De
volta com minhas antigas colunas, hoje trago a que foi publicada em 27 de março
de 1997. A
novidade era o lançamento da FOCA TV, um empreendimento feito por Bernie
Ecclestone para revolucionar as transmissões das corridas da F-1, e por tabela,
arrecadar mais dinheiro dos fãs da categoria. Tratava-se de um produto
"premium" que seria oferecido mediante assinatura para os fãs em
vários países, incorporando a novíssima tecnologia de transmissão digital, que
prometia ganhos de qualidade espetaculares na época. Apesar das vantagens oferecidas
no pacote, ele nunca vingou como Ecclestone pensou que aconteceria. Os altos
preços cobrados pelo serviço, que o chefão da então FOCA (hoje FOM) achou que
seriam pagos sem pestanejar pelos fãs, assustaram muitos clientes potenciais,
que não estavam dispostos a pagar tão caro para o que era oferecido. Com isso,
as vendas ficaram muito áquem do que se esperava.
No
fim, Bernie extinguiu a FOCA TV como um serviço de transmissão diferenciada,
mas o pessoal e equipamentos foram incorporados à FOCA, passando a melhorar as
transmissões das etapas da categoria, oferecendo melhores condições técnicas e
variedade de câmeras opcionais para as TVs licenciadas nas transmissões. Bernie
Ecclestone não saiu exatamente com prejuízo da operação, mas pode-se ver que o
produto teria tido muito mais chances de sucesso se os preços fossem mais
módicos. Mas, desde quando a F-1 cobra preços razoáveis?...
A NOVA TV F-1
Este
ano as transmissões da Fórmula 1 atingiram um novo estágio na era da
comunicação. Com a introdução da tecnologia digital nas telecomunicações,
Bernie Ecclestone resolveu revolucionar a transmissão das corridas da categoria
máxima do automobilismo.
Para
este intento, foi criada a nova FOCA Television, com cerca de 200 funcionários.
A partir de agora, a FOCA TV vai ser a responsável pela nova era da transmissão
das corridas da F-1. Neste fim de semana mesmo, em Interlagos, a transmissão da
corrida para o mundo todo já será feito pela FOCA. A Rede Globo, até então a
responsável pela geração de todas as imagens do Grande Prêmio do Brasil, irá
ter menor participação na montagem do show televisivo. Tecnicamente, irá
utilizar algumas câmeras próprias, cujas imagens serão exclusivas apenas para o
Brasil. No restante, irá utilizar as imagens produzidas pela equipe da FOCA TV.
O
novo esquema da TV Digital da F-1 vai dar um salto qualitativo e quantitativo
nas transmissões da categoria, sem mencionar que os lucros gerados deverão ser
astronômicos, estimados em pelo menos US$ 4 bilhões. Com o novo “Pacto de
Concórdia” assinado pela maioria das escuderias da F-1 em 1996, onde ficou
acertado uma nova divisão dos lucros provenientes da TV para as escuderias, os
times menores, como a Minardi e a Tyrrel poderão ter melhores condições
financeiras. Calcula-se que com os altos lucros gerados pelas novas
transmissões digitais, as escuderias menores podem receber um repasse de até
US$ 25 milhões por ano, quantia suficiente para garantir a manutenção de um
time pequeno.
As
novas transmissões digitais não vão acabar com as transmissões atuais a que
estão acostumados os telespectadores. Serão apenas um novo produto a ser
oferecido ao público amante da velocidade. Bernie Ecclestone, sempre eficiente
na promoção da F-1 como um produto de mídia, ataca novamente, e tem boas
chances de acertar em cheio o novo alvo proposto.
