua tarefa imensamente facilitada. E, mesmo que vença a corrida, Lorenzo precisará que Rossi chegue no máximo em 3° lugar. Daí para baixo, as contas ficam mais apertadas, uma vez que os primeiros 15 colocados marcam pontos nas provas da MotoGP. E também não se pode esquecer que a dupla da Honda, Dani Pedrosa e Marc Márquez, deverão correr pela vitória em Valência. E se ambos fizerem a dobradinha no pódio, Lorenzo, caso seja o 3° colocado, marcaria 16 pontos, e nessa posição, Rossi poderia ser, no máximo, 7° colocado, onde faria 9 pontos, que somados à diferença de 7 que possui para Jorge, ambos empatariam nos pontos, mas Lorenzo levaria o título por ter mais vitórias que o italiano na temporada.
            É cedo para Jorge Lorenzo comemorar o título ainda. Por mais difícil que tenha se tornado a tarefa de Rossi, não há como não imaginar que ele consiga reverter a desvantagem da largada e chegar no pelotão da frente. O italiano mesmo já afirmou que, sem ter de se preocupar com a classificação, poderá se concentrar no acerto de sua moto para a corrida, e um bom ajuste de seu equipamento certamente será essencial para  obter uma boa performance no circuito Ricardo Tormo, em Valência, palco da etapa final. O circuito tem 4 Km de extensão, com 14 curvas, e uma boa reta de 650 metros de extensão. A prova terá 30 voltas, com um percurso total de 120,2 Km. Conseguir o acerto perfeito para o traçado será a única arma de Rossi para reverter sua posição de largada. E, para maximizar a estratégia de avançar, uma largada fulminante será crucial para ganhar o máximo de posições. Pode ser também um momento perigoso, pois uma queda colocará tudo a perder, tanto para Rossi quanto para Lorenzo, especialmente para o espanhol, que não poderá se dar ao luxo de travar um duelo demasiado arriscado com a dupla da Honda. A performance de Jorge dependerá essencialmente da de Rossi: se o italiano não conseguir avançar na corrida, ele poderá correr pelos pontos, e pelas variáveis de pontuação do 1° ao 15° lugar, são várias as combinações que podem dar o título tanto a um quanto ao outro.
Circuito de Valência, palco da etapa final da MotoGP 2015.
            Mas todo mundo quer ver mesmo é o duelo homem-a-homem na pista, e se Rossi chegar nos ponteiros, tudo promete levar a um duelo eletrizante pelo título da temporada. Quem vai levar? Lorenzo conquistará o tricampeonato, ou Rossi chegará à sua 8ª conquista na categoria rainha do motociclismo? A resposta será dada neste domingo, com a largada do Grande Prêmio da Comunidade Valenciana, no horário das 11:00 hrs. (horário de Brasília), com transmissão ao vivo pelo canal pago SporTV.
            E, fica a dúvida se todo mundo fez as pazes, ou se isso vai durar somente até a primeira dividida de curva após a largada no domingo. Não seria difícil o clima esquentar novamente e a briga comer solta na pista. Aliás, o que o público quer mesmo é duelo na pista. Esperemos apenas que os ânimos não se exaltem novamente entre os duelistas pela vitória e pelo título, e que tenhamos uma disputa limpa. Renhida, dura, mas limpa. E que vença o melhor...ou o que errar menos.


