Trazendo
novamente uma de minhas antigas colunas, esta foi lançada no dia 04 de abril de
1997, após a disputa do Grande Prêmio do Brasil, em Interlagos, que naquela
época era uma das primeiras corridas do calendário. A vitória tinha sido de
Jacques Villeneuve, e a disputa que se viu no autódromo paulistano já antevia
que o campeonato teria mais disputa e equilíbrio do que no ano anterior, o que
acabou se comprovando em parte. No mais, algumas notas rápidas sobre outros
acontecimentos na Fórmula 1 e na Fórmula Indy. Uma boa leitura a todos, e em
breve tem mais...
COMPETITIVIDADE!
O
Grande Prêmio do Brasil de F-1, disputado no último domingo, viu a vitória do
grande favorito no campeonato deste ano, o canadense Jacques Villeneuve. O
filho de Gilles fez a pole e liderou a corrida quase de ponta a ponta. Então o
campeonato está destinado, mais uma vez, a um piloto da equipe Williams, tal
como em 1996? Poderia até ser, mas a prova de Interlagos desmente. Teremos
muita disputa mesmo neste ano.
Alguns
meios de comunicação, na reportagem para a corrida, alardearam que Villeneuve
“passeou” em
Interlagos. Não foi bem assim. Gerhard Berger, da Benetton,
perpetrou uma perseguição implacável ao piloto da Williams nas voltas finais da
prova, terminando a corrida a meros 4s do vencedor. Margem de segurança do
piloto canadense? Nem tanto: várias voltas antes, quando ambos terminaram seus
respectivos pit stops finais, a vantagem de Villeneuve era de cerca de 15s. E
nas voltas finais, dava para perceber o esforço do piloto da Williams em tentar
manter o ritmo veloz, ao passo que o austríaco da Benetton se aproximava
perigosamente volta a volta.
Na
terceira colocação da corrida, a surpresa do dia: Olivier Panis, da nova equipe
Prost (ex-Ligier) subiu ao pódio depois de uma corrida impecável, mostrando a
evolução da escuderia francesa. Mas mais do que isso, deu à Bridgestone, em seu
segundo GP, um pódio para a fabricante japonesa de pneus, cujos compostos
mostraram superioridade incontestável em Interlagos, superando amplamente a
performance dos pneus Goodyear.
O
melhor de tudo é que a F-1 parece estar recuperando sua competitividade. E os
treinos classificatórios confirmaram isso. Da pole de Jacques Villeneuve ao
último colocado no grid da prova brasileira, Mika Salo, a diferença foi de
apenas 3s27. Em outras palavras, foi o grid mais apertado de que se tem notícia
dos últimos tempos. Isso sem falar que Mika Salo teve problemas na
classificação, do contrário, a diferença poderia ter sido até de menos de 3s.
Só para se ter uma idéia da melhora, os 8 primeiros colocados no grid ficaram a
menos de 1s de Jacques Villeneuve. Uma melhora significativa se levarmos em
conta que o grid de largada do ano passado, aqui mesmo em Interlagos, teve uma
diferença muito maior entre o pole (Damon Hill, com Williams) e o último
classificado (Andrea Montermini, da Forti Corse): 5s343.
E
essa maior competitividade também se mostrou na corrida. Nada menos do que 9
pilotos terminaram a prova na mesma volta do vencedor. Tirando Ukyo Katayama,
que cruzou a chegada a mais de 5 voltas de distância, e Damon Hill, que
abandonou a 3 voltas do final, todos os demais terminaram com, no máximo, 2
voltas de atraso em relação a Villeneuve. Outro bom indício foi o nível de
fiabilidade: apenas 4 carros dos 21 que largaram abandonaram a corrida,
mostrando boa evolução em relação a Melbourne, onde mais da metade dos pilotos
ficaram pelo meio do caminho.
Tudo
isso vem a confirmar que este deverá ser o melhor campeonato dos últimos anos.
O desempenho da Williams em Interlagos mostrou que este ano não parece ter um
carro tão superior à concorrência, como em 1996. A Benetton deu uma amostra de
seu poderio, e a McLaren e a Ferrari devem melhorar sua performance a partir do
início da fase européia do campeonato. Por enquanto, temos nada menos do que 6
pilotos divididos por uma diferença de apenas 4 pontos na classificação do
campeonato, mostrando equilíbrio surpreendente nas etapas iniciais do certame.
