A MotoGP inicia hoje
os treinos oficiais para sua etapa de encerramento do campeonato de 2015, e com
o clima pegando fogo nos bastidores, no duelo entre o espanhol Jorge Lorenzo, e
o italiano Valentino Rossi, ambos da equipe oficial da Yamaha. O italiano
lidera o campeonato com 7 pontos de vantagem sobre Lorenzo, mas o que todo
mundo falou nas últimas duas semanas foi do duelo "sujo" entre Rossi
e o atual bicampeão Marc Márquez, na prova da Malásia, em Sepang. Acusando o
bicampeão de correr para favorecer o compatriota Jorge Lorenzo, Valentino Rossi
travou um renhido duelo com o piloto da Honda, chegando a se tocarem, e com um
movimento que deu a nítida impressão de que Valentino "chutou" o
adversário, que caiu e deu adeus à corrida.
Pelo duelo
antidesportivo, Rossi acabou punido pela direção de prova, e chegando aos 4
"pontos" acumulados na carteira, terá de largar em último neste
domingo. Foi o bastante para começar uma "guerra" de declarações
entre os pilotos, passando por seus times, e terminando nas imprensas
especializadas espanhola e italiana, que assumiram as dores de seus
representantes nacionais. O clima literalmente pegou fogo. Tanto que já se
falava que não teríamos exatamente uma corrida em Valência, mas uma verdadeira
"guerra". Ontem, depois das declarações da FIM - Federação
Internacional de Motociclismo, e da Dorna, promotora da categoria, após uma
reunião a portas fechadas com equipes e pilotos, aparentemente fumaram todos o
cachimbo da paz, e os ânimos acirrados esfriaram. Rossi se disse arrependido de
ter se portado mal na prova de Sepang,
até Lorenzo se desculpou pelas pesadas críticas que dirigiu ao parceiro
após a corrida, em relação ao incidente. E a direção da categoria pediu que não
se falasse mais no assunto.
Foi uma semana cheia.
O "chute" que Rossi teria dado na moto de Márquez acabou na verdade
não existindo, confirmando-se nas imagens do helicóptero, que não mostravam tal
gesto. Com ambos se estranhando, no toque entre as motos, o pé de Rossi saiu da
pedaleira, e no movimento para recolocá-lo no lugar, pelo ângulo da câmera ao
nível da pista, deu a nítida impressão de que o italiano havia mesmo acertado a
moto do rival. Mas isso não serviu para aliviar a punição de Valentino, que
infelizmente caiu na provocação de Márquez, e acabou entrando na briga de pista,
sendo considerado culpado pelo toque por direção irresponsável, tendo aberto
demais sua trajetória com o propósito de forçar o rival para fora da pista.
Pode ter pegado mal para o italiano, que é o maior ídolo da categoria, mas
afinal, ninguém é perfeito. Rossi reconheceu que exagerou, e que foi infeliz de
ter dado motivos para sua punição. Mesmo sem chute, ambos acabaram se tocando
de forma perigosa com suas motos, e Márquez conseguiu sair ileso do incidente,
pelo menos em termos de decisão de punição, já que o bicampeão da Honda não
curtiu mais um abandono na temporada por uma queda.
Antes dos treinos para
a etapa da Malásia, Rossi já havia botado a boca no trombone sugerindo que na
Austrália, Márquez pareceu mais interessado em atrapalhar sua corrida do que em
fazer a sua própria. A acusação não ficaria legal se levarmos em conta que
Márquez venceu em Phillip Island, chegando à frente de Lorenzo, mas quando
lembramos que a corrida australiana foi uma das mais disputadas dos últimos
tempos, com Rossi terminando em 4°, a apenas 1s de Márquez, a situação muda de
figura, já que todo mundo andou colado e disputando posição a prova inteira, e
de acordo com Rossi, Márquez teria modulado seu ritmo de forma a ajudar Lorenzo
a terminar à frente dele. Se não tivesse começado este bate-boca, talvez o
incidente da corrida da Malásia tivesse menos repercussão. Ele acusou o
espanhol da Honda de ter facilitado ser superado por Lorenzo, e de endurecer a
disputa agressivamente quando ele tentou superá-lo, em Sepang, iniciando então
uma disputa ferrenha com Valentino, enquanto Lorenzo escapava na liderança. Até
que, na volta 7, ambos se tocaram, e Márquez caiu da moto e deixou a corrida. A
vitória em Sepang acabou com Dani Pedrosa; Lorenzo foi 2°, e Rossi o 3°. Mas aí
veio o comunicado da punição ao piloto italiano da Yamaha...