Nico Rosberg deu um passo importante para garantir o vice-campeonato domingo passado ao vencer o Grande Prêmio do México, largando da pole e liderando a prova praticamente de ponta a ponta, conseguindo uma atuação que não exibia desde o GP da Áustria. O piloto alemão conseguiu manter Lewis Hamilton sob controle, e ainda viu Sebastian Vettel abandonar a corrida após escapar na pista e atingir a proteção no fim de uma reta. A Mercedes confirmou mais uma vez sua força e dominou a prova mexicana da mesma maneira que a Williams fez na última edição da corrida, em 1992, vencida por Nigel Mansell com Riccardo Patrese na segunda colocação. Desta vez, o lugar restante do pódio ficou com Valtteri Bottas, que fez uma corrida firme, e ainda contou com a ajuda do safety car para conseguir superar a Red Bull, que parecia ter tudo para conquistar o degrau mais baixo do pódio. Outra sorte de Bottas foi na disputa com seu compatriota Kimi Raikkonem, onde ambos mais uma vez se enroscaram na pista, a exemplo do que aconteceu em Sochi, mas desta vez, quem acabou fora da pista foi o finlandês da Ferrari, com a suspensão traseira quebrada. Felipe Massa fez uma prova mediana, e foi o 6° colocado, atrás da dupla da Red Bull, que não conseguiu superar, ao contrário de seu companheiro de equipe. Pior sorte teve Felipe Nasr, que mais uma vez teve uma corrida difícil e foi forçado a abandonar com problemas de freios. E destaque para o animado público mexicano, que lotou as dependências do circuito Hermanos Rodriguez e aplaudiu o retorno da F-1 a seu país depois de quase 25 anos de ausência, mesmo que a corrida não tenha sido exatamente das mais animadas.


A F-E disputa neste fim de semana sua segunda corrida da temporada 2015/2016. O palco é Putrajaya, na Malásia, e o circuito de rua montado nas ruas da bela metrópole malaia deve proporcionar uma corrida ainda mais disputada do que a etapa inicial da competição, semana retrasada, em Pequim. A pista de Putrajaya, com 12 curvas, é menor do que a de Pequim, tem apenas 2,5 Km de extensão, contra os 3,44 Km de extensão da pista chinesa, mas apresenta um traçado mais interessante, com direito até a curva em grampo, onde os pilotos vão disputar fortes freadas. Por essa razão, a prova, que no ano passado contou com um percurso de 31 voltas, terá um total de 33 voltas nesta nova temporada. O acréscimo de percurso é para manter o desafio de gerenciamento de energia dos carros pelos pilotos e escuderias, uma vez que as baterias agora possuem mais potência disponível do que na primeira temporada. No e-Prix de Pequim, o desafio da conservação de energia mostrou que todos precisarão encontrar um equilíbrio melhor neste aspecto, uma vez que a corrida teve 1 volta a mais em relação à do ano passado, e isso deixou alguns pilotos quase zerados de energia ao cruzar a linha de chegada. Por outro lado, a maior potência das baterias, aliada ao desenvolvimento dos chassis e pneus da Michelin, bem como dos novos trens de força, proporcionaram um ganho de cerca de 5s nos tempos de volta. Será que veremos o mesmo incremento de performance na pista malaia? A conferir na madrugada de sexta para sábado, com transmissão ao vivo da corrida pelo canal Fox Sports, a partir das 3:30 hrs. da madrugada.
Traçado da pista de Putrajaya para a Fórmula-E.


Depois de ficar de fora do e-Prix de Pequim por não conseguir liberar seus equipamentos a tempo na alfândega chinesa, a equipe de Jarno Trulli conseguiu já resolver os percalços burocráticos e fará sua estréia na segunda temporada da competição em Putrajaya. O atraso alfandegário fez com que o time não pudesse participar da vistoria técnica, e por isso não conseguiu participar da prova chinesa. Agora, portanto, teremos os 20 carros na pista para a prova deste sábado. E a corrida malaia pode ter a chuva presente pela primeira vez numa corrida da F-E, já que durante o campeonato 2014/2015, nenhuma prova foi disputada sob piso molhado. Deverá ser uma situação nova para equipes e pilotos, e muito possivelmente um complicador para todos, dependendo de como e em que intensidade a chuva vier. Como todas as atividades são desempenhadas no sábado, se a chuva for muito forte, pode prejudicar de forma considerável os treinos e a corrida. E, no piso molhado, todos os pilotos precisarão tomar cuidado para não danificar os carros, pelas poucas horas entre os treinos, classificação, e corrida. E circuitos de rua, com os muros junto à pista, são um prato cheio para acidentes...

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