Para
melhorar a competição, a TWR-Arrows mostrou uma grande evolução, e se mantiver
o ritmo de crescimento, e encontrar fiabilidade para seus carros, pode até
disputar as primeiras colocações até o fim da temporada. E a nova Stewart
mostra grande potencial, precisando primeiro encontrar a fiabilidade necessária
para terminar as corridas. Mas a escuderia, gerenciada por ninguém menos do que
Jackie Stewart, promete crescer muito. Poderão ser dois novos protagonistas a
mais na disputa, oferecendo mais emoções e possibilidades.
Outro
dado a conferir é a performance dos pneus da Bridgestone, que deram um sério
susto na Goodyear em
Interlagos. Se a situação se repetir em várias provas do
campeonato, não será nenhuma surpresa se os times de ponta debandarem para os
pneus japoneses no fim do ano. Tanto Williams quanto Benetton, McLaren e
Ferrari reclamaram muito da performance dos pneus durante o GP do Brasil, todos
da Goodyear equipando seus bólidos. E foi graças aos pneus japoneses que Panis
subiu ao pódio. Surpresas deste tipo podem se tornar mais freqüentes do que se
imaginava durante a temporada.
Fazendo um
balanço geral, a F-1 realmente parece viver um novo momento. Apesar da Williams
ainda ser a favorita para o campeonato, a imprevisibilidade está de volta à
categoria, prometendo surpresas em muitas etapas. Resumindo, mais competição e
emoção! Um panorama que a categoria não vivia já há um bom tempo. E viva a
competitividade!
A performance de Damon Hill durante o
Grande Prêmio do Brasil causou um certo frisson na equipe Williams em relação
ao piloto que foi contratado para o lugar do atual campeão mundial,
Heinz-Harald Frentzen. Na classificação, Damon Hill levou o carro da TWR-Arrows
à 9ª posição no grid, a míseros 0s13 de Frentzen, que ficou com a pífia 8ª
colocação no grid com a Williams, o melhor carro da categoria. E na corrida,
Frentzen passou boa parte da prova andando atrás de Damon Hill, que mostrou
todo o seu talento e garra levando um carro ainda muito limitado adiante até a
4ª posição antes de parar para o seu único pit stop. Depois disso, entretanto,
o carro do atual campeão mundial começou a perder rendimento, culminando com o
seu abandono por fuga de óleo no motor a poucas voltas do final. Com um pouco
mais de sorte, Damon poderia até ter se classificado na frente de Frentzen no
grid de largada, e até terminado a corrida à frente de seu substituto na
Williams. Outro que penou no duelo com Hill foi justamente Michael Schumacher,
da Ferrari, seu grande rival em 94 e 95: durante mais de 10 voltas ficou atrás
do inglês na corrida, só conseguindo ultrapassá-lo depois de uma renhida
disputa levada até os limites da reta dos boxes. Hill mostrou talento de um
verdadeiro campeão em Interlagos...
Até agora ninguém entendeu direito o que
aconteceu com a equipe Lola em relação ao súbito fechamento da escuderia de
F-1. Quem não gostou nada disso foram os pilotos Ricardo Rosset e Vincenzo
Sospiri, sem falar nos mecânicos do time, que estando já em Interlagos,
montando todos os equipamentos e os carros, ficaram desnorteados com a notícia
repentina...
A F-CART disputa na madrugada de sábado
para domingo (meia-noite e meia, pelo horário de Brasília) a sua segunda etapa
do campeonato 97. O palco é o circuito urbano de Surfer’s Paradise, na Gold
Coast da Austrália. Michael Andretti, o líder da competição, está apreensivo
para a corrida, ainda temeroso com a fiabilidade do câmbio do chassi Swift. A
peça já foi redesenhada 6 vezes, e apesar de no último teste ter agüentado a
simulação de um GP inteiro, ainda tem sua fiabilidade posta em dúvida para a
corrida australiana, onde será muito exigido. Em 1996, Jimmy Vasser venceu a
corrida, e a equipe Ganassi é a grande favorita para a prova, mas a exemplo de
Miami, surpresas podem acontecer no meio do caminho...
Novas fofocas no paddock de Interlagos:
Jacques Villeneuve pode criar um time próprio para correr na F-1 em 1998. Ou
será na F-CART? Ralf Schumacher pode ir parar na McLaren, por imposição da
Mercedes. Mika Hakkinen e David Couthard, quem poderá dançar nesta troca de
pilotos? Até o momento, temos muito mais fumaça que fogo propriamente...
A Benetton promete para breve a
definição do motor que irá utilizar em 1998. E tudo aponta para uma combinação:
Benetton/Honda. A Williams continuará com os Renault, só que serão preparados
pela Mecachrome, e não mais pela própria fábrica francesa, que vai se retirar
oficialmente da categoria...
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