quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

COTAÇÃO AUTOMOBILÍSTICA - DEZEMBRO DE 2014



            Hora de encerrar 2014, e para a última postagem deste ano, trago a Cotação Automobilística em hora extra, até porque teve alguns acontecimentos que merecem ser devidamente avalizados e classificados no mundo da velocidade neste último mês do ano. Boa leitura a todos, com o velho esquema de sempre nas avaliações: EM ALTA (caixa na cor verde); NA MESMA (caixa na cor azul); e EM BAIXA (caixa na cor vermelho-claro). E a Cotação Automobilística agora dá uma pausa, com a próxima edição desta sessão vindo apenas no final do mês de fevereiro de 2015, quando estaremos já próximos do início dos campeonatos automobilísticos do próximo ano.



EM ALTA:

Rubens Barrichello: Depois de mais de 20 anos de disputa de campeonatos mundiais pelo mundo agora, o recordista de participações em corridas na F-1 voltou a sentir o gosto de ganhar um campeonato. Em sua segunda temporada completa disputando a Stock Car nacional, Rubinho chegou ao título da competição, terminando o ano com 2 vitórias no campeonato, a primeira delas na prova mais prestigiada do certame, a Corrida do Milhão. A comemoração do piloto foi feita com a presença da família, e os dois filhos do piloto acompanharam cada momento. Barrichello está de bem com a vida, e se não chegou a ser campeão na F-1, paciência. E o título da Stock lava a alma do piloto mais controverso que já tivemos no automobilismo mundial, o que comprova que ele sempre foi um bom piloto. Não foi excepcional, mas foi um bom piloto. Infelizmente, para uma grande parte da torcida, acostumada com os feitos de Émerson, Piquet e Senna, ser bom nunca seria suficiente...

Lucas Di Grassi: O piloto brasileiro vem tendo um desempenho consistente no campeonato de carros elétricos, a Fórmula E. Com 3 corridas disputadas, Lucas acumula uma vitória, um segundo e um terceiro lugares, e lidera o campeonato da categoria, que tem tudo para se firmar como uma categoria viável e de prestígio. Enquanto nossos outros pilotos no certame acumulam altos e baixos, Di Grassi vem combinando prudência com arrojo, escapando de problemas durante as corridas e maximizando as possibilidades de bons resultados. Mas ainda é cedo para afirmar que o brasileiro é favorito disparado ao título: a competição vem mostrando alguns bons pegas, e os resultados têm sido bem variados em termos de performance para vários pilotos, e que é preciso ficar atento para evitar cair em armadilhas que surjam pelo caminho.

Jenson Button: O campeão de 2009 foi o vencedor da disputa para ser o companheiro de Fernando Alonso na McLaren em 2015. Depois de ter sido criticado publicamente por Ron Dennis, e ver sua carreira na F-1 ser quase dada por encerrada, Jenson deu a volta por cima e fará mais um campeonato no próximo ano, o qual deverá muito provavelmente ser o último mesmo de sua carreira na categoria. Button fez várias corridas com performances acima do esperado para o fraco carro do time deste ano, mas mesmo assim parecia estar em desvantagem na disputa pela vaga com Kevin Magnussem, que era um piloto muito mais barato, e teoricamente com potencial comercial maior. Tudo indica que Ron Dennis perdeu a parada para manter Magnussem, que ficará como terceiro piloto e reserva da escuderia em 2015. E Button, que já trabalhou com os japoneses de 2004 a 2008, terá boa experiência para contribuir no desenvolvimento do novo motor turbo japonês, que estréia no próximo ano, e quem sabe, ter uma despedida decente da categoria, se for mesmo seu último ano.

Toyota campeã no WEC: Quem espera sempre alcança, e pelo menos no Mundial de Endurance, a Toyota enfim viu seus esforços serem correspondidos, o que nunca aconteceu em quase uma década de competição na F-1. O time japonês já havia conquistado o título de pilotos do campeonato quando chegou para a prova final em Interlagos, aqui no Brasil, mas faltava coroar a conquista com o título de construtores, e o troféu foi garantido no autódromo da capital paulista. Depois de uma excelente estréia em 2012, a escuderia nipônica levou um baile da Audi no campeonato do ano passado, mas conseguiu dar a volta por cima nesta temporada, com um desempenho muito melhor e sem tantos altos e baixos. Mesmo assim, ainda há uma meta a ser cumprida pelos japoneses: vencer as 24 Horas de Le Mans, o que não foi possível nesta temporada, por problemas surgidos em seus carros na mais tradicional corrida de longa duração do mundo. E, claro, repetir a conquista do título da competição em 2015...

Porshe: o time alemão voltou às competições de protótipos depois de uma longa ausência, e todo mundo esperava por boas disputas neste campeonato. Com um início meio conservador, os carros da escuderia foram evoluindo sua performance ao longo da temporada, começando por deixar os até então imbatíveis Audi na saudade nas provas finais. E os esforços foram coroados com a vitória na etapa final, em Interlagos, marcando a primeira vitória de um protótipo da marca em mais de 15 anos. O objetivo agora é desbancar os japoneses da Toyota, que foram campeões neste ano, e mostrar que a Porshe não voltou às competições de longa duração apenas para fazer figuração. E com a autoridade de quem tem nada menos do que 16 vitórias nas 24 Horas de Le Mans, é bom levar o aviso dos alemães bem a sério...



