quarta-feira, 11 de novembro de 2015

ARQUIVO PISTA & BOX - JUNHO DE 1997 - 20.06.1997



            De volta com um de meus antigos textos, esse foi publicado em 20 de junho de 1997, e o assunto era a busca por motores pelos times da F-1 para a temporada de 1998. Algumas escuderias já estavam garantidas neste quesito, enquanto outras ainda buscavam quem lhes fornecesse propulsor para o ano seguinte. Pode-se ver que, pelos valores da época, os propulsores de ponta já eram algo bem caro, que somente os times grandes conseguiam bancar o custo, restando aos demais times buscarem opções mais econômicas, que por tabela, nunca eram tão competitivas quanto as marcas ou modelos mais caros. A diferença é que na época a F-1 tinha mais opções do que hoje em dia, quando temos apenas 4 marcas, e 2 delas estão deixando a desejar no momento.
            De quebra, notas rápidas sobre o GP do Canadá daquele ano, as 24 Horas de Le Mans, e a F-CART. Boa leitura a todos, e em breve tem mais...
 

CRUZADA PELOS MOTORES

            Enquanto o Mundial de Fórmula 1 segue em frente, ocorre uma disputa paralela entre as equipes nos bastidores da categoria. Nesta disputa as escuderias correm atrás de motores para a próxima temporada.
            Alguns times já tem contrato assinado para 1998. A Williams continuará usando motores Renault, que serão fornecidos pela Mecachrome, subsidiária da Renault, que deixará a F-1 oficialmente ao fim desta temporada. A Ferrari, por fabricar seus próprios propulsores, fica de fora desta disputa. Outra equipe garantida para 98 é a McLaren, que continuará apoiada na potência da Mercedes. A Stewart, como escuderia oficial da Ford, também já tem motor garantido para a próxima temporada. Por seu lado, Alain Prost garantiu para sua escuderia o fornecimento dos motores Peugeot para o próximo campeonato. E a Sauber continuará utilizando o motor Ferrari, sob desenvolvimento autônomo, bancado pela Petronas, principal patrocinador do time suíço.
            Fora isso, as demais equipes correm atrás de bons motores para a próxima temporada. Um motor de primeira linha abre facilidades na hora de conseguir patrocínios. E quanto mais dinheiro, melhor. Por outro lado, equipes que dispõem de motores de segundo escalão ficam impossibilitadas de conseguir boas colocações, mesmo que tenham boa condição financeira, já que um motor menos competititivo geralmente não permite grandes resultados nas corridas com regularidade. Tome-se a TWR-Arrows como exemplo.
            Trabalhando nos bastidores, Bernie Ecclestone, o grande cartola da categoria, tenta convencer as fábricas de motores a fornecer seus propulsores ao maior número de equipes disponível, como forma de melhorar a competitividade da F-1. Ecclestone já agiu assim em 96, e conseguiu que a Ferrari fornecesse seu motor de 1996 à equipe Sauber, que está utilizando os propulsores italianos com um desenvolvimento independente e rebatizando o motor de Petronas. Como resultado, a Sauber tem mostrado boa competitividade e já chegou a estar perto de conseguir até um pódio este ano.
            Atuando neste sentido, Ecclestone já vê uma boa perspectiva para 1998, pois a Mecachrome, que fará o fornecimento dos motores Renault, já declarou que pretende fornecer motores a pelo menos 3 escuderias. Com a Williams já confirmada, a Benetton é a próxima da lista da empresa, e só não oficializou nada ainda porque a escuderia deve sofrer uma grande reformulação para a próxima temporada, começando pela provável demissão de Flavio Briatore da direção da equipe. A mais provável terceira equipe a suar os propulsores franceses é a TWR-Arrows. Tom Walkinshaw está se desdobrando para garantir motores de primeira linha para sua escuderia depois do fiasco com os motores Yamaha até o momento, que tem deixado Damon Hill e Pedro Paulo Diniz a ver navios nas corridas. O único problema com a Mecachrome é o preço: quem for utilizar os motores deverá pagar cerca de US$ 20 milhões por temporada. Frank Williams não tem problemas de dinheiro, o mesmo valendo para Tom Walkinshaw, que já teria até o cheque pronto para oficializar o acordo. No caso da Benetton, a falta de resultados está influindo no orçamento do time, o que pode dificultar as coisas para conseguir os motores franceses.
            Outro motor de excelente performance, o Honda, fornecido pela Mugen, subsidiária da Honda, já estaria com seu fornecimento para 1998 sendo acertado com a Jordan. Eddie Jordan, inseguro com a posição da Peugeot, parece querer garantir motores de nível antes de ficar sem opções.
            Pelo seu lado, a Ford deve continuar sendo a maior fornecedora da categoria. Comenta-se que o novo motor Ford Zetec-S deste ano, exclusivo da Stewart, poderá ser fornecido às equipes-clientes no lugar do atual EC V-8 na próxima temporada. A Stewart, claro, terá à sua disposição uma versão mais avançada do propulsor, como time oficial da Ford.
            Restam então os motores de segundo nível, o Yamaha e o Hart. Fica a pergunta: se a oferta de motores realmente melhorar, quem vai querer usar estes motores? Com certeza, alguém terá de encarar essa situação, se ficar sem opções...