Foi o que bastou para
os ânimos ficarem acirrados de todos os lados. Jorge Lorenzo, o maior
beneficiário com a punição de Valentino, foi logo declarando que a punição ao
parceiro era "branda", e nem é preciso dizer que surgiram impropérios
dos fãs de Márquez contra Rossi, e dos fãs de Rossi contra Márquez e Lorenzo,
acusando a "conspiração espanhola" contra o piloto da moto 46. E não
ficou restrita a isso: enquanto o primeiro-ministro espanhol manifestou apoio a
Marc Márquez, o presidente do Comitê Olímpico Italiano apoiava Valentino Rossi
e acusava manipulação ao mexerem na disputa do campeonato. Até a Repson,
principal patrocinadora do time oficial da Honda, criticou Rossi, e ameaçou até
deixar a categoria, em represália. Como se tudo isso ainda não fosse
suficiente, ainda houve um incidente com Márquez, em sua casa, onde teria sido
agredido por jornalistas de um programa italiano, um gesto totalmente
lamentável e que deixou o piloto espanhol indignado.
A disputa pelo título é entre Rossi e Lorenzo (ao meio dos dois), mas a dupla da Honda quer a vitória em Valência, especialmente com Marc Márquez. |
Um campeonato que se
mostrou muito bem disputado, e que chega agora a Valência com a disputa entre
dois pilotos do mesmo time, pela menor diferença de pontuação em muitos anos,
era tudo o que a MotoGP poderia querer. Infelizmente, o incidente de Sepang,
mesmo com o clima mais calmo, não deixa de lançar um ponto negativo sobre a
decisão. O que deveria ser um duelo direto na pista, dependendo da situação,
poderá ficar eternamente marcado pela punição que talvez tire de Valentino as
chances ideais de disputa. O piloto italiano terá de largar do fundo do grid, e
certamente conseguirá escalar o pelotão, uma vez que possui uma moto
competitiva, e seu talento é um dos maiores da categoria. O italiano chegou a
fazer uma apelação à Corte Arbitral do Esporte, a fim de conseguir, no mínimo,
postergar sua punição para 2016, mas perdeu o recurso, e terá mesmo de largar
em último na corrida.
Mas Jorge Lorenzo, no
caso de não enfrentar azares nos treinos, muito provavelmente largará entre os
primeiros, e se Rossi não conseguir se desvencilhar dos adversários no fim do
grid, terá sua tarefa imensamente facilitada. E, mesmo que vença a corrida,
Lorenzo precisará que Rossi chegue no máximo em 3° lugar. Daí para baixo, as
contas ficam mais apertadas, uma vez que os primeiros 15 colocados marcam
pontos nas provas da MotoGP. E também não se pode esquecer que a dupla da
Honda, Dani Pedrosa e Marc Márquez, deverão correr pela vitória em Valência. E se
ambos fizerem a dobradinha no pódio, Lorenzo, caso seja o 3° colocado, marcaria
16 pontos, e nessa posição, Rossi poderia ser, no máximo, 7° colocado, onde
faria 9 pontos, que somados à diferença de 7 que possui para Jorge, ambos
empatariam nos pontos, mas Lorenzo levaria o título por ter mais vitórias que o
italiano na temporada.
É cedo para Jorge
Lorenzo comemorar o título ainda. Por mais difícil que tenha se tornado a
tarefa de Rossi, não há como não imaginar que ele consiga reverter a
desvantagem da largada e chegar no pelotão da frente. O italiano mesmo já
afirmou que, sem ter de se preocupar com a classificação, poderá se concentrar
no acerto de sua moto para a corrida, e um bom ajuste de seu equipamento
certamente será essencial para obter uma
boa performance no circuito Ricardo Tormo, em Valência, palco da etapa final. O
circuito tem 4 Km
de extensão, com 14 curvas, e uma boa reta de 650 metros de extensão.
A prova terá 30 voltas, com um percurso total de 120,2 Km. Conseguir o
acerto perfeito para o traçado será a única arma de Rossi para reverter sua
posição de largada. E, para maximizar a estratégia de avançar, uma largada
fulminante será crucial para ganhar o máximo de posições. Pode ser também um
momento perigoso, pois uma queda colocará tudo a perder, tanto para Rossi
quanto para Lorenzo, especialmente para o espanhol, que não poderá se dar ao
luxo de travar um duelo demasiado arriscado com a dupla da Honda. A performance
de Jorge dependerá essencialmente da de Rossi: se o italiano não conseguir
avançar na corrida, ele poderá correr pelos pontos, e pelas variáveis de
pontuação do 1° ao 15° lugar, são várias as combinações que podem dar o título
tanto a um quanto ao outro.
Circuito de Valência, palco da etapa final da MotoGP 2015. |
Mas todo mundo quer
ver mesmo é o duelo homem-a-homem na pista, e se Rossi chegar nos ponteiros,
tudo promete levar a um duelo eletrizante pelo título da temporada. Quem vai
levar? Lorenzo conquistará o tricampeonato, ou Rossi chegará à sua 8ª conquista
na categoria rainha do motociclismo? A resposta será dada neste domingo, com a
largada do Grande Prêmio da Comunidade Valenciana, no horário das 11:00 hrs.
(horário de Brasília), com transmissão ao vivo pelo canal pago SporTV.