NA MESMA:

Calendário da F-1 2015: O calendário da categoria máxima do automobilismo terá 20 corridas no próximo ano. Além de todas as etapas que tivemos este ano, a novidade será a volta do GP do México, disputado pela última vez em 1992. Mas ainda não será desta vez que teremos o "famoso" GP de Nova Jérsey, que Bernie Ecclestone tanto queria emplacar. Chegaram a divulgar um calendário constando a etapa da Coréia do Sul, que foi uma imbecilidade por parte da entidade, com justificativa ridícula de tentarem prevenir um processo, esquecendo totalmente da logística da situação, com uma semana de diferença para a etapa da Espanha. Não precisava deste tipo de jogada na divulgação do calendário do ano que vem.

Situação da equipe Caterham: O time verde que estreou em 2010 na F-1 com o nome de Lotus e que pertencia a Tony Fernandes conseguiu disputar a última corrida do campeonato de 2014, em Abu Dhabi, graças a uma vaquinha virtual onde arrecadou o valor necessário para disputar a etapa final da competição. Mas o time, na prática, acabou, mas parece que ainda meio que não se deram conta, pois estão com a inscrição feita para o campeonato do ano que vem (a ser confirmada, é verdade). Depois de todos os rolos enfrentados durante este campeonato, seja lá quem estiver comandando o que sobrou da escuderia, deveriam pelo menos assumir que a vaca já foi para o brejo e fechar o time em definitivo, como fez a Marussia, que até ainda tentou ver se conseguiria continuar competindo, mas vendo que não teria mesmo jeito, jogaram a toalha e venderam tudo o que tinham para tentar pagar as dívidas pendentes, que não eram poucas. A rigor, só mesmo um milagre para o time continuar existindo, mas mesmo que isso venha a ocorrer, a escuderia já estará destinada a apenas fazer figuração, pois nem carro novo terá condição de apresentar. Eles deviam cair na real e fechar logo de uma vez. Escuderias mais estruturadas e respeitadas já tiveram essa decência em outros tempos na categoria...

Michael Schumacher: Após praticamente um ano desde que sofreu o acidente em que bateu a cabeça com violência em uma pedra em uma estação de esqui na França, o estado de saúde do heptacampeão de F-1 ainda é nebuloso e cheio de mistérios. A família do piloto continua extremamente reservada, e divulgando pouquíssimas informações de seu real estado, que até agora seria de uma luta difícil para restaurar um mínimo de normalidade da vida de uma pessoa. Schumacher não estaria conseguindo falar, nem conseguiria fazer nada por si só. Tudo indica que as condições de recuperação do ex-piloto continuam evoluindo de forma extremamente lenta. Se há real possibilidade de melhoras a ponto de voltar a ter uma vida normal, em que no mínimo não dependa da outras pessoas para fazer tudo, talvez nunca se saiba a público. Mas continua a ser um desfecho triste e inglório para o maior piloto que a F-1 já teve em sua história.

Bernie Ecclestone: Quem achava que seria dessa vez que iria se livrar do octogenário mandatário da FOM, e por tabela, da F-1, quebrou a cara. Bernie conseguiu se safar do processo que sofria por suborno na justiça alemã, e ainda foi reconfirmado pela CVC, acionista principal da categoria-mor do automobilismo mundial, como principal diretor executivo. O ponto positivo é que Bernie conhece a F-1 como poucos; o ponto negativo é que ele tem idéias ultrapassadas sobre vários aspectos que precisariam ser modernizados, e não arreda pé de seus pontos de vista, a não ser que o barco esteja na iminência de afundar, o que infelizmente a F-1 ainda não dá mostras de sofrer. O perigo é que quando isso ocorrer, poderá ser tarde demais para salvar a situação...

Devoção a Ayrton Senna: Mesmo 20 anos depois de sua morte, a devoção ao tricampeão continua em alta, e a TV Globo parece que não consegue deixar de fazer apologia ao "supercampeão" que o brasileiro foi. E já estão fazendo, de maneira sutil, até comparação com o fato de Felipe Nasr resolver adotar o número 12 em 2015, ao invés do 40 adotado este ano quando treinou com a Williams, como se isso fosse operar milagres no primeiro ano de Felipe como piloto titular na categoria. Devagar com o andor, pessoal, ou o mais novo brasileiro no circo vai ser o mais próximo candidato a ser "queimado" aos olhos do torcedor brasileiro. Nasr terá um ano complicado, e se a Sauber conseguir pontuar regularmente, já será um bom resultado, mais do que isso já será pedir demais. Mas será que a torcida, sempre incentivada pela Globo na busca de um novo fenômeno das pistas, vai deixar? A conferir na próxima temporada...