A
nova transmissão digital será somente para quem assinar as transmissões. O
Canal Plus da França adquiriu exclusividade para oferecer o serviço em mais de
60 países, a um preço estimado de cerca de 3,5 mil francos franceses, fora a
mensalidade normal. Basicamente, o assinante terá inúmeras imagens à sua
disposição. De acordo com a necessidade, ele poderá acessar as imagens geradas
nos carros, em retas, curvas e até mesmo nos boxes. Isso sem mencionar que
poderá ter acesso a todas as informações da cronometragem oficial da prova,
disponível até então apenas na Sala de Imprensa e nos monitores das equipes nos
boxes e nos monitores das emissoras que narran a prova. Um exemplo: um torcedor
de Michael Schumacher, se quiser, poderá assistir a corrida vendo unicamente o
piloto alemão e sua Ferrari na pista durante toda a prova; outros poderão mudar
para as imagens onde estiverem ocorrendo os maiores pegas da corrida, sejam
onde estiverem na pista. Toda a movimentação nos boxes, nos momentos cruciais
dos pit stops, também poderão ser acompanhadas com maior totalidade de detalhes
e informações, sem perder nenhum ângulo.
Outro
trunfo é a tecnologia digital da transmissão, o que aumentará consideravelmente
a qualidade de som e imagem, comparáveis ao CD. Melhor que isso, só estando
realmente a bordo de um carro de F-1.
Com
esta nova jogada, Ecclestone dá um passo significativo para aumentar a
audiência da F-1, que foi estimada em 41 bilhões de expectadores em 1996,
acumulando-se todas as suas transmissões. Com a nova transmissão digital, este
número deve aumentar ainda mais.
Começam os campeonatos regionais de automobilismo. Por aqui, a F-3
Sul-Americana já deu a largada há algumas semanas. Com duas etapas disputadas
até agora, o argentino Gabriel Fúrlan deu um show e conseguiu duas vitórias nas
duas corridas, sendo até o momento o franco favorito ao título da categoria,
mas os brasileiros prometem jogar areia nos planos de Fúrlan nas próximas
etapas...
No último domingo, a F-3 Inglesa abriu seu campeonato de 1997, no
circuito de Donington Park. O inglês Johnny Kane venceu a prova, seguido de seu
compatriota Guy Smith. Mas o terceiro lugar do pódio ficou para o brasileiro
Enrique Bernoldi. Os demais brazucas presentes na competição não tiveram um bom
dia: Mário Haberfeld ficou em 9º, enquanto Ricardo Maurício terminou em 14º...
Não faltaram brasileiros no pódio em mais duas categorias
automobilísticas no último final de semana. Na F-Vauxhall, disputada também no
circuito inglês de Donington Park, Luciano Burti ficou em 2º lugar,
imediatamente à frente do conterrâneo Wagner Ebrahim, que ficou em 3º. Já na F-2000
Americana, disputada em Phoenix, no Arizona, Zaqueu Morioka faturou o 3º lugar
na corrida.
A F-Indy disputou mais uma prova no último domingo, as 200 Milhas de
Phoenix, etapa que deixou o calendário da F-CART com a cisão das duas
categorias. A corrida foi vencida por Jim Guthrie, que largou em 2º lugar, e
que correu praticamente sem patrocínio no seu carro. Mas a sensação da prova
foi Affonso Giaffone, que largou em penúltimo lugar e chegou a liderar a
corrida, mostrando um desempenho espetacular para a estreante equipe GM Brasil.
Os sonhos do pódio desapareceram devido a problemas mecânicos na suspensão do
carro. O outro brasileiro na competição, Marco Greco, terminou a um passo do
pódio, em 4º lugar. A prova mostrou um elevado índice de quebras e abandonos:
praticamente metade dos pilotos ficaram pelo meio do caminho. Arie Luyendick
que o diga: amargou um abandono pela 5ª corrida consecutiva. A pole foi
novamente de Tony Stewart, e de novo, o piloto não conseguiu terminar a
corrida, apesar de ser o piloto mais rápido da prova até seu abandono.
Enquanto isso, as equipes da F-CART continuam preparando seus carros
para a próxima etapa do campeonato, em Surfer’s Paradise, na Austrália. A Lola
conseguiu melhorar os desempenhos de seu novo chassi 97, o que dá melhores
esperanças aos brasileiros André Ribeiro e Roberto Moreno. Já a equipe
Newmann-Hass tenta encontrar maior fiabilidade no sistema de câmbio do chassi
Swift, que deverá ser muito exigido no traçado urbano da cidade de
Queensland...
Nenhum comentário:
Postar um comentário