Olivier Panis vai ficar de fora da F-1 até o GP da Bélgica. O piloto francês quebrou as duas pernas na forte batida que sofreu com seu Prost na 52ª volta do GP do Canadá. O seu substituto mais provável é Emmanuel Collard. Na parada também está o piloto Martin Brundle.


A torcida canadense viveu um pesadelo no fim de semana. Jacques Villeneuve, o favorito disparado na opinião dos torcedores, foi superado no treino de classificação para a corrida por Michael Schumacher. E na corrida o canadense da Williams não conseguiu dar nem 2 voltas: ficou no muro que dá acesso à reto dos boxes, para frustração geral da torcida. Quem venceu? Michael Schumacher, o que já está dando calafrios na Williams, como nos tempos de 3 anos atrás...


No último final de semana tivemos mais uma edição da tradicional prova das 24 Horas de Le Mans. E mais uma vez o Brasil ficou longe de almejar uma vitória nesta prova. O trio formado pelo tricampeão Nélson Piquet, J. J. Letho e Steve Soper ficou pelo meio do caminho. A vitória ficou com o trio formado por Michele Alboreto, Stephan Johansson e Tom Kristensen, com Porsche, depois de percorrerem cerca de 4.909,6 Km em 361 voltas no circuto francês. Antônio Hermann, em conjunto com Pierluigi Martini e Christian Pescatori, foi o único brasileiro a terminar a prova, em 8º lugar, ao volante de um Porsche.


A F-CART disputa mais uma etapa neste domingo: as 200 Milhas de Portland, que marca a primeira prova em autódromo misto do calendário, no circuito de Portland International Raceway. A corrida será disputada em 98 voltas no traçado de 3,138 Km, totalizando 307,545 Km de percurso total. No ano passado, o italiano Alessandro Zanardi venceu a corrida, além de ter largado na pole-position. O Brasil fez maioria no pódio, com Gil de Ferran em 2º e Christian Fittipaldi em 3º. Christian, por sinal, faz seu retorno nesta corrida, depois do forte acidente sofrido em Surfer’s Paradise, na Austrália.


Antes da etapa da F-CART, haverá mais uma etapa da Indy Lights, onde Hélio Castro Neves defende a liderança do campeonato. Tony Kanaan e Cristiano da Matta também prometem entrar firme na briga pelo título.


Os amantes da velocidade no Brasil começam a ficar bem servidos de publicações sobre o automobilismo. Além da revista RACING, editada pela BQ1 Editora em conjunto com a Motor Press International sob o selo Motorpress Brasil, publicada já há alguns meses, acaba de ser lançada a revista SPEEDWAY-SBT, publicada pela IM Editora em conjunto com a TVS/SBT, cobrindo especialmente o Mundial da F-CART...

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