EM BAIXA:

Nazareth Speedway: Não é só no Brasil que circuitos de corridas acabam sendo abandonados e destruídos. Nos Estados Unidos, o circuito oval de uma milha da cidade de Nazareth está largado, literalmente, com o mato cobrindo até mesmo trechos da pista que viu a última vitória de Émerson Fittipaldi na finada Fórmula Indy, em 1995. A pista pertencia a Roger Penske, mas ele a vendeu há vários anos atrás. Depois que perdeu as corridas da F-Indy, o circuito ainda sediou algumas etapas da Indy Racing League até 2004. Em seguida, a pista começou a ser desativada, e hoje está literalmente em ruínas. Segundo consta, a família Andretti, que reside em Nazareth, teria tentado comprar o circuito com o intuito de reativá-lo, mas os atuais donos, que estariam ligados à Nascar, teriam interrompido as negociações tão logo souberam das intenções dos Andretti de tentar reativar a pista. Verdade ou não, o fato é que a Nascar há tempos tenta garantir sua hegemonia no interesse do americano por velocidade, e não vê exatamente com bons olhos as tentativas da IRL de se fortalecer, pois iria competir com seu público. Seja lá como for, enquanto essa queda de braço não se resolve, e sejam lá quais os motivos para as negociações não avançarem, o que restou da pista vai se deteriorando ainda mais, aumentando as dificuldades de uma possível reativação do autódromo, pela necessidade cada vez maior de reformas gerais em todos os aspectos.

Crise financeira na F-1: O campeonato de 2014 terminou, mas agora começou a corrida rumo a 2015, e as equipes continuam com suas dificuldades de obtenção de patrocínio. A Lotus é mais um time que está na berlinda, tendo perdido pelo menos 4 patrocínios de vulto com o encerramento da competição deste ano. Os petrodólares de Pastor Maldonado continuam firmes, sabe-se lá até quando, com a crise econômica da Venezuela começando a balançar cada vez mais as finanças da PDVSA, para não mencionar que a péssima tempoorada diminuiu ainda mais os repasses da FOM ao time. A única esperança é fazer um campeonato melhor em 2015, mas o problema será conseguir produzir um carro competitivo para o próximo ano. O modelo de 2014 claramente não foi competitivo, e não foi problema apenas da falta de potência do motor Renault...

Marussia: O time que adentrou a F-1 em 2010 com o nome de Virgin, que era inicialmente Manor, e depois mudou para a atual denominação, entregou os pontos definitivamente e fechou as portas. Todo o acervo da escuderia está sendo vendido inclusive indo a leilão na internet para tentar pagar as dívidas pendentes. Até a sede já foi vendida, e quem aproveitou a oportunidade foi Gene Hass, dono do novo time que está se preparando para estrear na F-1 em 2016, que comprou as instalações do time na Inglaterra para ter uma sede de operações na Europa, a fim de facilitar suas atividades. Com isso, Max Chilton ficou sem carro para o próximo ano, e o coitado do piloto Jules Bianchi continua internado em estado grave, mas agora em um hospital na França, mais próximo da família. Ao menos assumiram que a situação chegou ao fim da linha e não tentaram disfarçar as dificuldades, ao contrário da Caterham, que ainda acredita que poderá voltar à pista em 2015...

Troca-troca na Ferrari: O time de Maranello continua reestruturando a escuderia de F-1 para a próxima temporada. Quem dançou agora no time foram o projetista Nikolas Tombazis, e o diretor Pat Fry. Tombazis havia sido o principal nome por trás nos projetos dos últimos carros da escuderia para o mundial de F-1, e portanto, a demissão até que demorou. Outro que acabou dispensado pela escuderia foi o responsável pela área de análise de performance do pneus, Hirohide Hamashima. Luca Marmorini, responsável pela área de motores, foi outro que foi para o olho da rua. Sobrou até mesmo para Pedro de La Rosa, que era piloto de testes da escuderia no simulador: o espanhol foi substituído por Steban Gutiérrez e Jean-Éric Vergne, que assumirão as funções. E até Marco Mattiacci acabou dispensado, o que muitos consideraram um exagero, pois ele nem teve tempo de mostrar o seu trabalho devidamente à frente da escuderia. Em seu lugar entrou Maurizio Arrivabene. Veremos o que toda esta sacudida vai produzir nas performances do time italiano em 2015...

Pontuação dobrada na última corrida do campeonato da F-1: Um pouco de bom senso ainda parece existir na cartolagem da F-1, e a regra totalmente sem nexo da pontuação dobrada aplicada este ano na última corrida do campeonato, em Abu Dhabi, não será utilizada em 2015. Ninguém gostou da regra, nem pilotos, nem escuderias, e muito menos o público. Mesmo assim, ainda teimaram em aplicar a norma na corrida de encerramento deste ano. E que não volte mais, pois não havia justificativa nenhuma que explicasse esta pontuação em dobro, que poderia muito bem ter produzido grandes injustiças na decisão do título, dependendo das circunstâncias. Felizmente a F-1 não precisou dessa bizarrice para definir o campeonato...


Um comentário:

myhuonglequyen disse...

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