E, fica a dúvida se
todo mundo fez as pazes, ou se isso vai durar somente até a primeira dividida
de curva após a largada no domingo. Não seria difícil o clima esquentar
novamente e a briga comer solta na pista. Aliás, o que o público quer mesmo é
duelo na pista. Esperemos apenas que os ânimos não se exaltem novamente entre
os duelistas pela vitória e pelo título, e que tenhamos uma disputa limpa.
Renhida, dura, mas limpa. E que vença o melhor...ou o que errar menos.
Nico Rosberg deu um passo
importante para garantir o vice-campeonato domingo passado ao vencer o Grande
Prêmio do México, largando da pole e liderando a prova praticamente de ponta a
ponta, conseguindo uma atuação que não exibia desde o GP da Áustria. O piloto
alemão conseguiu manter Lewis Hamilton sob controle, e ainda viu Sebastian
Vettel abandonar a corrida após escapar na pista e atingir a proteção no fim de
uma reta. A Mercedes confirmou mais uma vez sua força e dominou a prova
mexicana da mesma maneira que a Williams fez na última edição da corrida, em
1992, vencida por Nigel Mansell com Riccardo Patrese na segunda colocação.
Desta vez, o lugar restante do pódio ficou com Valtteri Bottas, que fez uma
corrida firme, e ainda contou com a ajuda do safety car para conseguir superar
a Red Bull, que parecia ter tudo para conquistar o degrau mais baixo do pódio.
Outra sorte de Bottas foi na disputa com seu compatriota Kimi Raikkonem, onde
ambos mais uma vez se enroscaram na pista, a exemplo do que aconteceu em Sochi,
mas desta vez, quem acabou fora da pista foi o finlandês da Ferrari, com a
suspensão traseira quebrada. Felipe Massa fez uma prova mediana, e foi o 6°
colocado, atrás da dupla da Red Bull, que não conseguiu superar, ao contrário
de seu companheiro de equipe. Pior sorte teve Felipe Nasr, que mais uma vez
teve uma corrida difícil e foi forçado a abandonar com problemas de freios. E
destaque para o animado público mexicano, que lotou as dependências do circuito
Hermanos Rodriguez e aplaudiu o retorno da F-1 a seu país depois de quase 25
anos de ausência, mesmo que a corrida não tenha sido exatamente das mais
animadas.
A F-E disputa neste fim de semana
sua segunda corrida da temporada 2015/2016. O palco é Putrajaya, na Malásia, e
o circuito de rua montado nas ruas da bela metrópole malaia deve proporcionar
uma corrida ainda mais disputada do que a etapa inicial da competição, semana
retrasada, em Pequim. A pista de Putrajaya, com 12 curvas, é menor do que a de
Pequim, tem apenas 2,5 Km
de extensão, contra os 3,44
Km de extensão da pista chinesa, mas apresenta um
traçado mais interessante, com direito até a curva em grampo, onde os pilotos
vão disputar fortes freadas. Por essa razão, a prova, que no ano passado contou
com um percurso de 31 voltas, terá um total de 33 voltas nesta nova temporada.
O acréscimo de percurso é para manter o desafio de gerenciamento de energia dos
carros pelos pilotos e escuderias, uma vez que as baterias agora possuem mais
potência disponível do que na primeira temporada. No e-Prix de Pequim, o
desafio da conservação de energia mostrou que todos precisarão encontrar um
equilíbrio melhor neste aspecto, uma vez que a corrida teve 1 volta a mais em
relação à do ano passado, e isso deixou alguns pilotos quase zerados de energia
ao cruzar a linha de chegada. Por outro lado, a maior potência das baterias,
aliada ao desenvolvimento dos chassis e pneus da Michelin, bem como dos novos
trens de força, proporcionaram um ganho de cerca de 5s nos tempos de volta.
Será que veremos o mesmo incremento de performance na pista malaia? A conferir
na madrugada de sexta para sábado, com transmissão ao vivo da corrida pelo
canal Fox Sports, a partir das 3:30 hrs. da madrugada.
Depois de ficar de fora do e-Prix
de Pequim por não conseguir liberar seus equipamentos a tempo na alfândega
chinesa, a equipe de Jarno Trulli conseguiu já resolver os percalços
burocráticos e fará sua estréia na segunda temporada da competição em
Putrajaya. O atraso alfandegário fez com que o time não pudesse participar da
vistoria técnica, e por isso não conseguiu participar da prova chinesa. Agora,
portanto, teremos os 20 carros na pista para a prova deste sábado. E a corrida
malaia pode ter a chuva presente pela primeira vez numa corrida da F-E, já que
durante o campeonato 2014/2015, nenhuma prova foi disputada sob piso molhado.
Deverá ser uma situação nova para equipes e pilotos, e muito possivelmente um
complicador para todos, dependendo de como e em que intensidade a chuva vier.
Como todas as atividades são desempenhadas no sábado, se a chuva for muito
forte, pode prejudicar de forma considerável os treinos e a corrida. E, no piso
molhado, todos os pilotos precisarão tomar cuidado para não danificar os
carros, pelas poucas horas entre os treinos, classificação, e corrida. E
circuitos de rua, com os muros junto à pista, são um prato cheio para
acidentes...
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